Sabin Por: Sabin
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O Streptococcus pneumoniae (Spn) é uma bactéria Gram-positiva com característica morfológica esférica (cocos), disposta aos pares. É um microrganismo alfa-hemolítico e não agrupável, responsável por uma variedade de infecções.

De acordo com o CDC (Centers for Disease Control and Prevention), em 2020, foram documentados 100 sorotipos, imunologicamente distintos, que causam doenças pneumocócicas invasiva (meningite, pneumonia bacterêmica, sepse e artrite) e não invasiva (sinusite, otite média aguda, conjuntivite, bronquite e pneumonia). 

Portanto, é um microrganismo de grande relevância epidemiológica. Evidências mostram que a maioria dos sorotipos de S. pneumoniae é causadora de doenças graves, mas apenas alguns sorotipos são responsáveis pelas infecções pneumocócicas. Diante da classificação e da prevalência do sorotipo, as diferenças são por faixa etária do paciente e área geográfica. 

Segundo um levantamento feito pela OMS (Organização Mundial da Saúde), o Brasil está entre os 15 países com maior incidência de infecções causadas pela bactéria pneumococo. É considerada a causa mais comum de doenças graves em crianças menores de cinco anos, sobretudo quadros de pneumonia e meningite causados pela infecção por Spn.

A vacinação é uma das intervenções mais eficazes para prevenir infecções pneumocócicas. As vacinas conjugadas, como a vacina pneumocócica conjugada 15-valente (VPC15), foram desenvolvidas para proporcionar uma resposta imunológica robusta e duradoura contra a bactéria.

Neste conteúdo, explicamos em mais detalhes a vacina VPC15, apresentando dados sobre sua eficácia, segurança e quais as indicações. Acompanhe!

Vacina Pneumo 15

A vacina pneumocócica com 15 sorotipos previne a grande maioria das infecções pela bactéria Streptococcus pneumoniae (Spn), conhecida como pneumococo. Essas infecções atingem o sistema respiratório — pneumonia, otite e sinusite aguda —, disseminando-se para as meninges pela via hematogênica, podendo desenvolver quadros de doença pneumocócica invasiva (DPI). Como exemplo, podemos citar o quadro clínico de meningite grave, com sequela e óbitos especialmente em populações vulneráveis, como crianças pequenas e pessoas idosas.

Sendo assim, a vacinação representa uma estratégia essencial para reduzir a morbidade e a mortalidade associadas a essas infecções.

Características da vacina

Além da inclusão dos sorotipos da VPC13, a VPC15 foi ampliada com mais dois sorotipos 22F e 33F, conforme estudos de imunogenicidade comparáveis para o esquema de 4 doses, em um esquema de dose de 3 + 1, com doses de 2, 4, 6 e 12 a 15 meses de idade em bebês saudáveis. 

A ampliação da vacina aumenta consideravelmente sua eficácia, uma vez que promove níveis mais elevados de anticorpos, especialmente contra o sorotipo 3, que, segundo o Instituto Adolfo Lutz, representa 11% dos casos em menores de 59 meses, e 12,4% em maiores de 50 anos. 

É um imunizante formulado a partir da cápsula polissacarídica da bactéria S. pneumoniae. A conjugação desses polissacarídeos a uma proteína carreadora aumenta a imunogenicidade da vacina, promovendo uma resposta imune mais forte e duradoura. Isso é particularmente importante em populações de risco, como crianças pequenas e adultos com comorbidades, que são mais suscetíveis a infecções pneumocócicas graves.

Eficácia e segurança da vacina

Estudos de imunogenicidade mostram que a VPC15 promove níveis elevados de anticorpos contra os 15 sorotipos incluídos na vacina. Ensaios comparativos de imunogenicidade entre a VPC15 e a VPC13 demonstram que a primeira tem um perfil de segurança e eficácia semelhante, com a vantagem adicional de cobertura contra os sorotipos 22F e 33F.

Dados de VPC de crianças de seis semanas de vida até menores de 17 anos mostram respostas imunes não inferiores a VPC13 para os 13 sorotipos compartilhados, quando comparados em todas as populações pediátricas e esquemas específicos que foram avaliados, como lactentes 3+1 ou 2+1, que mostrou ser altamente eficaz na prevenção de doença pneumocócica invasiva, com redução da incidência de infecções graves com quadros de pneumonia, meningite e bacteremia (sepse).

Reações adversas e contraindicações

Assim como qualquer vacina, a VPC15 respondeu aos critérios de não inferioridade, quando comparada à VPC13, em uma margem de não inferioridade de 2 vezes para a proporção de títulos médios geométricos de OPA (atividade opsonofagocítica específica do sorotipo). 

A VPC15 pode apresentar reações geralmente leves a moderadas e de curta duração (até 3 dias), diferenciando-se por faixa etária e grau, sendo mais comuns (1 em cada 10) reações observadas após o uso, conforme especificadas a seguir.

Em bebês e crianças de seis meses a 2 anos de idade:

  • dor, calor, rubor e edema no local da aplicação;
  • irritabilidade;
  • sonolência;
  • anorexia.

Em crianças e adolescentes, de dois anos a menores de 17 anos, 11 meses e 28 dias de idade:

  • dor, calor, rubor e edema no local da aplicação;
  • mialgia;
  • astenia;
  • anorexia.

Em adultos com 18 anos completos e mais:

  • dor, calor, rubor e edema no local da aplicação;
  • mialgia;
  • cefaleia;
  • dor nas articulações (mais presente entre 18 e 49 anos de idade).

A VPC15 é contraindicada em pacientes com histórico de reação anafilática ou alergia a qualquer componente da vacina (ou que contenha toxoide diftérico) e não deve ser utilizada por mulheres grávidas sem orientação médica.

Indicações da vacina Pneumo 15

A vacina pneumocócica com 15 sorotipos previne a grande maioria das infecções pela bactéria Streptococcus pneumoniae (Spn). Como princípios ativos, ela contém 32 mcg de polissacarídeos pneumocócicos totais (2,0 mcg cada dos sorotipos polissacarídeos 1, 3, 4, 5, 6A, 7F, 9V, 14, 18C, 19A, 19F, 22F, 23F, 33F e 4,0 mcg de sorotipo polissacarídeo 6B), sendo conjugados com 30 mcg de proteína carreadora CRM197, ainda com excipientes de cloreto de sódio, L-histidina, polissorbato 20, água para injetáveis e alumínio (como adjuvante fosfato de alumínio).

A VCP15 está indicada para bebês, crianças, adolescentes de seis semanas a 17 anos, 11 meses e 28 dias de idade, como também adultos e idosos, particularmente pessoas com comorbidades com risco de infecção pelo Streptococcus pneumoniae 1, 3, 4, 5, 6A, 6B, 7F, 9V, 14, 18C, 19A, 19F, 22F, 23F e 33F.

Pacientes em condições de imunossupressão, como aqueles submetidos a tratamento oncológico, transplantados ou que vivem com HIV, portadores de doenças crônicas, como asma grave e diabetes, estão em maior risco de desenvolver doença grave. Para esses grupos, a vacinação com a VPC15 é uma medida preventiva eficaz que pode reduzir significativamente a incidência e a gravidade das infecções.

O esquema de vacinação recomendado para a VPC15 consiste em quatro doses, seguindo um esquema de 3 doses + 1. As doses são administradas aos dois, quatro e seis meses, e entre 12 a 15 meses, em bebês saudáveis. Esse esquema foi desenvolvido para garantir uma imunização eficaz desde os primeiros meses de vida, proporcionando proteção contínua durante os primeiros anos, críticos para o desenvolvimento imunológico.

Já a partir de 60 anos, o calendário de vacinação da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) 2024/2025 indica:

  • Para aqueles que já receberam uma dose de VPP23, recomenda-se o intervalo de um ano para a aplicação de VPC13 ou VPC15. A segunda dose de VPP23 deve ser feita cinco anos após a primeira, mantendo o intervalo de seis a 12 meses com a VPC13 ou VPC15;
  • Para os que já receberam duas doses de VPP23, recomenda-se uma dose de VPC13 ou VPC15, com intervalo mínimo de um ano após a última dose de VPP23;
  • Se a segunda dose de VPP23 foi aplicada antes dos 60 anos, está recomendada uma terceira dose depois dessa idade, com intervalo mínimo de cinco anos da última dose.

Intercambialidade de vacinas

Após estudos sobre a intercambialidade de vacinas, concluiu-se que a concentração de anticorpos específicos após a dose de reforço, em todos os esquemas mistos analisados, foi adequada e equivalente à verificada nos esquemas completos de VPC13 e de VPC15.

Dessa forma, respaldada em qualquer ponto do esquema vacinal iniciado com a VPC13, pode ser completado com esquema da VPC15 da seguinte maneira: três doses de VPC13 e uma de VPC15; duas doses de VPC13 e duas de VPC15; ou uma dose de VPC13 e três de VPC15.

Qual a importância da vacinação?

A ampliação dos sorotipos das vacinas pneumocócicas conjugadas evoluiu ao longo do tempo, considerando o desenvolvimento de formulações de vacinas de próxima geração, em função do surgimento de novos sorotipos produzindo DPI mais graves. 

O uso indiscriminado de antibióticos e a evolução da resistência do S. pneumoniae tornaram-se um desafio crescente e complexo na prática médica. Diversas evidências científicas têm demonstrado a resistência do pneumococo às penicilinas, com o aumento progressivo das taxas de incidências de resistência.

Nesse contexto, a vacinação se destaca como uma medida preventiva imprescindível. Ao reduzir a incidência de infecções pneumocócicas, a vacinação diminui a necessidade do uso de antibióticos e, consequentemente, a resistência bacteriana.

A vacinação não só protege o indivíduo vacinado, mas também contribui para a saúde pública em sua totalidade. Para continuar se aprofundando no tema sobre vacinação, sugerimos a leitura de um conteúdo sobre outro importante imunizante, a vacina da dengue. No texto, você poderá obter mais informações sobre a vacina Qdenga®, uma inovadora vacina que demonstrou boa eficácia, protegendo contra os diferentes sorotipos do vírus causador da dengue. Boa leitura!

Referências:

Epidemiology and Prevention of Vaccine-Preventable Diseases, disponível em: https://www.cdc.gov/pinkbook/hcp/table-of-contents/chapter-17-pneumococcal-disease.html 

Balsells E, Guillot L, Nair H et al. Serotype distribution of Streptococcus pneumoniae causing invasive disease in children in the post-PCV era: a systematic review and meta-analysis. Plos One. 2017;12(5):e0177113.

Boletins SIREVA, disponíveis em:

http://www.ial.sp.gov.br/resources/insituto-adolfo-lutz/publicacoes/sireva_2021_4.pdf

http://www.ial.sp.gov.br/resources/insituto-adolfo-lutz/publicacoes/sireva_2022_v3_2.pdf

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Articulação Estratégica de Vigilância em Saúde. Guia de Vigilância em Saúde [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Articulação Estratégica de Vigilância em Saúde. – 5. ed. rev. e atual. – Brasília : Ministério da Saúde, 2022. 1.126 p. : il.

Bula vigente de VAXNEUVANCE, disponível em: https://saude.msd.com.br/wp-content/uploads/sites/91/2023/09/Vaxneuvance_Bula-profissional.pdf

Chaelin Kim,Marianne Holm, Isabel Frost, Mateusz Hasso-Agopsowicz , Kaja Abbas. Global and regional burden of attributable and associated bacterial antimicrobial resistance avertable by vaccination: modelling study. im C, et al. BMJ Glob Health 2023;8:e011341. doi:10.1136/bmjgh-2022-011341

European Centre for Disease Prevention and Control. Invasive pneumococcal disease. In: ECDC. Annual epidemiological report for 2018. Stockholm: ECDC. 2020.

Josiah Ryman,Jeffrey R. Sachs,Ka Lai Yee,Natalie Banniettis,Jessica Weaver &Thomas Weiss. Predicted serotype-specific effectiveness of pneumococcal conjugate vaccines V114 and PCV20 against invasive pneumococcal disease in children.Pages 60-68 | Received 13 Oct 2023, Accepted 05 Dec 2023, Published online: 14 Dec 2023

Reis Rocha. Streptococcus pneumoniae resistente à penicilina (PRP): uma revisão Streptococcus pneumoniae penicillin-resistant (PRP): a review. Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 4, p. 15880-15889, jul./aug., 2023.

Timothy J Chapman Liset Olarte Ghassan Dbaibo Avril Melissa Houston Gretchen Tamms Robert Lupinacci Kristen Feemster Ulrike K Buchwald Natalie Banniettis . PCV15, a pneumococcal conjugate vaccine, for the prevention of invasive pneumococcal disease in infants and children. Review Expert Rev Vaccines. 2024 Jan-Dec;23(1):137-147. doi: 10.1080/14760584.2023.2294153

Benfield TL, Rämet M, Valentini P, et al. A Phase 3 Study of Safety, Tolerability and Immunogenicity of V114 Compared with PCV13 in a 2+1 Regimen in Healthy Infants (PNEU–PED–EU–2). ESPID; 2022.

Predicted serotype-specific effectiveness of pneumococcal conjugate vaccines V114 and PCV20 against invasive pneumococcal disease in children (Expert Rev Vaccines, 2024): https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/14760584.2023.2292773

Whang YH, Kim SK, Yoon H, Choi SK, Baik YO, Lee C, Lee I. Reduction of free polysaccharide contamination in the production of a 15-valent pneumococcal conjugate vaccine. PLoS One. 2020 Dec 10;15(12):e0243909. doi: 10.1371/journal.pone.0243909.

Chapman TJ, et al. PCV15, a pneumococcal conjugate vaccine, for the prevention of invasive pneumococcal disease in infants and children. Expert Rev Vaccines. 2024 Jan-Dec;23(1):137-147. doi: 10.1080/14760584.2023.2294153.

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Vacina Pneumo 15: conheça os benefícios do imunizante; O Streptococcus pneumoniae (Spn) é uma bactéria Gram-positiva com característica morfológica esférica (cocos), disposta aos pares. É um microrganismo alfa-hemolítico e não agrupável, responsável por uma variedade de infecções. De acordo com o CDC (Centers for Disease Control and Prevention), em 2020, foram documentados 100 sorotipos, imunologicamente distintos, que causam doenças pneumocócicas invasiva (meningite, pneumonia bacterêmica, sepse e artrite) e não invasiva (sinusite, otite média aguda, conjuntivite, bronquite e pneumonia).  Portanto, é um microrganismo de grande relevância epidemiológica. Evidências mostram que a maioria dos sorotipos de S. pneumoniae é causadora de doenças graves, mas apenas alguns sorotipos são responsáveis pelas infecções pneumocócicas. Diante da classificação e da prevalência do sorotipo, as diferenças são por faixa etária do paciente e área geográfica.  Segundo um levantamento feito pela OMS (Organização Mundial da Saúde), o Brasil está entre os 15 países com maior incidência de infecções causadas pela bactéria pneumococo. É considerada a causa mais comum de doenças graves em crianças menores de cinco anos, sobretudo quadros de pneumonia e meningite causados pela infecção por Spn. A vacinação é uma das intervenções mais eficazes para prevenir infecções pneumocócicas. As vacinas conjugadas, como a vacina pneumocócica conjugada 15-valente (VPC15), foram desenvolvidas para proporcionar uma resposta imunológica robusta e duradoura contra a bactéria. Neste conteúdo, explicamos em mais detalhes a vacina VPC15, apresentando dados sobre sua eficácia, segurança e quais as indicações. Acompanhe! Vacina Pneumo 15 A vacina pneumocócica com 15 sorotipos previne a grande maioria das infecções pela bactéria Streptococcus pneumoniae (Spn), conhecida como pneumococo. Essas infecções atingem o sistema respiratório — pneumonia, otite e sinusite aguda —, disseminando-se para as meninges pela via hematogênica, podendo desenvolver quadros de doença pneumocócica invasiva (DPI). Como exemplo, podemos citar o quadro clínico de meningite grave, com sequela e óbitos especialmente em populações vulneráveis, como crianças pequenas e pessoas idosas. Sendo assim, a vacinação representa uma estratégia essencial para reduzir a morbidade e a mortalidade associadas a essas infecções. Características da vacina Além da inclusão dos sorotipos da VPC13, a VPC15 foi ampliada com mais dois sorotipos 22F e 33F, conforme estudos de imunogenicidade comparáveis para o esquema de 4 doses, em um esquema de dose de 3 + 1, com doses de 2, 4, 6 e 12 a 15 meses de idade em bebês saudáveis.  A ampliação da vacina aumenta consideravelmente sua eficácia, uma vez que promove níveis mais elevados de anticorpos, especialmente contra o sorotipo 3, que, segundo o Instituto Adolfo Lutz, representa 11% dos casos em menores de 59 meses, e 12,4% em maiores de 50 anos.  É um imunizante formulado a partir da cápsula polissacarídica da bactéria S. pneumoniae. A conjugação desses polissacarídeos a uma proteína carreadora aumenta a imunogenicidade da vacina, promovendo uma resposta imune mais forte e duradoura. Isso é particularmente importante em populações de risco, como crianças pequenas e adultos com comorbidades, que são mais suscetíveis a infecções pneumocócicas graves. Eficácia e segurança da vacina Estudos de imunogenicidade mostram que a VPC15 promove níveis elevados de anticorpos contra os 15 sorotipos incluídos na vacina. Ensaios comparativos de imunogenicidade entre a VPC15 e a VPC13 demonstram que a primeira tem um perfil de segurança e eficácia semelhante, com a vantagem adicional de cobertura contra os sorotipos 22F e 33F. Dados de VPC de crianças de seis semanas de vida até menores de 17 anos mostram respostas imunes não inferiores a VPC13 para os 13 sorotipos compartilhados, quando comparados em todas as populações pediátricas e esquemas específicos que foram avaliados, como lactentes 3+1 ou 2+1, que mostrou ser altamente eficaz na prevenção de doença pneumocócica invasiva, com redução da incidência de infecções graves com quadros de pneumonia, meningite e bacteremia (sepse). Reações adversas e contraindicações Assim como qualquer vacina, a VPC15 respondeu aos critérios de não inferioridade, quando comparada à VPC13, em uma margem de não inferioridade de 2 vezes para a proporção de títulos médios geométricos de OPA (atividade opsonofagocítica específica do sorotipo).  A VPC15 pode apresentar reações geralmente leves a moderadas e de curta duração (até 3 dias), diferenciando-se por faixa etária e grau, sendo mais comuns (1 em cada 10) reações observadas após o uso, conforme especificadas a seguir. Em bebês e crianças de seis meses a 2 anos de idade: dor, calor, rubor e edema no local da aplicação; irritabilidade; sonolência; anorexia. Em crianças e adolescentes, de dois anos a menores de 17 anos, 11 meses e 28 dias de idade: dor, calor, rubor e edema no local da aplicação; mialgia; astenia; anorexia. Em adultos com 18 anos completos e mais: dor, calor, rubor e edema no local da aplicação; mialgia; cefaleia; dor nas articulações (mais presente entre 18 e 49 anos de idade). A VPC15 é contraindicada em pacientes com histórico de reação anafilática ou alergia a qualquer componente da vacina (ou que contenha toxoide diftérico) e não deve ser utilizada por mulheres grávidas sem orientação médica. Indicações da vacina Pneumo 15 A vacina pneumocócica com 15 sorotipos previne a grande maioria das infecções pela bactéria Streptococcus pneumoniae (Spn). Como princípios ativos, ela contém 32 mcg de polissacarídeos pneumocócicos totais (2,0 mcg cada dos sorotipos polissacarídeos 1, 3, 4, 5, 6A, 7F, 9V, 14, 18C, 19A, 19F, 22F, 23F, 33F e 4,0 mcg de sorotipo polissacarídeo 6B), sendo conjugados com 30 mcg de proteína carreadora CRM197, ainda com excipientes de cloreto de sódio, L-histidina, polissorbato 20, água para injetáveis e alumínio (como adjuvante fosfato de alumínio). A VCP15 está indicada para bebês, crianças, adolescentes de seis semanas a 17 anos, 11 meses e 28 dias de idade, como também adultos e idosos, particularmente pessoas com comorbidades com risco de infecção pelo Streptococcus pneumoniae 1, 3, 4, 5, 6A, 6B, 7F, 9V, 14, 18C, 19A, 19F, 22F, 23F e 33F. Pacientes em condições de imunossupressão, como aqueles submetidos a tratamento oncológico, transplantados ou que vivem com HIV, portadores de doenças crônicas, como asma grave e diabetes, estão em maior risco de desenvolver doença grave. Para esses grupos, a vacinação com a VPC15 é uma medida preventiva eficaz que pode reduzir significativamente a incidência e a gravidade das infecções. O esquema de vacinação recomendado para a VPC15 consiste em quatro doses, seguindo um esquema de 3 doses + 1. As doses são administradas aos dois, quatro e seis meses, e entre 12 a 15 meses, em bebês saudáveis. Esse esquema foi desenvolvido para garantir uma imunização eficaz desde os primeiros meses de vida, proporcionando proteção contínua durante os primeiros anos, críticos para o desenvolvimento imunológico. Já a partir de 60 anos, o calendário de vacinação da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) 2024/2025 indica: Para aqueles que já receberam uma dose de VPP23, recomenda-se o intervalo de um ano para a aplicação de VPC13 ou VPC15. A segunda dose de VPP23 deve ser feita cinco anos após a primeira, mantendo o intervalo de seis a 12 meses com a VPC13 ou VPC15; Para os que já receberam duas doses de VPP23, recomenda-se uma dose de VPC13 ou VPC15, com intervalo mínimo de um ano após a última dose de VPP23; Se a segunda dose de VPP23 foi aplicada antes dos 60 anos, está recomendada uma terceira dose depois dessa idade, com intervalo mínimo de cinco anos da última dose. Intercambialidade de vacinas Após estudos sobre a intercambialidade de vacinas, concluiu-se que a concentração de anticorpos específicos após a dose de reforço, em todos os esquemas mistos analisados, foi adequada e equivalente à verificada nos esquemas completos de VPC13 e de VPC15. Dessa forma, respaldada em qualquer ponto do esquema vacinal iniciado com a VPC13, pode ser completado com esquema da VPC15 da seguinte maneira: três doses de VPC13 e uma de VPC15; duas doses de VPC13 e duas de VPC15; ou uma dose de VPC13 e três de VPC15. Qual a importância da vacinação? A ampliação dos sorotipos das vacinas pneumocócicas conjugadas evoluiu ao longo do tempo, considerando o desenvolvimento de formulações de vacinas de próxima geração, em função do surgimento de novos sorotipos produzindo DPI mais graves.  O uso indiscriminado de antibióticos e a evolução da resistência do S. pneumoniae tornaram-se um desafio crescente e complexo na prática médica. Diversas evidências científicas têm demonstrado a resistência do pneumococo às penicilinas, com o aumento progressivo das taxas de incidências de resistência. Nesse contexto, a vacinação se destaca como uma medida preventiva imprescindível. Ao reduzir a incidência de infecções pneumocócicas, a vacinação diminui a necessidade do uso de antibióticos e, consequentemente, a resistência bacteriana. A vacinação não só protege o indivíduo vacinado, mas também contribui para a saúde pública em sua totalidade. Para continuar se aprofundando no tema sobre vacinação, sugerimos a leitura de um conteúdo sobre outro importante imunizante, a vacina da dengue. No texto, você poderá obter mais informações sobre a vacina Qdenga®, uma inovadora vacina que demonstrou boa eficácia, protegendo contra os diferentes sorotipos do vírus causador da dengue. Boa leitura! Referências: Epidemiology and Prevention of Vaccine-Preventable Diseases, disponível em: https://www.cdc.gov/pinkbook/hcp/table-of-contents/chapter-17-pneumococcal-disease.html  Balsells E, Guillot L, Nair H et al. Serotype distribution of Streptococcus pneumoniae causing invasive disease in children in the post-PCV era: a systematic review and meta-analysis. Plos One. 2017;12(5):e0177113. Boletins SIREVA, disponíveis em: http://www.ial.sp.gov.br/resources/insituto-adolfo-lutz/publicacoes/sireva_2021_4.pdf http://www.ial.sp.gov.br/resources/insituto-adolfo-lutz/publicacoes/sireva_2022_v3_2.pdf Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Articulação Estratégica de Vigilância em Saúde. Guia de Vigilância em Saúde [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Articulação Estratégica de Vigilância em Saúde. – 5. ed. rev. e atual. – Brasília : Ministério da Saúde, 2022. 1.126 p. : il. Bula vigente de VAXNEUVANCE, disponível em: https://saude.msd.com.br/wp-content/uploads/sites/91/2023/09/Vaxneuvance_Bula-profissional.pdf Chaelin Kim,Marianne Holm, Isabel Frost, Mateusz Hasso-Agopsowicz , Kaja Abbas. Global and regional burden of attributable and associated bacterial antimicrobial resistance avertable by vaccination: modelling study. im C, et al. BMJ Glob Health 2023;8:e011341. doi:10.1136/bmjgh-2022-011341 European Centre for Disease Prevention and Control. Invasive pneumococcal disease. In: ECDC. Annual epidemiological report for 2018. Stockholm: ECDC. 2020. Josiah Ryman,Jeffrey R. Sachs,Ka Lai Yee,Natalie Banniettis,Jessica Weaver &Thomas Weiss. Predicted serotype-specific effectiveness of pneumococcal conjugate vaccines V114 and PCV20 against invasive pneumococcal disease in children.Pages 60-68 | Received 13 Oct 2023, Accepted 05 Dec 2023, Published online: 14 Dec 2023 Reis Rocha. Streptococcus pneumoniae resistente à penicilina (PRP): uma revisão Streptococcus pneumoniae penicillin-resistant (PRP): a review. Brazilian Journal of Health Review, Curitiba, v. 6, n. 4, p. 15880-15889, jul./aug., 2023. Timothy J Chapman , Liset Olarte , Ghassan Dbaibo , Avril Melissa Houston , Gretchen Tamms , Robert Lupinacci , Kristen Feemster , Ulrike K Buchwald , Natalie Banniettis . PCV15, a pneumococcal conjugate vaccine, for the prevention of invasive pneumococcal disease in infants and children. Review Expert Rev Vaccines. 2024 Jan-Dec;23(1):137-147. doi: 10.1080/14760584.2023.2294153 Benfield TL, Rämet M, Valentini P, et al. A Phase 3 Study of Safety, Tolerability and Immunogenicity of V114 Compared with PCV13 in a 2+1 Regimen in Healthy Infants (PNEU–PED–EU–2). ESPID; 2022. Predicted serotype-specific effectiveness of pneumococcal conjugate vaccines V114 and PCV20 against invasive pneumococcal disease in children (Expert Rev Vaccines, 2024): https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/14760584.2023.2292773 Whang YH, Kim SK, Yoon H, Choi SK, Baik YO, Lee C, Lee I. Reduction of free polysaccharide contamination in the production of a 15-valent pneumococcal conjugate vaccine. PLoS One. 2020 Dec 10;15(12):e0243909. doi: 10.1371/journal.pone.0243909. Chapman TJ, et al. PCV15, a pneumococcal conjugate vaccine, for the prevention of invasive pneumococcal disease in infants and children. Expert Rev Vaccines. 2024 Jan-Dec;23(1):137-147. doi: 10.1080/14760584.2023.2294153.