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Conheça a medicina de precisão na investigação de baixa estatura

Medicina de precisão na investigação de baixa estatura

A medicina de precisão tem inovado no diagnóstico e tratamento da baixa estatura, permitindo uma abordagem personalizada baseada em avanços genômicos. Com a avaliação de aspectos genéticos específicos, é possível identificar variações subjacentes que afetam o crescimento, oferecendo uma visão mais detalhada das causas dessa condição.

O uso de tecnologias como o Sequenciamento de Nova Geração (NGS) possibilita uma investigação abrangente de múltiplos genes ao mesmo tempo, identificando variantes associadas à fisiopatologia e facilitando o desenvolvimento de terapias individualizadas.

A baixa estatura pode ser o primeiro ou único indicativo de uma doença de base, tornando necessário o uso de avaliações genéticas para diagnosticar precocemente e de forma precisa. 

Ao longo deste conteúdo, vamos explorar os métodos e benefícios da medicina de precisão na investigação dessa condição, com um enfoque nos principais exames e classificações que guiam a prática clínica​. Confira!

Avaliação clínica e investigação da baixa estatura

O primeiro passo na investigação da baixa estatura é uma avaliação clínica detalhada, que inclui:

Essa avaliação inicial permite aos profissionais entenderem o padrão de crescimento da criança e decidirem os próximos passos na investigação, considerando tanto as características clínicas quanto o histórico familiar do paciente.

Investigação laboratorial inicial

Após a avaliação clínica, a investigação laboratorial é realizada para rastrear aspectos bioquímicos que possam estar associados à baixa estatura. Os exames laboratoriais iniciais incluem:

Esses exames ajudam a identificar causas comuns e tratáveis de baixa estatura, permitindo intervenções específicas antes de avançar para investigações mais complexas.

Avaliação hormonal

Se os exames laboratoriais iniciais não elucidarem a causa da baixa estatura, a investigação avança para a avaliação de distúrbios hormonais e a realização de testes genéticos específicos.

Nessa etapa, a avaliação hormonal é indispensável, incluindo a dosagem de IGF-1 e IGFBP-3 para analisar a ação do hormônio do crescimento (GH), além de avaliar a reserva de GH por meio de testes de estímulo, como os que utilizam clonidina ou glucagon. Esses testes são relevantes para confirmar ou descartar a deficiência do hormônio do crescimento (DGH), que é uma das principais causas de baixa estatura.

Importância da genética no diagnóstico da baixa estatura

As avaliações genéticas são uma etapa avançada e crítica no diagnóstico da baixa estatura. A medicina de precisão utiliza tecnologias genômicas para identificar mutações ou alterações cromossômicas que explicam a condição. Alguns dos principais métodos incluem:

Esses exames genéticos são cruciais para identificar baixa estatura desproporcional, que pode estar associada a síndromes, como a síndrome de Turner, ou mutações específicas que afetam o desenvolvimento ósseo e cartilaginoso.

A classificação da baixa estatura é decisiva para orientar a investigação e o manejo clínico, sendo a distinção entre causas proporcionais e desproporcionais necessárias para direcionar diagnósticos mais precisos. Na baixa estatura proporcional, todas as partes do corpo apresentam proporções adequadas, sugerindo que a origem pode ser hormonal, nutricional ou constitucional.

Nesse cenário, as avaliações hormonais são especialmente úteis para identificar endocrinopatias primárias, como a deficiência do hormônio do crescimento ou o hipotireoidismo. Por outro lado, na baixa estatura desproporcional, há discrepâncias nos segmentos corporais, o que pode indicar displasias esqueléticas ou síndromes específicas. Para esses casos, a avaliação genética e os exames de imagem, como radiografias para determinar a idade óssea, são imprescindíveis para identificar e confirmar a condição subjacente.

Aplicação clínica e benefícios

A medicina de precisão permite um diagnóstico mais acurado, primordial para a personalização do tratamento em pacientes com baixa estatura. Diversas técnicas são aplicadas na investigação, incluindo:

Aconselhamento genético

O aconselhamento genético desempenha um papel significativo na investigação da baixa estatura, principalmente quando variantes genéticas são identificadas. A descoberta dessas variantes não apenas beneficia diretamente o paciente, fornecendo um diagnóstico preciso e orientando um tratamento mais eficaz, como também permite estender esse cuidado aos familiares. 

Por meio do aconselhamento genético, é possível identificar riscos de recorrência da condição em outros membros da família e detectar precocemente pessoas que possam estar afetadas ou em risco, propiciando intervenções preventivas ou tratamentos adequados. Essa abordagem melhora a qualidade do atendimento e contribui para um manejo mais abrangente e personalizado, garantindo que as famílias recebam informações claras e suporte contínuo para lidar com a condição identificada.

Interpretação dos resultados e desafios diagnósticos

A interpretação dos resultados genéticos envolve uma equipe multidisciplinar, com geneticistas, endocrinologistas e bioinformáticos. Essa equipe analisa as variantes genéticas identificadas, avaliando sua patogenicidade com base na frequência populacional, previsões de impacto funcional e correlação clínica. 

Diretrizes como as do American College of Medical Genetics ajudam na categorização e interpretação dessas variantes, auxiliando na reclassificação conforme novos dados clínicos e genômicos são adicionados.

As tecnologias genômicas avançadas na medicina de precisão oferecem diagnósticos mais precisos e tratamentos personalizados para baixa estatura, identificando variantes genéticas específicas e possibilitando intervenções eficazes. Contudo, a complexidade das interações genéticas e ambientais pode dificultar um diagnóstico definitivo, e algumas variantes podem ser classificadas como de significado incerto. Isso exige uma correlação cuidadosa com dados clínicos e familiares, reforçando a necessidade de uma investigação contínua e detalhada.

Para saber mais sobre como os exames genéticos por NGS podem auxiliar no diagnóstico preciso e personalizado, acesse nosso conteúdo completo em: exames genéticos por NGS: aplicações e benefícios na prática clínica. Boa leitura!

Referências:

Jee YH, Baron J, Nilsson O. New developments in the genetic diagnosis of short stature. Curr Opin Pediatr. 2018;30(4):541-547. doi:10.1097/MOP.0000000000000653

Sabin para médicos. Medicina de precisão na investigação da baixa estatura. Transcrição da palestra. Disponível em: [arquivo Sabin].

Zhou E, Hauser BR, Jee YH. Genetic evaluation in children with short stature. Curr Opin Pediatr. 2021;33(4):458-463. doi:10.1097/MOP.0000000000001033

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