Sabin Por: Sabin
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A uveíte é uma inflamação que atinge a parte interna dos olhos e pode comprometer seriamente a visão, especialmente se não for diagnosticada e tratada de forma correta. Embora não seja muito conhecida pelo grande público, a condição pode se manifestar em qualquer fase da vida, com maior incidência entre 20 e 50 anos de idade.

No conteúdo de hoje, abordaremos os principais tópicos da uveíte, para que você possa se atualizar e também buscar um oftalmologista ao primeiro sinal de alerta. Continue a leitura para saber mais!

O que é a uveíte?

A uveíte é uma inflamação que afeta a úvea, uma das camadas internas do olho, formada pela íris, pelo corpo ciliar e pela coroide. Essa região é responsável por nutrir estruturas importantes do olho e, por ser altamente vascularizada, é também mais vulnerável a processos inflamatórios.

A inflamação pode se restringir a uma dessas estruturas ou se espalhar para outras partes, como a retina e o vítreo. Quando isso ocorre, os danos podem ser mais severos. 

A uveíte é classificada de acordo com a região afetada, podendo ser chamada de uveíte anterior (íris), intermediária (corpo ciliar), posterior (coroide e retina) ou panuveíte (inflamação difusa em todas as partes).

Quais são os sintomas da uveíte?

Os sintomas variam conforme a área do olho afetada e a gravidade da inflamação. Em geral, os sinais mais frequentes incluem dor ocular, vermelhidão, sensibilidade à luz (fotofobia), visão embaçada e a presença de pontos escuros que flutuam no campo visual. Os sintomas podem aparecer subitamente ou se desenvolver de maneira progressiva.

Cabe ressaltar que, por vezes, os sinais são confundidos com outras doenças menos graves, como conjuntivite. No entanto, a uveíte exige atenção especializada, pois seu potencial de causar danos permanentes à visão é elevado.

O que causa a uveíte?

A uveíte pode ter várias origens, entre as quais, as de natureza infecciosa e parasitária, tais como: toxoplasmose ocular, herpesvírus, sífilis e citomegalovírus figuram entre as mais importantes. As outras são de origem não infecciosa, em particular as ligadas a doenças autoimunes, como artrite idiopática juvenil, espondilite anquilosante, lúpus e doenças inflamatórias intestinais.

Traumas oculares e reações adversas a medicamentos também podem desencadear o quadro. Em muitos pacientes, mesmo após investigação detalhada, não se encontra uma causa definida, sendo, então, chamada de uveíte idiopática.

A uveíte pode afetar a visão?

Quando não é tratada corretamente, a uveíte pode comprometer a visão de forma significativa. De modo geral, as uveítes estão entre as principais causas de perda irreversível da visão, inclusive nos países desenvolvidos.

Entre as complicações mais comuns, estão o desenvolvimento precoce de catarata, o aumento da pressão intraocular levando ao glaucoma, o inchaço da retina (edema macular) e, em casos graves, a perda irreversível da visão.

Além disso, processos inflamatórios contínuos podem lesionar estruturas delicadas do olho, como o nervo óptico ou a mácula, área central da retina responsável pela visão detalhada. Por isso, o diagnóstico precoce e o acompanhamento com oftalmologista são fundamentais para evitar esses desfechos.

Como é feito o diagnóstico da uveíte?

O diagnóstico da uveíte começa com um exame oftalmológico completo, no qual o médico avalia a parte interna do olho e identifica sinais de inflamação. A partir dessa avaliação inicial, exames complementares podem ser solicitados para entender a causa da uveíte.

Entre os exames, destacam-se: a tomografia de coerência óptica (OCT), que permite uma visualização detalhada da retina; a angiografia ocular, que analisa a circulação sanguínea na retina; exames laboratoriais de sangue; e, em casos selecionados, exames moleculares como a PCR, que detecta a presença de agentes infecciosos diretamente em amostras oculares.

Essas ferramentas auxiliam o oftalmologista a diferenciar as causas infecciosas das autoimunes e definir o tratamento mais adequado para cada situação.

Qual é o tratamento da uveíte?

O tratamento da uveíte depende da causa, localização e gravidade. Em casos mais simples, como nas uveítes anteriores, o uso de colírios com corticoides e anti-inflamatórios pode ser suficiente. Já nos casos mais graves ou persistentes, pode ser necessário o uso de medicamentos por via oral ou injetável, como corticoides sistêmicos, imunossupressores ou imunobiológicos.

Quando a causa é infecciosa, como em quadros causados por toxoplasmose ou herpes, o tratamento específico com antibióticos ou antivirais é indicado. Também é importante tratar a doença de base em casos relacionados a condições autoimunes.

Cada caso requer avaliação individualizada, e o acompanhamento médico contínuo é necessário para evitar recaídas e controlar a inflamação com segurança.

Uveíte tem cura? Como prevenir complicações?

A resposta varia de acordo com a causa. Algumas uveítes podem ser completamente resolvidas com o tratamento adequado. Outras, sobretudo aquelas relacionadas a doenças autoimunes, podem apresentar recorrências ao longo da vida, exigindo controle a longo prazo.

Para evitar complicações, é essencial iniciar o tratamento o mais cedo possível, manter as consultas oftalmológicas em dia e seguir rigorosamente as orientações médicas. O uso correto dos colírios, a adesão ao esquema de medicamentos e o acompanhamento laboratorial são peças-chave para preservar a saúde ocular e prevenir a perda da visão.

Quando procurar um oftalmologista?

Alterações na visão, como embaçamento, dor nos olhos, aumento da sensibilidade à luz ou percepção de manchas flutuantes no campo visual, devem ser investigadas o quanto antes. Esses sintomas não devem ser ignorados, principalmente se persistirem por mais de um ou dois dias.

Mesmo em casos leves, procure avaliação especializada. A uveíte pode evoluir silenciosamente e ser diagnosticada somente quando a inflamação já causou danos importantes. Quanto mais cedo for iniciado o tratamento, maiores são as chances de evitar complicações graves.

Quer saber mais sobre como cuidar da sua saúde ocular? Acesse também nosso conteúdo sobre glaucoma no Blog do Sabin! 

Sabin avisa:

Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames.

Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas. 

Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial.

Referências:

Burkholder, Bryn M, and Douglas A Jabs. “Uveitis for the non-ophthalmologist.” BMJ (Clinical research ed.) vol. 372 m4979. 3 Feb. 2021, doi:10.1136/bmj.m4979

Sève, Pascal et al. “Uveitis: Diagnostic work-up. A literature review and recommendations from an expert committee.” Autoimmunity reviews vol. 16,12 (2017): 1254-1264. doi:10.1016/j.autrev.2017.10.010

Wu, Xue et al. “Pathogenesis and current therapies for non-infectious uveitis.” Clinical and experimental medicine vol. 23,4 (2023): 1089-1106. doi:10.1007/s10238-022-00954-6

CONITEC – Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas: Uveítes não infecciosas. Brasília: Ministério da Saúde; 2019. Disponível em: relatorio_pcdt_uvetesnaoinfecciosas_cp29_2019.pdf

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Uveíte: entenda causas, sintomas e tratamento; A uveíte é uma inflamação que atinge a parte interna dos olhos e pode comprometer seriamente a visão, especialmente se não for diagnosticada e tratada de forma correta. Embora não seja muito conhecida pelo grande público, a condição pode se manifestar em qualquer fase da vida, com maior incidência entre 20 e 50 anos de idade. No conteúdo de hoje, abordaremos os principais tópicos da uveíte, para que você possa se atualizar e também buscar um oftalmologista ao primeiro sinal de alerta. Continue a leitura para saber mais! O que é a uveíte? A uveíte é uma inflamação que afeta a úvea, uma das camadas internas do olho, formada pela íris, pelo corpo ciliar e pela coroide. Essa região é responsável por nutrir estruturas importantes do olho e, por ser altamente vascularizada, é também mais vulnerável a processos inflamatórios. A inflamação pode se restringir a uma dessas estruturas ou se espalhar para outras partes, como a retina e o vítreo. Quando isso ocorre, os danos podem ser mais severos.  A uveíte é classificada de acordo com a região afetada, podendo ser chamada de uveíte anterior (íris), intermediária (corpo ciliar), posterior (coroide e retina) ou panuveíte (inflamação difusa em todas as partes). Quais são os sintomas da uveíte? Os sintomas variam conforme a área do olho afetada e a gravidade da inflamação. Em geral, os sinais mais frequentes incluem dor ocular, vermelhidão, sensibilidade à luz (fotofobia), visão embaçada e a presença de pontos escuros que flutuam no campo visual. Os sintomas podem aparecer subitamente ou se desenvolver de maneira progressiva. Cabe ressaltar que, por vezes, os sinais são confundidos com outras doenças menos graves, como conjuntivite. No entanto, a uveíte exige atenção especializada, pois seu potencial de causar danos permanentes à visão é elevado. O que causa a uveíte? A uveíte pode ter várias origens, entre as quais, as de natureza infecciosa e parasitária, tais como: toxoplasmose ocular, herpesvírus, sífilis e citomegalovírus figuram entre as mais importantes. As outras são de origem não infecciosa, em particular as ligadas a doenças autoimunes, como artrite idiopática juvenil, espondilite anquilosante, lúpus e doenças inflamatórias intestinais. Traumas oculares e reações adversas a medicamentos também podem desencadear o quadro. Em muitos pacientes, mesmo após investigação detalhada, não se encontra uma causa definida, sendo, então, chamada de uveíte idiopática. A uveíte pode afetar a visão? Quando não é tratada corretamente, a uveíte pode comprometer a visão de forma significativa. De modo geral, as uveítes estão entre as principais causas de perda irreversível da visão, inclusive nos países desenvolvidos. Entre as complicações mais comuns, estão o desenvolvimento precoce de catarata, o aumento da pressão intraocular levando ao glaucoma, o inchaço da retina (edema macular) e, em casos graves, a perda irreversível da visão. Além disso, processos inflamatórios contínuos podem lesionar estruturas delicadas do olho, como o nervo óptico ou a mácula, área central da retina responsável pela visão detalhada. Por isso, o diagnóstico precoce e o acompanhamento com oftalmologista são fundamentais para evitar esses desfechos. Como é feito o diagnóstico da uveíte? O diagnóstico da uveíte começa com um exame oftalmológico completo, no qual o médico avalia a parte interna do olho e identifica sinais de inflamação. A partir dessa avaliação inicial, exames complementares podem ser solicitados para entender a causa da uveíte. Entre os exames, destacam-se: a tomografia de coerência óptica (OCT), que permite uma visualização detalhada da retina; a angiografia ocular, que analisa a circulação sanguínea na retina; exames laboratoriais de sangue; e, em casos selecionados, exames moleculares como a PCR, que detecta a presença de agentes infecciosos diretamente em amostras oculares. Essas ferramentas auxiliam o oftalmologista a diferenciar as causas infecciosas das autoimunes e definir o tratamento mais adequado para cada situação. Qual é o tratamento da uveíte? O tratamento da uveíte depende da causa, localização e gravidade. Em casos mais simples, como nas uveítes anteriores, o uso de colírios com corticoides e anti-inflamatórios pode ser suficiente. Já nos casos mais graves ou persistentes, pode ser necessário o uso de medicamentos por via oral ou injetável, como corticoides sistêmicos, imunossupressores ou imunobiológicos. Quando a causa é infecciosa, como em quadros causados por toxoplasmose ou herpes, o tratamento específico com antibióticos ou antivirais é indicado. Também é importante tratar a doença de base em casos relacionados a condições autoimunes. Cada caso requer avaliação individualizada, e o acompanhamento médico contínuo é necessário para evitar recaídas e controlar a inflamação com segurança. Uveíte tem cura? Como prevenir complicações? A resposta varia de acordo com a causa. Algumas uveítes podem ser completamente resolvidas com o tratamento adequado. Outras, sobretudo aquelas relacionadas a doenças autoimunes, podem apresentar recorrências ao longo da vida, exigindo controle a longo prazo. Para evitar complicações, é essencial iniciar o tratamento o mais cedo possível, manter as consultas oftalmológicas em dia e seguir rigorosamente as orientações médicas. O uso correto dos colírios, a adesão ao esquema de medicamentos e o acompanhamento laboratorial são peças-chave para preservar a saúde ocular e prevenir a perda da visão. Quando procurar um oftalmologista? Alterações na visão, como embaçamento, dor nos olhos, aumento da sensibilidade à luz ou percepção de manchas flutuantes no campo visual, devem ser investigadas o quanto antes. Esses sintomas não devem ser ignorados, principalmente se persistirem por mais de um ou dois dias. Mesmo em casos leves, procure avaliação especializada. A uveíte pode evoluir silenciosamente e ser diagnosticada somente quando a inflamação já causou danos importantes. Quanto mais cedo for iniciado o tratamento, maiores são as chances de evitar complicações graves. Quer saber mais sobre como cuidar da sua saúde ocular? Acesse também nosso conteúdo sobre glaucoma no Blog do Sabin!  Sabin avisa: Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames. Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas.  Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial. Referências: Burkholder, Bryn M, and Douglas A Jabs. “Uveitis for the non-ophthalmologist.” BMJ (Clinical research ed.) vol. 372 m4979. 3 Feb. 2021, doi:10.1136/bmj.m4979 Sève, Pascal et al. “Uveitis: Diagnostic work-up. A literature review and recommendations from an expert committee.” Autoimmunity reviews vol. 16,12 (2017): 1254-1264. doi:10.1016/j.autrev.2017.10.010 Wu, Xue et al. “Pathogenesis and current therapies for non-infectious uveitis.” Clinical and experimental medicine vol. 23,4 (2023): 1089-1106. doi:10.1007/s10238-022-00954-6 CONITEC – Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas: Uveítes não infecciosas. Brasília: Ministério da Saúde; 2019. Disponível em: relatorio_pcdt_uvetesnaoinfecciosas_cp29_2019.pdf