Ícone do site Blog Sabin

Doenças comuns na infância e a importância das vacinas

Quais são as doenças mais comuns na infância?

É comum que pais de primeira viagem fiquem muito preocupados com qualquer situação que possa colocar em risco a saúde dos seus filhos durante a primeira infância. Esse período se estende até os seis anos e é marcado pela maior suscetibilidade a algumas doenças como gastroenterites, caxumba, sarampo, rubéola e catapora.

Na primeira infância, o sistema imunológico das crianças ainda não se formou completamente, o que as deixam mais vulneráveis a diversos patógenos. Conforme a criança cresce, ocorre o amadurecimento do sistema imune em decorrência do contato com patógenos selvagens (infecções) e vacinais, gerando uma memória imunológica que persiste pela vida toda.

A formação dessa memória irá garantir proteção à criança contra uma variedade de doenças infecciosas. Neste artigo, você terá a oportunidade de conhecer algumas das doenças mais comuns na infância e a importância das vacinas como forma de prevenção.

Gastroenterites 

A gastroenterite é uma inflamação aguda do trato digestivo muito comum, podendo ocorrer após o contato com outras crianças infectadas em creches e escolas. Outra forma de contágio inclui o próprio ambiente domiciliar, devido à falta de cuidados com a higiene da criança e da casa.

Um dos principais tipos de gastroenterite aguda é causado pelo rotavírus, que se dissemina facilmente entre crianças de três a cinco anos de idade. O vírus é transmitido principalmente pelo contato com as fezes e o compartilhamento de objetos contaminados.

Causas

Embora o rotavírus seja o principal vírus relacionado às gastroenterites em crianças, outros como os norovírus, os astrovírus e os adenovírus também podem causar a doença. As gastroenterites podem ser desencadeadas ainda por bactérias (como a Escherichia coli ou Salmonella) e outros parasitas.

A ingestão de água e alimentos estragados, malcozidos ou contaminados e, até mesmo, o uso recente de alguns medicamentos antibióticos também podem levar à inflamação do trato digestivo.

Sintomas

Independentemente da causa, os principais sintomas da gastroenterite são vômitos e diarreias líquidas. Febre, dor abdominal e falta de apetite também são comuns. Esses sintomas permanecem por cinco a sete dias e podem levar a um quadro de desidratação, uma vez que muito líquido é perdido nos vômitos e nas fezes.

Diagnóstico, tratamento e prevenção

O diagnóstico da gastroenterite, geralmente, é realizado a partir dos sintomas que a criança apresenta e dos achados do exame físico. Quando os sintomas persistem por mais de 48 horas, o médico, muitas vezes, solicita exames complementares — como o exame de fezes — para investigar a presença de sangue e microrganismos patogênicos. Exames de sangue também podem ser realizados em busca de sinais de possíveis complicações.

Por ser altamente contagiosa, é recomendado que a criança com gastroenterite não frequente creches, parques e escolas, até o desaparecimento dos sintomas. Os pais devem estimular a criança a ingerir líquidos com frequência, mesmo que em quantidades pequenas, a fim de evitar a desidratação e repor os minerais. Em alguns casos, medicamentos que controlam o vômito também podem ser utilizados, mas sempre sob orientação e supervisão médica.

A infecção pelo rotavírus pode ser prevenida através da vacinação. De acordo com o Calendário Nacional de Vacinação, a vacina é administrada em duas doses, com intervalo recomendado de 60 dias entre elas. Outras formas de prevenção incluem o cozimento adequado dos alimentos e a manutenção dos hábitos de higiene pessoal e do ambiente.

Caxumba

A caxumba é uma infecção viral aguda e contagiosa na qual ocorre o aumento das glândulas salivares (parótidas). Sua transmissão se dá, principalmente, por meio do contato direto com partículas respiratórias ou saliva de pessoas infectadas ao tossir, espirrar ou falar. O compartilhamento de copos e talheres e a prática de atividades que possuem um contato mais próximo também possibilitam sua disseminação.

Causas

A caxumba é causada por um vírus da família Paramyxoviridae, que infecta principalmente as glândulas parótidas. Os sintomas da doença podem levar de 12 a 25 dias para se manifestar (período de incubação). Vale ressaltar que o paciente contaminado pode transmitir a doença antes mesmo do aparecimento dos sintomas, e persistir por mais uma semana depois.

Sintomas

Os principais sintomas da caxumba incluem o inchaço da região da bochecha e da mandíbula, devido ao aumento do tamanho das glândulas salivares sob as orelhas. Esse inchaço pode ocorrer em ambos ou apenas um dos lados da face. Febre, dores de cabeça e muscular, cansaço e perda de apetite podem ocorrer antes do inchaço das glândulas salivares.

Embora, na maioria das vezes, os sintomas sejam leves a moderados, a caxumba pode levar a sérias complicações. Nos meninos, pode ocorrer inflamação dos testículos, o que pode contribuir para a redução da fertilidade. Já nas meninas, pode ocorrer inflamação dos ovários e/ou das mamas. Outras complicações associadas à caxumba incluem a pancreatite e a inflamação das membranas que recobrem o cérebro e a medula espinhal (meningite).

Diagnóstico, tratamento e prevenção

A caxumba é diagnosticada clinicamente por meio de avaliação médica dos sintomas e dos achados do exame físico. Exames de sangue podem ser solicitados pelo médico para confirmação do diagnóstico, em que é possível detectar a presença de anticorpos contra o paramixovírus, o causador da doença.

Não existe um tratamento específico para a caxumba. O tratamento consiste no uso de medicamentos para amenizar os sintomas de dor e febre, manter a criança alimentada e hidratada e fazer repouso para que o organismo consiga se recuperar. 

Na maioria dos casos, a caxumba é uma infecção que apresenta recuperação natural e progressiva em até duas semanas.

A vacinação é a principal forma de prevenção. Mesmo que a vacina contra a caxumba diminua os casos de forma significativa, alguns surtos ainda podem ocorrer, entretanto, os quadros clínicos são mais amenos nos indivíduos vacinados.

No Brasil, as principais vacinas utilizadas para a prevenção da caxumba são a tríplice viral ou a tetraviral. A tríplice viral confere proteção contra a caxumba, o sarampo e a rubéola. Já a tetraviral também protege contra a catapora.

Sarampo

O sarampo é uma infecção viral potencialmente grave que acomete principalmente crianças com menos de 5 anos e que pode ser prevenida com a vacinação.

O Brasil havia recebido, em 2016, um certificado de eliminação do sarampo, concedido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No entanto, nos últimos anos, o vírus causador da doença voltou a circular em nosso país, mesmo com a vacina disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) a toda a população. 

Como resultado, houve um aumento considerável no número de casos em crianças, inclusive com crescimento no número de óbitos. Esses são indicadores que reforçam a importância da vacinação e do acesso à informação sobre o calendário vacinal.

Causas

O sarampo é causado por um vírus da família Paramyxoviridae e transmitido pelo contato de uma pessoa saudável com partículas e secreções respiratórias do indivíduo infectado.

A doença acomete crianças não vacinadas, adolescentes, adultos e idosos não imunes à doença.

Sintomas

Os primeiros sintomas do sarampo podem ser facilmente confundidos com um resfriado ou uma gripe. Contudo, seu sintoma mais característico é a presença de pequenas manchas avermelhadas na pele, que se espalham por todo o corpo. 

Ao contrário das manchas características da catapora, as do sarampo não são acompanhadas de secreção e não provocam coceira.

Diagnóstico, tratamento e prevenção

Na maioria das vezes, o diagnóstico é feito a partir do exame físico do paciente, uma vez que as manchas podem ser facilmente reconhecidas pelos profissionais da saúde.

Raramente, algumas pessoas não apresentam as manchas características, e o diagnóstico é realizado apenas com a realização de exames de sorologia para a detecção de anticorpos (IgM e IgG).

Por ser uma doença viral, ainda não existe um tratamento específico contra o sarampo. Diante disso, utilizam-se tratamentos de suporte que visam aliviar os sintomas e desconfortos da doença.

É importante lembrar que a vacina contra o sarampo é a principal forma de prevenir e evitar a propagação da doença. Por isso, sugerimos a leitura do nosso conteúdo sobre a vacina de sarampo, onde trazemos informações sobre essa doença e a importância da vacinação para a sua prevenção.

Rubéola

A rubéola é uma infecção viral, aguda, transmitida por meio do contato direto de uma pessoa saudável com partículas e secreções respiratórias de um indivíduo infectado.

Causas

A rubéola é causada por um vírus RNA que possui alto potencial contagioso e que pode causar sintomas leves a moderados na maioria das pessoas, mas que pode trazer sérias consequências para a saúde de bebês cujas mães foram infectadas durante a gestação. Essa condição é denominada Síndrome da Rubéola Congênita (SRC).

Sintomas

O vírus da rubéola permanece incubado por 14 a 21 dias antes do aparecimento dos primeiros sintomas, que consistem em febre, mal-estar, conjuntivite e aumento dos gânglios linfáticos (linfadenopatia). Posteriormente, surgem pequenas manchas avermelhadas que podem se espalhar rapidamente pelo tronco e extremidades. Embora esses sintomas sejam semelhantes ao sarampo, na rubéola, geralmente, são mais leves e possuem menor duração. Por esse motivo, a doença tem sido referida como “sarampo alemão” ou “sarampo de três dias”.

Quando ocorre durante a gestação, normalmente nos três primeiros meses, a rubéola pode ocasionar malformações cardíacas, catarata, surdez e atraso no desenvolvimento do bebê.

Diagnóstico, tratamento e prevenção

O diagnóstico da rubéola leva em consideração os sinais clínicos e exames sorológicos, fornecendo o diagnóstico diferencial de diversas doenças com sintomas semelhantes.

Assim como as doenças descritas anteriormente, o tratamento de suporte, com o objetivo de aliviar a manifestação dos sintomas, deve ser utilizado. 

Quanto à prevenção, a maneira mais efetiva é a vacinação.

Catapora

Outra doença muito comum na infância é a varicela, que também é conhecida como catapora. Essa infecção é causada pelo vírus varicela-zóster e transmitida principalmente através de partículas salivares, o que pode ocorrer de um a dois dias antes do surgimento das lesões cutâneas e até seis dias depois. A doença também pode ser transmitida pelo contato direto com as lesões.

Sintomas

Um dos principais sintomas da catapora é a presença de lesões maculopapulares, vesiculares e crostosas — se iniciam com pápulas avermelhadas, evoluem para vesículas e, em seguida, formam crostas — que se distribuem por todo o corpo do paciente. Podem ser observadas, simultaneamente, lesões em diferentes fases, as quais provocam coceira e ardência.

Outros sintomas que costumam surgir antes do aparecimento dessas bolhas são febre, mal-estar, dores de cabeça e no corpo, falta de apetite e vômito.

Uma vez infectada, a pessoa adquire imunidade contra a catapora, embora o vírus permaneça instalado e latente no organismo. Fatores que geram baixa na imunidade podem contribuir para a reativação do vírus nessas células durante a vida adulta. Caso haja a reativação, os vírus podem trafegar pelas fibras até chegar à pele e desencadear a herpes-zóster.

Diagnóstico, tratamento e prevenção

A catapora pode ser diagnosticada através do exame físico do paciente, porém, exames laboratoriais podem ser realizados para confirmação.

Por ser uma doença autolimitada, isto é, que apresenta cura espontânea, não é necessário um tratamento específico para a doença. Nesse sentido, medidas como a vacinação e os cuidados com a higiene são fundamentais para a prevenção da doença. Caso o indivíduo seja contaminado, tratamentos de suporte também podem ser utilizados para alívio dos sintomas

Importância das vacinas na prevenção dessas doenças

Como você deve ter reparado, um fator fundamental para a prevenção de todas essas doenças infantis é a vacinação. Dessa forma, esteja sempre atento ao calendário de vacinação para saber as informações necessárias sobre as vacinas que devem ser aplicadas de acordo com a faixa etária.

Esta, inclusive, é uma excelente oportunidade de revisar a carteira de vacinação dos seus filhos e verificar se está atualizada. Afinal, outras doenças, como a meningite e a poliomielite também podem ser prevenidas através da vacinação.

Pensando nisso, sugerimos a leitura do nosso conteúdo O que você realmente sabe sobre catapora? Nele, você encontra mais informações sobre a doença, seu diagnóstico e a importância da vacina para a prevenção da varicela.

Referências:

Simon AK, Hollander GA, McMichael A. Evolution of the immune system in humans from infancy to old age. Proc Biol Sci. 2015 Dec 22;282(1821):20143085. doi: 10.1098/rspb.2014.3085.

Crawford SE, Ramani S, Tate JE, Parashar UD, Svensson L, Hagbom M, Franco MA, Greenberg HB, O’Ryan M, Kang G, Desselberger U, Estes MK. Rotavirus infection. Nat Rev Dis Primers. 2017 Nov 9;3:17083. doi: 10.1038/nrdp.2017.83.

CDC. Mumps. Disponível em: https://www.cdc.gov/mumps/index.html. Acesso em: 11/11/2022.

CDC. Chickenpox. Disponível em: https://www.cdc.gov/chickenpox/index.html. Acesso em: 11/11/2022.

Mayo Clinic. Measles. Disponível em: https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/measles/symptoms-causes/syc-20374857. Acesso em: 11/11/2022.

Mayo Clinic. Rubella. Disponível em: https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/rubella/symptoms-causes/syc-20377310. Acesso em: 11/11/2022.
OPAS. Sarampo. Disponível em: https://www.paho.org/pt/topicos/sarampo. Acesso em: 11/11/2022.

Sair da versão mobile