Sabin Por: Sabin
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A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST) causada pela bactéria Treponema pallidum. É uma doença que possui diferentes fases com sintomas específicos, podendo se tornar bastante grave, mas que possui cura.

As fases da sífilis são intercaladas por períodos latentes, sem a manifestação de sinais clínicos. Ou seja, uma pessoa pode ter sífilis e não saber, pois a doença pode aparecer e desaparecer e continuar “adormecida” no organismo

Dessa forma, a sífilis é considerada uma doença silenciosa que requer cuidados e tratamento para não ocorrer danos graves à saúde. Além disso, a sífilis representa risco também para bebês, pois pode ser transmitida durante a gestação.

Neste conteúdo, traremos informações muito importantes a respeito da doença, seus sintomas, formas de transmissão e como realizar a prevenção.

Quais os principais sintomas da doença?

A sífilis apresenta diferentes sintomas, de acordo com seu estágio. Se não tratada, a doença pode durar anos e evoluir para formas mais graves com diversas complicações, podendo levar à morte. 

A seguir, falaremos sobre os principais estágios da sífilis e seus sintomas.

Quais os estágios da sífilis?

A doença é dividida em três estágios: sífilis primária, secundária e terciária.  A sífilis primária é o estágio inicial e se caracteriza, em grande parte dos casos, por uma ferida única, indolor e rica em bactérias nas regiões genitais (pênis, vulva, vagina, colo uterino ou ânus), boca ou outros locais da pele onde ocorreu a infecção.

Em geral, essa lesão dura em torno de 20 dias, curando-se com ou sem tratamento, dentro de três a dez semanas. Por não ser uma ferida dolorosa ou que provoque coceira, a lesão pode passar despercebida. Se não tratada, a doença progride para o estágio secundário

Na sífilis secundária, os sinais e sintomas aparecem entre seis semanas e seis meses após o estágio primário. Nessa fase, podem surgir pequenas manchas espalhadas pelo corpo inteiro, principalmente nas palmas das mãos e na planta dos pés. As manchas também possuem grande quantidade de bactérias, não coçam e possuem coloração avermelhada, apresentando relevo em alguns casos.

Os sintomas da sífilis secundária desaparecem espontaneamente, mesmo sem tratamento. Outros sintomas também podem ser observados, como febre, mal-estar, dor de cabeça, ínguas pelo corpo.

A sífilis terciária é a evolução mais grave da doença e pode apresentar complicações cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas. Resulta do não tratamento da sífilis em seus outros estágios, e seu surgimento varia bastante, podendo se manifestar até 40 anos depois da infecção.

Existe, ainda, a chamada sífilis latente, caracterizada pelos períodos de ausência de sintomas, entre a progressão da fase primária para a secundária ou da secundária para a terciária. A duração desse estágio é variável, podendo ser de alguns meses a vários anos.

Como a sífilis é transmitida?

A sífilis é uma IST, ou seja, um dos principais meios de transmissão é por meio da relação sexual desprotegida. Outra forma de transmissão bastante preocupante é a da mãe para o filho, em qualquer fase da gestação ou no momento do parto.

Esse tipo de sífilis é conhecida como congênita e pode acarretar em sérias consequências para o desenvolvimento do bebê, como anormalidades na formação óssea, deficiência mental e até aborto.

Na maioria dos casos, a criança não apresenta sintomas nos primeiros meses de vida. No entanto, com o passar do tempo, podem apresentar erupções na pele das palmas das mãos e nas solas dos pés. Mais tarde, a criança pode desenvolver sintomas mais graves, como surdez, cegueira e outras complicações.

Como é feito o diagnóstico da doença?

O diagnóstico da sífilis é feito inicialmente por meio da avaliação clínica e histórico do paciente. Como os sintomas apresentados podem ser comuns a outras doenças, o médico deverá solicitar exames específicos para chegar a um diagnóstico conclusivo.

Um dos principais exames é a sorologia para sífilis, que pode ser feita basicamente por meio de dois testes: não treponêmicos (VDRL) e treponêmicos (FTA-ABS).

Teste não treponêmico

O teste não treponêmico leva esse nome porque pesquisa anticorpos contra antígenos, como a cardiolipina, no plasma sanguíneo do paciente, e não contra a bactéria em si. Esses anticorpos não são específicos para a Treponema pallidum, porém estão presentes na sífilis.

A cardiolipina normalmente apresenta níveis baixos no soro sanguíneo de uma pessoa saudável. Entretanto, em caso de infecção por sífilis, as concentrações aumentam em decorrência da liberação através de células danificadas pela doença ou pelas próprias bactérias. 

Assim, é possível detectar os anticorpos contra a cardiolipina por meio do teste VDRL. Esse teste é um teste rápido e simples de se fazer, e comumente é utilizado para realizar a triagem da doença e acompanhamento, inclusive em estágios de latência. Mas como não é específico, podem ocorrer casos de falso-positivos, em que o resultado aparece como positivo mas a pessoa não possui a doença.

Teste treponêmico

Existem também os testes treponêmicos (FTA-ABS), que identificam anticorpos específicos para a bactéria causadora da sífilis (em geral, IgM e IgG) no soro sanguíneo. Eles são utilizados como testes confirmatórios de diagnósticos de sífilis por sua maior especificidade e também podem ser usados na detecção de sífilis congênita em recém-nascidos.

Uma rotina comum é a utilização de dois testes, aumentando a assertividade do diagnóstico. Ou seja, primeiro realiza-se o não treponêmico (VDRL) e, quando positivo, confirma-se com um teste treponêmico (FTA-ABS).

Como é feito o tratamento?

Quando detectada precocemente, a sífilis pode ser tratada com relativa facilidade e o paciente, em pouco tempo, fica curado. O tratamento inclui a utilização de antibióticos, especialmente da classe das penicilinas, que possuem boa eficácia contra a bactéria causadora da doença.

O sucesso do tratamento deve ser acompanhado por meio de exames laboratoriais (VDRL) e deve se estender aos parceiros de relação sexual. É importante que sejam realizados exames periódicos, em prazos determinados por indicação médica, para garantir que não haja mais infecção.

É importante destacar que a sífilis possui altos índices de cura quando detectada e tratada precocemente. Quanto mais tardio for o diagnóstico, mais difícil o tratamento, principalmente em estágio terciário. Em casos de sífilis congênita, o ideal é que a criança seja tratada desde bem cedo, para evitar complicações mais graves.

A sífilis é uma doença que pode ser prevenida

A sífilis é uma doença altamente contagiosa pelo contato sexual (incluindo relações orais e anais), e a proteção por meio da utilização da camisinha é o melhor meio de prevenção

Além disso, é recomendável que mulheres realizem exames para verificar se são portadoras da doença antes de engravidar e façam um pré-natal adequado para evitar problemas graves.

É sempre importante ressaltar que a camisinha protege não somente contra a sífilis, mas também contra todas as outras infecções sexualmente transmissíveis. Se você ainda tem dúvidas sobre esse assunto, não deixe de acessar nosso conteúdo sobre a prevenção de infecções sexualmente transmissíveis em nosso blog.

Referências:

CDC. Sexually Transmitted Diseases. Disponível em: https://www.cdc.gov/std/syphilis/default.htm Acesso em: 27/09/2022

Ministério da Saúde. Sífilis. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/sifilis Acesso em: 27/09/2022

Peeling, R., Mabey, D., Kamb, M. et al. Syphilis. Nat Rev Dis Primers 3, 17073 (2017). https://doi.org/10.1038/nrdp.2017.73
WHO. Syphilis. Disponível em: https://www.who.int/health-topics/syphilis#tab=tab_1 Acesso em: 27/09/2022

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O que você precisa saber sobre sífilis: sintomas, tratamento e prevenção; A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST) causada pela bactéria Treponema pallidum. É uma doença que possui diferentes fases com sintomas específicos, podendo se tornar bastante grave, mas que possui cura. As fases da sífilis são intercaladas por períodos latentes, sem a manifestação de sinais clínicos. Ou seja, uma pessoa pode ter sífilis e não saber, pois a doença pode aparecer e desaparecer e continuar “adormecida” no organismo.  Dessa forma, a sífilis é considerada uma doença silenciosa que requer cuidados e tratamento para não ocorrer danos graves à saúde. Além disso, a sífilis representa risco também para bebês, pois pode ser transmitida durante a gestação. Neste conteúdo, traremos informações muito importantes a respeito da doença, seus sintomas, formas de transmissão e como realizar a prevenção. Quais os principais sintomas da doença? A sífilis apresenta diferentes sintomas, de acordo com seu estágio. Se não tratada, a doença pode durar anos e evoluir para formas mais graves com diversas complicações, podendo levar à morte.  A seguir, falaremos sobre os principais estágios da sífilis e seus sintomas. Quais os estágios da sífilis? A doença é dividida em três estágios: sífilis primária, secundária e terciária.  A sífilis primária é o estágio inicial e se caracteriza, em grande parte dos casos, por uma ferida única, indolor e rica em bactérias nas regiões genitais (pênis, vulva, vagina, colo uterino ou ânus), boca ou outros locais da pele onde ocorreu a infecção. Em geral, essa lesão dura em torno de 20 dias, curando-se com ou sem tratamento, dentro de três a dez semanas. Por não ser uma ferida dolorosa ou que provoque coceira, a lesão pode passar despercebida. Se não tratada, a doença progride para o estágio secundário.  Na sífilis secundária, os sinais e sintomas aparecem entre seis semanas e seis meses após o estágio primário. Nessa fase, podem surgir pequenas manchas espalhadas pelo corpo inteiro, principalmente nas palmas das mãos e na planta dos pés. As manchas também possuem grande quantidade de bactérias, não coçam e possuem coloração avermelhada, apresentando relevo em alguns casos. Os sintomas da sífilis secundária desaparecem espontaneamente, mesmo sem tratamento. Outros sintomas também podem ser observados, como febre, mal-estar, dor de cabeça, ínguas pelo corpo. A sífilis terciária é a evolução mais grave da doença e pode apresentar complicações cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas. Resulta do não tratamento da sífilis em seus outros estágios, e seu surgimento varia bastante, podendo se manifestar até 40 anos depois da infecção. Existe, ainda, a chamada sífilis latente, caracterizada pelos períodos de ausência de sintomas, entre a progressão da fase primária para a secundária ou da secundária para a terciária. A duração desse estágio é variável, podendo ser de alguns meses a vários anos. Como a sífilis é transmitida? A sífilis é uma IST, ou seja, um dos principais meios de transmissão é por meio da relação sexual desprotegida. Outra forma de transmissão bastante preocupante é a da mãe para o filho, em qualquer fase da gestação ou no momento do parto. Esse tipo de sífilis é conhecida como congênita e pode acarretar em sérias consequências para o desenvolvimento do bebê, como anormalidades na formação óssea, deficiência mental e até aborto. Na maioria dos casos, a criança não apresenta sintomas nos primeiros meses de vida. No entanto, com o passar do tempo, podem apresentar erupções na pele das palmas das mãos e nas solas dos pés. Mais tarde, a criança pode desenvolver sintomas mais graves, como surdez, cegueira e outras complicações. Como é feito o diagnóstico da doença? O diagnóstico da sífilis é feito inicialmente por meio da avaliação clínica e histórico do paciente. Como os sintomas apresentados podem ser comuns a outras doenças, o médico deverá solicitar exames específicos para chegar a um diagnóstico conclusivo. Um dos principais exames é a sorologia para sífilis, que pode ser feita basicamente por meio de dois testes: não treponêmicos (VDRL) e treponêmicos (FTA-ABS). Teste não treponêmico O teste não treponêmico leva esse nome porque pesquisa anticorpos contra antígenos, como a cardiolipina, no plasma sanguíneo do paciente, e não contra a bactéria em si. Esses anticorpos não são específicos para a Treponema pallidum, porém estão presentes na sífilis. A cardiolipina normalmente apresenta níveis baixos no soro sanguíneo de uma pessoa saudável. Entretanto, em caso de infecção por sífilis, as concentrações aumentam em decorrência da liberação através de células danificadas pela doença ou pelas próprias bactérias.  Assim, é possível detectar os anticorpos contra a cardiolipina por meio do teste VDRL. Esse teste é um teste rápido e simples de se fazer, e comumente é utilizado para realizar a triagem da doença e acompanhamento, inclusive em estágios de latência. Mas como não é específico, podem ocorrer casos de falso-positivos, em que o resultado aparece como positivo mas a pessoa não possui a doença. Teste treponêmico Existem também os testes treponêmicos (FTA-ABS), que identificam anticorpos específicos para a bactéria causadora da sífilis (em geral, IgM e IgG) no soro sanguíneo. Eles são utilizados como testes confirmatórios de diagnósticos de sífilis por sua maior especificidade e também podem ser usados na detecção de sífilis congênita em recém-nascidos. Uma rotina comum é a utilização de dois testes, aumentando a assertividade do diagnóstico. Ou seja, primeiro realiza-se o não treponêmico (VDRL) e, quando positivo, confirma-se com um teste treponêmico (FTA-ABS). Como é feito o tratamento? Quando detectada precocemente, a sífilis pode ser tratada com relativa facilidade e o paciente, em pouco tempo, fica curado. O tratamento inclui a utilização de antibióticos, especialmente da classe das penicilinas, que possuem boa eficácia contra a bactéria causadora da doença. O sucesso do tratamento deve ser acompanhado por meio de exames laboratoriais (VDRL) e deve se estender aos parceiros de relação sexual. É importante que sejam realizados exames periódicos, em prazos determinados por indicação médica, para garantir que não haja mais infecção. É importante destacar que a sífilis possui altos índices de cura quando detectada e tratada precocemente. Quanto mais tardio for o diagnóstico, mais difícil o tratamento, principalmente em estágio terciário. Em casos de sífilis congênita, o ideal é que a criança seja tratada desde bem cedo, para evitar complicações mais graves. A sífilis é uma doença que pode ser prevenida A sífilis é uma doença altamente contagiosa pelo contato sexual (incluindo relações orais e anais), e a proteção por meio da utilização da camisinha é o melhor meio de prevenção.  Além disso, é recomendável que mulheres realizem exames para verificar se são portadoras da doença antes de engravidar e façam um pré-natal adequado para evitar problemas graves. É sempre importante ressaltar que a camisinha protege não somente contra a sífilis, mas também contra todas as outras infecções sexualmente transmissíveis. Se você ainda tem dúvidas sobre esse assunto, não deixe de acessar nosso conteúdo sobre a prevenção de infecções sexualmente transmissíveis em nosso blog. Referências: CDC. Sexually Transmitted Diseases. Disponível em: https://www.cdc.gov/std/syphilis/default.htm Acesso em: 27/09/2022 Ministério da Saúde. Sífilis. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/sifilis Acesso em: 27/09/2022 Peeling, R., Mabey, D., Kamb, M. et al. Syphilis. Nat Rev Dis Primers 3, 17073 (2017). https://doi.org/10.1038/nrdp.2017.73WHO. Syphilis. Disponível em: https://www.who.int/health-topics/syphilis#tab=tab_1 Acesso em: 27/09/2022