Sabin Por: Sabin
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O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa considerada uma das principais causas de demência em idosos.

Uma de suas características mais marcantes é a perda da memória recente, especialmente nos estágios iniciais da doença. Com o tempo e o avanço, outros sintomas cognitivos e comportamentais surgem, como dificuldade em reconhecer pessoas, isolamento social e função motora reduzida, podendo levar à dependência funcional na população idosa.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) preveem que os casos de Alzheimer dupliquem ou tripliquem até 2050. Estima-se que, no Brasil, 1,2 milhões de pessoas tenham doença de Alzheimer, muitas delas sem diagnóstico.

As chances de desenvolvimento da doença aumentam com o passar dos anos, podendo chegar a mais de 30% em idosos com 80 anos ou mais. Com o aumento da expectativa de vida da população, é fundamental conscientizar as pessoas sobre o tema e esclarecer as dúvidas sobre os principais sintomas, como é feito o diagnóstico e formas de prevenção.

O que é a doença de Alzheimer?

A doença de Alzheimer é um distúrbio neurodegenerativo que afeta as células nervosas (neurônios) em regiões do cérebro, levando à morte neuronal. Essa morte neuronal gera, paulatinamente, uma atrofia do tecido cerebral, prejudicando suas funções e resultando no surgimento dos sintomas característicos da doença.

Quais as causas da doença de Alzheimer?

As causas da doença de Alzheimer ainda são fontes de debates científicos. Diversos estudos vêm sendo realizados, ao longo dos anos, e algumas teorias foram construídas para explicar quais seriam os gatilhos para o desenvolvimento da doença.

Uma das hipóteses é que a doença de Alzheimer seja desencadeada pelo aumento na produção e atividade das proteínas tau e beta-amiloide. Quando produzidas em excesso, essas proteínas se agrupam e formam placas, chamadas emaranhados neurofibrilares, que são tóxicas para as células nervosas. 

As placas acabam por comprometer a comunicação entre os neurônios e ativam células do sistema imune presentes no sistema nervoso central, chamadas micróglia. O processo gera inflamação, lesões e, consequentemente, morte dos neurônios em regiões importantes para a memória. 

Com o passar do tempo, outras regiões cerebrais envolvidas na cognição e no controle motor em funções vitais são afetadas, podendo levar o paciente a óbito. É importante destacar que o Alzheimer, por si só, não é responsável pela morte do paciente, mas sim as complicações geradas pelo avanço da doença.

Quais são os primeiros sintomas da doença de Alzheimer?

Os sintomas dependem do estágio da doença. Em geral, os primeiros sinais observados são relativos à perda de memória recente, na qual a pessoa passa a esquecer informações corriqueiras com certa frequência. É comum ter de repetir a mesma informação várias vezes e o idoso apresentar dificuldades para acompanhar conversas mais complexas.

No entanto, é importante destacar que nem toda perda de memória significa Alzheimer. Com o envelhecimento, é natural que ocorram lapsos de memória, que podem estar relacionados também ao estresse e cansaço mental.

Como mencionado, a demência de Alzheimer é uma doença progressiva e sua evolução é lenta, com avanço do quadro clínico entre oito e dez anos. A doença pode ser dividida em diferentes estágios, de acordo com a gravidade dos sintomas.

Estágio 1

O estágio 1 é a forma inicial, em que o paciente apresenta alterações na memória, na personalidade e nas habilidades visuais e espaciais. São comuns quadros de irritabilidade, dificuldade de encontrar palavras que exprimem ideias ou sentimentos e incapacidade para elaborar estratégias para resolver problemas.

Estágio 2

No estágio 2, ou forma moderada, o idoso começa a apresentar dificuldade para falar, realizar tarefas simples e coordenar movimentos. Também podem aparecer sintomas relacionados à insônia e agitação.

Estágio 3

O estágio 3 é considerado a forma grave da doença. Nessa fase, o idoso pode apresentar incontinência urinária e fecal, dificuldade para comer e deficiência motora progressiva.

Estágio 4

Por fim, o estágio 4 é considerado a fase terminal da doença. Nesse estágio, o idoso passa a ser totalmente dependente de cuidados, ficando, muitas vezes, acamado. Em razão da deterioração avançada do estado de saúde do paciente, podem surgir infecções recorrentes, como a urinária.

Devido à perda de memória e a necessidade de cuidados permanentes, a doença de Alzheimer também pode desencadear doenças mentais associadas, como a ansiedade e a depressão.

Quais os fatores de risco da doença de Alzheimer?

Os principais fatores de risco relacionados ao desenvolvimento do Alzheimer são a idade e o histórico familiar. 

A idade e o envelhecimento parecem ser um dos principais fatores de risco para a doença, dado que a maioria dos casos é diagnosticada após os 65 anos de idade.

A doença de Alzheimer não é considerada hereditária. Menos de 1% dos casos apresenta componente genético com herança autossômica dominante. Contudo, pessoas que apresentam familiares próximos com Alzheimer possuem um risco maior de desenvolver a doença, principalmente se ocorreu em pessoas com menos de 65 anos.

O estilo de vida não saudável (sedentarismo e tabagismo, por exemplo) e a presença de outras comorbidades (doenças cardiovasculares, diabetes) também podem contribuir para o surgimento da demência. 

Como é feito o diagnóstico?

Não existe um exame específico para o diagnóstico da doença de Alzheimer. Inicialmente, o médico neurologista irá avaliar os sintomas e o histórico do paciente, incluindo o histórico familiar. É fundamental que o médico consiga analisar o impacto de sintomas como a perda de memória no cotidiano do paciente.

Após constatada a suspeita, testes cognitivos poderão ser realizados para avaliar, de forma mais detalhada, a memória, cognição e comportamentos do paciente. Exames laboratoriais e de imagem (ressonância magnética) podem complementar a avaliação e excluir a possibilidade de outras doenças que desencadeiam os mesmos sintomas. 

Como prevenir a doença de Alzheimer?

Não existe uma maneira específica de prevenir a doença. No entanto, algumas ações podem ajudar a minimizar os riscos.

É importante manter uma rotina de vida saudável, incluindo atividades físicas rotineiras, alimentação saudável e evitar o tabagismo e o consumo de álcool. Outro ponto de grande destaque é manter a mente ativa e uma boa vida social. Procure sempre exercitar o raciocínio por meio da leitura, do convívio social e da realização de atividades em grupo.

É necessário destacar que o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, e em tempo apropriado, são fundamentais para possibilitar o alívio dos sintomas e a estabilização ou retardo do avanço da doença.

O apoio familiar é essencial para a pessoa idosa diagnosticada com a doença de Alzheimer. Incentive seus familiares a praticarem atividades que estimulem mente e corpo, como o yoga. Saiba mais sobre as vantagens dessa atividade, lendo o nosso conteúdo sobre A prática do yoga e seus benefícios.

Referências:

Dubois, B., Villain, N., Frisoni, G. B., Rabinovici, G. D., Sabbagh, M., Cappa, S., … & Feldman, H. H. (2021). Clinical diagnosis of Alzheimer ‘s disease: recommendations of the International Working Group. The Lancet Neurology, 20(6), 484-496. doi: 10.1016/S1474-4422(21)00066-1

Knopman, D.S., Amieva, H., Petersen, R.C. et al. Alzheimer disease. (2021). Nat Rev Dis Primers 7, 33 . doi: 10.1038/s41572-021-00269-y

Ministério da Saúde. (2020). Alzheimer. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/alzheimer Acesso em: 01/09/2022

WHO. (2021). Dementia. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/dementia Acesso em: 01/09/2022

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Saiba as principais informações e sintomas da doença de Alzheimer; O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa considerada uma das principais causas de demência em idosos. Uma de suas características mais marcantes é a perda da memória recente, especialmente nos estágios iniciais da doença. Com o tempo e o avanço, outros sintomas cognitivos e comportamentais surgem, como dificuldade em reconhecer pessoas, isolamento social e função motora reduzida, podendo levar à dependência funcional na população idosa. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) preveem que os casos de Alzheimer dupliquem ou tripliquem até 2050. Estima-se que, no Brasil, 1,2 milhões de pessoas tenham doença de Alzheimer, muitas delas sem diagnóstico. As chances de desenvolvimento da doença aumentam com o passar dos anos, podendo chegar a mais de 30% em idosos com 80 anos ou mais. Com o aumento da expectativa de vida da população, é fundamental conscientizar as pessoas sobre o tema e esclarecer as dúvidas sobre os principais sintomas, como é feito o diagnóstico e formas de prevenção. O que é a doença de Alzheimer? A doença de Alzheimer é um distúrbio neurodegenerativo que afeta as células nervosas (neurônios) em regiões do cérebro, levando à morte neuronal. Essa morte neuronal gera, paulatinamente, uma atrofia do tecido cerebral, prejudicando suas funções e resultando no surgimento dos sintomas característicos da doença. Quais as causas da doença de Alzheimer? As causas da doença de Alzheimer ainda são fontes de debates científicos. Diversos estudos vêm sendo realizados, ao longo dos anos, e algumas teorias foram construídas para explicar quais seriam os gatilhos para o desenvolvimento da doença. Uma das hipóteses é que a doença de Alzheimer seja desencadeada pelo aumento na produção e atividade das proteínas tau e beta-amiloide. Quando produzidas em excesso, essas proteínas se agrupam e formam placas, chamadas emaranhados neurofibrilares, que são tóxicas para as células nervosas.  As placas acabam por comprometer a comunicação entre os neurônios e ativam células do sistema imune presentes no sistema nervoso central, chamadas micróglia. O processo gera inflamação, lesões e, consequentemente, morte dos neurônios em regiões importantes para a memória.  Com o passar do tempo, outras regiões cerebrais envolvidas na cognição e no controle motor em funções vitais são afetadas, podendo levar o paciente a óbito. É importante destacar que o Alzheimer, por si só, não é responsável pela morte do paciente, mas sim as complicações geradas pelo avanço da doença. Quais são os primeiros sintomas da doença de Alzheimer? Os sintomas dependem do estágio da doença. Em geral, os primeiros sinais observados são relativos à perda de memória recente, na qual a pessoa passa a esquecer informações corriqueiras com certa frequência. É comum ter de repetir a mesma informação várias vezes e o idoso apresentar dificuldades para acompanhar conversas mais complexas. No entanto, é importante destacar que nem toda perda de memória significa Alzheimer. Com o envelhecimento, é natural que ocorram lapsos de memória, que podem estar relacionados também ao estresse e cansaço mental. Como mencionado, a demência de Alzheimer é uma doença progressiva e sua evolução é lenta, com avanço do quadro clínico entre oito e dez anos. A doença pode ser dividida em diferentes estágios, de acordo com a gravidade dos sintomas. Estágio 1 O estágio 1 é a forma inicial, em que o paciente apresenta alterações na memória, na personalidade e nas habilidades visuais e espaciais. São comuns quadros de irritabilidade, dificuldade de encontrar palavras que exprimem ideias ou sentimentos e incapacidade para elaborar estratégias para resolver problemas. Estágio 2 No estágio 2, ou forma moderada, o idoso começa a apresentar dificuldade para falar, realizar tarefas simples e coordenar movimentos. Também podem aparecer sintomas relacionados à insônia e agitação. Estágio 3 O estágio 3 é considerado a forma grave da doença. Nessa fase, o idoso pode apresentar incontinência urinária e fecal, dificuldade para comer e deficiência motora progressiva. Estágio 4 Por fim, o estágio 4 é considerado a fase terminal da doença. Nesse estágio, o idoso passa a ser totalmente dependente de cuidados, ficando, muitas vezes, acamado. Em razão da deterioração avançada do estado de saúde do paciente, podem surgir infecções recorrentes, como a urinária. Devido à perda de memória e a necessidade de cuidados permanentes, a doença de Alzheimer também pode desencadear doenças mentais associadas, como a ansiedade e a depressão. Quais os fatores de risco da doença de Alzheimer? Os principais fatores de risco relacionados ao desenvolvimento do Alzheimer são a idade e o histórico familiar.  A idade e o envelhecimento parecem ser um dos principais fatores de risco para a doença, dado que a maioria dos casos é diagnosticada após os 65 anos de idade. A doença de Alzheimer não é considerada hereditária. Menos de 1% dos casos apresenta componente genético com herança autossômica dominante. Contudo, pessoas que apresentam familiares próximos com Alzheimer possuem um risco maior de desenvolver a doença, principalmente se ocorreu em pessoas com menos de 65 anos. O estilo de vida não saudável (sedentarismo e tabagismo, por exemplo) e a presença de outras comorbidades (doenças cardiovasculares, diabetes) também podem contribuir para o surgimento da demência.  Como é feito o diagnóstico? Não existe um exame específico para o diagnóstico da doença de Alzheimer. Inicialmente, o médico neurologista irá avaliar os sintomas e o histórico do paciente, incluindo o histórico familiar. É fundamental que o médico consiga analisar o impacto de sintomas como a perda de memória no cotidiano do paciente. Após constatada a suspeita, testes cognitivos poderão ser realizados para avaliar, de forma mais detalhada, a memória, cognição e comportamentos do paciente. Exames laboratoriais e de imagem (ressonância magnética) podem complementar a avaliação e excluir a possibilidade de outras doenças que desencadeiam os mesmos sintomas.  Como prevenir a doença de Alzheimer? Não existe uma maneira específica de prevenir a doença. No entanto, algumas ações podem ajudar a minimizar os riscos. É importante manter uma rotina de vida saudável, incluindo atividades físicas rotineiras, alimentação saudável e evitar o tabagismo e o consumo de álcool. Outro ponto de grande destaque é manter a mente ativa e uma boa vida social. Procure sempre exercitar o raciocínio por meio da leitura, do convívio social e da realização de atividades em grupo. É necessário destacar que o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, e em tempo apropriado, são fundamentais para possibilitar o alívio dos sintomas e a estabilização ou retardo do avanço da doença. O apoio familiar é essencial para a pessoa idosa diagnosticada com a doença de Alzheimer. Incentive seus familiares a praticarem atividades que estimulem mente e corpo, como o yoga. Saiba mais sobre as vantagens dessa atividade, lendo o nosso conteúdo sobre A prática do yoga e seus benefícios. Referências: Dubois, B., Villain, N., Frisoni, G. B., Rabinovici, G. D., Sabbagh, M., Cappa, S., ... & Feldman, H. H. (2021). Clinical diagnosis of Alzheimer 's disease: recommendations of the International Working Group. The Lancet Neurology, 20(6), 484-496. doi: 10.1016/S1474-4422(21)00066-1 Knopman, D.S., Amieva, H., Petersen, R.C. et al. Alzheimer disease. (2021). Nat Rev Dis Primers 7, 33 . doi: 10.1038/s41572-021-00269-y Ministério da Saúde. (2020). Alzheimer. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/alzheimer Acesso em: 01/09/2022 WHO. (2021). Dementia. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/dementia Acesso em: 01/09/2022