Neste módulo do curso on-line “Medicina Diagnóstica: Interação Clínico-Laboratorial”, realizado pelo Grupo Sabin com o objetivo de orientar estudantes dos últimos períodos de medicina e médicos residentes quanto à solicitação adequada de exames, foram demonstradas as práticas mais indicadas para avaliar o paciente com diabetes mellitus.
Dra. Cristina Schreiber, especialista em endocrinologia, apresenta o tema “Diabetes: avaliação laboratorial diagnóstica e seguimento”, trazendo uma visão detalhada sobre os tipos recorrentes da doença e as alternativas recomendadas para o acompanhamento clínico.
Pontuamos as principais informações tratadas na aula e convidamos você a assistir às explicações completas no vídeo a seguir.
Quais os principais tipos de diabetes e como diagnosticar cada um?
Existem em torno de 14 a 16 tipos de diabetes mellitus, entretanto, a aula não pretende entrar na classificação de todos eles. Acompanhe os principais tipos e seus respectivos exames diagnósticos.
Diabetes tipo 1
O principal parâmetro para o diagnóstico do diabetes tipo 1 é identificar o quadro de hiperglicemia, ou seja, quando a taxa glicêmica está igual ou maior do que 200 mg/dl e hemoglobina glicada a partir de 6,5%. É comum também o paciente apresentar sintomas de cetoacidose, como poliúria, polifagia e polidipsia.
Outro exame primordial para detecção do diabetes tipo 1 é o peptídeo C, que avalia a função secretora das células pancreáticas.
Diabetes tipo 2
Em geral, o principal parâmetro de identificação do diabetes tipo 2 é a hiperglicemia assintomática. Ocorre quando o paciente, em glicemia de jejum, apresenta taxa de glicose a partir de 126 mg/dl, com sobrecarga de 200 mg/dl (ou mais) e uma hemoglobina glicada maior ou igual a 6,5%.
O diabético do tipo 2 costuma ser assintomático pelo fato de a poliúria ser autolimitada e somente ocorrer quando a glicemia está acima de 180 mg/dl. Assim, o paciente tem dificuldade de perceber esse sintoma, levando a diagnósticos tardios e já em condições mais avançadas. Existem pacientes que chegam a viver com diabetes até 10 anos, sem saber que possuem a doença.
O exame de peptídeo C também é utilizado no diagnóstico do tipo 2.
Como é feito o rastreamento do diabetes?
Entre os principais métodos utilizados para rastrear a doença, está a avaliação da glicemia em jejum. Para ser considerada normal, a taxa de glicose deve ser de até 99 mg/dl. Entre 100 e 125 mg/dl, o paciente pode ser considerado pré-diabético. Lembrando que o jejum conta a partir de oito horas sem a ingestão de nenhuma caloria.
Diagnóstico de pré-diabetes
Confira as características para cada exame.
Glicemia de jejum alterada
Interessante observar que os pacientes classificados na categoria pré-diabetes apresentam deficiência na secreção de insulina e aumento da produção hepática de glicose.
A glicemia de jejum precisa ser uma variável contínua a ser avaliada, a fim de identificar qualquer possível alteração metabólica desenvolvida pelo paciente.
Intolerância à glicose
A intolerância à glicose pode ser detectada quando o exame da curva glicêmica (TOTG) apresenta resultado entre 140 e 199 mg/dl, glicemia de jejum menor do que 126 mg/dl e hemoglobina glicada entre 5,7 e 6,5%.
Para melhor compreensão do diagnóstico de pacientes pré-diabéticos, Dra. Cristina traz um estudo feito no período de 16 anos, que mostra o quadro evolutivo dessas taxas.
Diagnóstico de diabetes
A especialista aborda sobre os principais fatores de interferência nos resultados diagnósticos e evidencia sobre a escolha correta dos tubos de coleta. Além disso, pede atenção a outros aspectos relevantes a serem considerados, como o atraso no preparo da amostra, existência de doença recente, uso de medicações, prática de atividades físicas e duração inadequada do jejum.
A médica explica ilustrativamente o que é a hemoglobina glicada, como funciona esse exame e os métodos atualmente utilizados para as medições. Essa e as demais explicações relacionadas aos critérios avaliativos dos diferentes tipos de diabetes podem ser vistas detalhadamente no vídeo.
Principais recomendações para a avaliação do diabetes
Ao receber o resultado do exame laboratorial, é importante sempre que o médico cheque a metodologia utilizada para medir a hemoglobina glicada, e verifique se o laboratório é certificado pelo National Glycohemoglobin Standardization Program (NGSP). Essa certificação é fundamental para garantir os parâmetros de padronização e melhor rastreabilidade da doença.
Acompanhar a dosagem de hemoglobina glicada ajuda a monitorar as complicações microvasculares decorrentes do diabetes. Por isso, a precisão é indispensável.
Outro ponto a ser observado é a glicemia de jejum alterada. Cabe ressaltar que esse diagnóstico é diferente daquele de intolerância à glicose e igualmente diferente daquele de diabetes. É imprescindível saber diferenciar os três status, para que não haja uma interpretação equivocada de continuidade da doença.
Para finalizar as recomendações, a endocrinologista reforça que o exame de peptídeo C deve ser realizado sempre que houver dúvidas quanto à classificação do diabetes.
No intuito de fazer uma demonstração prática, Dra. Cristina compartilha um caso clínico vivido por ela e convida o aluno a estudar cada parâmetro do que foi discutido na aula. Acompanhe a avaliação clínica de uma paciente portadora de diabetes tipo 2 e a conduta médica adotada.
Neste artigo, foi possível entender a melhor performance diagnóstica para os principais tipos de diabetes mellitus e seus desdobramentos clínicos.
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