Sabin Por: Sabin
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As cardiopatias congênitas se caracterizam por uma má-formação na estrutura do coração ainda na fase embrionária, ou seja, no decorrer do desenvolvimento do embrião. Isso não é raro! A cada ano nascem 1,35 milhão de crianças com cardiopatia congênita no mundo, isso significa 86.250 crianças por mês, 2.875 crianças cardiopatas congênitas por dia!

Atualmente, já são 12 milhões de pessoas vivendo com cardiopatia congênita em todo o mundo. No Brasil, são 28,7 mil crianças que nascem com cardiopatia congênita a cada ano. Ou seja, 1 criança com cardiopatia congênita a cada 100 nascidas vivas. 

Identificar a cardiopatia precocemente faz toda a diferença para o êxito do tratamento e prevenção de sequelas. Atualmente, no Brasil, toda criança antes da alta hospitalar, entre 24 e 48h de vida, realiza a triagem para cardiopatias congênitas, por meio do teste do coraçãozinho, no qual mede-se a saturação de O2, por meio de um oxímetro de pulso, colocado no membro superior direito e em um dos membros inferiores do recém-nascido.  

Elaboramos este artigo para que você possa entender um pouco mais as cardiopatias congênitas, quais são as mais prevalentes, seus fatores de risco, tratamentos, entre outras informações relevantes sobre o tema. Acompanhe!

O que é uma doença cardíaca congênita?

A cardiopatia congênita é uma anormalidade presente na função ou estrutura do coração que ocorre ainda nas primeiras semanas de gestação, durante a fase embrionária, quando o órgão é formado. Essa alteração pode provocar disfunções no desenvolvimento do feto e ter consequência em diferentes fases de desenvolvimento do indivíduo. Vale lembrar que algumas cardiopatias congênitas podem evoluir como doenças cardíacas crônicas. Hoje, no Brasil, existem 900.000 adultos vivendo com cardiopatia congênita.

Quais são as doenças cardíacas congênitas mais prevalentes?

As cardiopatias congênitas podem ser acianótica ou cianóticas. Veja as mais prevalentes em cada grupo.

Cardiopatias congênitas acianóticas

São mais frequentes que as cardiopatias congênitas cianóticas. Trata-se de cardiopatias mais simples, com menos impacto e gravidade. Muitas vezes percebidas apenas ao exame clínico, na avaliação médica, e algumas delas necessitam apenas do acompanhamento médico e podem manter-se estáveis ou até desaparecerem com o crescimento da criança.

Comunicação interventricular (CIV)

É uma das cardiopatias congênitas mais frequentes. Caracteriza-se pela presença de um orifício, comunicação entre as duas câmaras cardíacas inferiores, conhecida como ventrículos direito e esquerdo.

Nesse caso, o sangue oxigenado que se encontra no ventrículo esquerdo passa para o ventrículo direito, provocando a mistura de sangue rico em oxigênio com sangue pobre em oxigênio, que vai para os pulmões. Dessa forma, ocorre um aumento no volume de sangue para os pulmões (hiperfluxo).

Comunicação interatrial (CIA)

É um problema congênito de fechamento do septo interatrial, estrutura que separa o coração em lado direito e esquerdo.

No decorrer da formação embrionária do coração, esses dois lados se separam por meio de uma estrutura chamada septo interatrial. Contudo, em alguns indivíduos, esse septo não se forma da maneira adequada, provocando a comunicação dos dois lados do coração e a mistura de sangue com e sem oxigênio.

Defeito do septo atrioventricular (DSVA)

Trata-se de uma comunicação inadequada que gera uma combinação de defeitos entre o átrio e o ventrículo, dificultando a plena realização das funções cardíacas.

Persistência do canal arterial (PCA)

O canal arterial se forma naturalmente no feto com a finalidade de ligar o ventrículo direito do coração à aorta e, assim, permitir que o sangue se dirija à placenta para receber oxigênio, devendo se fechar logo depois do nascimento. Mas, algumas vezes, esse fechamento não acontece, levando à dificuldade na oxigenação do sangue da criança.

Cardiopatias congênitas cianóticas

A presença de cianose (cor azulada na pele e mucosas) é um sinal evidente de que não há adequada oxigenação do sangue. Assim, nesse grupo as alterações cardíacas são mais complexas, com alterações importantes no fluxo sanguíneo e oxigenação do sangue, necessitando, às vezes, de correção cirúrgica, muitas vezes precoce.

Atresia pulmonar

Provoca a ausência de comunicação entre o ventrículo direito e as artérias pulmonares, o que impede que o sangue seja oxigenado da forma correta.

Transposição das grandes artérias

É a cardiopatia cianótica mais frequente em recém-nascidos. Como o próprio nome diz, há uma troca e a aorta tem sua origem no ventrículo direito e não no esquerdo e a artéria pulmonar no ventrículo esquerdo e não no direito. A correção cirúrgica deve ser precoce, preferencialmente, nos primeiros 21 dias.

Tetralogia de Fallot

Uma má-formação em que ocorrem quatro alterações cardíacas, interferindo no funcionamento do órgão: obstrução da via de saída do ventrículo direito, defeito do septo ventricular, Hipertrofia do ventrículo direito e dextroposição da aorta

Quem pode ser acometido por essas doenças?

Embora existam condições genéticas e ambientais que podem ser associadas a maior risco de cardiopatias congênitas, algumas vezes esses fatores podem não ser identificados.  

Algumas condições da mãe ou do bebê podem ser consideradas como fatores de risco para o surgimento de uma doença cardíaca congênita, como por exemplo:

  • condições da mãe, como rubéola nos primeiros meses de gestação, gravidez acima de 35 anos, algumas infecções etc.;
  • condições do bebê, por exemplo, a Síndrome de Down.

Quais são os principais tratamentos para doenças cardíacas congênitas?

O diagnóstico precoce é fundamental para identificar o tratamento apropriado em tempo hábil e, dessa forma, prevenir sequelas e aumentar as chances de sucesso.

Em algumas cardiopatias, o tratamento precoce e adequado possibilita a completa solução do quadro clínico, garantindo que o paciente tenha uma vida absolutamente normal. Assim, é de extrema importância estar atento a sinais e sintomas como cianose na boca, mãos e pés, pele pegajosa, sudorese excessiva ao mínimo esforço, extremidades frias, respiração ofegante, baixo ganho de peso e palidez ao chorar.

O tratamento vai depender do tipo de cardiopatia. Em alguns casos o tratamento pode ser medicamentoso e em outros, cirúrgico.

Conseguiu esclarecer suas principais dúvidas sobre cardiopatia congênita? Realizar o teste do coraçãozinho, estar atento aos sinais e sintomas que a criança pode apresentar, são essenciais a realização de diagnóstico precoce, e início de tratamento adequado e assim, assegurar bem-estar e qualidade de vida no desenvolvimento da criança.

Achou este artigo interessante? Então, aproveite sua visita no blog para ler sobre o teste genético da bochechinha e sua importância!

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Saiba o que é uma doença cardíaca congênita e conheça as mais comuns; As cardiopatias congênitas se caracterizam por uma má-formação na estrutura do coração ainda na fase embrionária, ou seja, no decorrer do desenvolvimento do embrião. Isso não é raro! A cada ano nascem 1,35 milhão de crianças com cardiopatia congênita no mundo, isso significa 86.250 crianças por mês, 2.875 crianças cardiopatas congênitas por dia! Atualmente, já são 12 milhões de pessoas vivendo com cardiopatia congênita em todo o mundo. No Brasil, são 28,7 mil crianças que nascem com cardiopatia congênita a cada ano. Ou seja, 1 criança com cardiopatia congênita a cada 100 nascidas vivas.  Identificar a cardiopatia precocemente faz toda a diferença para o êxito do tratamento e prevenção de sequelas. Atualmente, no Brasil, toda criança antes da alta hospitalar, entre 24 e 48h de vida, realiza a triagem para cardiopatias congênitas, por meio do teste do coraçãozinho, no qual mede-se a saturação de O2, por meio de um oxímetro de pulso, colocado no membro superior direito e em um dos membros inferiores do recém-nascido.   Elaboramos este artigo para que você possa entender um pouco mais as cardiopatias congênitas, quais são as mais prevalentes, seus fatores de risco, tratamentos, entre outras informações relevantes sobre o tema. Acompanhe! O que é uma doença cardíaca congênita? A cardiopatia congênita é uma anormalidade presente na função ou estrutura do coração que ocorre ainda nas primeiras semanas de gestação, durante a fase embrionária, quando o órgão é formado. Essa alteração pode provocar disfunções no desenvolvimento do feto e ter consequência em diferentes fases de desenvolvimento do indivíduo. Vale lembrar que algumas cardiopatias congênitas podem evoluir como doenças cardíacas crônicas. Hoje, no Brasil, existem 900.000 adultos vivendo com cardiopatia congênita. Quais são as doenças cardíacas congênitas mais prevalentes? As cardiopatias congênitas podem ser acianótica ou cianóticas. Veja as mais prevalentes em cada grupo. Cardiopatias congênitas acianóticas São mais frequentes que as cardiopatias congênitas cianóticas. Trata-se de cardiopatias mais simples, com menos impacto e gravidade. Muitas vezes percebidas apenas ao exame clínico, na avaliação médica, e algumas delas necessitam apenas do acompanhamento médico e podem manter-se estáveis ou até desaparecerem com o crescimento da criança. Comunicação interventricular (CIV) É uma das cardiopatias congênitas mais frequentes. Caracteriza-se pela presença de um orifício, comunicação entre as duas câmaras cardíacas inferiores, conhecida como ventrículos direito e esquerdo. Nesse caso, o sangue oxigenado que se encontra no ventrículo esquerdo passa para o ventrículo direito, provocando a mistura de sangue rico em oxigênio com sangue pobre em oxigênio, que vai para os pulmões. Dessa forma, ocorre um aumento no volume de sangue para os pulmões (hiperfluxo). Comunicação interatrial (CIA) É um problema congênito de fechamento do septo interatrial, estrutura que separa o coração em lado direito e esquerdo. No decorrer da formação embrionária do coração, esses dois lados se separam por meio de uma estrutura chamada septo interatrial. Contudo, em alguns indivíduos, esse septo não se forma da maneira adequada, provocando a comunicação dos dois lados do coração e a mistura de sangue com e sem oxigênio. Defeito do septo atrioventricular (DSVA) Trata-se de uma comunicação inadequada que gera uma combinação de defeitos entre o átrio e o ventrículo, dificultando a plena realização das funções cardíacas. Persistência do canal arterial (PCA) O canal arterial se forma naturalmente no feto com a finalidade de ligar o ventrículo direito do coração à aorta e, assim, permitir que o sangue se dirija à placenta para receber oxigênio, devendo se fechar logo depois do nascimento. Mas, algumas vezes, esse fechamento não acontece, levando à dificuldade na oxigenação do sangue da criança. Cardiopatias congênitas cianóticas A presença de cianose (cor azulada na pele e mucosas) é um sinal evidente de que não há adequada oxigenação do sangue. Assim, nesse grupo as alterações cardíacas são mais complexas, com alterações importantes no fluxo sanguíneo e oxigenação do sangue, necessitando, às vezes, de correção cirúrgica, muitas vezes precoce. Atresia pulmonar Provoca a ausência de comunicação entre o ventrículo direito e as artérias pulmonares, o que impede que o sangue seja oxigenado da forma correta. Transposição das grandes artérias É a cardiopatia cianótica mais frequente em recém-nascidos. Como o próprio nome diz, há uma troca e a aorta tem sua origem no ventrículo direito e não no esquerdo e a artéria pulmonar no ventrículo esquerdo e não no direito. A correção cirúrgica deve ser precoce, preferencialmente, nos primeiros 21 dias. Tetralogia de Fallot Uma má-formação em que ocorrem quatro alterações cardíacas, interferindo no funcionamento do órgão: obstrução da via de saída do ventrículo direito, defeito do septo ventricular, Hipertrofia do ventrículo direito e dextroposição da aorta Quem pode ser acometido por essas doenças? Embora existam condições genéticas e ambientais que podem ser associadas a maior risco de cardiopatias congênitas, algumas vezes esses fatores podem não ser identificados.   Algumas condições da mãe ou do bebê podem ser consideradas como fatores de risco para o surgimento de uma doença cardíaca congênita, como por exemplo: condições da mãe, como rubéola nos primeiros meses de gestação, gravidez acima de 35 anos, algumas infecções etc.;condições do bebê, por exemplo, a Síndrome de Down. Quais são os principais tratamentos para doenças cardíacas congênitas? O diagnóstico precoce é fundamental para identificar o tratamento apropriado em tempo hábil e, dessa forma, prevenir sequelas e aumentar as chances de sucesso. Em algumas cardiopatias, o tratamento precoce e adequado possibilita a completa solução do quadro clínico, garantindo que o paciente tenha uma vida absolutamente normal. Assim, é de extrema importância estar atento a sinais e sintomas como cianose na boca, mãos e pés, pele pegajosa, sudorese excessiva ao mínimo esforço, extremidades frias, respiração ofegante, baixo ganho de peso e palidez ao chorar. O tratamento vai depender do tipo de cardiopatia. Em alguns casos o tratamento pode ser medicamentoso e em outros, cirúrgico. Conseguiu esclarecer suas principais dúvidas sobre cardiopatia congênita? Realizar o teste do coraçãozinho, estar atento aos sinais e sintomas que a criança pode apresentar, são essenciais a realização de diagnóstico precoce, e início de tratamento adequado e assim, assegurar bem-estar e qualidade de vida no desenvolvimento da criança. Achou este artigo interessante? Então, aproveite sua visita no blog para ler sobre o teste genético da bochechinha e sua importância!