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Vírus Marburg: saiba mais sobre a doença e formas de transmissão

Entenda o que é vírus Marburg

O vírus Marburg ganhou destaque no início de 2023 devido a um surto ocorrido na Guiné Equatorial, um país do continente africano. O vírus Marburg é altamente contagioso e sua infecção é caracterizada por febre alta, dores musculares, dor de cabeça e vômitos, podendo gerar complicações graves de saúde e levar à morte.

Em razão da alta taxa de letalidade apresentada pelo vírus, o aumento no número de casos da doença gerou grande preocupação em autoridades de saúde, principalmente pela inexistência de medicamentos e vacinas específicas para tratamento e combate à infecção.

Notícias como essa acabam gerando apreensão na população pela possibilidade de disseminação do vírus para outras regiões e países do mundo. Felizmente, especialistas na área afirmam que as chances do vírus Marburg desencadear uma nova pandemia, como a que vivenciamos pelo coronavírus, é baixa.

Neste conteúdo, traremos informações atualizadas sobre a doença, seus sintomas, formas de transmissão e como se prevenir.

O que é o vírus Marburg?

O vírus Marburg é o agente causador da doença de Marburg, uma doença grave caracterizada por taxas de letalidade que podem chegar até 88%, se não houver tratamento adequado. É um vírus pertencente à família Filoviridae, considerado um “primo próximo” do vírus causador do ebola, só que menos letal.

As manifestações clínicas das duas doenças são semelhantes, sendo ambas consideradas raras. Em surtos localizados, como no caso atual, essas doenças se tornam preocupantes em virtude da alta capacidade de contágio e letalidade.

A doença de Marburg foi detectada, pela primeira vez, em 1967, em surtos ocorridos nas cidades de Marburg e Frankfurt, na Alemanha. Posteriormente, foram identificados surtos esporádicos em países africanos como Angola, República Democrática do Congo, Quênia, África do Sul e, recentemente, na Guiné Equatorial.

Como o vírus Marburg é transmitido?

O conhecimento científico atual assume que o hospedeiro animal natural do vírus seja uma espécie de morcego egípcio (Rousettus aegyptiacus). Portanto, a transmissão pode ocorrer inicialmente pela exposição humana prolongada a habitats do morcego, como minas ou cavernas. Foi relatada também a presença do vírus em macacos verdes africanos, durante os primeiros surtos do vírus.

O vírus também se espalha pela transmissão de humano para humano, por meio do contato direto com fluidos corporais (como o sangue) de pessoas infectadas ou superfícies e materiais contaminados com os fluidos (roupas, toalhas, entre outros). As pessoas com maior suscetibilidade à infecção são profissionais da saúde da linha de frente e seus familiares, que atuam diretamente no manejo e cuidados dos pacientes infectados.

É importante destacar que as pessoas infectadas são capazes de transmitir o vírus enquanto permanecer no sangue. O período de incubação ou o intervalo desde a infecção até o início dos sintomas é de dois dias, mas pode haver certa variabilidade.

Quais os principais sintomas?

A doença de Marburg é caracterizada por febre intensa e de início repentino, dor de cabeça e mal-estar geral. Outros sinais podem surgir com a progressão da doença, geralmente após o terceiro dia da infecção, e incluem dores musculares, diarreia líquida e intensa que pode durar uma semana, dor abdominal, cólicas, náuseas e vômitos. 

A intensidade dos sintomas leva o paciente a um quadro grave de desidratação e extrema letargia. A sintomatologia mais grave associada à doença de Marburg está relacionada ao desenvolvimento de manifestações hemorrágicas, em torno do quinto ao sétimo dia da infecção. Nesses casos, pode ocorrer sangramento pelas vias aéreas, gengivas ou presença de sangue no vômito e nas fezes. 

Outras complicações incluem icterícia (cor amarelada dos olhos e da pele), inflamação do pâncreas, insuficiência hepática e disfunção de múltiplos órgãos. Caso a pessoa não tenha o suporte adequado, pode vir a óbito entre oito e nove dias após o início dos sintomas, em decorrência da perda intensa de sangue e choque.

Com exceção da hemorragia, os sinais e sintomas da doença de Marburg são semelhantes a outras infecções. Isso pode dificultar o diagnóstico rápido da doença, agravando o quadro clínico do paciente. Para a detecção do vírus, são utilizados os métodos de diagnóstico molecular, através da técnica de PCR ou por sorologia, como os ensaios imunoenzimáticos (ELISA).

Existe tratamento para o vírus Marburg?

Atualmente, não existem tratamentos específicos ou vacinas para a doença de Marburg. A terapia de suporte é o único método para amenizar a sintomatologia e diminuir a chance de complicações graves.

Com a terapia de suporte, que envolve reidratação com fluidos orais ou intravenosos e tratamento dos sintomas específicos, é possível diminuir consideravelmente as chances de óbito pela doença.

Alguns medicamentos para o tratamento contra o vírus Marburg ainda estão em desenvolvimento, e incluem anticorpos monoclonais e antivirais utilizados em outros estudos clínicos contra o vírus do ebola. Além disso, pesquisadores estão concentrando esforços para produzirem uma vacina contra o vírus, no entanto, sua eficácia ainda não foi comprovada em ensaios clínicos.

Como se prevenir?

Diante da inexistência de tratamentos, a melhor forma de combater a infecção é a prevenção, não frequentando áreas habitadas por morcegos e primatas em regiões com casos registrados. Se houver suspeita da doença, a pessoa deverá ser isolada para evitar o contágio de outras que não estejam infectadas.

Profissionais de saúde devem utilizar equipamentos adequados de proteção, como luvas e máscaras, no tratamento do paciente, bem como fazer o descarte de materiais hospitalares em local apropriado.

Estudos indicam que o vírus Marburg pode persistir em algumas pessoas curadas da doença, especialmente nos testículos. Em mulheres infectadas durante a gravidez, o vírus pode continuar na placenta, no líquido amniótico e no feto. Já durante a amamentação, o vírus pode permanecer no leite materno.

Outras pesquisas também documentaram a presença do vírus Marburg no sêmen, em até sete semanas após a recuperação clínica. Assim, conforme recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), pessoas que se recuperaram devem se abster de relações sexuais com seus parceiros ou devem praticar sexo utilizando preservativos por 12 meses.

Apesar de ser uma doença preocupante, as chances do vírus Marburg se espalhar para outros países ou pelo mundo é pequena. O vírus tem um período de incubação curto, ou seja, os sintomas graves surgem rapidamente, facilitando o isolamento do doente. Pessoas assintomáticas podem transmitir o vírus, mas essa é uma probabilidade pequena, sendo mais comum a transmissão na fase de pico dos sintomas, quando o paciente já está isolado.

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Referências:

Araf Y, Maliha ST, Zhai J, Zheng C. Marburg virus outbreak in 2022: a public health concern. Lancet Microbe. 2023 Jan;4(1):e9. doi: 10.1016/S2666-5247(22)00258-0.

Callaway E. Marburg virus outbreak: researchers race to test vaccines. Nature. 2023 Feb;614(7949):603. doi: 10.1038/d41586-023-00468-5.

CDC. Marburg Virus Disease. Disponível em: https://www.cdc.gov/vhf/marburg/about.html Acesso em: 15/03/2023.

Kortepeter MG, Dierberg K, Shenoy ES, Cieslak TJ; Medical Countermeasures Working Group of the National Ebola Training and Education Center’s (NETEC) Special Pathogens Research Network (SPRN). Marburg virus disease: A summary for clinicians. Int J Infect Dis. 2020 Oct;99:233-242. doi: 10.1016/j.ijid.2020.07.042.
OMS. Marburg Virus Disease Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/marburg-virus-disease Acesso em: 15/03/2023

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