Embora artrite e artrose (chamada atualmente de “osteoartrite”) tenham um nome parecido e até mesmo compartilhem sintomas similares, elas têm causas e origem diferentes.
Para esclarecer as principais dúvidas sobre essas condições e tirar as suas dúvidas, apresentamos a seguir todos os detalhes que você precisa saber sobre artrite e artrose. O conteúdo foi produzido com a colaboração do Dr. Wilton Ferreira Santos, reumatologista do Grupo Sabin.
O que é artrite?
A palavra “artrite” tem origem no grego, por meio da combinação de artro (articulação) e ite (inflamação). Daí, fica fácil compreender que a artrite é uma condição caracterizada pela inflamação das articulações. Tal processo inflamatório pode desencadear uma série de sintomas, comprometendo a execução de tarefas e prejudicando a qualidade de vida.
Como outros processos inflamatórios, os sintomas atrelados à artrite podem gerar quatro sinais clínicos característicos: dor, calor, rubor e inchaço. No entanto, nem todos os quatro sinais estão sempre presentes.
Dr. Wilton Ferreira Santos explica que o termo artrite é genérico e engloba inúmeras doenças que evoluem com um processo inflamatório articular. Segundo o especialista: “A artrite é o resultado de um processo patológico comum a várias doenças. Diante dos quatro sinais clínicos citados, é preciso investigar por qual motivo isso está acontecendo”.
O que é a artrose (ou osteoartrite)?
A palavra “artrose” também tem origem no grego, com a combinação de artro (articulação) e ose (desgaste). Assim como acontece com a artrite, trata-se de um termo amplo, associado ao desgaste ou degeneração das articulações.
Como aponta o Dr. Wilton, a artrose é a principal causa de visita dos pacientes aos consultórios de um reumatologista. Atinge quase sempre pessoas com mais de 40 anos, de ambos os sexos, sendo que a incidência aumenta à medida que a idade avança.
De modo geral, a palavra “artrose” era usada para se referir à dor provocada por uma série de doenças reumatológicas, como o reumatismo. Mas o especialista do Sabin esclarece:
“A palavra ‘artrose’ era utilizada para descrever quadros de dor articular sem processo inflamatório, mas vem caindo em desuso e sendo substituída pelo termo ‘osteoartrite’. Isso porque passou-se a perceber que, em muitos casos, o processo degenerativo articular cursa com processo inflamatório subjacente. De todo modo, a artrose/osteoartrite atinge, sobretudo, a cartilagem articular, mas, com o passar do tempo, pode progredir e afetar as demais estruturas da articulação e o tecido ósseo abaixo da cartilagem”.
Quais são as causas de cada uma?
Como são problemas com causas diferentes, vale detalhar de forma separada o que causa a artrite e a osteoartrite/artrose.
Artrite
- causas físicas/mecânicas, como trauma na articulação (causado por uma pancada, por exemplo);
- traumas repetitivos nas articulações (causados por exercícios repetidos, por exemplo);
- fatores metabólicos/endócrinos, comuns em pacientes com diabetes ou com elevação de ácido úrico;
- doença imunológica (quando os anticorpos do próprio corpo agridem o mecanismo articular);
- fatores hereditários/genéticos;
- fatores degenerativos (à medida que a pessoa envelhece, ela perde a capacidade de preservação).
- neoplasia óssea primária ou secundária.
Artrose
Muitos são os fatores de risco para o desenvolvimento da artrose ou osteoartrite. Idade, gênero (feminino), hereditariedade, obesidade, desordens metabólicas, trauma e doenças inflamatórias articulares estão entre os fatores mais comuns.
Embora seja uma doença extremamente frequente e relevante, não existe uma causa definida para a artrose. Acredita-se que ela seja decorrente de múltiplos e diferentes insultos às articulações, que se estabelecem cronicamente. O processo de evolução costuma ser lento, de forma que a prevalência da artrose/osteoartrite é crescente com a idade.
“Mais de 80% das pessoas a partir de 70 anos têm algum processo artrósico em curso. Mas o envelhecimento puro e simples não é condição suficiente para o desenvolvimento de artrose/osteoartrite. Outros fatores entram em cena para o desencadeamento da doença. Nas formas primárias, os fatores genéticos/hereditários são componentes importantes para seu aparecimento. Nas formas secundárias, os fatores implicados variam conforme a articulação acometida”, explica o especialista.
Quais são os sintomas mais comuns?
As dores são os sintomas mais frequentes nas duas condições. A articulação pode também inchar, esquentar e ficar vermelha, principalmente diante de quadros inflamatórios. Em paralelo, o paciente pode ter incapacidade funcional, com movimentos limitados ou dificuldade para andar.
Nos processos de osteoartrite/artrose, os joelhos e as mãos são as articulações mais frequentemente acometidas nas mulheres. Já entre os homens, além dos joelhos, as articulações dos quadris costumam ser incluídas no foco de queixas musculares esqueléticas.
Além dessas articulações ditas periféricas, a doença pode acometer a coluna vertebral. Nesse caso, os quadros costumam se desenvolver na coluna cervical e na região lombar. Por sinal, a dor na coluna lombar (lombalgia) é considerada uma das queixas mais comuns nos consultórios e uma das causas mais prevalentes de absenteísmo no trabalho.
Como tratar essas condições adequadamente?
Nos casos de artrite, o primeiro passo é compreender a natureza do processo inflamatório. A partir disso, é possível introduzir medidas farmacológicas, como anti-inflamatórios, analgésicos e corticoides; e não farmacológicas, como fisioterapia, terapia ocupacional, exercícios físicos — visando à proteção da articulação — e outras práticas integrativas (meditação ou yoga, por exemplo).
O reumatologista também destaca a possibilidade de apostar em tratamentos biológicos, desenvolvidos a partir de recursos biotecnológicos:
“Tais medicamentos tendem a ser usados em condições específicas no tratamento de doenças reumáticas que cursam com artrite. Embora eles tenham mudado o curso natural de muitas delas, primeiramente, são usadas as drogas convencionais. Se elas não surtirem o efeito esperado, aí sim passa-se para os medicamentos biológicos. Mas é preciso ressaltar que tais medicamentos são muito caros, e sabemos que muitos pacientes dependem do suporte terapêutico do SUS [Sistema Único de Saúde]”.
Em relação à osteoartrite/artrose, os tratamentos envolvem manejo da dor, incentivo à prática de exercícios físicos e perda de peso. Práticas como fisioterapia e terapia ocupacional podem contribuir para a manutenção da integridade articular. Em casos mais graves, pode ser necessário substituir as articulações degradadas por próteses.
Diante do grande impacto não apenas físico, mas também psíquico e social da dor crônica — aquela que dura mais de três meses — na vida das pessoas, muitos pacientes com artrite ou artrose podem se beneficiar de acompanhamento por uma equipe multidisciplinar de saúde. Dr. Wilton aproveita para esclarecer: “A avaliação integral do paciente, em uma abordagem biopsicossocial, é sempre bem-vinda para verificar se o paciente tem crenças disfuncionais que não vão colaborar com o tratamento. Às vezes, também indicamos um psiquiatra, porque, por exemplo, se o paciente não dorme bem, esse pode ser um fator para a cronicidade da dor dele. A introdução de medidas voltadas para a melhora da qualidade do sono pode significar uma melhora significativa da sensação dolorosa experimentada pelo paciente”.
Seja como for, com o avanço da idade da população, é esperado que a artrite e a artrose (ou osteoartrite, como reforçamos) se tornem problemas cada vez mais comuns. Assim, é preciso buscar tratamento e procurar minimizar os sintomas, até porque eles impactam tanto no bem-estar do indivíduo quanto em sua produtividade em casa ou no trabalho.
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