A hepatite é uma doença viral que provoca inflamação no fígado, gerando alterações leves, moderadas ou graves. E, por ser silenciosa em grande parte dos casos, não manifestando sintomas, muitos não sabem que estão acometidos pela enfermidade, descobrindo apenas quando o quadro se agrava.
Vista com preocupação pelos órgãos de saúde do Brasil e do mundo, a hepatite acomete milhões de pessoas — podendo ser classificada entre os tipos A, B, C, D ou E — e levando alguns indivíduos a óbito em decorrência de suas complicações.
O que é hepatite?
A hepatite é uma doença que provoca uma inflamação no fígado, normalmente causada por vírus ou por agentes não infecciosos, podendo provocar lesões consideradas leves, moderadas ou graves.
Nos últimos dez anos, a incidência da doença, no Brasil, é de mais de 600 mil casos, sendo os mais prevalentes dos tipos B e C. Esse é um número preocupante, considerando que o Programa Nacional de Imunizações disponibiliza vacinas de hepatite B à população.
Assim, apesar do alto custo para o Sistema Único de Saúde da rede pública, existe tratamento efetivo, contribuindo para gerar impactos positivos na redução dos casos.
É importante ressaltar que esses casos se concentram mais nas regiões com índice maior de diagnósticos — a maioria dos tipos B e C — como o Sudeste e o Sul. Já na Região Nordeste, assim como em locais com condições de saneamento mais precárias, a hepatite A (com transmissão fecal-oral) tem uma maior incidência. No caso do Amazonas, na Região Norte, e em comunidades indígenas, o tipo prevalente é o D.
Quais são os principais sintomas?
A hepatite é uma doença silenciosa, pelo fato de nem sempre provocar sintomas, principalmente quando se encontra em estágio inicial. Mas é possível notar sintomas comuns entre os tipos A, B, C, D, e E. Veja quais são eles:
- febre;
- icterícia (olhos e pele amarelados);
- dores musculares;
- fadiga;
- enjoo;
- vômitos;
- mal-estar;
- dor abdominal;
- constipação ou diarreia;
- falta de disposição;
- urina escura;
- cansaço;
- fezes claras.
Esses são sinais de alerta para buscar ajuda médica.
Em quais tipos a hepatite se divide?
As hepatites virais se dividem em cinco tipos: A, B, C, D e E, que podem ser agudas (a infecção dura um tempo menor que 6 meses, desaparecendo depois de algumas semanas) ou crônicas (a inflamação dura por um período superior a 6 meses e existe uma maior possibilidade de agravamento do caso). Embora todas causem doenças do fígado, elas diferem de maneiras importantes, incluindo modos de transmissão, gravidade da doença, distribuição geográfica e prevenção. Saiba mais sobre cada uma:
Hepatite A
A hepatite A é uma inflamação do fígado, como as outras formas, causada pelo vírus da hepatite A (VHA). O vírus é transmitido, principalmente, quando uma pessoa não infectada e não vacinada ingere alimentos ou água contaminada com as fezes de uma pessoa infectada. Assim, a doença está intimamente associada à água ou a alimentos contaminados, saneamento inadequado, má higiene pessoal e sexo oral-anal (especialmente entre homens que fazem sexo com homens na faixa etária de 29 a 39 anos).
A infecção pelo VHA pode apresentar desde quadros assintomáticos até quadros com icterícia, febre, vômitos, cansaço, entre outros. Em geral, não causa doença hepática crônica, mas pode causar sintomas debilitantes e, raramente, hepatite fulminante (insuficiência hepática aguda), que pode ser fatal.
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Hepatite B
A hepatite B é uma infecção viral, um dos tipos mais comuns no Brasil, causada pelo vírus B (VHB), que ataca o fígado e pode causar doenças agudas e crônicas. Ela pode ser prevenida através de vacinas seguras, disponíveis e eficazes, que oferecem 98% a 100% de proteção. Você encontra essa vacina aqui no Sabin.
Nas áreas altamente endêmicas, a hepatite B é mais comumente transmitida de mãe para filho no nascimento (transmissão perinatal). Já o desenvolvimento de infecção crônica é normal em bebês infectados de suas mães ou antes dos 5 anos de idade.
Para evitar que isso aconteça, é importante que o teste indicado para detectar hepatite B seja feito no decorrer do primeiro trimestre da gestação ou no início do acompanhamento pré-natal. Outro ponto é assegurar que a gestante esteja com a vacinação em dia, já que a vacina é 95% eficaz na prevenção do desenvolvimento de infecções crônicas.
Nos casos em que for constatada infecção por hepatite B na gestante, é necessário realizar uma avaliação por um profissional qualificado que a oriente ao longo do pré-natal. Após o nascimento, é recomendado que a criança receba a vacina, bem como a imunoglobulina anti-hepatite B, fornecida pela Secretaria de Saúde local. Contudo, deve-se ressaltar que a aquisição da imunoglobulina é feita mediante disponibilidade e deve ser solicitada com antecedência.
Há, ainda, o risco de transmissão da hepatite B através de exposição a sangue e fluidos corporais infectados — como saliva e fluidos menstruais, vaginais e seminais — ou, até mesmo, por ferimentos causados por agulhas, tatuagens ou piercings, quando infectados.
Hepatite C
O vírus da hepatite C (VHC) causa infecção aguda e crônica e também está entre os tipos mais comuns no Brasil, assim como a hepatite B. Tem boas probabilidades de cura quando tratada, razão pela qual o governo federal lançou o Plano para eliminação da hepatite C, com a finalidade de eliminar a doença como um problema de saúde pública até 2030.
Por ser silenciosa, uma parte considerável dos pacientes não sabe que está infectada e acaba descobrindo ou ao realizar sorologia ou somente quando ocorre uma complicação. Da mesma forma que acontece com a hepatite B, o vírus se encontra presente no sangue.
O risco de transmissão ocorre ao compartilhar agulhas, seringas e outros materiais, além de itens de higiene pessoal (escova de dente e lâminas de barbear), alicates de unha, bem como ao fazer tatuagens e colocar piercings com material não esterilizado ou não descartável. Pode ser transmitida, ainda, de mãe portadora da infecção para o filho.
A testagem para hepatite C também é necessária, especialmente quando a grávida tem mais vulnerabilidade para a infecção. Por isso, é importante ter um bom acompanhamento nos casos positivos e receber as orientações adequadas para evitar a transmissão do vírus para o bebê. O diagnóstico precoce e os cuidados apropriados no pré-natal podem contribuir para a redução dos riscos de transmissão vertical.
Apesar de a hepatite C ser transmitida pelo sangue, a contaminação entre casais ocorre muito mais pelo tempo que estão juntos, compartilhando objetos como cortador de unhas, lâminas de barbear, entre outros, do que pela rotina de relações sexuais.Ainda não existe vacina eficaz contra a hepatite C, mas existem medicamentos antivirais que curam mais de 95% das pessoas infectadas pela doença.
Hepatite D
É causada pelo vírus da hepatite D (VHD) e depende da infecção prévia pelo VHB para infectar um indivíduo. A transmissão também acontece por meio de relações sexuais desprotegidas, através do compartilhamento de itens perfurocortantes, objetos de higiene pessoal, de mãe infectada para filho durante a gestação, entre outras formas.
Da mesma maneira que ocorre com os outros tipos de hepatite, os sintomas podem não se manifestar em todos os casos. Quando surgem, os mais comuns são tontura, dor abdominal, febre, cansaço, fezes claras, urinas escuras e icterícia.
Como a infecção por hepatite D não pode ocorrer na ausência do vírus da hepatite B, a concomitância da infecção HDV-HBV é considerada a forma mais grave de hepatite viral crônica, devido à progressão mais rápida para carcinoma hepatocelular e morte relacionada ao fígado. Não existe vacina específica para o HDV.
Hepatite E
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o vírus da hepatite E (VHE), embora seja mais comum no leste e sul da Ásia, é encontrado no mundo inteiro. Anualmente, são registradas cerca de 20 milhões de infecções, sendo aproximadamente 3,3 milhões de casos sintomáticos.
Esse vírus tem 4 tipos diferentes: os vírus 1, 2, 3 e 4. Os tipos 1 e 2 foram encontrados apenas em humanos. Os tipos 3 e 4 foram encontrados em vários animais, como porcos, javalis e veados, sem causar nenhuma doença, mas ocasionalmente infectam humanos.
Transmitida por meio do contato com fezes, água ou alimentos contaminados, a hepatite E possui um período menor de duração, além de serem poucos os casos de evolução para a forma crônica. Assim como a VHA, há o risco de hepatite fulminante (insuficiência hepática aguda), que pode ser fatal. Por ser considerada autolimitada, a infecção se resolve dentro de 2 a 6 semanas.
Quais são os grupos de risco da hepatite?
As pessoas infectadas pelo vírus da hepatite B (2,7 milhões de pessoas) também estão infectadas pelo HIV. A OMS incentiva prevenção e conscientização combinadas para HIV e hepatite, por serem infecções transmissíveis por meio do contato sexual, sangue, entre outras formas.
- Portadores do vírus HIV: risco maior para hepatites A, B e C;
- Usuários de drogas injetáveis: risco maior para hepatites A, B e C;
- Homens que fazem sexo com homens (HSH): risco maior para hepatite B;
- Pessoas sexualmente ativas com múltiplos parceiros: risco maior para hepatites B e C;
- Pessoas em situação de rua: risco maior para hepatites A e B;
- Diabéticos: risco maior para hepatite B;
- Receptores de sangue e derivados: risco maior para hepatite C;
- Pacientes de hemodiálise: risco maior para hepatite C.
Como é feito o diagnóstico da doença?
O diagnóstico é feito por meio da sorologia para detectar se a hepatite é do tipo A, B, C, D ou E. Além disso, podem ser feitas provas hepáticas e outros exames complementares.
Como exemplo, na hepatite pelo vírus B, o diagnóstico é feito através de duas coletas de agHbs com intervalo de 6 meses. Para saber se o indivíduo é imune, é feita uma pesquisa de ant-HBs, reagente tanto se a imunidade é adquirida através da vacinação quanto pelo contato. Já para diagnóstico da infecção pelo VHC, é feita inicialmente a sorologia (anti-VHC). Em caso de resultado positivo, é necessária a confirmação através da detecção do vírus pela técnica de PCR.
Os resultados dos exames de sangue são rápidos e descobrir a doença de maneira precoce é fundamental para garantir um bom tratamento, evitar complicações e aumentar as chances de cura. Nas situações em que o diagnóstico é confirmado, o médico poderá solicitar exames complementares para detectar se a infecção se encontra ativa e se está em sua fase aguda ou crônica.
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Quais as formas de contágio e meios de prevenção?
A prevenção vai além da vacinação, que protege contra as hepatites virais dos tipos A e B. Inclui, ainda, o uso de preservativo nas relações sexuais, o não compartilhamento de objetos de uso pessoal, além de mudanças de hábitos e engajamento em campanhas educativas.
É importante que você conheça os principais fatores que podem levar ao contágio de cada tipo de hepatite e, a partir deles, quais as principais medidas a serem tomadas como forma de prevenção.
O vírus da hepatite B (VHB) é transmitido pelo contato com sangue ou fluidos corporais de uma pessoa infectada, da mesma forma como o vírus da imunodeficiência humana (HIV). No entanto, o VHB é 50 a 100 vezes mais infeccioso que o HIV. As principais formas de se infectar com o vírus da hepatite B são: da mãe para o bebê no nascimento (perinatal); injeções e transfusões inseguras; e contato sexual desprotegido.
Falta de saneamento básico e más condições de higiene pessoal
Esses são aspectos que contribuem para a transmissão das hepatites tipos A e E, já que o contágio ocorre por meio de fezes, água e alimentos contaminados, em especial nos locais onde não existe saneamento básico. Para prevenir o acometimento da doença e reduzir os riscos, é importante implementar algumas ações, por exemplo:
- utilizar água filtrada ou fervida para lavar bem os alimentos que são consumidos crus;
- lavar as mãos depois de usar o banheiro, trocar fraldas e antes de preparar refeições;
- manter louças e talheres higienizados;
- evitar o consumo de carnes e frutos do mar crus ou mal cozidos;
- não tomar banho em cachoeiras, rios, enchentes e demais locais próximos a esgotos a céu aberto (e não permitir que crianças o façam);
- vacinar-se contra hepatite A.
Compartilhamento de itens perfurocortantes contaminados
Manter contato com sangue infectado pelo vírus da hepatite é um dos principais meios de contágio das hepatites dos tipos B, C e D. Para evitar o risco, você deve:
- não dividir objetos que possam perfurar ou cortar a pele, como seringas, alicates, escovas de dentes, lâminas de barbear, agulhas e afins;
- observar as medidas sanitárias e condições de higiene de locais como laboratórios, hospitais, consultórios odontológicos e médicos;
- solicitar o uso de materiais esterilizados ou descartáveis em manicures, estúdios de tatuagem e piercing, entre outros;
- vacinar-se contra hepatite B.
Relações sexuais desprotegidas
As relações sexuais sem o uso de preservativo são uma das formas de contágio das hepatites virais no Brasil, como as dos tipos A, B, C e D. Para evitá-las, você deve:
- usar preservativos em todas as relações sexuais;
- realizar testes para identificar se está com hepatite de forma periódica, caso tenha uma vida sexual ativa;
- vacinar-se contra as hepatites A e B.
É importante destacar que o SUS disponibiliza testagem rápida dos tipos B e C para toda a população.
Transmissão da mãe para o bebê
Na gestação ou parto, a mãe pode transmitir hepatite B para o bebê. Para evitar esse risco, os passos mais importantes são:
- fazer o teste de hepatite se estiver grávida ou com intenção de engravidar;
- nos casos positivos para a doença, além do bebê precisar receber a primeira dose da vacina de hepatite, deve fazer a imunoglobulina nas primeiras horas de vida.
Hepatites agudas graves de origem desconhecida em crianças e adolescentes
Em 5 de abril de 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) foi notificada pelo Reino Unido sobre o aumento de casos de hepatite aguda de etiologia desconhecida em crianças menores de 10 anos, previamente saudáveis. Após essa data, mais de 700 casos semelhantes ocorreram em diversos países, inclusive no Brasil. Alguns com evolução muito grave, com necessidades de transplantes hepáticos, além da ocorrência de óbitos.
Em comum, essas crianças e adolescentes apresentaram sintomas frequentes, como icterícia, vômitos, dor abdominal e febre. Laboratorialmente, tem sido observado o aumento das enzimas hepáticas (AST e/ou ALT) acima de 500 UI/L.
O agente causal dessa hepatite ainda não foi determinado, embora alguns pacientes tenham testado positivo para o Adenovírus F41. A OMS segue monitorando os casos, estimulando a notificação, investigação e reforçando medidas preventivas para o adenovírus e outras infecções comuns, que envolvem lavagem regular de mãos e higiene respiratória.
Se seu filho apresentar sintomas que incluem amarelamento dos olhos e da pele, procure imediatamente o serviço médico!
Existe vacina para hepatite?
As vacinas existentes protegem contra os tipos de hepatite viral A e B. No caso da vacina contra a hepatite A, estamos falando da vacina anti-VHA, ofertada pelo SUS para crianças com menos de cinco anos e grupos vulneráveis — portadores crônicos do vírus da hepatite B (VHB), pacientes com HIV/aids, imunodepressão terapêutica ou por doença imunodepressora, doenças de depósito, fibrose cística, trissomias, candidatos a transplantes de órgão sólido e hemoglobinopatias.
No caso da vacina de hepatite B, existente desde os anos 80, as crianças vêm sendo vacinadas ao nascer, por se tratar de uma vacina combinada aplicada ainda nos primeiros meses de vida. Universal, encontra-se disponível para todas as pessoas no SUS.
Em crianças, precisa ser administrada em quatro doses, sendo a primeira ao nascer e as próximas aos 2, 4 e 6 meses de idade. Para crianças mais velhas, adolescentes e adultos não vacinados no primeiro ano de vida, será necessária a administração de três doses em um intervalo de 6 meses (0, 1 ou 2 meses e 6 meses). Importante ressaltar que a vacina contra a hepatite B pode ser aplicada de forma isolada e que ela também protege contra a hepatite D.
Ainda no protocolo de prevenção, também pode ser usada a imunoglobulina (IGHAHB) em casos de gestantes (para prevenir a infecção perinatal), imunodeprimidos após exposição de risco (mesmo que previamente vacinados), pessoas que sofreram acidentes com material biológico positivo e pessoas sem histórico de vacinação completa.
Você conhece a prevenção combinada?
Além da vacina contra a hepatite B, existem outros métodos associados, como a prevenção do HIV ou outras doenças sexualmente transmissíveis, de acordo com as características de cada paciente.
Entre os métodos que podem ser combinados, estão a prevenção de transmissão vertical (da mãe para o filho, durante a gravidez ou o parto), testagem regular para HIV, o tratamento de hepatites virais e infecções sexualmente transmissíveis, programas de minimização de danos para usuários de drogas e álcool, imunização para as hepatites A e B, profilaxia pré e pró-exposição, e demais ações que podem ser aplicadas pelo paciente de forma isolada ou combinada. A vacina contra hepatite B é segura e sua eficácia de 95% faz a prevenção do desenvolvimento de infecções crônicas.
Quais são os tratamentos para hepatite?
O tratamento das hepatites B e C é feito com antivirais. O protocolo com antivirais de ação direta disponíveis no SUS se estende por cerca de 20 semanas (no caso da hepatite C) e garante melhora sensível nos quadros da doença.
Agora que você conseguiu esclarecer suas principais dúvidas sobre hepatite, é preciso ter em mente a importância da imunização e demais meios de prevenção, estar atento a quaisquer sintomas da doença e procurar ajuda médica para diagnóstico e acompanhamento.
Devido às informações científicas serem constantemente atualizadas, outros dados serão adicionados sobre o tema à medida que as pesquisas sofrerem avanços.
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