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Quais as causas e consequências da obesidade infantil?

Quais as causas da obesidade infantil?

A prevalência de obesidade aumentou drasticamente em todas as faixas etárias nos últimos 40 anos, tornando-a um grave problema de saúde pública no mundo.

No Brasil, pesquisas feitas em 2019 apontavam que mais da metade da população adulta apresentava excesso de peso, com prevalência maior em homens do que em mulheres, sendo 20% das pessoas consideradas obesas. Em relação à população infantil, dados epidemiológicos do mesmo ano apontavam para um crescimento considerável do excesso de peso em crianças.

O cenário é extremamente preocupante, especialmente na infância, uma vez que o sobrepeso ou a obesidade nesse período da vida pode trazer riscos para o desenvolvimento precoce de diversas doenças, além de maior predisposição à obesidade na fase adulta. A Organização Mundial da Saúde (OMS) descreve a situação como uma “epidemia de obesidade pediátrica” e a caracteriza como um dos mais sérios desafios de saúde pública do século XXI.

Considerando esse conjunto de evidências, fica claro que a prevenção da obesidade é a grande chave para mudar o panorama atual. Neste conteúdo, você entenderá o que é a obesidade infantil, quais as suas causas e consequências para a saúde, os tratamentos disponíveis e como realizar a prevenção do excesso de peso em crianças.  

O que é a obesidade infantil?

A obesidade infantil é uma desordem caracterizada pelo excesso de peso em crianças com até 12 anos. Considerando todas as crianças brasileiras menores de 10 anos, estima-se que mais de 6 milhões tenham excesso de peso e 3 milhões sejam obesas.

Segundo dados do Ministério da Saúde (MS) de 2019, 16% das crianças menores de cinco anos e 30% das crianças entre cinco e nove anos estavam com excesso de peso, sendo 12% consideradas obesas.

A forma mais simples e difundida para caracterizar um quadro de obesidade é por meio do chamado índice de massa corporal (ou IMC), um índice que relaciona as medições de peso e altura do indivíduo.

Apesar de não ser uma ferramenta extremamente precisa, o IMC é de fácil utilização e pode ser aplicado para a maioria das pessoas. No entanto, para crianças, não podemos considerar o IMC isoladamente, pois elas estão em constante desenvolvimento e crescimento.

Assim, duas variáveis precisam ser incorporadas nessa definição: o sexo e a idade da criança. Para aquelas acima de 2 anos, após definir o IMC, é preciso consultar uma tabela de idade e sexo que fornece um percentil conforme o IMC calculado.

Considera-se sobrepeso quando o IMC da criança é igual ou superior ao percentil 85, mas abaixo do percentil 95, segundo a tabela mencionada anteriormente. Já a obesidade corresponde ao IMC igual ou superior ao percentil 95.

Quais as causas da obesidade infantil?

A obesidade infantil é uma desordem que envolve múltiplos fatores causais, principalmente aqueles relacionados ao estilo de vida e às preferências alimentares. Cada vez mais, as crianças consomem alimentos industrializados e hipercalóricos, reduzindo o consumo de frutas e outros alimentos naturais e saudáveis.

Outro fator importante é o sedentarismo na infância. No passado, as crianças brincavam nas ruas, corriam e se movimentavam muito mais. Atualmente, passam a maior parte do tempo sentadas em sofás ou em frente à televisão, computadores e videogames, o que contribui fortemente para o ganho de peso.

A interação com os ambientes familiar, escolar e social é extremamente relevante no combate à obesidade infantil. O estilo de vida e a rotina dos pais influenciam diretamente o comportamento e o tipo de alimentação da criança. Pais que costumam consumir alimentos ultraprocessados, com excesso de açúcar e gorduras, dificilmente conseguirão estabelecer e educar os seus filhos acerca de uma alimentação adequada.

O ambiente escolar também exerce grande papel nesse cenário, de modo que os alimentos disponíveis nas instituições de ensino e como elas lidam com a questão da obesidade podem influenciar de maneira direta nos comportamentos alimentares das crianças.

Problemas emocionais e de saúde mental, como depressão ou ansiedade, também são gatilhos que podem ajudar a desenvolver compulsões alimentares e a perda do interesse pela prática de atividades físicas.

Existem, ainda, as causas genéticas, nas quais filhos de pais obesos tendem a ter maior risco para o desenvolvimento de obesidade infantil. A obesidade em crianças também pode ser decorrente de alguma condição médica preexistente, como as endocrinopatias, doenças que podem alterar a função e liberação de diferentes hormônios relacionados ao controle metabólico.

Quais as consequências da obesidade infantil?

A obesidade infantil pode acarretar inúmeras consequências e afetar profundamente a saúde física e mental da criança. Ela também está associada ao baixo desempenho escolar, a uma menor qualidade de vida e ao desenvolvimento de diferentes condições médicas e doenças, como:

Embora muitas dessas condições possam não se manifestar durante a infância ou desaparecer quando a criança atinge um peso saudável, é importante destacar que as consequências negativas da obesidade podem ser tardias. É consenso que a obesidade infantil é um fator predisponente para diversas comorbidades na vida adulta, principalmente o diabetes do tipo 2, doenças cardiovasculares e câncer.

Prejuízos sociais e emocionais também estão presentes em crianças obesas, podendo desencadear quadros de doenças mentais ou dificuldades na construção de relações sociais, incluindo depressão, isolamento social, solidão, bullying, problemas alimentares (como bulimia ou anorexia), baixa autoestima, ansiedade, entre outros.

Como é o tratamento para a obesidade infantil?

O tratamento para a obesidade infantil consiste especialmente em mudanças nas condutas alimentar e física da criança e deve sempre seguir orientação do pediatra.

Caso haja necessidade, o pediatra poderá encaminhar a criança para um endocrinologista infantil para uma investigação mais aprofundada. É muito importante também dispor de uma equipe multiprofissional formada por nutricionista, educador físico e psicólogo.

O método mais utilizado para o tratamento da obesidade infantil se baseia em estratégias para reduzir e normalizar o peso corporal. Para esse objetivo, são combinadas ações que visam estabelecer uma dieta balanceada e equilibrada, de acordo com as demandas nutricionais da criança, inclusão de atividades físicas rotineiras, reeducação alimentar e realização de acompanhamento clínico por meio de exames laboratoriais, como a dosagem da glicemia, colesterol, triglicerídeos, entre outros parâmetros.

Em geral, o tratamento medicamentoso não é indicado para crianças e só é utilizado em casos em que as terapias não farmacológicas são ineficazes, a depender do critério definido pelo médico especialista.

É importante ressaltar que o acolhimento e o apoio da família são imprescindíveis para que o tratamento tenha êxito. Readequar refeições e hábitos de todos os familiares que compartilham o mesmo ambiente da criança é fundamental, além do incentivo à prática de atividades físicas.

Como evitar a obesidade infantil?

Para prevenir a obesidade infantil, os pais ou cuidadores devem garantir, em primeiro lugar, uma alimentação adequada, saudável e balanceada, evitando alimentos ultraprocessados e ricos em açúcares, sempre respeitando a saciedade da criança. Outra medida relevante é estimular refeições à mesa, evitando alimentar-se em frente à TV ou em outros locais. 

As consultas de rotina, para acompanhamento do crescimento e desenvolvimento, e os exames solicitados após as consultas devem ser realizados sempre de acordo com as orientações do pediatra, tanto para prevenir a obesidade infantil, quanto para a detecção precoce de outras doenças.

A prática de atividades físicas desde cedo, sob supervisão de um profissional habilitado, também pode contribuir no processo. Novamente, é muito importante que a família toda adote um estilo de vida mais saudável, com escolhas mais conscientes. A influência do ambiente no qual a criança está inserida é um fator determinante para o estabelecimento dos hábitos de vida.

As crianças têm grande facilidade de aprendizagem e de adaptação a mudanças, sendo extremamente influenciadas pelos pais ou responsáveis. Portanto, adote e ensine aos seus filhos bons hábitos de vida.

Agora que você já sabe o que é a obesidade infantil, sugerimos a leitura do conteúdo sobre os impactos da alimentação saudável no desenvolvimento das crianças, para garantir a saúde de quem você mais ama!

Referências:

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Caprio, S., Santoro, N. & Weiss, R. Childhood obesity and the associated rise in cardiometabolic complications. Nat Metab 2, 223–232 (2020). https://doi.org/10.1038/s42255-020-0183-z

Campbell, M. Biological, environmental, and social influences on childhood obesity. Pediatr Res 79, 205–211 (2016). https://doi.org/10.1038/pr.2015.208

Ministério da Saúde. Obesidade infantil afeta 3,1 milhões de crianças menores de 10 anos no Brasil. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2021-1/junho/obesidade-infantil-afeta-3-1-milhoes-de-criancas-menores-de-10-anos-no-brasil Acesso em: 18/05/2032

Sahoo K, Sahoo B, Choudhury AK, Sofi NY, Kumar R, Bhadoria AS. Childhood obesity: causes and consequences. J Family Med Prim Care. 2015 Apr-Jun;4(2):187-92. doi: 10.4103/2249-4863.154628.

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WHO. Obesity and overweight. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/obesity-and-overweight Acesso em: 18/05/2023

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