Sabin Por: Sabin
Leitura
8min 39s
OUVIR 00:00
AAA

Neste módulo do curso on-line “Medicina Diagnóstica: Interação Clínico-Laboratorial”, realizado pelo Grupo Sabin com o objetivo de orientar estudantes dos últimos períodos de medicina e médicos residentes quanto à solicitação adequada de exames, foram demonstradas as práticas mais indicadas para avaliar o paciente com diabetes mellitus.

Dra. Cristina Schreiber, especialista em endocrinologia, apresenta o tema “Diabetes: avaliação laboratorial diagnóstica e seguimento”, trazendo uma visão detalhada sobre os tipos recorrentes da doença e as alternativas recomendadas para o acompanhamento clínico.

Pontuamos as principais informações tratadas na aula e convidamos você a assistir às explicações completas no vídeo a seguir.

Quais os principais tipos de diabetes e como diagnosticar cada um?

Existem em torno de 14 a 16 tipos de diabetes mellitus, entretanto, a aula não pretende entrar na classificação de todos eles. Acompanhe os principais tipos e seus respectivos exames diagnósticos.

Diabetes tipo 1

O principal parâmetro para o diagnóstico do diabetes tipo 1 é identificar o quadro de hiperglicemia, ou seja, quando a taxa glicêmica está igual ou maior do que 200 mg/dl e hemoglobina glicada a partir de 6,5%. É comum também o paciente apresentar sintomas de cetoacidose, como poliúria, polifagia e polidipsia.

Outro exame primordial para detecção do diabetes tipo 1 é o peptídeo C, que avalia a função secretora das células pancreáticas.

Diabetes tipo 2

Em geral, o principal parâmetro de identificação do diabetes tipo 2 é a hiperglicemia assintomática. Ocorre quando o paciente, em glicemia de jejum, apresenta taxa de glicose a partir de 126 mg/dl, com sobrecarga de 200 mg/dl (ou mais) e uma hemoglobina glicada maior ou igual a 6,5%.

O diabético do tipo 2 costuma ser assintomático pelo fato de a poliúria ser autolimitada e somente ocorrer quando a glicemia está acima de 180 mg/dl. Assim, o paciente tem dificuldade de perceber esse sintoma, levando a diagnósticos tardios e já em condições mais avançadas. Existem pacientes que chegam a viver com diabetes até 10 anos, sem saber que possuem a doença. 

O exame de peptídeo C também é utilizado no diagnóstico do tipo 2.

Como é feito o rastreamento do diabetes?

Entre os principais métodos utilizados para rastrear a doença, está a avaliação da glicemia em jejum. Para ser considerada normal, a taxa de glicose deve ser de até 99 mg/dl. Entre 100 e 125 mg/dl, o paciente pode ser considerado pré-diabético. Lembrando que o jejum conta a partir de oito horas sem a ingestão de nenhuma caloria.

Diagnóstico de pré-diabetes

Confira as características para cada exame.

Glicemia de jejum alterada

Interessante observar que os pacientes classificados na categoria pré-diabetes apresentam deficiência na secreção de insulina e aumento da produção hepática de glicose.

A glicemia de jejum precisa ser uma variável contínua a ser avaliada, a fim de identificar qualquer possível alteração metabólica desenvolvida pelo paciente.

Intolerância à glicose

A intolerância à glicose pode ser detectada quando o exame da curva glicêmica (TOTG) apresenta resultado entre 140 e 199 mg/dl, glicemia de jejum menor do que 126 mg/dl e hemoglobina glicada entre 5,7 e 6,5%. 

Para melhor compreensão do diagnóstico de pacientes pré-diabéticos, Dra. Cristina traz um estudo feito no período de 16 anos, que mostra o quadro evolutivo dessas taxas. 

Diagnóstico de diabetes

A especialista aborda sobre os principais fatores de interferência nos resultados diagnósticos e evidencia sobre a escolha correta dos tubos de coleta. Além disso, pede atenção a outros aspectos relevantes a serem considerados, como o atraso no preparo da amostra, existência de doença recente, uso de medicações, prática de atividades físicas e duração inadequada do jejum.

A médica explica ilustrativamente o que é a hemoglobina glicada, como funciona esse exame e os métodos atualmente utilizados para as medições. Essa e as demais explicações relacionadas aos critérios avaliativos dos diferentes tipos de diabetes podem ser vistas detalhadamente no vídeo.

Principais recomendações para a avaliação do diabetes

Ao receber o resultado do exame laboratorial, é importante sempre que o médico cheque a metodologia utilizada para medir a hemoglobina glicada, e verifique se o laboratório é certificado pelo National Glycohemoglobin Standardization Program (NGSP). Essa certificação é fundamental para garantir os parâmetros de padronização e melhor rastreabilidade da doença.

Acompanhar a dosagem de hemoglobina glicada ajuda a monitorar as complicações microvasculares decorrentes do diabetes. Por isso, a precisão é indispensável.

Outro ponto a ser observado é a glicemia de jejum alterada. Cabe ressaltar que esse diagnóstico é diferente daquele de intolerância à glicose e igualmente diferente daquele de diabetes. É imprescindível saber diferenciar os três status, para que não haja uma interpretação equivocada de continuidade da doença. 

Para finalizar as recomendações, a endocrinologista reforça que o exame de peptídeo C deve ser realizado sempre que houver dúvidas quanto à classificação do diabetes.

No intuito de fazer uma demonstração prática, Dra. Cristina compartilha um caso clínico vivido por ela e convida o aluno a estudar cada parâmetro do que foi discutido na aula. Acompanhe a avaliação clínica de uma paciente portadora de diabetes tipo 2 e a conduta médica adotada.

Neste artigo, foi possível entender a melhor performance diagnóstica para os principais tipos de diabetes mellitus e seus desdobramentos clínicos.

Gostou do conteúdo? Compartilhe com seus colegas médicos. E não deixe de acompanhar as outras aulas do curso de Medicina Diagnóstica do Sabin! Confira os temas:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Diabetes: avaliação laboratorial diagnóstica e seguimento; Neste módulo do curso on-line “Medicina Diagnóstica: Interação Clínico-Laboratorial”, realizado pelo Grupo Sabin com o objetivo de orientar estudantes dos últimos períodos de medicina e médicos residentes quanto à solicitação adequada de exames, foram demonstradas as práticas mais indicadas para avaliar o paciente com diabetes mellitus. Dra. Cristina Schreiber, especialista em endocrinologia, apresenta o tema “Diabetes: avaliação laboratorial diagnóstica e seguimento”, trazendo uma visão detalhada sobre os tipos recorrentes da doença e as alternativas recomendadas para o acompanhamento clínico. Pontuamos as principais informações tratadas na aula e convidamos você a assistir às explicações completas no vídeo a seguir. Quais os principais tipos de diabetes e como diagnosticar cada um? Existem em torno de 14 a 16 tipos de diabetes mellitus, entretanto, a aula não pretende entrar na classificação de todos eles. Acompanhe os principais tipos e seus respectivos exames diagnósticos. Diabetes tipo 1 O principal parâmetro para o diagnóstico do diabetes tipo 1 é identificar o quadro de hiperglicemia, ou seja, quando a taxa glicêmica está igual ou maior do que 200 mg/dl e hemoglobina glicada a partir de 6,5%. É comum também o paciente apresentar sintomas de cetoacidose, como poliúria, polifagia e polidipsia. Outro exame primordial para detecção do diabetes tipo 1 é o peptídeo C, que avalia a função secretora das células pancreáticas. Diabetes tipo 2 Em geral, o principal parâmetro de identificação do diabetes tipo 2 é a hiperglicemia assintomática. Ocorre quando o paciente, em glicemia de jejum, apresenta taxa de glicose a partir de 126 mg/dl, com sobrecarga de 200 mg/dl (ou mais) e uma hemoglobina glicada maior ou igual a 6,5%. O diabético do tipo 2 costuma ser assintomático pelo fato de a poliúria ser autolimitada e somente ocorrer quando a glicemia está acima de 180 mg/dl. Assim, o paciente tem dificuldade de perceber esse sintoma, levando a diagnósticos tardios e já em condições mais avançadas. Existem pacientes que chegam a viver com diabetes até 10 anos, sem saber que possuem a doença.  O exame de peptídeo C também é utilizado no diagnóstico do tipo 2. Como é feito o rastreamento do diabetes? Entre os principais métodos utilizados para rastrear a doença, está a avaliação da glicemia em jejum. Para ser considerada normal, a taxa de glicose deve ser de até 99 mg/dl. Entre 100 e 125 mg/dl, o paciente pode ser considerado pré-diabético. Lembrando que o jejum conta a partir de oito horas sem a ingestão de nenhuma caloria. Diagnóstico de pré-diabetes Confira as características para cada exame. Glicemia de jejum alterada Interessante observar que os pacientes classificados na categoria pré-diabetes apresentam deficiência na secreção de insulina e aumento da produção hepática de glicose. A glicemia de jejum precisa ser uma variável contínua a ser avaliada, a fim de identificar qualquer possível alteração metabólica desenvolvida pelo paciente. Intolerância à glicose A intolerância à glicose pode ser detectada quando o exame da curva glicêmica (TOTG) apresenta resultado entre 140 e 199 mg/dl, glicemia de jejum menor do que 126 mg/dl e hemoglobina glicada entre 5,7 e 6,5%.  Para melhor compreensão do diagnóstico de pacientes pré-diabéticos, Dra. Cristina traz um estudo feito no período de 16 anos, que mostra o quadro evolutivo dessas taxas.  Diagnóstico de diabetes A especialista aborda sobre os principais fatores de interferência nos resultados diagnósticos e evidencia sobre a escolha correta dos tubos de coleta. Além disso, pede atenção a outros aspectos relevantes a serem considerados, como o atraso no preparo da amostra, existência de doença recente, uso de medicações, prática de atividades físicas e duração inadequada do jejum. A médica explica ilustrativamente o que é a hemoglobina glicada, como funciona esse exame e os métodos atualmente utilizados para as medições. Essa e as demais explicações relacionadas aos critérios avaliativos dos diferentes tipos de diabetes podem ser vistas detalhadamente no vídeo. https://youtu.be/xv7LezNOzo8 Principais recomendações para a avaliação do diabetes Ao receber o resultado do exame laboratorial, é importante sempre que o médico cheque a metodologia utilizada para medir a hemoglobina glicada, e verifique se o laboratório é certificado pelo National Glycohemoglobin Standardization Program (NGSP). Essa certificação é fundamental para garantir os parâmetros de padronização e melhor rastreabilidade da doença. Acompanhar a dosagem de hemoglobina glicada ajuda a monitorar as complicações microvasculares decorrentes do diabetes. Por isso, a precisão é indispensável. Outro ponto a ser observado é a glicemia de jejum alterada. Cabe ressaltar que esse diagnóstico é diferente daquele de intolerância à glicose e igualmente diferente daquele de diabetes. É imprescindível saber diferenciar os três status, para que não haja uma interpretação equivocada de continuidade da doença.  Para finalizar as recomendações, a endocrinologista reforça que o exame de peptídeo C deve ser realizado sempre que houver dúvidas quanto à classificação do diabetes. No intuito de fazer uma demonstração prática, Dra. Cristina compartilha um caso clínico vivido por ela e convida o aluno a estudar cada parâmetro do que foi discutido na aula. Acompanhe a avaliação clínica de uma paciente portadora de diabetes tipo 2 e a conduta médica adotada. Neste artigo, foi possível entender a melhor performance diagnóstica para os principais tipos de diabetes mellitus e seus desdobramentos clínicos. Gostou do conteúdo? Compartilhe com seus colegas médicos. E não deixe de acompanhar as outras aulas do curso de Medicina Diagnóstica do Sabin! Confira os temas: Tirando o máximo proveito das sorologiasDra. Luciana Campos Investigação das linfonodomegaliasDra. Maura Colturato Investigação laboratorial de anemiaDra. Maria do Carmo Favarin O laboratório de imuno-hematologia na prática clínicaDra. Ana Teresa Neri Marcadores tumorais. O screening deve ser solicitado?Dr. Alex Galoro Endocrinopatias após Covid-19. Quando suspeitar e como investigar?Dra. Luciana Naves Interpretação do hemograma na prática médicaDra. Anna Carolina Castro Avaliação laboratorial da hipertensão arterial de origem endócrinaDr. Juliano Zakir Erros Inatos da Imunidade. Diagnóstico das deficiências predominantemente de anticorposDra. Karina Mescouto Exames de citogenética - cariótipo, array e MLPA. Como usá-los na prática médicaDra. Beatriz Versiani Gasometria ArterialDr. Silvio Pessoa Armadilhas laboratoriaisDra. Silvana Fahel Era pós-genômica. Compreendendo o Sequenciamento de Nova Geração (NGS)Dra. Rosenelle Benício Distúrbios metabólicos após a cirurgia bariátricaDra. Thaisa Trujilho Quando pensar e como investigar doenças reumáticas autoimunesDr. Wilton Santos Diagnóstico Laboratorial do Infarto Agudo do MiocárdioDr. Anderson Rodrigues Avaliação laboratorial dos transtornos de puberdadeDra. Talita Cordeschi Corrêa O laboratório de microbiologia. Como utilizá-lo na prática médicaDr. Alexandre Cunha Testes funcionais em endocrinologia. Quando solicitar e como interpretar?Dra. Luciana Naves Avaliação laboratorial da hemostasia na prática médicaDr. Felipe Furtado Avaliação clínico-laboratorial das doenças renaisDr. Fabrício Cazorla