Os cuidados pré-natais têm se tornado cada vez mais precisos e personalizados, desempenhando um papel fundamental na promoção da saúde da mãe e no desenvolvimento saudável do feto. Nesse contexto, os avanços tecnológicos na área de genômica têm revolucionado os métodos de triagem pré-natal, oferecendo mais segurança para a mãe e o bebê, além de uma ampla variedade de benefícios diagnósticos.
A detecção precoce de alterações no código genético do feto através de técnicas invasivas está caindo em desuso devido aos potenciais riscos envolvidos. Por outro lado, o desenvolvimento de testes como a Triagem Pré-Natal Não Invasiva (ou NIPT) proporciona exames mais exatos, seguros e rápidos.
Neste conteúdo, você encontrará informações muito importantes sobre o NIPT, sua confiabilidade, precisão e quais síndromes genéticas são contempladas pelo teste. Continue a leitura para obter mais informações.
Evolução dos testes pré-natais
Nas décadas de 60 e 70, pesquisas começaram a explorar o possível papel da citologia do líquido amniótico na determinação do sexo fetal e cariótipo. Foi apenas nos anos 80 que a biópsia de vilosidades coriônicas e a amniocentese foram utilizadas para o cariótipo fetal, permitindo um diagnóstico pré-natal ainda no primeiro trimestre. No entanto, essas técnicas eram invasivas e associadas a riscos de perda gestacional.
Historicamente, utilizou-se a idade materna avançada como um dos indicadores para procedimentos pré-natais invasivos, mas essa abordagem possui limitações significativas em termos de sensibilidade e taxa de resultados falso-positivos. Assim, foram desenvolvidos testes de triagem combinados que incluem fatores como idade materna, translucência nucal, frequência cardíaca fetal e marcadores bioquímicos.
A introdução de testes de rastreamento combinados auxiliou a triagem de trissomias dos cromossomos 21, 18 e 13 no primeiro trimestre, alcançando altas taxas de detecção com baixas taxas de resultados falso-positivos.
A identificação de células nucleadas fetais na circulação materna e a posterior descoberta do DNA fetal livre de células (cffDNA) no sangue materno foram marcos significativos que abriram caminhos para triagens cada vez mais precisas e não invasivas de aneuploidias.
Atualmente, é possível rastrear a trissomia do cromossomo 21 através do sequenciamento do cffDNA no sangue da mãe, o que deu origem ao NIPT. Desde sua introdução, o NIPT se tornou uma ferramenta essencial no diagnóstico pré-natal, realizando milhões de testes em todo o mundo.
O que é o NIPT?
O NIPT é um exame que utiliza avançadas técnicas de biologia molecular para analisar o código genético (cffDNA) do feto presente no sangue da mãe. O principal objetivo do NIPT é identificar possíveis alterações cromossômicas que poderiam afetar a saúde do feto.
Uma das condições mais conhecidas e frequentemente rastreadas por esse teste é a síndrome de Down. Nesse caso, o exame é capaz de analisar o DNA do bebê e detectar alterações específicas no cromossomo 21, características dessa síndrome. Outras anomalias cromossômicas podem ser identificadas pelo NIPT, como a síndrome de Edwards, síndrome de Patau e síndrome de Turner.
No Sabin, o NIPT é feito utilizando a plataforma de última geração Illumina, tecnologia que utiliza o Sequenciamento de Nova Geração (NGS) do genoma inteiro. O teste analisa fragmentos de cffDNA fetal, possuindo vantagens sobre outras metodologias NIPT, incluindo o sequenciamento direcionado e testes baseados em microarray.
Papel da fração fetal
A fração fetal é um elemento crucial na compreensão e interpretação dos resultados do NIPT. A fração fetal refere-se à quantidade de cffDNA presente no sangue da mãe em relação à quantidade total de DNA fetal circulante (cfDNA).
É um indicador fundamental para a precisão do NIPT, uma vez que determina a capacidade do teste em distinguir entre o DNA materno e o fetal. Quanto maior a fração fetal no sangue materno, mais confiável é o resultado do NIPT. Estudos demonstraram que a taxa de detecção do teste aumenta significativamente com o aumento da fração fetal, podendo chegar a valores próximos de 100% quando a fração está acima de 9%.
O cffDNA pode ser detectado no plasma materno a partir de cinco a sete semanas, elevando gradativamente sua proporção com o avanço da gestação. Entretanto, para atingir uma fração suficiente, o NIPT não deve ser realizado antes da décima semana de gestação.
Em gestações com fração fetal reduzida, a taxa de falha do NIPT é mais elevada. Nesses casos, especialmente se não forem evidentes anomalias ultrassonográficas fetais, é recomendável considerar um teste diagnóstico adicional.
Confiabilidade e precisão do NIPT
O NIPT é totalmente seguro, sem riscos para a mãe e o feto. Uma de suas principais vantagens é não ser invasivo, sendo realizado por meio de uma simples amostra de sangue venoso materno. O exame oferece resultados mais rápidos do que outros métodos tradicionais de rastreamento pré-natal, o que é crucial para tomar decisões informadas sobre a gestação.
Segundo a ginecologista Dra. Luciana Nery, médica do Grupo Sabin, “o NIPT possui diversas vantagens, principalmente em relação à redução dos riscos de aborto espontâneo, quando comparado a testes pré-natais invasivos, elevada sensibilidade para detecção de anormalidades genéticas e a oportunidade de rastreio em mulheres ainda no início da gravidez”.
Como mencionado anteriormente, o teste pode ser feito a partir da décima semana de gravidez, em gestações simples e gemelares, mesmo naquelas secundárias à fertilização in vitro, com ou sem doação de óvulos.
Sua taxa de precisão é superior a 99% para a avaliação de risco da síndrome de Down (trissomia do 21), além de identificar as síndromes de Patau (trissomia do 13) e de Edwards (trissomia do 18) com mais de 98% de precisão. Alterações numéricas dos cromossomos sexuais, como as síndromes de Turner, de Klinefelter e de Jacobs, também são contempladas pelo teste com excelente confiabilidade dos resultados.
O NIPT é endossado pelo Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas (ACOG) e pela Sociedade de Medicina Materno-Fetal (SMFM) como uma ferramenta diagnóstica com a maior taxa de detecção e a menor taxa de falso-positivos para aneuploidias mais comuns, independentemente da idade materna, entre todas as opções de triagem disponíveis.
NIPT versão ampliada
Nos últimos anos, o NIPT passou por uma notável expansão em suas capacidades diagnósticas. Além de detectar trissomias cromossômicas, o teste evoluiu para incluir uma avaliação abrangente do risco de aneuploidias em todos os cromossomos.
Agora, ele é capaz de identificar também síndromes genéticas mais raras associadas a microdeleções subcromossômicas, como a deleção 1p36, a síndrome de Wolf-Hirschhorn (microdeleção 4p16.3), a síndrome de Cri-Du-Chat (5p15.2), a síndrome de Angelman (15q11.2), a síndrome de DiGeorge (22q11.2) e as trissomias dos cromossomos 16 e 9.
A expansão do NIPT representa um avanço expressivo na medicina pré-natal, pois oferece aos pais e médicos uma visão mais completa da saúde fetal, permitindo a detecção precoce e a intervenção apropriada, quando necessário. É importante destacar que a versão ampliada do NIPT tem metodologia respaldada pelas mais relevantes publicações científicas e segue excelentes padrões de qualidade.
No Sabin, contamos com o NIPT em sua versão ampliada para que você, profissional médico, tenha à sua disposição o que há de mais moderno em termos de ferramentas diagnósticas pré-natais. Para que você se mantenha atualizado também sobre exames neonatais, sugerimos a leitura do conteúdo sobre a inclusão da síndrome de Turner no Teste Genético da Bochechinha.
Sabin avisa:
Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames.
Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas.
Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial.
Referências:
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