Sabin Por: Sabin
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O linfoma é um tipo de câncer que afeta as células do sistema linfático, que fazem parte do nosso sistema imune. É um câncer considerado mais comum em adultos do que em crianças.

Apesar da sua relativa raridade, dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) estimam que, entre 2020 e 2022, sejam diagnosticados cerca de doze mil casos de linfomas no Brasil.

O risco para o desenvolvimento de linfoma aumenta com a idade, como a maioria dos tipos de câncer, sendo o diagnóstico geralmente tardio. Assim, o envelhecimento da população pode ser um fator que impulsiona o aumento do número de casos dessa doença.

É muito importante que as pessoas estejam bem informadas sobre esse tipo de câncer, especialmente sobre os principais sintomas e como obter o diagnóstico, a fim de ajudar na identificação precoce da doença.

Qual a função do sistema linfático?

Em nosso organismo, possuímos um conjunto de vasos, linfonodos e tecidos, que possuem diversas funções e são chamados de sistema linfático. 

O sistema linfático é responsável pela remoção de líquidos que escapam da circulação sanguínea e ficam nos tecidos. Os vasos linfáticos possuem conexão com os vasos sanguíneos e estão espalhados por diversas partes do corpo. Dessa forma, se houver vazamento de água para fora dos vasos sanguíneos, o sistema linfático atua recolhendo e retornando esse líquido para o sangue.

Nos vasos linfáticos, circula um líquido esbranquiçado chamado linfa, formado principalmente por glóbulos brancos (ou linfócitos). Os linfócitos são uma das células dos glóbulos brancos, que, entre suas funções, está a produção dos anticorpos. Portanto, a função do sistema linfático está diretamente relacionada com o nosso sistema imune.

Qualquer organismo invasor (uma bactéria ou vírus, por exemplo) pode ser detectado e transportado pelo vasos linfáticos até os linfonodos (gânglios linfáticos). Os linfonodos são estruturas localizadas em regiões específicas do corpo (como embaixo dos braços) e funcionam como centrais que contêm uma grande quantidade de células de defesa.

Por conseguinte, se uma bactéria chegar até lá, ela pode ser eliminada pelo corpo pela ação dos glóbulos brancos. Órgãos como o baço, o timo e as amígdalas também são órgãos linfáticos e podem ser considerados como “grandes linfonodos”.

O que é um linfoma?

O linfoma é um tipo de câncer que afeta os linfócitos. É considerado um câncer hematológico, assim como a leucemia, mas com a seguinte diferença: no linfoma, o câncer se desenvolve nos linfonodos e baço, enquanto a leucemia ocorre na medula óssea. 

É importante destacar que os linfócitos também estão presentes na medula óssea e no sangue, ou seja, o linfoma também pode surgir nesses locais. Se as células doentes forem identificadas no sangue, pode-se dizer que se trata de linfoma leucemizado.

As causas para o surgimento dos linfomas podem ser variadas e envolver múltiplos fatores. Fatores genéticos, ambientais, doenças e infecções preexistentes, como o vírus Epstein-Barr, podem contribuir para o desenvolvimento da doença.

Quais os tipos de linfoma?

Existem basicamente duas grandes famílias de linfomas: linfomas Hodgkin e linfomas não Hodgkin.

O linfoma Hodgkin é mais raro, já o linfoma não Hodgkin tem incidência mais comum. A forma clínica de ambos pode ser semelhante, apresentando distinções quanto ao prognóstico e evolução da doença.

A maior diferença entre os dois tipos de linfoma está nas características das células cancerígenas encontradas nos tumores. No entanto, essas distinções apenas são possíveis de ser feitas por meio de biópsias e análises laboratoriais.

Em geral, o linfoma Hodgkin apresenta evolução mais previsível. Por outro lado, o linfoma não Hodgkin tende a ter uma evolução clínica mais agressiva e muito menos previsível. Contudo, essas características podem variar muito, a depender do tipo de célula de defesa afetada e do estágio em que a doença foi diagnosticada.

Quais os principais sintomas do linfoma?

Inicialmente, sintomas inespecíficos podem ser percebidos, como febre, suores noturnos, perda de peso e fraqueza generalizada. Posteriormente, pode aparecer um inchaço indolor dos linfonodos — popularmente conhecidas como ínguas.

No entanto, é importante esclarecer que nem toda íngua significa necessariamente um linfoma. O surgimento de ínguas pode estar relacionado a infecções, como a de garganta. Esse tipo de reação acontece devido ao trabalho do sistema imune no combate às bactérias causadoras da infecção. Logo que a infecção é controlada, em poucos dias, os linfonodos retornam ao tamanho normal.

Em contrapartida, nos linfomas, o aumento dos gânglios é progressivo e não são identificadas lesões ou infecções que justifiquem seu surgimento. Outro sintoma é o aparecimento de linfonodos em locais pouco comuns. Aumento de linfonodos associado ao baço de tamanho aumentado (normalmente perceptível ao exame físico) pode ser sugestivo de linfoma. Além disso, pode ser comum em casos de linfoma a presença de dor abdominal. 

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico inicia com o exame clínico feito pelo médico, onde são investigados o histórico do paciente, sintomas e sinais físicos.

De acordo com a suspeita, outros exames podem ser solicitados, incluindo exames de imagem, como a radiografia de tórax ou tomografia computadorizada. Esses exames podem ser utilizados para identificar linfomas em gânglios que não podem ser avaliados visualmente, como no mediastino, região dentro do tórax situada entre o coração e os pulmões.

O diagnóstico final é feito por meio de biópsia do linfonodo aumentado, em que se avalia a amostra para identificar o tipo de câncer, com base nas características das células cancerígenas.

Como é feito o tratamento?

Os tratamentos mais comuns para a doença são a quimioterapia e a radioterapia, mas a terapia mais adequada deverá ser escolhida conforme o tipo e o estágio do linfoma.

Existem casos em que a evolução do linfoma é tão lenta que se deve avaliar os riscos e benefícios de iniciar um tratamento agressivo, especialmente em pacientes idosos. Nesses casos, realiza-se acompanhamento periódico e a quimioterapia só será iniciada se houver evolução do tumor.

Além disso, é imprescindível salientar que as chances de sucesso do tratamento (cura) são proporcionais ao diagnóstico precoce e ao tipo de linfoma. Identificar a doença quando ainda há poucos linfonodos afetados pode garantir grande probabilidade de obter sucesso com o tratamento e conseguir controlar a doença.

Por isso, é fundamental manter as suas consultas de rotina em dia. Embora as causas dos linfomas não sejam bem definidas, cultivar hábitos de vida saudáveis também é uma atitude importante para garantir a sua saúde.

Conte com o Sabin para a realização dos seus exames. Para saber mais sobre como funcionam os exames de imagem, que podem ser indicados para diagnóstico dos linfomas, indicamos a leitura do artigo “Você sabe o que são e como funcionam os exames de imagem?”.

Referências:

Armitage, J. O., Gascoyne, R. D., Lunning, M. A., & Cavalli, F. (2017). Non-hodgkin lymphoma. The lancet, 390(10091), 298-310. doi: 10.1016/S0140-6736(16)32407-2

Connors, J.M., Cozen, W., Steidl, C. et al. (2020) Hodgkin lymphoma. Nat Rev Dis Primers 6, 61 . doi: 10.1038/s41572-020-0189-6

AMERICAN CANCER SOCIETY. Linphomas. 2022. Disponível em: https://www.cancer.org/cancer/lymphoma.html. Acesso em: 28 ago. 2022.

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Entenda o que são linfomas e como é feito o diagnóstico; O linfoma é um tipo de câncer que afeta as células do sistema linfático, que fazem parte do nosso sistema imune. É um câncer considerado mais comum em adultos do que em crianças. Apesar da sua relativa raridade, dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) estimam que, entre 2020 e 2022, sejam diagnosticados cerca de doze mil casos de linfomas no Brasil. O risco para o desenvolvimento de linfoma aumenta com a idade, como a maioria dos tipos de câncer, sendo o diagnóstico geralmente tardio. Assim, o envelhecimento da população pode ser um fator que impulsiona o aumento do número de casos dessa doença. É muito importante que as pessoas estejam bem informadas sobre esse tipo de câncer, especialmente sobre os principais sintomas e como obter o diagnóstico, a fim de ajudar na identificação precoce da doença. Qual a função do sistema linfático? Em nosso organismo, possuímos um conjunto de vasos, linfonodos e tecidos, que possuem diversas funções e são chamados de sistema linfático.  O sistema linfático é responsável pela remoção de líquidos que escapam da circulação sanguínea e ficam nos tecidos. Os vasos linfáticos possuem conexão com os vasos sanguíneos e estão espalhados por diversas partes do corpo. Dessa forma, se houver vazamento de água para fora dos vasos sanguíneos, o sistema linfático atua recolhendo e retornando esse líquido para o sangue. Nos vasos linfáticos, circula um líquido esbranquiçado chamado linfa, formado principalmente por glóbulos brancos (ou linfócitos). Os linfócitos são uma das células dos glóbulos brancos, que, entre suas funções, está a produção dos anticorpos. Portanto, a função do sistema linfático está diretamente relacionada com o nosso sistema imune. Qualquer organismo invasor (uma bactéria ou vírus, por exemplo) pode ser detectado e transportado pelo vasos linfáticos até os linfonodos (gânglios linfáticos). Os linfonodos são estruturas localizadas em regiões específicas do corpo (como embaixo dos braços) e funcionam como centrais que contêm uma grande quantidade de células de defesa. Por conseguinte, se uma bactéria chegar até lá, ela pode ser eliminada pelo corpo pela ação dos glóbulos brancos. Órgãos como o baço, o timo e as amígdalas também são órgãos linfáticos e podem ser considerados como “grandes linfonodos”. O que é um linfoma? O linfoma é um tipo de câncer que afeta os linfócitos. É considerado um câncer hematológico, assim como a leucemia, mas com a seguinte diferença: no linfoma, o câncer se desenvolve nos linfonodos e baço, enquanto a leucemia ocorre na medula óssea.  É importante destacar que os linfócitos também estão presentes na medula óssea e no sangue, ou seja, o linfoma também pode surgir nesses locais. Se as células doentes forem identificadas no sangue, pode-se dizer que se trata de linfoma leucemizado. As causas para o surgimento dos linfomas podem ser variadas e envolver múltiplos fatores. Fatores genéticos, ambientais, doenças e infecções preexistentes, como o vírus Epstein-Barr, podem contribuir para o desenvolvimento da doença. Quais os tipos de linfoma? Existem basicamente duas grandes famílias de linfomas: linfomas Hodgkin e linfomas não Hodgkin. O linfoma Hodgkin é mais raro, já o linfoma não Hodgkin tem incidência mais comum. A forma clínica de ambos pode ser semelhante, apresentando distinções quanto ao prognóstico e evolução da doença. A maior diferença entre os dois tipos de linfoma está nas características das células cancerígenas encontradas nos tumores. No entanto, essas distinções apenas são possíveis de ser feitas por meio de biópsias e análises laboratoriais. Em geral, o linfoma Hodgkin apresenta evolução mais previsível. Por outro lado, o linfoma não Hodgkin tende a ter uma evolução clínica mais agressiva e muito menos previsível. Contudo, essas características podem variar muito, a depender do tipo de célula de defesa afetada e do estágio em que a doença foi diagnosticada. Quais os principais sintomas do linfoma? Inicialmente, sintomas inespecíficos podem ser percebidos, como febre, suores noturnos, perda de peso e fraqueza generalizada. Posteriormente, pode aparecer um inchaço indolor dos linfonodos — popularmente conhecidas como ínguas. No entanto, é importante esclarecer que nem toda íngua significa necessariamente um linfoma. O surgimento de ínguas pode estar relacionado a infecções, como a de garganta. Esse tipo de reação acontece devido ao trabalho do sistema imune no combate às bactérias causadoras da infecção. Logo que a infecção é controlada, em poucos dias, os linfonodos retornam ao tamanho normal. Em contrapartida, nos linfomas, o aumento dos gânglios é progressivo e não são identificadas lesões ou infecções que justifiquem seu surgimento. Outro sintoma é o aparecimento de linfonodos em locais pouco comuns. Aumento de linfonodos associado ao baço de tamanho aumentado (normalmente perceptível ao exame físico) pode ser sugestivo de linfoma. Além disso, pode ser comum em casos de linfoma a presença de dor abdominal.  Como é feito o diagnóstico? O diagnóstico inicia com o exame clínico feito pelo médico, onde são investigados o histórico do paciente, sintomas e sinais físicos. De acordo com a suspeita, outros exames podem ser solicitados, incluindo exames de imagem, como a radiografia de tórax ou tomografia computadorizada. Esses exames podem ser utilizados para identificar linfomas em gânglios que não podem ser avaliados visualmente, como no mediastino, região dentro do tórax situada entre o coração e os pulmões. O diagnóstico final é feito por meio de biópsia do linfonodo aumentado, em que se avalia a amostra para identificar o tipo de câncer, com base nas características das células cancerígenas. Como é feito o tratamento? Os tratamentos mais comuns para a doença são a quimioterapia e a radioterapia, mas a terapia mais adequada deverá ser escolhida conforme o tipo e o estágio do linfoma. Existem casos em que a evolução do linfoma é tão lenta que se deve avaliar os riscos e benefícios de iniciar um tratamento agressivo, especialmente em pacientes idosos. Nesses casos, realiza-se acompanhamento periódico e a quimioterapia só será iniciada se houver evolução do tumor. Além disso, é imprescindível salientar que as chances de sucesso do tratamento (cura) são proporcionais ao diagnóstico precoce e ao tipo de linfoma. Identificar a doença quando ainda há poucos linfonodos afetados pode garantir grande probabilidade de obter sucesso com o tratamento e conseguir controlar a doença. Por isso, é fundamental manter as suas consultas de rotina em dia. Embora as causas dos linfomas não sejam bem definidas, cultivar hábitos de vida saudáveis também é uma atitude importante para garantir a sua saúde. Conte com o Sabin para a realização dos seus exames. Para saber mais sobre como funcionam os exames de imagem, que podem ser indicados para diagnóstico dos linfomas, indicamos a leitura do artigo “Você sabe o que são e como funcionam os exames de imagem?”. Referências: Armitage, J. O., Gascoyne, R. D., Lunning, M. A., & Cavalli, F. (2017). Non-hodgkin lymphoma. The lancet, 390(10091), 298-310. doi: 10.1016/S0140-6736(16)32407-2 Connors, J.M., Cozen, W., Steidl, C. et al. (2020) Hodgkin lymphoma. Nat Rev Dis Primers 6, 61 . doi: 10.1038/s41572-020-0189-6 AMERICAN CANCER SOCIETY. Linphomas. 2022. Disponível em: https://www.cancer.org/cancer/lymphoma.html. Acesso em: 28 ago. 2022.