Um dos módulos do curso on-line “Medicina Diagnóstica: Interação Clínico-Laboratorial”, realizado pelo Grupo Sabin com o objetivo de orientar estudantes dos últimos períodos de medicina e médicos residentes quanto à solicitação adequada de exames, falou sobre a importância dos marcadores tumorais no diagnóstico neoplásico.
A aula é ministrada pelo Dr. Alex Galoro, médico patologista clínico, que discorre sobre as principais características dos marcadores tumorais e em que momento se deve solicitar testes de screening.
A evolução do câncer no Brasil
Para fazer uma análise do cenário do câncer no Brasil, Dr. Alex utiliza como parâmetros comparativos os casos notificados em 2014 e a estimativa para 2030. A apresentação indica que haverá um aumento de 80% na incidência de câncer durante o período.
O médico mostra, ainda, a evolução das principais doenças fatais no país, mostrando índices que vão desde os anos 90 até a atualidade. O câncer está em segundo lugar em número de mortes, ficando atrás apenas das doenças cardiovasculares. Para trazer mais esclarecimento à aula e demonstrar a importância de estudar os aspectos demográficos, ele também faz uma abordagem acerca da situação da doença em âmbito mundial.
Causas da carcinogênese
O processo de formação do câncer — carcinogênese — se deve ao conjunto de diversos fatores, tais como: instabilidade genética; poder de invasibilidade; potencial replicativo ilimitado; e angiogênese.
Durante a vida de uma célula considerada normal, pode haver diferentes estímulos capazes de provocar uma mudança genética em sua estrutura. Caso não aconteça nenhum tipo de intervenção dentro do próprio organismo, essa célula começa a se multiplicar, formando uma lesão pré-neoplásica. A partir disso, ocorre nova alteração genética, que acaba resultando no tumor maligno.
Fatores de risco
Neste ponto da aula, Dr. Alex elenca os principais fatores que podem favorecer a formação de tumores em diversas regiões do organismo. Para realizar a identificação dos fatores de risco, o médico mostra que a região acometida por um determinado tipo de câncer tem correlação direta com os hábitos da população.
Um dos exemplos citados por ele é relacionado ao câncer de estômago. Observou-se, na pesquisa, que, nesse caso, os fatores de risco apresentados foram o tabagismo e o baixo consumo de vegetais e frutas. Outros exemplos podem ser vistos no vídeo acima.
O médico reforça que os fatores de risco, somados à predisposição genética, contribuem sobremaneira para o aparecimento do câncer em determinados indivíduos.
Incidência de mortalidade e sobrevida
Trazendo dados estatísticos sobre o câncer em homens e mulheres, o patologista revela as maiores prevalências da doença para cada gênero. A incidência de mortalidade é mostrada na sequência, em que ele comenta sobre o rápido crescimento do número de casos no Brasil.
Apesar da estimativa de evolução crescente do câncer, o médico chama atenção para a queda da mortalidade em 2020 e levanta o questionamento entre os alunos. Você saberia identificar o motivo? Claro que não vamos dar spoiler, você vai ter que assistir à aula para descobrir a resposta! Nela, Dr. Alex apresenta os casos de câncer, em que é possível visualizar quais diagnósticos tiveram relação com mortalidade ou sobrevida. “Precisamos ter essas medidas para melhorar o tratamento e fazer o diagnóstico precoce, o que também melhora bastante o nosso prognóstico”, avalia.
Outra maneira de otimizar o tratamento é analisar os dados do estadiamento clínico. Para melhor compreensão, o médico lista os dez tipos de tumor mais recorrentes, com seus respectivos estadiamentos. Reconhecer o nível de estadiamento de cada câncer pode proporcionar uma conduta médica mais assertiva. Por meio de gráficos, ele explica como funciona essa análise.
Como fazer o diagnóstico precoce
Para se obter um diagnóstico precoce de câncer, existem os testes de rastreamento (screening), que podem ser exames clínicos ou laboratoriais. Entre eles, está a análise dos marcadores tumorais.
Cabe ressaltar que há um teste de triagem específico para cada tipo de câncer. Um dos objetivos da aula é informar os screenings indicados para cada tipo e quais os protocolos a serem seguidos. O médico deve estar atento às particularidades de cada um.
Principais tipos de marcadores tumorais
Em definição, marcadores tumorais são proteínas encontradas em tumores, no sangue ou em outros líquidos biológicos, que funcionam como indicadores da presença de câncer. Além de possibilitar o diagnóstico precoce, são capazes de identificar o órgão afetado e a extensão da doença. Entretanto, segundo destaca Dr. Alex, os marcadores apresentam limitações.
Para exemplificar, o médico elenca os principais marcadores tumorais utilizados nos rastreamentos neoplásicos: os marcadores bioquímicos e genéticos. Ele ressalta que “é preciso saber interpretar o marcador de acordo com cada situação clínica”. O marcador bioquímico, por exemplo, não pressupõe uma especificidade, o que dificulta a interpretação. Para contornar a situação, existem parâmetros como os Testes de Sensibilidade, de Especificidade e os de Valores Preditivos Positivo e Negativo.
Os marcadores tumorais são elementos fundamentais para se chegar a uma resposta terapêutica, seja relacionada à carcinogênese em si, como também para detectar recidivas. Mas, quando os screenings, de fato, devem ser solicitados? Na apresentação completa, você encontra as indicações existentes para cada marcador.
Como interpretar a origem neoplásica
Há três condições que possibilitam identificar a origem de um câncer: fazer a concentração sérica; excluir o resultado falso-positivo; e fazer o seguimento.
Na aula, o patologista descreve os critérios avaliativos para cada condição e seus desdobramentos. Isso vai facilitar o aprendizado sobre como fazer a melhor interpretação e detectar a origem do tumor.
Análise genômica para avaliação do câncer
Pesquisas de análise genômica têm sido desenvolvidas para o rastreio do câncer. Conhecer as alterações dos genes ligados à formação dos tumores torna possível o melhor direcionamento diagnóstico e, consequentemente, leva a uma terapia personalizada.
Para que as células sejam avaliadas, o professor apresenta os bancos de dados genéticos e as biópsias líquidas. Os bancos de dados genéticos realizam diferentes combinações entre as mutações existentes e as detectadas, traçando, assim, o perfil genômico daquele paciente. Já a biópsia líquida é feita por meio da coleta de sangue periférico, que separa as células cancerígenas para identificar as mutações. Dr. Alex mostra alguns exemplos bem-sucedidos da aplicação da análise genômica nas ações clínicas para diferentes tipos de tumores. Não deixe de conferir!
Finalizamos com uma boa notícia: as pesquisas de células tumorais circulantes estão, cada vez mais, presentes e acessíveis na prática clínica. Isso possibilita que tenhamos grandes avanços na identificação de cânceres, no diagnóstico precoce e na escolha de tratamentos mais efetivos.
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