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Conheça mais sobre o câncer de cabeça e pescoço

Câncer de cabeça e pescoço

O câncer de cabeça e pescoço é uma doença grave que representa o sétimo tipo de câncer mais recorrente no mundo. No Brasil, dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) indicam que sua incidência é a segunda maior entre homens.

O diagnóstico tardio é um dos principais responsáveis pelo agravamento da doença. É comum que pacientes sejam diagnosticados e iniciem o tratamento apenas em estágios avançados do tumor, o que contribui para a piora do prognóstico e diminui a eficácia da terapia.

Dessa forma, é fundamental o diagnóstico precoce. Estar atento aos sintomas, assim como realizar consultas médicas periódicas ajudam a identificar esse tipo de câncer em seus estágios iniciais. Como forma de prevenção, é importante adotar hábitos de vida saudáveis, manter uma alimentação adequada e evitar o tabagismo.

Neste post, traremos informações e atualizações importantes sobre o câncer de cabeça e pescoço.

O que é o câncer de cabeça e pescoço?

O câncer de cabeça e pescoço abrange qualquer tumor que se desenvolva em estruturas, como cavidade oral, lábios, faringe, laringe e tireoide.

Quase todas as células do nosso corpo precisam ser renovadas com o tempo, substituindo as que chegam ao final de sua vida por outras recém-formadas. Esse processo é chamado de ciclo celular, o qual é muito bem regulado pelo nosso organismo.

No entanto, diversos fatores, incluindo a genética e fatores ambientais, podem desregular o ciclo celular, gerando a multiplicação exagerada e de forma desordenada dessas células, o que leva ao surgimento de um tumor. Esse é o princípio básico para o desenvolvimento de qualquer câncer, incluindo o de cabeça e pescoço.

Diferentes tipos de câncer de cabeça e pescoço

A depender da localização do tumor, a denominação do câncer também muda. A seguir, listamos os principais tipos de câncer de cabeça e pescoço.

Outras partes suscetíveis ao câncer de cabeça e pescoço incluem os seios da face, glândulas salivares e linfonodos localizados no pescoço.

Quais os principais sintomas do câncer de cabeça e pescoço?

O câncer de cabeça e pescoço tem maior incidência em adultos homens quando comparado às mulheres, com idade média de diagnóstico em torno de 50 a 60 anos.

Os sintomas variam de acordo com a localização do tumor e também quanto às causas da doença.

Sintomas de tumores da cavidade oral

As principais características deste tipo de câncer são feridas ou úlceras que não cicatrizam. Geralmente, os tumores são identificados em seus estágios iniciais, devido à facilidade de identificação da massa tumoral pelo próprio paciente. Além disso, pode ser comum que os sintomas afetem funções básicas, como a alimentação e a fala, especialmente em razão da presença de dor na mastigação.

Quando o tumor atinge regiões anatomicamente mais ocultas na cavidade oral, é comum que os sintomas apareçam em estágios mais avançados. Esse é o caso de tumores na base da língua e amígdalas, por exemplo.

Sintomas de tumores na laringe

Pacientes com câncer de laringe frequentemente apresentam alterações vocais ou rouquidão, características que podem ajudar no diagnóstico precoce. Dificuldade de engolir, dor e sensação de “caroço” na garganta também podem ocorrer. Em casos mais avançados, os pacientes podem apresentar dificuldade para respirar por conta da obstrução das vias aéreas.

Sintomas de tumores na faringe

Por outro lado, tumores que afetam a faringe geralmente são diagnosticados de forma tardia, justamente pela ausência de rouquidão nos pacientes. Os sintomas mais comuns incluem tosse persistente, dor na garganta, dificuldade para engolir, presença de massa tumoral ou nódulo no pescoço.

Sintomas de tumores na tireoide

Podem aparecer nódulos na região da tireoide. No entanto, a presença desses nódulos normalmente não indica câncer. Para uma melhor avaliação, é necessário analisar o histórico do paciente, incluindo a incidência de casos familiares de câncer na tireoide.

Nódulos que apresentam crescimento rápido, associados ao aumento de gânglios linfáticos e presença de rouquidão, podem ser indicativos de doença maligna. Em casos mais avançados, dificuldade para engolir e falta de ar também podem ser sinais observados.

É necessário destacar que todos esses sinais e sintomas também são comuns a outras doenças e não indicam necessariamente a presença de um câncer. A avaliação de um médico especialista e a realização de exames complementares são fundamentais para chegar ao diagnóstico final.

Quais são os fatores de risco?

O câncer de cabeça e pescoço é considerado uma doença multifatorial, ou seja, existem diversos fatores que influenciam o seu desenvolvimento. Tabagismo, consumo de álcool e exposição à poluição são importantes fatores que aumentam os riscos para esse tipo de câncer. 

Existem estudos científicos que demonstram também a associação de fatores genéticos, como em pacientes com anemia de Fanconi, uma doença genética hereditária rara. Para essas pessoas, os riscos de desenvolvimento do câncer podem aumentar em até 500 vezes quando comparados a adultos saudáveis. Além disso, outras mutações em genes envolvidos com o sistema imune e ciclo celular também já foram reportados em estudos científicos como prováveis causas do câncer de cabeça e pescoço.

A infecção pelo HPV é um fator de risco

Cada vez mais, são relatados casos de tumores na orofaringe que possuem relação com contato prévio com o HPV (papilomavírus humano). Estudos indicam que a infecção pelo HPV está associada a mais de 70% dos casos de tumores na cavidade oral.

O HPV é um vírus sexualmente transmissível que infecta a pele ou mucosas, provocando verrugas. Se não tratado, pode evoluir e desencadear o surgimento de câncer, principalmente entre jovens e adultos. As regiões mais atingidas pelas lesões do HPV são faringe, cavidade oral e laringe.

Como é realizado o diagnóstico?

Se houver presença de sinais e sintomas, o ideal é consultar um médico especialista. Inicialmente, é feita uma avaliação clínica, onde o médico pesquisa os históricos familiares do paciente, os hábitos de vida, antecedentes médicos, históricos vacinais, além da sintomatologia apresentada.

Exames de imagem da cavidade oral, laringe, faringe e tireoide podem ser solicitados para uma análise mais detalhada e identificação de nódulos. No entanto, a confirmação da doença só é feita após a biópsia. A biópsia consiste na retirada de um pedaço do nódulo ou tumor para posterior análise do médico patologista. Nessa avaliação, é possível determinar se o tecido possui características de um câncer ou não.

No caso de presença de nódulos na tireoide, por exemplo, a biópsia pode ser feita por meio da punção aspirativa por agulha fina. Trata-se de um exame minimamente invasivo, em que é introduzida uma fina agulha no local para coleta de material (biópsia), podendo ser realizado utilizando um equipamento de ultrassom para fornecer auxílio visual para uma coleta mais precisa.

É possível prevenir o câncer de cabeça e pescoço?

Como todo tipo de câncer, a causa pode envolver vários fatores que podem ser genéticos ou ambientais, sendo que os fatores ambientais podem ser controlados. Manter as suas consultas de rotina é uma excelente forma de garantir a sua saúde, além de detectar eventuais problemas ainda em estágio inicial.

Cultivar hábitos de vida saudáveis também é fundamental. Evite o tabagismo e o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, mantenha uma rotina adequada de exercícios físicos e cuide bem da sua alimentação. O uso de preservativos também é essencial para prevenir a transmissão do HPV, assim como de outras doenças sexualmente transmissíveis. 

Outro fator muito importante na prevenção para esse tipo de câncer é a vacinação contra o HPV. A vacina atual previne contra os tipos principais do vírus, especialmente contra o HPV-16 e o HPV-18. Uma grande parcela de tumores da orofaringe – que surgem decorrentes da infecção prévia pelo HPV – está ligada a esses sorotipos. Inclusive, o HPV-16 e o 18 são considerados os tipos com maior potencial oncogênico (para desenvolvimento de câncer).

Dessa forma, a vacinação é considerada uma importante arma contra o câncer causado pelo HPV. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) recomendam a vacinação de meninas e mulheres entre 9 e 45 anos, e meninos e jovens entre 9 e 26 anos. Fora dessas faixas etárias, a vacinação só deve ser feita seguindo recomendação médica. É importante salientar também que a vacina é uma prevenção e não um tratamento: ela é eficaz para prevenir o contágio, mas não trata lesões já existentes.

Estar bem informado sobre o HPV é de suma importância. Aproveite sua visita ao nosso blog e leia o nosso conteúdo sobre O que você precisa saber sobre HPV: sintomas, tratamento e prevenção. E, claro, não se esqueça de procurar seu médico em caso de dúvidas, pois ele é quem indicará os melhores exames e o tratamento adequado.

Referências:

SBCO. (2021). Câncer de cabeça e pescoço.  Disponível em: https://sbco.org.br/cancer-de-cabeca-e-pescoco-tudo-o-que-voce-precisa-saber/

Chow, L. Q. (2020). Head and neck cancer. New England Journal of Medicine, 382(1), 60-72.

Johnson, D. E., Burtness, B., Leemans, C. R., Lui, V. W. Y., Bauman, J. E., & Grandis, J. R. (2020). Head and neck squamous cell carcinoma. Nature reviews Disease primers, 6(1), 1-22.

Mody, M. D., Rocco, J. W., Yom, S. S., Haddad, R. I., & Saba, N. F. (2021). Head and neck cancer. The Lancet.

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