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Patologia: entenda como são realizados os exames anatomopatológicos

Patologia e exames anatomopatológicos: como funcionam

A patologia é uma especialidade médica que desempenha papel importante na identificação de doenças, dedicando-se ao estudo das alterações estruturais e funcionais dos tecidos e órgãos causadas por processos patológicos. Muito além de uma área técnica restrita aos bastidores dos laboratórios, a patologia é responsável por fornecer informações que auxiliam nos diagnósticos e que orientam todo o tratamento clínico de um paciente.

Dentro desse campo, os exames anatomopatológicos ocupam lugar de destaque. São procedimentos minuciosos realizados com amostras de tecidos obtidos por biópsia ou cirurgias, analisados com o objetivo de identificar alterações celulares indicativas de doenças. O médico patologista, especialista responsável por esse tipo de análise, atua em estreita colaboração com clínicos, cirurgiões e oncologistas para fornecer um diagnóstico preciso. 

Apesar de sua importância, os exames anatomopatológicos geralmente levam mais tempo para serem concluídos, em comparação com exames laboratoriais de rotina, como os hemogramas. Isso costuma gerar dúvidas nos pacientes, e entender o porquê dessa demora passa por conhecer cada etapa do processo. Acompanhe!

O que é um exame anatomopatológico?

Um exame anatomopatológico consiste na análise de fragmentos de tecidos humanos, comumente obtidos por meio de biópsias ou cirurgias, visando à detecção de alterações celulares que possam indicar a presença de doenças como inflamações, infecções ou cânceres. A investigação é profunda e técnica, exigindo precisão em todas as etapas, o que diferencia esse exame de outros mais simples e automatizados do laboratório clínico.

O processo é composto por duas grandes fases: macroscópica e microscópica. Na primeira, o tecido é examinado a olho nu pelo patologista, que avalia características como coloração, consistência, forma e tamanho. Essa análise permite selecionar as áreas mais relevantes para estudo posterior. 

Em seguida, a amostra passa por um rigoroso processamento técnico: é fixada em formalina, incluída em blocos de parafina, cortada em finas lâminas com o auxílio de um micrótomo, corada com corantes específicos (como hematoxilina e eosina) e, por fim, examinada no microscópio. Nessa etapa, o patologista identifica padrões celulares e teciduais que são característicos de doenças.

Por que os exames anatomopatológicos são tão importantes?

A principal razão para a importância desses exames é a capacidade de fornecer diagnósticos definitivos e detalhados, muitas vezes imprescindíveis para o início de um tratamento eficaz. Em diversas situações clínicas, como no diagnóstico de câncer, não é possível iniciar um tratamento sem o laudo anatomopatológico. Além de confirmar uma suspeita clínica, o exame pode fornecer informações complementares que ajudam a prever a agressividade da doença e orientar a conduta terapêutica.

Diferentemente dos exames laboratoriais comuns, os exames anatomopatológicos envolvem interpretação médica direta e personalizada, bem como a possível aplicação de técnicas adicionais que ajudam a esclarecer o quadro clínico do paciente. Essa riqueza de informações é o que garante a alta confiabilidade do resultado final.

Como são realizados os exames anatomopatológicos?

O processo de realização de um exame anatomopatológico é meticuloso e envolve diversas etapas técnicas e humanas. Veja!

Após a realização da biópsia, a amostra é imediatamente colocada em um frasco com líquido fixador (normalmente formol) para preservar sua integridade. Essa amostra é, então, enviada ao laboratório, onde será identificada e registrada com um código único.

Em seguida, ocorre a fase da macroscopia, em que o patologista descreve visualmente a amostra, selecionando as áreas mais relevantes. Esses fragmentos são processados em parafina e cortados em lâminas para análise microscópica. A coloração padrão com hematoxilina e eosina revela os detalhes celulares e permite a avaliação da arquitetura do tecido.

A análise microscópica, feita exclusivamente por médicos patologistas, é o momento mais crítico do exame. Através dessa observação, o profissional identifica padrões de normalidade e anormalidade que indicam a presença de doenças. Todo o conteúdo observado é descrito em um laudo técnico, que será entregue ao médico solicitante e ao paciente, servindo como base para a definição do tratamento.

Técnicas complementares

Em alguns casos, as alterações teciduais observadas na coloração convencional não são suficientes para um diagnóstico conclusivo. Nesses momentos, o patologista pode solicitar técnicas complementares, que ampliam a capacidade de detecção e caracterização de doenças.

A imuno-histoquímica é uma das mais utilizadas. Ela permite identificar proteínas específicas presentes nas células, o que é fundamental para classificar tipos de câncer, por exemplo. Nessa técnica, anticorpos são usados para detectar antígenos específicos no tecido, o que ajuda a confirmar o tipo de célula doente.

Já a hibridização in situ por fluorescência (FISH) permite observar alterações genéticas diretamente nas células, útil para detectar rearranjos cromossômicos e mutações associadas a cânceres hematológicos e tumores sólidos.

A reação em cadeia da polimerase (PCR) é outro recurso importante. Permite a amplificação de fragmentos de DNA extraídos das células, sendo útil para detectar infecções virais ou alterações genéticas, contribuindo para o diagnóstico preciso e direcionado.

Por que os resultados dos exames anatomopatológicos demoram mais?

O tempo necessário para a liberação do laudo de um exame anatomopatológico costuma ser maior justamente por conta das múltiplas etapas envolvidas. Cada uma requer cuidados específicos, para garantir que o tecido seja processado de forma adequada e que a análise resulte em um diagnóstico confiável.

Desde a fixação do tecido, passando pelo processamento, cortes, coloração e análise microscópica, cada etapa possui seu tempo técnico. Além disso, se forem necessárias técnicas complementares, o prazo pode se estender ainda mais. Outro fator que influencia é a necessidade de diálogo entre o patologista e o médico assistente, especialmente em casos complexos que exigem correlação com exames de imagem ou dados clínicos.

Em média, mesmo nos casos mais simples, o tempo mínimo para a liberação de um laudo confiável é de cerca de 24 horas após a chegada da amostra ao laboratório. Em casos que demandam análises adicionais, o prazo pode se estender por até uma semana. Essa demora, embora possa parecer excessiva ao paciente, é essencial para garantir a precisão e a segurança do diagnóstico.

Qual o papel do médico patologista?

O patologista é um médico altamente especializado, responsável por transformar um fragmento de tecido em um diagnóstico. Ele não apenas observa as lâminas no microscópio, mas também participa ativamente de discussões clínicas, integra-se com equipes médicas multidisciplinares e analisa o contexto clínico do paciente.

Essa interação é crucial para que o laudo final seja preciso. Muitas vezes, o patologista solicita informações complementares ou exames adicionais, como tomografias ou exames laboratoriais, para melhor interpretar o que observa ao microscópio.

Apesar de trabalhar nos bastidores, o patologista está envolvido em praticamente todos os diagnósticos realizados na medicina. Sua atuação influencia diretamente a escolha do tratamento, a definição do prognóstico e o monitoramento da resposta terapêutica. Sem o trabalho do patologista, decisões clínicas importantes não poderiam ser tomadas com segurança.

Quer entender sobre como seus exames são feitos? Acesse nosso conteúdo sobre a biópsia e como ela se relaciona com os exames anatomopatológicos.

Sabin avisa:

Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames.

Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas. 

Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial.

Referências:

Sociedade Brasileira de Patologia. Da biópsia ao diagnóstico: como é realizado o trabalho do patologista. Disponível em: https://www.sbp.org.br/o-que-faz-um-medico-patologista/. Acesso em: abril de 2025.

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