As doenças cardíacas referem-se a um grupo de doenças que afetam a saúde do coração. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças cardíacas são a principal causa de morte no mundo, representando um grave problema de saúde pública.
Doenças do coração são consideradas multifatoriais, pois diversos fatores podem influenciar no seu desenvolvimento. Esses fatores incluem predisposição genética, obesidade, fatores ambientais e questões relacionadas a hábitos de vida e alimentação.
O sedentarismo e o consumo de alimentos ricos em gorduras são um dos principais vilões para a saúde do coração. Dessa forma, fica evidente que cultivar uma rotina de vida saudável, incluindo atividades físicas e uma alimentação equilibrada, pode ajudar na prevenção de doenças cardíacas.
É essencial conscientizar a população acerca dos riscos das doenças cardiovasculares. Por isso, este conteúdo traz informações muito importantes para ajudar a garantir a saúde do seu coração e de seus familiares.
O que são doenças cardíacas?
As doenças cardíacas englobam um grupo de distúrbios, como os ataques cardíacos (infarto), que podem afetar o funcionamento do coração e dos vasos sanguíneos que o irrigam. No entanto, existem outros tipos de doenças cardíacas. A seguir, separamos aquelas mais comuns e seus principais sintomas e causas.
Infarto agudo do miocárdio
Mais conhecido como ataque cardíaco, o infarto agudo do miocárdio é causado pela falta ou redução da irrigação sanguínea em partes do músculo cardíaco. Isso compromete a chegada de nutrientes e oxigênio para as células do coração, levando à morte dessas células e danificando o tecido cardíaco.
A causa mais comum do infarto é a doença arterial coronariana, ocasionada pelo bloqueio dos vasos sanguíneos que irrigam o coração, devido à formação e acúmulo de placas gordurosas nas paredes dos vasos, impedindo o fluxo sanguíneo.
Essas placas são formadas a partir de vários fatores de risco cardiovascular, que “agridem” as paredes (endotélio) das artérias, iniciando um grandioso processo inflamatório de disfunção endotelial. As placas de “entupimento” são formadas, principalmente, de colesterol, e o acúmulo das mesmas faz com que o interior das artérias se estreitem ao longo do tempo, o que pode bloquear parcial ou totalmente o fluxo sanguíneo, em um processo chamado aterosclerose.
Outros eventos também podem desencadear um infarto, como o deslocamento de coágulos (ou trombos) pela circulação. Os principais sintomas do infarto são: dor intensa no peito (também conhecida como angina); sensação de fraqueza, tontura ou desmaio; dor ou desconforto no braço esquerdo (ou ambos), ombros ou mandíbula. Além disso, podem ocorrer: cansaço súbito, falta de ar (dispneia), náuseas, vômitos ou dor na altura do estômago (epigástrio).
Em casos de infarto, é muito importante reconhecer os sintomas e encaminhar o paciente o mais rápido possível para um serviço de saúde de emergência. O atraso (perda de tempo) pode resultar em maior perda de músculo cardíaco!
Doença cardíaca hipertensiva (hipertensão arterial)
Esta é uma doença derivada de um distúrbio na pressão arterial dos vasos sanguíneos, a hipertensão arterial. O aumento crônico da pressão arterial prejudica e sobrecarrega o funcionamento do coração, podendo evoluir para o crescimento do órgão (cardiomegalia) e insuficiência cardíaca.
A hipertensão consiste, geralmente, em uma doença silenciosa, mas podem ser verificados alguns sintomas ou sinais, como o surgimento de tontura, dor no peito, dor de cabeça, visão borrada e zumbido no ouvido.
Os fatores de risco para a hipertensão incluem o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, tabagismo, obesidade, sedentarismo e consumo excessivo de sal. Por isso, sempre esteja atento aos rótulos dos alimentos. Além disso, existe um fator predisponente genético, em que filhos de pais hipertensos têm mais chance de desenvolver a doença no futuro.
Insuficiência cardíaca
A insuficiência cardíaca ocorre quando o coração fica “mais fraco” e não consegue bombear sangue suficiente para atender às necessidades do corpo. Com o tempo, a pessoa começa a apresentar sintomas ou sinais, como dificuldade para respirar, fadiga, fraqueza, inchaços, palpitações, entre outros.
É uma condição que está associada a outras doenças cardiovasculares, como a hipertensão arterial e o estreitamento de vasos sanguíneos (aterosclerose), mas também pode estar relacionada com a adoção de hábitos de vida não saudáveis (ingestão abusiva de bebidas alcoólicas, por exemplo), diabetes, infecções (miocardites, etc.) e outras comorbidades.
Doença cardíaca reumática
Doença que gera danos no coração em razão de complicações derivadas da febre reumática aguda.
A febre reumática é resultante de complicações de infecções de garganta por bactérias do tipo Streptococcus. Pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum em crianças e adolescentes. O grande problema é que essa doença pode afetar outras partes do corpo além da garganta, como articulações, sistema nervoso central e o coração.
Quando não tratada corretamente, a doença reumática pode deixar sequelas cardíacas graves. Nesses casos, o músculo e as válvulas cardíacas podem ser afetados, tanto de forma aguda como de forma crônica, prejudicando o funcionamento do coração.
Cardiopatias congênitas
As cardiopatias congênitas resultam de problemas na formação do coração durante a gestação, especialmente nas primeiras oito semanas, período em que o coração do bebê está se desenvolvendo.
Como resultado, a criança pode apresentar diferentes sintomas, a depender do tipo de cardiopatia. O tratamento também varia de acordo com a gravidade e as características da má formação, geralmente inclui tratamento farmacológico e acompanhamento médico de rotina. Em casos mais graves, pode ser necessária intervenção cirúrgica.
Como elas podem ser detectadas e diagnosticadas?
É fundamental estar atento a sinais e sintomas — dores no peito, principalmente — e procurar auxílio médico especializado para a realização de uma avaliação clínica.
Inicialmente, é feita uma avaliação onde o médico pesquisa os históricos familiares do paciente, os hábitos de vida, antecedentes médicos, além da sintomatologia e da realização do exame físico geral e exame físico cardiológico. A depender do critério médico, poderão ser solicitados os exames complementares.
Para diagnóstico e avaliação da função cardíaca, são utilizados exames como o eletrocardiograma, testes de esforço físico, ecocardiograma com doppler, entre outros. Exames laboratoriais de sangue também podem ser solicitados para avaliação de parâmetros bioquímicos, como os níveis de colesterol e suas frações.
Quais os fatores de risco?
Como mencionado, a grande maioria dos fatores de risco está relacionada a aspectos comportamentais e hábitos de vida.
Entre os principais fatores de risco, estão: sedentarismo; dieta inadequada, com alto consumo de alimentos gordurosos e com excesso de sal; uso de tabaco e de álcool; obesidade; e presença de outras doenças, como o diabetes.
Ao ingerirmos uma quantidade significativa de alimentos que contenham gordura, por exemplo, podemos aumentar os níveis de colesterol e, por sua vez, os níveis de LDL (uma das frações do colesterol). Esse aumento é conhecido como hiperlipidemia ou dislipidemia (DLP), e pode gerar consequências danosas para a sua saúde, como a aterosclerose (endurecimento e obstrução das artérias).
Existem, ainda, os fatores genéticos que aumentam, consideravelmente, a chance do desenvolvimento de doenças cardíacas, especialmente quando associados aos fatores comportamentais.
Como prevenir as doenças cardiovasculares?
É importante destacar que a maioria dos fatores de risco é modificável. Ou seja, a adoção de hábitos de vida saudáveis contribuem muito para manter a saúde do seu coração.
É muito importante a mudança do estilo de vida: manter-se ativo fisicamente; praticar atividades físicas regulares; adotar uma alimentação equilibrada; e manter seu peso corporal dentro de parâmetros saudáveis. Parar de fumar e evitar o uso nocivo do álcool também são atitudes eficazes para reduzir o risco de doenças cardiovasculares.
Além disso, mantenha sempre seus exames de rotina em dia, particularmente a mensuração da pressão arterial, dos níveis de colesterol e da glicemia. Se você faz tratamento medicamentoso para hipertensão ou diabetes, é fundamental manter esses parâmetros controlados e monitorados com regularidade.
Agora que você já sabe mais sobre os cuidados necessários para a manutenção da saúde do coração, que tal aproveitar para aprender mais sobre doenças cardíacas? Sugerimos a leitura do conteúdo Saiba o que é uma doença cardíaca congênita e conheça as mais comuns.
Referências:
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