A alimentação exerce um papel extremamente importante quando falamos de qualidade de vida e longevidade. Por isso, é importante que certos cuidados em relação à dieta sejam tomados durante toda a vida, especialmente a partir de quando a mulher planeja engravidar, já que isso pode impactar na saúde do bebê.
A orientação alimentar envolve um cuidado multidisciplinar, no qual médicos e nutricionistas estão envolvidos, disponibilizando informações acompanhando a adesão e colhendo os resultados a curto, médio e longo prazos.
Pelo fato de a nutrição ser uma das áreas em que a busca por conhecimento cresceu muito, principalmente no cenário provocado pela pandemia do coronavírus, foi possível perceber de forma mais efetiva a importância dos nutrientes, seja para a imunidade ou para o bem-estar geral.
Pensando nisso, Camilo Briceño, nutricionista no Grupo Sabin, conversou com a gente sobre alimentação saudável, nutrição e aconselhamento. Acompanhe!
A importância da alimentação no desenvolvimento infantil
A alimentação infantil é uma das principais responsáveis pelo crescimento saudável das crianças. Isso, porque essa é uma época que envolve vários fatores, como o desenvolvimento das habilidades cerebrais, influenciando aspectos sociais, psicológicos e físicos. Camilo explica:
“Nós somos feitos de células, e para elas funcionarem bem, precisamos de um conjunto de mais de 40 nutrientes em equilíbrio. Os hormônios também precisam disso. Então, tudo o que fizermos na nutrição impacta: o emocional, a imunidade, o desenvolvimento, a concentração, controle de ansiedade, ganho de massa muscular, perda de gordura, fortalecimento ósseo etc. Tudo depende de nutrientes em equilíbrio”.
Além disso, refeições balanceadas diminuem o risco de diabetes, doenças cardíacas, obesidade na infância e complicações de saúde que podem se tornar crônicas. Portanto, é importante que a alimentação saudável faça parte da rotina desde cedo, se tornando um hábito para toda a vida.
A importância do nutricionista e nutrólogo na educação nutricional
A área de Nutrição Materna e Infantil lida de forma mais aprofundada da nutrição em diferentes etapas, iniciando no planejamento gestacional, acompanhando a gestação, o puerpério – intervalo que inicia após o parto até a volta do organismo às condições anteriores à gestação – e as diferentes fases do crescimento infantil.
O desenvolvimento saudável das crianças é um dos aspectos de maior preocupação dos pais. Sendo assim, os profissionais que atuam na Nutrição Materna Infantil têm um grande destaque na busca pela implementação de uma alimentação apropriada para que bons resultados sejam alcançados. Isso porque, são ele que vão acompanhar a rotina alimentar dos pequenos, para que consumam os nutrientes necessários para o crescimento e desenvolvam o hábito de se alimentarem da forma mais natural possível ao longo da sua vida. Veja os principais benefícios a seguir!
Organização da rotina alimentar
Existem muitos casos em que os pais e cuidadores possuem uma rotina dupla, bastante corrida. Por este motivo, a organização pode ser uma grande aliada para que o objetivo, independentemente de ser a gestação, amamentação, introdução alimentar e demais, possa ser atingido.
Para isso, o profissional vai contribuir para a elaboração de um planejamento em conformidade com os gostos alimentares e limitações de cada pessoa, o que vai simplificar a adesão do processo e mostrar que manter uma dieta balanceada é possível, mesmo com tanto afazeres em um único dia. Tudo isso vai impactar positivamente na qualidade de vida.
Educação nutricional
A nutrição é um ramo onde muitas notícias falsas podem afetar a forma como os pais e cuidadores vão lidar com a alimentação das crianças. Sendo assim, o nutricionista vai conversar com essas pessoas, derrubar os mitos e fake news, explicar como determinados nutrientes agem no organismo, falar sobre os motivos para consumir ou não algo, ensinar como deve ser feita a leitura dos rótulos de alimentos etc.
Compreensão sobre as necessidades de cada um
Os conhecimentos adquiridos pelos nutricionistas vão contribuir para que esses profissionais entendam como ajudar os mais variados tipos de pacientes, seja a mulher que está tentando engravidar, mas não consegue, pessoas que buscam uma transformação no processo de amamentação, direcionar sobre o que os pais e cuidadores devem fazer para não desistir de proporcionar uma alimentação mais saudável para as crianças que não comem nada, entre outros funcionalidades.
A orientação nutricional nas mais diversas fases do desenvolvimento
É necessário salientar que em todas as fases da vida a alimentação precisa ser saudável e variada, tendo em vista que apenas um tipo de alimento não é composto por todos nutrientes que o corpo demanda, como vitaminas, proteínas, sais minerais, fibras, carboidratos e gorduras.
Também, diferentes grupos de indivíduos apresentam demandas nutricionais específicas, que variam conforme alguns aspectos, desde sexo e idade até suas condições clínicas, entre outros. Por exemplo, as particularidades alimentares de uma criança não são as mesmas de uma adolescente. Existem algumas orientações relevantes quando falamos da alimentação saudável para cada etapa da vida.
Antes da gravidez
As alterações na alimentação da mulher precisam acontecer desde quando ela decide que quer ficar grávida. Por esse motivo, antes de qualquer coisa, o ideal é fazer uma consulta nutricional para que se possa receber as orientações sobre o que precisa ser feito em relação à dieta ao tentar engravidar.
Um nutricionista materno infantil é capaz de orientar a mulher enquanto tentante, a respeito dos melhores nutrientes para a fertilidade feminina e masculina, além dos melhores alimentos para a concepção e dietas que favorecem a gestação.
“Tudo na vida evolui, assim como os estudos se desenvolvem muito na nutrição. Minha dica é que todas as mulheres, logo que pensarem em engravidar, consultem o seu médico para que lhes indique um nutricionista que esteja capacitado a fazer um preparo antes mesmo da gravidez, para que seja uma gestação de qualidade para a mãe e para o bebê”, pontuou Camilo.
Afinal, a nutrição apropriada para a mulher vai garantir qualidade para o desenvolvimento do bebê. Além disso, muitos problemas podem ser evitados somente com uma alimentação correta nesse período inicial.
Durante a gestação
Para o desenvolvimento do bebê dentro do útero, são utilizados nutrientes que foram ingeridos pela mãe. Por este motivo, existe a necessidade de reposição para suprir as necessidades tanto da mãe quanto do feto em formação.
A deficiência de ferro na gestante, por exemplo, está associada a partos prematuros, os quais também repercutem no estoque de ferro do recém-nascido, o que pode ter consequências no desenvolvimento cognitivo e intelectual da criança.
O incrível é que, mesmo que a gravidez e a maternidade exijam bastante, quanto mais nutricionalmente preparada a mulher estiver, mais ela conseguirá lidar com cansaço e todas essas exigências. Além disso, muitas mulheres planejam amamentar mas, por erros alimentares e de hidratação, não conseguem fazê-lo adequadamente.
Ainda nesse momento, o nutricionista poderá acompanhar no decorrer de toda a gravidez a dieta da gestante, não apenas para o controle do ganho de peso, como também para direcionar sobre refeições que contribuem para o combate e amenização dos principais sintomas de cada etapa da gravidez, como náuseas, enjoos, azia, cansaço, sonolência e demais.
Amamentação
Não tem como falar a respeito da alimentação no desenvolvimento infantil sem abordar a amamentação. Isso, porque o leite materno é essencial para que o bebê se desenvolva de maneira eficaz. A relevância desse alimento se dá por várias causas, como o desempenho das funções endócrinas e cerebrais. Ainda, a criança passa a receber anticorpos da mãe, o que evita o surgimento de infecções.
Entender quais são os melhores alimentos para a produção de leite, como voltar ao peso anterior à gestação sem influenciar na amamentação e identificar os alimentos que reduzem ou evitem as cólicas no recém nascido são alguns dos benefícios de contar com um acompanhamento nutricional eficiente nessa fase.
De uma forma geral, essa é a fase em que a mãe deve bater o recorde de hidratação. Apesar de grande parte das orientações estar ligada ao consumo de dois litros de água por dia, tudo é individualizado. Ou seja, isso depende de muitas características, e uma delas é o peso.
Geralmente, o volume indicado é de 35ml para cada quilo de peso. Mas, quando as mulheres estão amamentando, essa necessidade aumenta, podendo chegar a 45ml ou 50ml.
É preciso ressaltar que existem algumas situações, que por mais que a mulher deseje amamentar a criança, isso não é possível. Por exemplo:
- estar acometida por alguma doença;
- estar usando alguma medicação que passe para o leite;
- ter o mamilo invertido ou alguma condição anatômica;
- a criança ser adotada;
- necessidade de realizar o desmame precoce pela necessidade de retornar ao trabalho, entre outros.
Nesse tipo de situação, o adequado é buscar orientação médica e nutricional para ser orientada sobre como proceder da melhor forma.
Introdução alimentar
A preocupação com a introdução alimentar é fundamental, porque é possível empregar estratégias para que resultados específicos sejam colhidos no futuro. Se esse processo for mal implementado, existem grandes chances de erros e vícios que vão perdurar por toda a vida. Por isso, é importante que os responsáveis atentem desde o início aos cuidados que essa etapa exige.
Apesar de a introdução ser um processo complexo, é possível dizer que, por causa da estrutura do organismo do bebê, a mãe deve amamentá-lo de maneira exclusiva até os seis meses.
Quando começar a introduzir a comida, existe uma sequência de grupos alimentares e quantidades. Isso quer dizer que é preciso respeitar o amadurecimento do organismo do bebê e, assim, sentir o grau de tolerância referente às escolhas. Nessa fase inicial, é preciso ter bastante paciência para moldar o paladar da criança.
Sendo assim, entre as principais do nutricionista nessa hora está o auxílio na introdução dos alimentos na rotina do bebê, avaliação sobre o ganho de peso e desenvolvimento da criança e apoio aos pais e cuidadores com os eventuais desafios do período, como alergias, restrições alimentares, seletividade, entre outros.
Infância e juventude
Existem muitas estratégias nessa etapa, principalmente em uma área como a da Nutrição Comportamental, em que o nutricionista materno-infantil tem uma bagagem volumosa de informações para preparar os responsáveis pelos cuidados com as crianças;
Por incrível que pareça, ao atender crianças e adolescentes que não comem frutas e vegetais, uma das primeiras perguntas feitas é se os responsáveis têm o hábito de ingerir esses alimentos. E o resultado é que a maioria de quem cuida das criança também não comem. Sobre o tão famoso “faça o que eu mando, mas não o que eu faço”, Camilo explica que:
“Mais importante do que pedir que os filhos comam bem é buscarmos ser o espelho de que eles precisam. O poder dos filhos verem os pais como exemplo na alimentação é enorme”.
Existe a questão de que, quando a gente sente o sabor pela primeira vez, pode acontecer de as papilas gustativas não se adaptarem a um determinado legume. Então, é possível que a criança estranhe nas tentativas iniciais.
No entanto, depois de alguma insistência, a partir de 15 ou 20 vezes, independentemente de o alimento ser administrado puro ou misturado com arroz ou feijão, por exemplo, no intuito de amenizar o seu gosto, as papilas gustativas começam o processo de adaptação, e a criança pode adaptar-se àquilo.
O ideal é não desistir de primeira, e sim buscar formas variadas de apresentação do alimento. Outro ponto de atenção é nunca obrigar o pequeno, já que essa dinâmica pode criar atritos desnecessários e acarretar uma relação pouco saudável da criança com o momento de comer, bem como criar aversão a determinados alimentos que perduram até a idade adulta.
Por que personalizar as dietas
Cada indivíduo apresenta necessidades nutricionais diferentes, que têm como base aspectos como altura, peso, sexo, riscos de enfermidades, estresse, costumes alimentares, sedentarismo etc. Por esse motivo, somente fazer o esforço de implementação de uma dieta saudável, com base em frutas, legumes e verduras, pode não ser o suficiente para gerar o desenvolvimento pleno do corpo.
Nesse tipo de situação, contar com a nutrição funcional pode trazer resultados bastante positivos. Afinal, por intermédio de uma dieta saudável personalizada, é possível cuidar da saúde em geral, equilibrando os sistemas metabólicos e fisiológicos da pessoa.
Então, é criada uma orientação individual, em que os nutrientes são mais bem aproveitados. Para que isso ocorra, a nutrição funcional se baseia em alguns princípios, que listamos a seguir:
- correlação em teia de aspectos fisiológicos: o organismo funciona de forma integrada; por isso, não dá para tratar de apenas parte dele. Isso quer dizer que, quando existe um problema, todo o corpo pode ser afetado;
- foco na individualidade bioquímica: cada indivíduo apresenta demandas nutricionais específicas, com base em fatores genéticos e ambientais;
- equilíbrio nutricional e aproveitamento dos nutrientes: somente ingerir alimentos saudáveis não é suficiente; é importante se certificar de que a digestão e a metabolização dos nutrientes estão sendo realizadas de maneira adequada;
- saúde como força positiva: essa questão procura fazer com que o paciente entenda que a saúde não é caracterizada pela ausência de enfermidades, mas sim pelo funcionamento pleno do organismo.
É essencial salientar que, para a ocorrência de efeitos satisfatórios no corpo, a nutrição funcional deve ser elaborada por um nutricionista especializado no assunto. Isso é necessário pelo fato de que esse tipo de estratégia requer a avaliação dos nutrientes e das consequências que certos alimentos vão trazer para o organismo.
Outro ponto é que, na alimentação personalizada, as dietas não costumam ser tão restritivas. Sendo assim, é possível comer bem e se manter saudável com uma reeducação alimentar satisfatória e efetiva.
No entanto, é preciso dizer que tudo isso envolve um trabalho multidisciplinar, que conta com a avaliação médica, orientações e elaboração do plano alimentar por parte do nutricionista, acompanhamento de um educador físico, no caso da realização de atividades físicas, e de quaisquer outros profissionais que sejam necessários.
Pais e responsáveis como exemplo para nutrição eficiente
O envolvimento das pessoas responsáveis com a alimentação das crianças é fundamental, tendo em vista que eles atuam diretamente na preparação e administração dos alimentos no ambiente familiar.
É preciso ter em mente que a alimentação dos pais, geralmente, é usada como modelo para os filhos, interferindo diretamente no que eles gostam de comer e beber. Então, não há dúvidas de que os adultos contribuem bastante para a criação dos hábitos das crianças.
Diante disso, é muito importante ter cuidados como a escolha de alimentos saudáveis, criação de uma dieta variada, evitar levar a criança a fast-foods, comer sempre à mesa (e sem a presença de celulares e televisores por perto), evitar produtos industrializados, entre outras boas práticas indicadas pelo nutricionista.
Por outro lado, o consumo de certos alimentos não deve ocorrer de maneira forçada ou por meio de chantagens às crianças. Não é interessante que os pais, por exemplo, peçam que o pequeno coma tudo o que está no prato e, em troca, ofereçam muitas balas e chocolates.
Nesse caso, o que se pode fazer é explicar as vantagens de manter uma alimentação saudável e realizar acordos sem exageros.
Outra medida é evitar o consumo de comidas gordurosas e com muito açúcar perto dos filhos pequenos, já que essas não devem ser consumidas por eles. Exemplos disso são os refrigerantes, que são repletos de aditivos químicos, e as frituras. Também é importante que os responsáveis deem preferência à ingestão de água, suco natural sem açúcar, água de coco e doces que venham das próprias frutas.
No caso dos responsáveis que tenham dificuldade em implementar uma alimentação saudável nas dietas das crianças, uma alternativa é apostar nos pratos coloridos e variados. Além disso, ao oferecer um alimento que seja novidade, é possível servi-lo com algo que a criança já tenha o costume de comer.
A necessidade dos exames bioquímicos ainda na infância
Muitas vezes, as avaliações médicas e nutricionais necessitam ser complementadas por exames laboratoriais. Esses exames costumam ser solicitados de rotina, seguindo diretrizes e consensos, ou baseando-se em hipóteses diagnósticas.
Levando isso em consideração, ao falarmos sobre uma dieta balanceada, não devemos nos preocupar apenas com o processo de perder gorduras ou reduzir o índice de glicose e colesterol do organismo.
Esse cuidado envolve várias etapas da vida, desde quando a mulher pretende engravidar, passando pela amamentação, introdução alimentar e infância e juventude. Em todos os momentos, o foco deve sempre estar voltado à qualidade de vida no presente e no futuro.
Sendo assim, é preciso buscar uma equipe multidisciplinar, com médicos e nutricionistas realizando trabalhos complementares desde a análise de condições clínicas até a personalização de dietas e a compreensão das características da criança.
Conseguiu esclarecer suas principais dúvidas com este guia da alimentação saudável? Por meio de nutrição materno infantil é possível ter auxílio em etapas distintas, como o processo de tentativa de gestação, a própria gestação e alimentação do bebê e suas fases de crescimento.
Dessa forma, fica claro que a saúde da mãe, do bebê e os hábitos dos pais e responsáveis pelos cuidados com as criança deve ser uma preocupação em conjunto. Por meio do auxílio de um bom nutricionista, fica mais fácil manter uma dieta tranquila, personalizada e sem grandes restrições, além de oferecer todo o suporte necessário e capaz de contribuir para que o crescimento saudável dos pequenos.
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