O vírus sincicial respiratório (VSR) é uma das principais causas de infecções respiratórias graves em crianças e idosos. Recentemente, foi desenvolvido um novo imunizante, o Arexvy®, que visa proteger especificamente pessoas a partir de 60 anos de idade, grupo mais suscetível às complicações graves decorrentes do VSR.
No Brasil, entre 2020 e 2022, foram registrados mais de 30 mil casos de doenças respiratórias graves causadas pelo vírus sincicial respiratório (VSR), conforme dados do SIVEP-Gripe. Em 2022, a letalidade por síndrome respiratória aguda grave (SRAG) associada ao VSR em pessoas com 60 anos ou mais atingiu 21%, evidenciando o impacto significativo desse vírus na população idosa.
Neste conteúdo, traremos maiores detalhes sobre o vírus sincicial respiratório (VSR), o mecanismo de ação do imunizante Arexvy®, suas indicações e contraindicações, fornecendo informações atualizadas para a prática clínica. Continue lendo e aprofunde seu conhecimento sobre essa inovação na prevenção de doenças respiratórias graves.
O vírus sincicial respiratório (VSR)
O vírus sincicial respiratório (VSR) é um dos patógenos respiratórios mais comuns em todo o mundo, responsável por infecções agudas tanto do trato respiratório superior quanto do inferior. Embora o VSR seja frequentemente relacionado a infecções em crianças menores, ele também representa uma ameaça significativa para outras populações vulneráveis, como idosos e pessoas com comorbidades.
Em crianças, o VSR é a principal causa de bronquiolite viral aguda (BVA) e pneumonia, ocasionando inúmeras hospitalizações durante os surtos sazonais, que costumam ocorrer no outono e inverno. Aproximadamente 70% das crianças serão infectadas pelo VSR até o primeiro ano de vida, e quase todas até os dois anos. Mesmo que a maioria das crianças apresente sintomas leves, como tosse e coriza, o vírus pode causar insuficiência respiratória em casos graves, especialmente em bebês prematuros e em crianças com condições médicas subjacentes.
Nos adultos, sobretudo aqueles com mais de 60 anos, o VSR também pode provocar doenças graves. A infecção se manifesta de forma semelhante a um resfriado comum em indivíduos saudáveis, podendo evoluir para pneumonia, além de agravar doenças crônicas prevalentes, como doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e insuficiência cardíaca.
O imunizante Arexvy®
Devido à necessidade de proteger populações consideradas de risco em relação ao VSR, o novo imunizante Arexvy® foi desenvolvido. É uma vacina recombinante inativada, cujo principal componente é a glicoproteína F do VSR, que foi estabilizada na sua conformação de pré-fusão. Essa glicoproteína é essencial para que o vírus se ligue e entre nas células do trato respiratório, sendo o alvo ideal para estimular o sistema imunológico a reconhecer e neutralizar o vírus.
Além da glicoproteína F, o imunizante contém o adjuvante AS01, uma substância que potencializa a resposta imunológica, aumentando a eficácia da vacina. Outros componentes incluem trealose di-hidratada, polissorbato 80 e fosfatos de potássio monobásico e dibásico, que ajudam na estabilização da vacina e na manutenção da sua eficácia ao longo do tempo.
Os estudos clínicos conduzidos com o Arexvy® demonstraram que o imunizante é eficaz na prevenção de doenças graves do trato respiratório inferior (DTRI) causadas pelo VSR em adultos com 60 anos ou mais. A vacina reduz consideravelmente o risco de hospitalizações e complicações graves associadas ao VSR, oferecendo uma proteção sustentada por, pelo menos, duas temporadas de circulação do vírus, o que significa que, no momento, não há recomendação de doses de reforço.
Esquema vacinal
Quanto ao esquema de doses, a vacina é administrada em uma dose única, o que simplifica o calendário de vacinação, e isso pode representar uma vantagem em termos de adesão à vacinação. Sua administração é feita por via intramuscular, geralmente no músculo deltoide.
Quais as contraindicações do imunizante?
Como qualquer vacina, Arexvy® possui contraindicações que devem ser observadas pelos profissionais de saúde. É contraindicada para indivíduos que já apresentaram reações alérgicas graves a qualquer um dos seus componentes. Nesses casos, a administração deve ser evitada, e alternativas de prevenção devem ser discutidas com o paciente.
A vacinação deve ser adiada em quadros de doenças febris agudas moderadas ou graves. Em casos de infecções leves, como resfriados, apesar de não haver contraindicação da vacinação, é recomendado o adiamento em situações em que a febre esteja presente, para garantir a melhor resposta imunológica possível.
Reações adversas
As reações adversas mais comumente relatadas após a administração de Arexvy® incluem dor no local da injeção (em cerca de 60% dos casos), fadiga (34%), mialgia (29%), cefaleia (28%) e artralgia (18%). Essas reações, na maioria das vezes, são de intensidade leve a moderada e tendem a se resolver espontaneamente após alguns dias.
Outros efeitos colaterais incluem vermelhidão e inchaço no local da injeção, febre e calafrios. Em casos mais raros, podem ocorrer coceira no local da injeção, linfadenopatia, erupções cutâneas, náuseas, dor de estômago e vômitos. É fundamental que os pacientes sejam informados sobre esses possíveis efeitos, e que os profissionais de saúde estejam preparados para monitorar e gerenciar reações adversas mais severas, caso ocorram.
Como visto, o desenvolvimento do imunizante Arexvy® representa um avanço importante na proteção de adultos com 60 anos ou mais contra o vírus sincicial respiratório (VSR). Essa vacina oferece uma solução eficaz para prevenir doenças graves do trato respiratório inferior causadas pelo VSR, um patógeno que representa uma ameaça para populações vulneráveis.
Agora, o que acha que ampliar seu conhecimento sobre inovações na área de vacinas? Para isso, selecionamos um conteúdo sobre a nova vacina da dengue. Boa leitura!
Referências:
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Arexvy: vacina vírus sincicial recombinante adjuvada – Novo registro. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/novos-medicamentos-e-indicacoes/arexvy-vacina-virus-sincicial-recombinante-adjuvada-novo-registro.
Rodrigues Souza Goncalves, J., & Bhering, C. A. . (2021). Vírus Sincicial Respiratório (VSR): Avanços Diagnósticos. Revista De Saúde, 12(1), 2399. https://doi.org/10.21727/rs.v12i1.2399
Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). Vacina VSR (Vírus Sincicial Respiratório). Disponível em: https://familia.sbim.org.br/vacinas/vacinas-disponiveis/vacina-vsr-virus-sincicial-respiratorio.