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Saúde sexual e reprodutiva: informações importantes para pais e filhos

A importância da saúde sexual e reprodutiva

A saúde sexual e reprodutiva ainda é um tema cercado de tabus, seja pela falta de conhecimento ou por preconceitos.

Desenvolver ações relacionadas à saúde sexual é uma tarefa complexa. A diversidade de aspectos sociais, econômicos, ambientais e culturais — vivenciada pela nossa sociedade — requer a adoção de diferentes abordagens, considerando não apenas o indivíduo, mas também a família e a comunidade.

A necessidade de esclarecimento sobre a saúde sexual fica ainda mais evidente ao analisarmos as estatísticas da gestação na adolescência. Segundo dados da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Frebasgo), no Brasil, um em cada sete nascimentos é oriundo de mães adolescentes. Em 2019, foram contabilizados 19.330 nascimentos em mães de até 14 anos.

Contudo, a gestação precoce não é a única preocupação. Levantamento feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de um milhão de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) são adquiridas, diariamente, em todo o mundo, sendo a maioria assintomática.

Para transformar esse cenário, é imprescindível educar a população sobre a saúde sexual. Neste conteúdo, traremos informações importantes sobre os direitos ao acesso à saúde sexual e reprodutiva, gravidez na adolescência e Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).

Por que é importante falar sobre saúde sexual?

De acordo com a OMS, a saúde sexual é um “estado de bem-estar físico, emocional, mental e social em relação à sexualidade”. Ou seja, estar saudável sexualmente abrange diversos outros fatores que não somente a ausência de uma doença. É um conceito que incorpora aspectos positivos quanto à aceitação da sexualidade e suas relações. Ter experiências sexuais prazerosas, seguras e livres de qualquer tipo de violência também é cuidar da saúde sexual.

Portanto, mais do que prevenir-se contra ISTs ou gestação precoce, cuidar da saúde sexual é importante para a saúde mental, psicológica e emocional.

A saúde sexual e reprodutiva é um direito legal

Você sabia que direitos sexuais e reprodutivos são reconhecidos como direitos humanos por órgãos como a Organização das Nações Unidas (ONU)?

Dentro dos direitos reprodutivos, as diretrizes da ONU reconhecem que as pessoas são livres para decidir se querem ou não ter filhos, quantos filhos desejam ter e em que momento de suas vidas. Devem possuir acesso amplo a informações, métodos e técnicas para ter ou não filhos. Além disso, é direito exercer a sexualidade e a reprodução livre de discriminação, imposição e violência.

Quanto aos direitos sexuais, cada pessoa é livre para escolher seu parceiro sexual e viver e expressar livremente sua sexualidade, independente da orientação sexual. As pessoas não devem sentir medo, vergonha ou culpa, e possuem o direito de escolher ou não se querem ter uma relação sexual.

É direito universal ter acesso a serviços de saúde que garantam privacidade, sigilo e atendimento adequado para o cuidado da saúde sexual e prevenção de ISTs.

Quando se inicia a puberdade?

Dentro do contexto da saúde sexual e reprodutiva, a puberdade é, sem dúvida, um marco muito importante. É o período da vida que compreende a maturação sexual de meninas (8 -13 anos) e meninos (9 -14 anos).

Nessa fase, ocorrem diversas transformações corporais e hormonais, iniciando pelos sinais físicos, que incluem o surgimento das mamas e o aumento dos testículos. Outras características sexuais também se desenvolvem, como o surgimento de pelos pubianos, aumento na velocidade de crescimento e alterações na voz.

Durante a puberdade, os órgãos reprodutores femininos e masculinos tornam-se maduros. Isso significa que essa fase marca a entrada na vida reprodutiva, sendo definida, no sexo feminino, pela primeira menstruação (ou menarca). 

É uma fase de grandes transformações e dúvidas. Manter o diálogo aberto com os jovens sobre saúde sexual representa uma medida preventiva e educativa importante para contribuir na redução de questões como a gravidez precoce, por exemplo.

Gravidez precoce

É evidente o crescimento do número de mães adolescentes em nosso país, mesmo em tempos em que o acesso à informação tende a ser facilitado pelas mídias digitais. A gravidez na adolescência possui um impacto profundo na vida dos jovens, tanto em questões relacionadas à saúde quanto a fatores psicológicos e sociais.

Mães precoces enfrentam diversos desafios por não estarem preparadas psicologicamente e fisicamente para uma gestação. 

Ser mãe e pai requer maturidade e responsabilidade, que muitos jovens não estão preparados para enfrentar. Pode ser comum o surgimento de transtornos mentais, como depressão e ansiedade, durante e após a gravidez. 

Muitas vezes, os jovens ainda não possuem formação acadêmica e decidem abandonar os estudos, o que afeta significativamente fatores socioeconômicos dessas famílias. Além disso, a gravidez pode ser uma barreira para ingresso no mercado de trabalho.

Para a criança, os riscos durante a gestação são múltiplos. Há maior chance de parto prematuro, rompimento precoce da bolsa, aborto espontâneo e atraso no desenvolvimento do bebê. Somado a isso, cresce o índice de abandono infantil, principalmente paterno, gerando consequências na educação e formação da criança. 

Tipos de métodos contraceptivos

A contracepção é o principal meio de evitar uma gravidez indesejada, seja em adultos ou adolescentes. Existem diferentes métodos contraceptivos disponíveis nas redes pública e privada, porém muitos deles ainda são desconhecidos pela população. A escolha do melhor método deve ser personalizada e com orientação médica.

A camisinha (masculina e feminina) é um método excelente para evitar a gravidez, além de ser o único método disponível para evitar o contágio por ISTs. 

A pílula anticoncepcional é um método bastante eficaz, baseado na ingestão de hormônios em forma de comprimidos que impedem a ovulação. Existem outras formas desse método contraceptivo, como injetáveis, adesivos e implantes transdérmicos.

Com formato de “T”, o dispositivo intrauterino (conhecido como DIU) é um método contraceptivo indicado e colocado no útero pelo ginecologista, e pode permanecer eficaz por longo período. Existem dois tipos de DIU: o hormonal e o de cobre. Ambos apresentam excelente eficiência, sendo considerados umas das melhores formas de prevenção para gravidez.

Por fim, existem outros dispositivos, como o diafragma vaginal — feito de borracha, que impede a entrada de espermatozoides no útero — e o anel vaginal — também feito de borracha, faz a liberação progressiva de hormônios.

Infecções Sexualmente Transmissíveis

A saúde sexual abrange, ainda, outro ponto bastante preocupante: as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).

A relação sexual desprotegida é a causa principal de ISTs, tornando o uso da camisinha essencial para evitar o contágio. As ISTs possuem um impacto sério na saúde, podendo evoluir de forma grave e gerar sequelas quando não diagnosticadas e tratadas precocemente. Uma grande parte dessas doenças não apresenta sintomas facilmente percebidos, o que atrasa o diagnóstico e o tratamento.

ISTs mais comuns

Segundo a OMS, as ISTs mais comuns ​​são a tricomoníase, clamídia, gonorreia e sífilis. Todas elas são tratáveis e curáveis, principalmente se o diagnóstico for precoce e o paciente tiver boa adesão ao tratamento.

Existem também as ISTs virais, como o HIV (vírus causador da aids), vírus herpes simples genital (HSV), hepatite viral B, papilomavírus humano (HPV)

O HIV continua sendo a maior ameaça dentro das ISTs, cujo número de casos está voltando a aumentar nos últimos anos. A infecção pelo HIV não tem cura e o tratamento requer a utilização de vários medicamentos pelo resto da vida para controle da carga viral. Além disso, não há vacina contra o HIV.

Por outro lado, existem vacinas contra a hepatite B, uma infecção que pode levar a doenças como a cirrose e o câncer de fígado. O HPV é outra IST que atualmente possui vacinas com boa eficácia para sua prevenção.

No entanto, é preciso compreender que a melhor forma de se proteger é por meio do uso de preservativos. Independente da vacinação e tratamento, o uso da camisinha, além de oferecer autoproteção, diminui o risco de disseminação dessas doenças, já que muitas são silenciosas e não apresentam sintomas aparentes.

Promovendo a saúde sexual e a diversidade

A saúde sexual e reprodutiva deve ser tema de conversas entre pais (ou responsáveis legais) e seus filhos.

Jovens e adolescentes são impactados física e psicologicamente, durante a puberdade, e o apoio familiar e profissional é fundamental para vencer todos os possíveis conflitos internos. Nessa fase, deve-se estimular o autoconhecimento e a autoaceitação, bem como facilitar a construção de um ambiente de respeito e apoio.

O respeito à sexualidade, ao corpo e às escolhas de cada pessoa deve prevalecer em todos os ambientes da sociedade. Afinal, a promoção da saúde sexual e reprodutiva vai muito além da prevenção de doenças.Agora que você está bem-informado, o que acha de compartilhar o conteúdo nas redes sociais? Assim, você ajuda outras pessoas a conhecerem mais sobre este importante assunto!

Referências

Brasil. (2015). Cuidando de Adolescentes: orientações básicas para a saúde sexual e saúde reprodutiva.  Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cuidando_adolescentes_saude_sexual_reprodutiva.pdf

Brasil. (2013). Saúde sexual e saúde reprodutiva. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_sexual_saude_reprodutiva.pdf

Douglas JM Jr, Fenton KA. Understanding sexual health and its role in more effective prevention programs. Public Health Rep. 2013 Mar-Apr;128 Suppl 1(Suppl 1):1-4. doi: 10.1177/00333549131282S101. PMID: 23450880; PMCID: PMC3562741.

OPAS. HIV/aids. 2021. Disponível em: https://www.paho.org/pt/topicos/hivaids. Acesso em: 26 ago. 2022.

WHO. Sexually transmitted infections (STIs). 2021. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/sexually-transmitted-infections-(stis)#:~:text=STIs%20have%20a%20profound%20impact,and%20trichomoniasis%20(156%20million). Acesso em: 26 ago. 2022.

WHO. Sexual Health. 2021. Disponível em: https://www.who.int/health-topics/sexual-health#tab=tab_1. Acesso em: 26 ago. 2022.

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