Sabin Por: Sabin
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Doenças oftalmológicas abrangem uma ampla variedade de condições que afetam os olhos e a visão, impactando significativamente a qualidade de vida das pessoas. Entre essas condições, destacam-se as retinopatias hereditárias, um grupo de doenças genéticas que afetam a retina.

Com os avanços na área da genômica, atualmente é possível identificar variantes genéticas associadas a diferentes tipos de retinopatias hereditárias, por meio de modernos painéis realizados por Sequenciamento de Nova Geração (NGS), que auxiliam consideravelmente no diagnóstico dessas condições. Além de torná-los muito mais precisos e eficazes, os testes genéticos possibilitam tratamentos específicos, quando disponíveis, e o adequado aconselhamento genético. 

Neste conteúdo, você encontrará informações muito importantes sobre as principais retinopatias hereditárias, e como os painéis genéticos podem ser úteis no diagnóstico e no tratamento.

O que são retinopatias?

As retinopatias hereditárias são um conjunto de distúrbios genéticos que acometem a retina, levando a uma variedade de sintomas visuais que podem variar de leves a graves, a depender do tipo de retinopatia e avanço do quadro clínico. Essas condições podem ser causadas por variantes genéticas em um ou mais genes relacionados ao funcionamento da retina, podendo causar degeneração celular e perda de visão. 

Existem mais de 260 genes identificados e associados ao desenvolvimento de retinopatias hereditárias. O fenótipo específico de cada retinopatia é dependente do tipo de proteína afetada pela variante genética. Em geral, o primeiro indício pode ser a perda da capacidade de enxergar à noite e o comprometimento da visão periférica, chegando a evoluir para a visão central e, por fim, cegueira.

As retinopatias hereditárias podem adotar distintos padrões de herança, como a autossômica recessiva, autossômica dominante, ligada ao cromossomo X ou mitocondrial.

Quais as principais retinopatias hereditárias?

Como mencionado, existem vários tipos de retinopatias com diferentes fenótipos. A seguir, apresentaremos brevemente algumas características das principais retinopatias hereditárias.

Retinose pigmentar

A retinose pigmentar é uma das retinopatias hereditárias mais conhecidas, atingindo a média de um em cada cinco mil indivíduos. Pode ser causada por variações em mais de 60 genes que regulam o funcionamento das células da retina.

É uma condição caracterizada pela degeneração progressiva das células fotorreceptoras, resultando em perda gradual das visões periférica e noturna, sendo que a visão central é geralmente preservada nos estágios iniciais, podendo ocasionar cegueira total com a evolução da doença (após anos do seu início). 

A princípio, a perda da função dos bastonetes leva à nictalopia (redução da acuidade visual em ambientes com baixa luminosidade ou à noite), com progressão para perda da visão periférica e, em quadros avançados, redução da acuidade visual.

As retinoses pigmentares com herança autossômica dominante podem decorrer de alterações em mais de 20 genes distintos e geralmente apresentam quadro clínico relativamente atenuado, com manifestações mais tardias. As formas autossômicas recessivas apresentam heterogeneidade genética ainda maior, com mais de 60 genes já implicados, e podem apresentar fenótipo mais grave, em que as alterações visuais podem estar presentes desde a infância. 

Já os casos de retinose pigmentar relacionados a variantes no cromossomo X podem apresentar quadros clínicos mais graves em pacientes do sexo masculino, enquanto as mulheres portadoras podem apresentar quadros atenuados, ou mesmo serem assintomáticas. A maioria dos casos é atribuída a mutações nos genes RPGR e RP2.

Distrofia de cones/bastonetes

Grupo de doenças que afeta especificamente os cones e os bastonetes na retina. A degeneração dessas células leva à perda progressiva da visão, incluindo dificuldade em distinguir cores e perda de visão noturna. 

A distrofia de cones/bastonetes pode ser causada por variantes em diversos genes, possuindo prevalência estimada de uma para cada 40 mil pessoas. Sua origem na forma não sindrômica pode estar relacionada a mais de 30 genes. Também pode ocorrer na forma de herança autossômica recessiva, dominante ou ligada ao cromossomo X. Além das formas não sindrômicas, numerosas condições genéticas sindrômicas podem levar à distrofia de cones e bastonetes.

Síndrome de Usher

Condição genética rara que combina perda auditiva e retinopatia, levando à surdez e à perda gradual da visão. A síndrome de Usher é heterogênea, podendo ser causada por diferentes variantes genéticas.

É classificada em três tipos diferentes, conforme a gravidade da perda auditiva, presença ou ausência de anormalidades vestibulares (problemas de equilíbrio) e idade em que os sintomas aparecem. 

Nove genes estão associados à síndrome, todos herdados em um padrão de herança autossômica recessiva. Atualmente, a condição é responsável por cerca de 50% dos casos de perdas visual e auditiva hereditárias concomitantes.

Doença de Stargardt

A doença de Stargardt é uma das principais causas de degeneração macular juvenil congênita, levando à degeneração dos cones e ao comprometimento da visão central. 

É uma condição hereditária que pode apresentar padrão autossômico recessivo, devido a variantes no gene ABCA4, ou autossômico dominante, associado aos genes ELOVL4 e PROM1.

Acromatopsia

A acromatopsia é uma doença hereditária rara, autossômica recessiva, com prevalência estimada de aproximadamente uma para cada 30 a 50 mil pessoas em todo o mundo.

É uma doença de início infantil que afeta os fotorreceptores cônicos, resultando em diminuição da visão, sensibilidade excessiva à luz e dificuldade para enxergar cores. Pode ser popularmente confundida com o daltonismo (discromatopsia), que se caracteriza pela dificuldade de discernimento entre as cores, ao passo que a acromatopsia é a perda completa ou parcial da percepção das cores.

Amaurose congênita de Leber

Retinopatia degenerativa hereditária rara que leva à disfunção da retina, manifestando-se logo após o nascimento e causando cegueira ou visão muito limitada em bebês e crianças.

De todas as degenerações da retina, a amaurose congênita de Leber é a que geralmente tem início mais precoce e perda visual mais grave. Seu padrão de herança é autossômico recessivo, e sabe-se que mais de 25 variantes genéticas podem estar associadas ao desenvolvimento da condição.

É importante ressaltar que existem outras retinopatias hereditárias, cada uma com suas características e causas genéticas específicas. Os avanços na pesquisa genética e a disponibilidade de painéis têm permitido a identificação de variantes patogênicas em uma proporção crescente, possibilitando diagnósticos mais precisos e, em alguns casos, abrindo caminho para terapias direcionadas.

Como os painéis genéticos auxiliam no diagnóstico e tratamento de retinopatias hereditárias?

Painéis genéticos podem ser ferramentas muito úteis para o diagnóstico e tratamento de retinopatias hereditárias, pois a detecção precoce e a compreensão da base genética dessas doenças são fundamentais para o manejo adequado dos pacientes.

Ao sequenciar genes associados às retinopatias hereditárias, os médicos podem identificar variantes específicas que podem estar correlacionadas com o quadro clínico do paciente. Isso é fundamental para um diagnóstico preciso e ajuda a distinguir retinopatias hereditárias de outras doenças oculares que podem ter sintomatologia semelhante.

Quando se trata de retinopatias hereditárias, a informação genética também pode ser utilizada no aconselhamento genético, para avaliar o risco de um paciente transmitir a herança aos seus descendentes. Isso é importante para aconselhar pacientes sobre questões de reprodução e planejamento familiar.

Além de fornecer informações sobre a causa da doença, os painéis genéticos também podem ajudar a prever a progressão da retinopatia. Isso é valioso para o desenvolvimento de planos de tratamento individualizados e para prever a evolução da condição e complicações futuras.

Mas é sempre muito importante salientar que os painéis genéticos devem ser usados sempre em conjunto com informações clínicas e avaliação oftalmológica. A avaliação isolada dos resultados do painel não deve ser utilizada como critério de definição diagnóstica, sendo a correlação entre os achados genéticos e clínicos essencial para um diagnóstico preciso.

Painel molecular para retinopatias hereditárias

O painel para investigação de retinopatias hereditárias do Sabin Diagnóstico e Saúde sequencia mais de 300 genes relacionados a retinopatias de etiologia genética. 

No painel, são investigadas retinopatias não sindrômicas, que incluem retinoses pigmentares, atrofias ópticas, distrofias de cones e bastonetes, além de retinopatias associadas a condições que acometem outros órgãos e sistemas, como a síndrome de Bardet-Biedl, a lipofuscinose ceroide neuronal, a atrofia óptica, a síndrome de Joubert, as vitreorretinopatias, a síndrome de Senior-Loken, entre outras.

Adicionalmente à análise dos genes nucleares, o painel também inclui a análise de 37 genes de DNA mitocondrial, que também podem estar associados a condições que cursam com alterações visuais, como a neuropatia óptica hereditária de Leber. 

O exame permite, ainda, a identificação de variantes de nucleotídeo único (SNVs), pequenas inserções e deleções (INDELS), bem como variações no número de cópias (CNVs). Vale destacar que variantes benignas não são reportadas no laudo final.

Para realizar o painel de retinopatias hereditárias, é utilizada a tecnologia de NGS, uma técnica de última geração que permite a análise simultânea de múltiplos genes em uma única corrida. Essa abordagem permite alta eficiência e precisão na detecção de variantes patogênicas relevantes para o diagnóstico das retinopatias hereditárias.

Se você gostou do conteúdo, compartilhe com seus colegas médicos e não deixe de acompanhar as atualizações em medicina diagnóstica no Sabin. Para aprofundar seu conhecimento em exames genéticos, sugerimos a leitura do conteúdo sobre a utilidade diagnóstica do painel genético para neoplasias mieloides

Sabin avisa:

Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames.

Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas. 

Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial.

Referências:

Brunetti-Pierri R, Karali M, Melillo P, Di Iorio V, De Benedictis A, Iaccarino G, Testa F, Banfi S, Simonelli F. Clinical and Molecular Characterization of Achromatopsia Patients: A Longitudinal Study. Int J Mol Sci. 2021 Feb 7;22(4):1681. doi: 10.3390/ijms22041681

Fahim AT, Daiger SP, Weleber RG. Nonsyndromic Retinitis Pigmentosa Overview. 2000 Aug 4 [Updated 2023 Apr 6]. In: Adam MP, Mirzaa GM, Pagon RA, et al., editors. GeneReviews® [Internet]. Seattle (WA): University of Washington, Seattle; 1993-2023. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK1417/

Kohli P, Kaur K. Stargardt Disease. [Updated 2023 May 4]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2023 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK587351/Stone WL, Patel BC, Basit H, et al. Retinopathy. [Updated 2023 Aug 8]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2023 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK541131/

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Utilidade diagnóstica de painéis genéticos para retinopatias hereditárias; Doenças oftalmológicas abrangem uma ampla variedade de condições que afetam os olhos e a visão, impactando significativamente a qualidade de vida das pessoas. Entre essas condições, destacam-se as retinopatias hereditárias, um grupo de doenças genéticas que afetam a retina. Com os avanços na área da genômica, atualmente é possível identificar variantes genéticas associadas a diferentes tipos de retinopatias hereditárias, por meio de modernos painéis realizados por Sequenciamento de Nova Geração (NGS), que auxiliam consideravelmente no diagnóstico dessas condições. Além de torná-los muito mais precisos e eficazes, os testes genéticos possibilitam tratamentos específicos, quando disponíveis, e o adequado aconselhamento genético.  Neste conteúdo, você encontrará informações muito importantes sobre as principais retinopatias hereditárias, e como os painéis genéticos podem ser úteis no diagnóstico e no tratamento. O que são retinopatias? As retinopatias hereditárias são um conjunto de distúrbios genéticos que acometem a retina, levando a uma variedade de sintomas visuais que podem variar de leves a graves, a depender do tipo de retinopatia e avanço do quadro clínico. Essas condições podem ser causadas por variantes genéticas em um ou mais genes relacionados ao funcionamento da retina, podendo causar degeneração celular e perda de visão.  Existem mais de 260 genes identificados e associados ao desenvolvimento de retinopatias hereditárias. O fenótipo específico de cada retinopatia é dependente do tipo de proteína afetada pela variante genética. Em geral, o primeiro indício pode ser a perda da capacidade de enxergar à noite e o comprometimento da visão periférica, chegando a evoluir para a visão central e, por fim, cegueira. As retinopatias hereditárias podem adotar distintos padrões de herança, como a autossômica recessiva, autossômica dominante, ligada ao cromossomo X ou mitocondrial. Quais as principais retinopatias hereditárias? Como mencionado, existem vários tipos de retinopatias com diferentes fenótipos. A seguir, apresentaremos brevemente algumas características das principais retinopatias hereditárias. Retinose pigmentar A retinose pigmentar é uma das retinopatias hereditárias mais conhecidas, atingindo a média de um em cada cinco mil indivíduos. Pode ser causada por variações em mais de 60 genes que regulam o funcionamento das células da retina. É uma condição caracterizada pela degeneração progressiva das células fotorreceptoras, resultando em perda gradual das visões periférica e noturna, sendo que a visão central é geralmente preservada nos estágios iniciais, podendo ocasionar cegueira total com a evolução da doença (após anos do seu início).  A princípio, a perda da função dos bastonetes leva à nictalopia (redução da acuidade visual em ambientes com baixa luminosidade ou à noite), com progressão para perda da visão periférica e, em quadros avançados, redução da acuidade visual. As retinoses pigmentares com herança autossômica dominante podem decorrer de alterações em mais de 20 genes distintos e geralmente apresentam quadro clínico relativamente atenuado, com manifestações mais tardias. As formas autossômicas recessivas apresentam heterogeneidade genética ainda maior, com mais de 60 genes já implicados, e podem apresentar fenótipo mais grave, em que as alterações visuais podem estar presentes desde a infância.  Já os casos de retinose pigmentar relacionados a variantes no cromossomo X podem apresentar quadros clínicos mais graves em pacientes do sexo masculino, enquanto as mulheres portadoras podem apresentar quadros atenuados, ou mesmo serem assintomáticas. A maioria dos casos é atribuída a mutações nos genes RPGR e RP2. Distrofia de cones/bastonetes Grupo de doenças que afeta especificamente os cones e os bastonetes na retina. A degeneração dessas células leva à perda progressiva da visão, incluindo dificuldade em distinguir cores e perda de visão noturna.  A distrofia de cones/bastonetes pode ser causada por variantes em diversos genes, possuindo prevalência estimada de uma para cada 40 mil pessoas. Sua origem na forma não sindrômica pode estar relacionada a mais de 30 genes. Também pode ocorrer na forma de herança autossômica recessiva, dominante ou ligada ao cromossomo X. Além das formas não sindrômicas, numerosas condições genéticas sindrômicas podem levar à distrofia de cones e bastonetes. Síndrome de Usher Condição genética rara que combina perda auditiva e retinopatia, levando à surdez e à perda gradual da visão. A síndrome de Usher é heterogênea, podendo ser causada por diferentes variantes genéticas. É classificada em três tipos diferentes, conforme a gravidade da perda auditiva, presença ou ausência de anormalidades vestibulares (problemas de equilíbrio) e idade em que os sintomas aparecem.  Nove genes estão associados à síndrome, todos herdados em um padrão de herança autossômica recessiva. Atualmente, a condição é responsável por cerca de 50% dos casos de perdas visual e auditiva hereditárias concomitantes. Doença de Stargardt A doença de Stargardt é uma das principais causas de degeneração macular juvenil congênita, levando à degeneração dos cones e ao comprometimento da visão central.  É uma condição hereditária que pode apresentar padrão autossômico recessivo, devido a variantes no gene ABCA4, ou autossômico dominante, associado aos genes ELOVL4 e PROM1. Acromatopsia A acromatopsia é uma doença hereditária rara, autossômica recessiva, com prevalência estimada de aproximadamente uma para cada 30 a 50 mil pessoas em todo o mundo. É uma doença de início infantil que afeta os fotorreceptores cônicos, resultando em diminuição da visão, sensibilidade excessiva à luz e dificuldade para enxergar cores. Pode ser popularmente confundida com o daltonismo (discromatopsia), que se caracteriza pela dificuldade de discernimento entre as cores, ao passo que a acromatopsia é a perda completa ou parcial da percepção das cores. Amaurose congênita de Leber Retinopatia degenerativa hereditária rara que leva à disfunção da retina, manifestando-se logo após o nascimento e causando cegueira ou visão muito limitada em bebês e crianças. De todas as degenerações da retina, a amaurose congênita de Leber é a que geralmente tem início mais precoce e perda visual mais grave. Seu padrão de herança é autossômico recessivo, e sabe-se que mais de 25 variantes genéticas podem estar associadas ao desenvolvimento da condição. É importante ressaltar que existem outras retinopatias hereditárias, cada uma com suas características e causas genéticas específicas. Os avanços na pesquisa genética e a disponibilidade de painéis têm permitido a identificação de variantes patogênicas em uma proporção crescente, possibilitando diagnósticos mais precisos e, em alguns casos, abrindo caminho para terapias direcionadas. Como os painéis genéticos auxiliam no diagnóstico e tratamento de retinopatias hereditárias? Painéis genéticos podem ser ferramentas muito úteis para o diagnóstico e tratamento de retinopatias hereditárias, pois a detecção precoce e a compreensão da base genética dessas doenças são fundamentais para o manejo adequado dos pacientes. Ao sequenciar genes associados às retinopatias hereditárias, os médicos podem identificar variantes específicas que podem estar correlacionadas com o quadro clínico do paciente. Isso é fundamental para um diagnóstico preciso e ajuda a distinguir retinopatias hereditárias de outras doenças oculares que podem ter sintomatologia semelhante. Quando se trata de retinopatias hereditárias, a informação genética também pode ser utilizada no aconselhamento genético, para avaliar o risco de um paciente transmitir a herança aos seus descendentes. Isso é importante para aconselhar pacientes sobre questões de reprodução e planejamento familiar. Além de fornecer informações sobre a causa da doença, os painéis genéticos também podem ajudar a prever a progressão da retinopatia. Isso é valioso para o desenvolvimento de planos de tratamento individualizados e para prever a evolução da condição e complicações futuras. Mas é sempre muito importante salientar que os painéis genéticos devem ser usados sempre em conjunto com informações clínicas e avaliação oftalmológica. A avaliação isolada dos resultados do painel não deve ser utilizada como critério de definição diagnóstica, sendo a correlação entre os achados genéticos e clínicos essencial para um diagnóstico preciso. Painel molecular para retinopatias hereditárias O painel para investigação de retinopatias hereditárias do Sabin Diagnóstico e Saúde sequencia mais de 300 genes relacionados a retinopatias de etiologia genética.  No painel, são investigadas retinopatias não sindrômicas, que incluem retinoses pigmentares, atrofias ópticas, distrofias de cones e bastonetes, além de retinopatias associadas a condições que acometem outros órgãos e sistemas, como a síndrome de Bardet-Biedl, a lipofuscinose ceroide neuronal, a atrofia óptica, a síndrome de Joubert, as vitreorretinopatias, a síndrome de Senior-Loken, entre outras. Adicionalmente à análise dos genes nucleares, o painel também inclui a análise de 37 genes de DNA mitocondrial, que também podem estar associados a condições que cursam com alterações visuais, como a neuropatia óptica hereditária de Leber.  O exame permite, ainda, a identificação de variantes de nucleotídeo único (SNVs), pequenas inserções e deleções (INDELS), bem como variações no número de cópias (CNVs). Vale destacar que variantes benignas não são reportadas no laudo final. Para realizar o painel de retinopatias hereditárias, é utilizada a tecnologia de NGS, uma técnica de última geração que permite a análise simultânea de múltiplos genes em uma única corrida. Essa abordagem permite alta eficiência e precisão na detecção de variantes patogênicas relevantes para o diagnóstico das retinopatias hereditárias. Se você gostou do conteúdo, compartilhe com seus colegas médicos e não deixe de acompanhar as atualizações em medicina diagnóstica no Sabin. Para aprofundar seu conhecimento em exames genéticos, sugerimos a leitura do conteúdo sobre a utilidade diagnóstica do painel genético para neoplasias mieloides.  Sabin avisa: Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames. Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas.  Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial. Referências: Brunetti-Pierri R, Karali M, Melillo P, Di Iorio V, De Benedictis A, Iaccarino G, Testa F, Banfi S, Simonelli F. Clinical and Molecular Characterization of Achromatopsia Patients: A Longitudinal Study. Int J Mol Sci. 2021 Feb 7;22(4):1681. doi: 10.3390/ijms22041681 Fahim AT, Daiger SP, Weleber RG. Nonsyndromic Retinitis Pigmentosa Overview. 2000 Aug 4 [Updated 2023 Apr 6]. In: Adam MP, Mirzaa GM, Pagon RA, et al., editors. GeneReviews® [Internet]. Seattle (WA): University of Washington, Seattle; 1993-2023. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK1417/ Kohli P, Kaur K. Stargardt Disease. [Updated 2023 May 4]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2023 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK587351/Stone WL, Patel BC, Basit H, et al. Retinopathy. [Updated 2023 Aug 8]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2023 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK541131/