Quando o organismo é afetado pela presença de microrganismos estranhos e se debilita, nosso corpo nos alerta enquanto se defende. Saber reconhecer sinais de imunidade baixa é fundamental para entender quando procurar orientação médica e garantir que esses mecanismos de defesa se mantenham efetivos.
Antes de nos aprofundarmos nos indicativos de baixa imunidade, vale destacar que a principal função do sistema imunológico é regular as respostas do corpo em relação à presença de organismos invasores, como bactérias, vírus, fungos, entre outros.
Assim, quando esse sistema se enfraquece, ficamos mais suscetíveis a infecções. Para explicar melhor como tudo isso acontece e como podemos nos manter protegidos, contamos com a colaboração da Dra. Karina Melo, médica imunologista do Grupo Sabin. Acompanhe!
Como saber se a imunidade está baixa?
O sistema imunológico é capaz de interagir com todos os outros sistemas, a fim de garantir que o organismo possa funcionar de maneira equilibrada. Sendo assim, quando a imunidade cai, é possível identificar sinais do problema em diferentes partes do corpo.
No entanto, cabe ressaltar que muitos dos sintomas de imunidade baixa podem ser provocados por outros fatores que não estejam diretamente relacionados ao sistema imunológico, tais como diabetes ou deficiência de vitamina D.
Assim, é preciso analisar os sintomas em associação ao contexto em que a pessoa está inserida, consultando um médico para a realização de exames de confirmação. “Nos casos em que a pessoa não possui alguma condição genética específica, devemos observar sinais como a sensação de debilidade de maneira geral. O indivíduo não sente vontade de fazer nada, não sob o ponto de vista psicológico, mas físico. Observamos, ainda, o uso recorrente de antibióticos, necessidade de internação e infecções de repetição”, lista a Dra. Karina.
Sinais de imunidade baixa que podem significar um alerta
É importante saber como identificar os sintomas que podem indicar um alerta de queda da imunidade. A seguir, veja alguns sinais de que você precisa prestar atenção!
1. Infecções de repetição
Infecções que acontecem de forma recorrente, em adultos ou crianças, podem indicar algum problema no sistema imunológico. Afinal, a função dele é justamente evitar que agentes externos sejam capazes de afetar o bom funcionamento do organismo. Contudo, não é necessário se preocupar com imunidade baixa se uma infecção acontece esporadicamente. Isso é totalmente natural e o seu corpo consegue lidar com a situação sem graves problemas, principalmente se você seguir orientações médicas para o tratamento do quadro.
O alerta se acende mesmo diante das infecções de repetição, também conhecidas como infecções de recorrência. Esse tipo de ação negativa e recorrente de microrganismos externos se manifesta principalmente no sistema respiratório ou no trato gastrointestinal.
Dra. Karina Melo destaca que a associação americana Jeffrey Modell elencou alguns sinais de alerta, adaptados para nosso meio pelo Grupo Brasileiro de Imunodeficiência Primária (BRAGID), que podem ser considerados pontos de atenção. São eles:
- otites que aparecem cerca de 4 vezes, ou mais, no intervalo de 1 ano;
- pneumonia duas vezes ao ano;
- sinusite grave mais de 2 vezes nos últimos 12 meses.
Além dessas infecções, é interessante observar a recorrência de problemas cutâneos, como furúnculos e formação de pus sob a pele (abscesso). Em crianças, a dificuldade de cicatrização, quadros de meningite e reações adversas à vacina BCG também devem ser observados com maior cautela.
Importante pontuar que as infecções recorrentes são especialmente consideradas indícios de imunidade baixa quando vêm acompanhadas de febre e necessitam do uso de antibiótico para seu tratamento.
2. Doenças autoimunes
Doenças autoimunes são consideradas erros inatos da imunidade, ou seja, são condições que fazem com que o sistema imunológico deixe de atuar como deveria. Naturalmente, o sistema imune é responsável por produzir anticorpos e células de defesas contra antígenos, nome dado aos microrganismos que não são conhecidos pelo seu corpo. Entretanto, na presença de uma doença autoimune, as células e anticorpos agem, na verdade, contra o próprio organismo.
Essas condições podem ter origem congênita, isto é, desde o nascimento. Podem, ainda, ser secundárias, resultantes de alguma alteração do organismo ao longo da vida. Um exemplo é a reação ao uso de medicamentos de controle de outras doenças, capazes de influenciar o sistema imune. De qualquer forma, devem ser acompanhadas atentamente, já que indicam fragilidade ou desregulação do sistema imunológico.
3. Perda de peso
Tanto crianças quanto adultos podem apresentar perda de peso quando a imunidade está baixa. Caso isso ocorra, mesmo que a pessoa tenha uma alimentação equilibrada e que não haja outros fatores que possam causar redução da gordura corporal ou do volume de massa muscular, é um sinal preocupante que pode indicar imunidade comprometida.
4. Uso de antibióticos
Como visto, se uma pessoa precisa fazer uso de antibióticos de maneira recorrente ao longo do ano para combater infecções, pode ser que sua imunidade esteja baixa. “Quando pensamos em imunidade baixa, sempre questionamos se a infecção necessitou de antibiótico para ser tratada. Às vezes, o paciente se diz gripado mas não teve febre, está apenas com coriza e indisposição. Em alguns casos, inclusive, não é gripe ou resfriado, mas uma rinite alérgica, por exemplo. Por isso, consideramos sinais de alerta os quadros em que há necessidade do uso de antibiótico para controle da infecção”, explica a entrevistada.
5. Necessidade de internação
Outro sinal de alerta é a necessidade de internação por conta de uma infecção grave. Nesse caso, não precisa ser algo recorrente para indicar a possibilidade de imunidade baixa.
Dra. Karina Melo dá um exemplo que pode ajudar a entender o problema: “Se um paciente contrai uma sinusite bacteriana, mas essa infecção desencadeia uma meningite bacteriana, aí está um indício de que o sistema imune falhou na proteção do organismo e o quadro pode ser resultado de uma baixa imunidade”.
Você anda cuidando do seu sistema imunológico?
Cuidar do sistema imunológico é uma das melhores maneiras de evitar complicações decorrentes de infecções, porém, é preciso entender qual é a causa da imunidade baixa. Para isso, é fundamental contar com apoio especializado.
“Se o indivíduo tiver um médico generalista de confiança que já o acompanha, é importante procurá-lo. No caso da criança, o pediatra deve ser procurado. Ele fará uma avaliação inicial e solicitará alguns exames, como o hemograma”, recomenda a imunologista. Para casos de problemas de imunidade primária, como as falhas congênitas, existem tratamentos específicos que poderão agir diretamente nos pontos em que o sistema imune normalmente atua.
Já quando os problemas são de caráter secundário, é preciso observar se há alguma doença desencadeando esses problemas. Na maioria dos casos, o controle dessa complicação de saúde é o suficiente para ajustar o sistema imune. “Precisamos investigar se existem fatores associados aos sinais de baixa imunidade, como diabetes ou deficiência de vitamina D, por exemplo”, pondera a especialista.
Se tudo está adequado, mas o paciente sente que fica doente com recorrência, é interessante observar como estão os hábitos do cotidiano. Adotar um estilo de vida mais saudável vai auxiliar no fortalecimento do sistema imunológico. A seguir, confira algumas atitudes benéficas!
Como se prevenir da imunidade baixa?
Existem algumas práticas que ajudam a evitar a queda da imunidade e diminuir as chances de seu corpo passar por algum tipo de infecção. Confira o que você pode fazer para fortalecer o sistema imune.
Alimentação saudável
Uma alimentação saudável vai garantir que o corpo receba todos os nutrientes necessários para ter o funcionamento adequado e o combate à ação de agentes externos, ajudando a fortalecer sua resposta imune.
Uma alimentação balanceada, com carboidratos, proteínas, minerais e vitaminas, é capaz de proporcionar esse equilíbrio. No entanto, para encontrar as porções adequadas à sua dieta, é importante contar com a ajuda de um profissional nutricionista.
Exercícios físicos regulares
Manter-se em movimento também ajuda a regular o equilíbrio do corpo, principalmente quando as atividades físicas são prazerosas. Por conta disso, é indicado adotar uma rotina com exercícios físicos regulares, de acordo com as suas preferências.
Qualidade de sono
A qualidade do sono também é capaz de influenciar na resposta imunológica, tendo em vista que causa impactos na saúde física e mental. Por outro lado, a quantidade de horas necessárias para cada pessoa pode variar. É importante dormir o suficiente para sentir o corpo e a mente descansados, adaptando a rotina para garantir boas noites de sono diariamente.
Saúde mental
Falando em saúde mental, é preciso saber que transtornos psicológicos e hormonais também têm impacto sobre a imunidade. Por conta disso, garantir que os sistemas nervoso e endócrino estejam saudáveis também é fundamental.
Tratar doenças que afetam o estado psicológico, como depressão, ansiedade e estresse crônico, é um dos passos essenciais para fortalecer a imunidade e garantir mais qualidade de vida.
Vacinação
Manter a vacinação em dia, de crianças e adultos, garante que o sistema imune seja capaz de agir adequadamente contra agentes externos que podem comprometer a saúde e o bem-estar. Por esse motivo, acompanhe as datas das vacinas e não perca nenhuma dose.
Agora que você conhece os principais sinais de imunidade baixa, é importante se manter atento aos sintomas que o seu corpo apresenta. Na presença de qualquer um desses indícios, não deixe de consultar um médico para encontrar diagnóstico e tratamento adequados. O Sabin oferece vários exames de avaliação, que podem ser agendados aqui.
Para saber mais sobre o tema, confira também quais são os exames para avaliar a imunidade. Além disso, na presença de sintomas, agende já a sua consulta médica para analisar o caso!