O câncer de tireoide é uma neoplasia maligna que afeta a glândula tireoide, uma importante glândula do sistema endócrino localizada na parte anterior do pescoço. É considerado um grave problema de saúde mundial, já que sua incidência tem aumentado significativamente nos últimos 50 anos, segundo estudos epidemiológicos.
Conforme o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de tireoide é o mais comum na região da cabeça e pescoço e afeta três vezes mais as mulheres do que os homens. Estimativas apontam para mais de oito mil casos desse tipo de câncer no Brasil, no ano de 2022, sendo o terceiro mais frequente em mulheres nas regiões sudeste e nordeste do país.
Embora o câncer de tireoide possa ocorrer em qualquer idade, ele é mais recorrente em pessoas acima dos 25 anos. É importante ressaltar que a detecção precoce do câncer de tireoide é fundamental para o sucesso do tratamento. Por isso, esteja atento aos sintomas e mantenha seus exames de rotina em dia.
Neste conteúdo, traremos informações muito importantes sobre os principais sintomas, fatores de risco, formas de diagnóstico e como é feito o tratamento do câncer de tireoide.
O que é câncer de tireoide?
O câncer de tireoide é o crescimento desordenado e exagerado de células da glândula tireoide, que culmina na formação de um tumor maligno. A tireoide é uma glândula do sistema endócrino, em forma de borboleta, localizada na parte anterior do pescoço, logo abaixo da região popularmente conhecida como pomo de Adão.
A tireoide está relacionada com a produção e liberação dos hormônios T4 (tiroxina) e T3 (triiodotironina), envolvidos em diversas funções corporais. Esses hormônios são responsáveis por regular o metabolismo basal e gasto energético, ou a quantidade de energia que o corpo gasta em repouso.
Os hormônios tireoidianos são importantes também para a regulação da temperatura corporal e controle do ritmo cardíaco, ajudando a manter a frequência cardíaca em um nível saudável. Atuam no desenvolvimento e crescimento do sistema nervoso central, dos ossos e músculos, durante o período fetal, infância e adolescência.
À medida que o câncer evolui, além do prejuízo funcional gerado na tireoide e as consequências da falha na produção hormonal, se não houver tratamento adequado, a doença pode gerar metástases e se espalhar para outras partes do corpo por meio de gânglios linfáticos, agravando o quadro clínico.
Quais os tipos de câncer de tireoide?
Existem diferentes tipos de câncer de tireoide, classificados de acordo com o tipo de células encontradas no tumor. Os tipos mais comuns são os carcinomas papilífero, folicular, medular e anaplásico.
O carcinoma papilífero é o tipo mais comum e pode ocorrer em qualquer idade, mas afeta mais frequentemente pessoas de 30 a 50 anos. Costumam ser tumores pequenos, de evolução lenta e respondem bem aos tratamentos, mesmo em casos de metástase para gânglios linfáticos do pescoço.
O carcinoma folicular é o segundo mais frequente e afeta geralmente pessoas com mais de 50 anos. É um câncer mais agressivo, quando comparado aos papilíferos, e pode se espalhar para outras partes do corpo, principalmente para os pulmões e ossos.
Já o carcinoma medular afeta em torno de 5% dos casos e tende a ser mais agressivo. É um tipo de câncer que possui origem nas células C da tireoide (produzem o hormônio calcitonina) e possui relação com a hereditariedade.
Por fim, o carcinoma anaplásico é o mais raro de todos os tumores da tireoide e costuma atingir adultos acima dos 60 anos. É um câncer de rápida progressão e pode ser difícil de tratar pela sua severidade.
Quais os sintomas do câncer de tireoide?
Inicialmente, a doença não causa sintomas aparentes e pode permanecer silenciosa por um bom período. Com o avanço da doença e crescimento do tumor, alguns sinais podem surgir, como a presença de nódulos que podem ser sentidos por meio do toque no pescoço.
No entanto, a presença desses nódulos não é confirmação de câncer de tireoide e, muitas vezes, não estão relacionados com a doença, necessitando de outros exames para a confirmação do diagnóstico. Se os nódulos apresentarem crescimento rápido, podem ser enquadrados como suspeitos de malignidade.
Caso haja agravamento da condição clínica, outros sintomas podem surgir, como alterações na voz (rouquidão), dificuldade ao engolir, inchaço em gânglios linfáticos do pescoço, dor na região do pescoço ou garganta, tosse persistente e sensação de compressão na traqueia.
Quais os principais fatores de risco?
Múltiplos fatores estão envolvidos no desenvolvimento do câncer de tireoide, não sendo possível precisar um fator em específico. A seguir, listamos os principais fatores de risco que podem influenciar o surgimento da doença.
Genética e histórico familiar
O câncer de tireoide pode ser hereditário. Ter um parente de primeiro grau (mãe, pai, irmão ou filho) diagnosticado aumenta o risco da pessoa desenvolver a doença. Além disso, certas doenças genéticas, como a síndrome de Gardner e a doença de Cowden, também podem estar correlacionadas com o câncer.
Exposição à radiação
A exposição à radiação na região da cabeça e pescoço, especialmente durante a infância, aumenta o risco de câncer de tireoide.
Sexo feminino e idade
Como já mencionado, o câncer de tireoide apresenta maiores taxas de incidência em mulheres, quando comparado aos homens. O risco de câncer também aumenta com a idade, sendo a maioria dos casos diagnosticados em pessoas com mais de 40 anos.
Dieta pobre em iodo e obesidade
Uma dieta pobre em iodo pode aumentar o risco de câncer de tireoide, pois esse mineral é importante para o funcionamento adequado da glândula, assim como a obesidade, principalmente em mulheres.
Como é realizado o diagnóstico?
Para o diagnóstico, são considerados os achados encontrados no exame clínico de palpação do pescoço, os sintomas apresentados pelo paciente (quando aparentes) e a presença de gânglios linfáticos aumentados.
Entretanto, exames complementares são necessários para a confirmação do diagnóstico. Podem ser solicitados exames de imagem como ultrassonografia, cintilografia ou ressonância magnética, para avaliação e detecção de possíveis alterações na glândula.
O exame confirmatório é a biópsia do tumor por meio de aspiração com agulha fina. A partir do material coletado, é possível realizar a análise histopatológica, em busca de alterações nas células que possam indicar malignidade.
Câncer de tireoide tem cura?
Sim, principalmente se o diagnóstico for precoce. Quanto mais cedo for identificada a doença, maiores são as chances de cura e prevenção de desfechos clínicos graves.
O tratamento dependerá do estágio da doença, mas envolve geralmente a retirada total ou parcial da tireoide (tireoidectomia). Se houver disseminação para gânglios linfáticos, eles também deverão ser retirados. Após algumas semanas da cirurgia, o paciente pode receber tratamento com doses terapêuticas de iodo radioativo, em ambiente hospitalar, para eliminar qualquer tecido remanescente de células cancerosas.
A reposição hormonal com levotiroxina oral é recomendada para substituir os hormônios que a tireoide não é mais capaz de produzir. A radioterapia, combinada ou não com quimioterapia, é indicada para tumores mais agressivos, como o carcinoma medular e o carcinoma anaplásico. É importante destacar que o tratamento para o câncer de tireoide deve ser personalizado e indicado por um médico especialista.
Apesar dos altos índices de cura, o câncer de tireoide pode ser recidivante. Portanto, é altamente recomendável manter o acompanhamento médico após o término do tratamento, para a detecção precoce de qualquer nova alteração que possa surgir. Realize corretamente também a reposição hormonal para garantir uma perfeita regulação metabólica do seu organismo.
Por fim, mantenha sempre uma rotina de vida equilibrada. Essa é a melhor maneira de prevenir qualquer tipo de câncer. Evite hábitos que prejudiquem sua saúde, como o tabagismo, pratique exercícios físicos regularmente e tenha uma alimentação saudável.
Agora que você já sabe o que é o câncer de tireoide, indicamos a leitura do conteúdo sobre por que é importante realizar o check-up médico. Assim, você obterá mais dicas sobre como cuidar da saúde.
Referências:
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