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Anemia ferropriva: conheça as causas e como evitá-la

Definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma “condição na qual o conteúdo de hemoglobina no sangue está abaixo do normal”, a anemia é um problema ainda mais comum do que se imagina. Entre seus principais tipos, destaca-se a anemia ferropriva, causada pela deficiência de ferro, considerada a mais comum das carências nutricionais.

Com maior prevalência entre mulheres e crianças, sobretudo em países em desenvolvimento, a anemia ferropriva pode ser facilmente diagnosticada com poucos exames laboratoriais. Mas, como suspeitar da doença? É possível se prevenir? Quais os seus principais riscos e tratamentos?

Para responder a estas e outras perguntas, contamos com a colaboração da Dra. Silvana Fahel, hematologista pediátrica e médica do grupo Sabin, e detalhamos pontos-chave sobre o tema. Acompanhe!

O que é anemia ferropriva? 

Para entendermos a anemia, precisamos antes compreender um pouco sobre a estrutura do sangue. O sangue é composto por vários elementos, entre eles as hemácias ou glóbulos vermelhos, que contêm no seu interior uma proteína, a hemoglobina, que transporta o oxigênio para todo o corpo e é responsável pela cor vermelha do sangue.

O ferro é um elemento importante para a formação da hemoglobina. Por isso, na deficiência de ferro, os valores de hemoglobina podem estar abaixo do normal, caracterizando um quadro de anemia. Assim se dá a anemia carencial ferropriva.

Quais são as causas da anemia ferropriva?

“Diante do desequilíbrio dos níveis de ferro, precisamos entender o que o provocou a carência de ferro. Foi uma falta na ingesta ou uma perda, geralmente por sangramento? Nas crianças e nos adolescentes, geralmente, a anemia ferropriva é secundária a uma carência alimentar de ferro. 

É preciso que se atente para a oferta de ferro na alimentação das crianças, uma vez que a carência deste elemento é relativamente comum, principalmente em fases de crescimento rápido, como nos primeiros cinco anos e na adolescência. O organismo precisa de mais ferro para o metabolismo celular e o crescimento. 

Diferentemente das crianças, nos adultos precisamos investigar perdas de ferro, ou seja: perdendo sangue, perde-se hemácias, perde-se hemoglobina e perde-se ferro. Assim, precisamos investigar sangramentos visíveis, como as metrorragias, os sangramentos menstruais abundantes e os invisíveis, como os sangramentos gástricos secundários a úlceras ou intestinais ocultos, não percebidos”, explica Dra. Silvana.

Como ela se manifesta? 

A anemia ferropriva provoca sintomas semelhantes aos de qualquer outro tipo de anemia, embora possa apresentar alguns sinais mais específicos, segundo a Dra. Silvana. “Há alguns indicativos específicos da deficiência de ferro, como a perversão alimentar (o paciente tem vontade de comer substâncias que normalmente não são alimentos, como terra, giz, gelo, tecido, durex, etc)”, diz a especialista.

“Normalmente, a família detecta que a criança está com a pele ou mucosas pálidas. As queixas podem incluir cansaço, irritabilidade, sonolência ou infecções de repetição. Também pode-se observar cabelos quebradiços, unhas em formato de colher e manchas nos olhos, embora estes últimos sejam menos frequentes”, alerta Dra. Silvana.

Confira alguns sinais e sintomas que podem ocorrer na anemia ferropriva:

“Na criança, o sistema nervoso está em formação, e a deficiência de ferro pode ocasionar atrasos no desenvolvimento cognitivo”, detalha Dra. Silvana Fahel.

Quais os principais grupos de risco para deficiência de ferro?

Os principais grupos de risco para a anemia ferropriva são as crianças, os adolescentes, porque se encontram em fase de crescimento, e as gestantes, porque precisam produzir hemácias para mais de um indivíduo.

Como é feito o diagnóstico da anemia ferropriva?

O diagnóstico da anemia ferropriva depende da realização de exames laboratoriais. “Suspeitamos que o paciente tem anemia, avaliando suas queixas e examinando-o, mas só podemos confirmar a suspeita diagnóstica quando temos o resultado do hemograma no qual a hemoglobina encontra-se abaixo do esperado para sua idade e sexo”, detalha Dra. Silvana.

Assim, o primeiro passo é a análise do histórico do paciente por meio de uma conversa, uma anamnese, com ele ou com os responsáveis. Em seguida, o médico realiza o exame físico, no qual procura por sinais como a palidez nas mucosas e outros achados que podem corroborar ou não com a suspeita de anemia e até sugerir possíveis causas.

Por fim, são solicitados exames laboratoriais. O exame padrão para o diagnóstico da anemia é o hemograma, um exame de sangue frequentemente realizado. 

O padrão da no hemograma, hipocrômica e microcítica, juntamente com a realização de exames que avaliam a bioquímica do ferro (ferritina sérica, saturação de transferrina) e demonstram que estes elementos estão deficientes, diagnosticam, laboratorialmente, a anemia ferropriva. 

Como é feito o tratamento da anemia ferropriva?

O tratamento da anemia ferropriva tem dois braços: em um deles, corrigimos a falta de ferro – geralmente com a utilização de medicamentos contendo ferro – e, assim, melhoramos a anemia; no outro braço, tratamos a causa, o que levou à deficiência de ferro e, secundariamente, à anemia. Essa última parte é muito importante para o cuidado e orientação global e para que não haja a recorrência da anemia após suspensão do tratamento.

Por isso, o diagnóstico da anemia ferropriva exige a investigação da causa. Em alguns casos, uma investigação mais aprofundada pode ser necessária. “O principal é questionar por que o problema aconteceu. Essa investigação pode envolver outras especialidades médicas e exames complementares, como endoscopia, no caso da suspeita de problemas gastrointestinais, por exemplo. Às vezes, estamos diante de um câncer e a anemia ferropriva é a ponta de um iceberg”, alerta Dra. Silvana.

Como evitar a deficiência de ferro?

A Dra Silvana complementa que, devido às graves consequências da falta de ferro para o desenvolvimento cognitivo das crianças, todos os pediatras devem orientar sobre a prevenção desta carência:

Adicionalmente, deve ser seguida a orientação da Sociedade Brasileira de Pediatria para a prescrição de ferro medicamentoso profilático. Todas essas orientações e muitas outras, são realizadas durante o atendimento médico, por isso é muito importante comparecer às consultas regulares com o pediatra, desde antes do parto. 

“A deficiência de ferro, mesmo em países ricos, é um desafio frequente, especialmente por causa da junk food (comida sem qualidade, carregada de gorduras, açúcar e sódio, mas pouco nutritiva). Por isso, muitos produtos importados que adquirimos são enriquecidos com ferro”, diz a hematopediatra. Em países em desenvolvimento e socialmente desiguais, como o Brasil, a deficiência de ferro se dá também em função da qualidade da alimentação a que parte da população tem acesso.

Dra. Silvana alerta, ainda, para casos em que as crianças mastigam a carne e não chegam a ingeri-la: “Os pais devem observar e evitar que um alimento rico em ferro e de alto custo não seja bem aproveitado e vá para o lixo.”

“Já no caso dos adultos, para evitar a anemia ferropriva, devemos manter hábitos saudáveis, cuidar da alimentação, atentar para perdas de sangue. As mulheres devem observar a menstruação, quantos dias dura o ciclo, qual a intensidade do fluxo, quantas vezes trocam de absorvente por dia”, recomenda a especialista.

Como podemos observar, a anemia ferropriva é um problema complexo que pode trazer muitos prejuízos para a saúde. Sendo assim, tenha uma rotina de ida ao médico: identificar a questão precocemente é sempre o melhor remédio!

E já que as crianças estão entre os grupos mais afetados pela anemia ferropriva, que tal entender como a alimentação está relacionada com o desenvolvimento infantil? Acesse o conteúdo e tire as suas dúvidas. Até a próxima!

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