Sabin Por: Sabin
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No cuidado com a nossa saúde, é importante estar sempre alerta aos sinais que o corpo apresenta. Nesse sentido, os sintomas do HPV são um exemplo de cuidado que devemos ter constantemente. Embora eles possam se manifestar com algumas doenças, em muitos casos, a infecção é assintomática e pode passar despercebida.

Conseguir identificar a infecção por HPV precocemente, mesmo antes de apresentar sintomas, pode ser um grande diferencial para o tratamento, além de evitar complicações. Por isso, são estimuladas, cada vez mais, as práticas de prevenção e detecção precoce do vírus, a fim de encontrá-lo antes que cause problemas mais graves.

Neste artigo, explicaremos o que é o HPV, quais os principais sintomas e os tratamentos mais indicados em caso de infecção. Você também saberá quais os meios para evitar a transmissão e se existe cura para a doença. Vamos lá?

O que é o HPV?

O Papilomavírus Humano (HPV) é composto por mais de 200 tipos. Desses, cerca de 40 tipos podem infectar o trato anogenital, que infectam mucosas e pele, tanto em mulheres quanto em homens. Essas infecções podem causar desde verrugas simples até casos mais sérios, como o câncer de colo uterino ou o câncer anal.

Os papilomavírus são divididos em dois grupos e classificados pelo potencial oncogênico de alto risco (tipos 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59, 68, 73, 82) e baixo risco (tipos 6, 11, 40, 42, 43, 54, 61, 70, 72, 81), com o desenvolvimento de verrugas, neoplasias de baixo, médio e alto graus, carcinoma in situ e carcinoma invasivo, atingindo outros tecidos e órgãos.

A identificação dos tipos é feita por números, sendo os tipos 16 e 18 os mais prevalentes, seguidos dos tipos 31, 33, 45 e 58. Esses são os principais responsáveis por aproximadamente 90% dos casos de câncer de colo de útero em todo o mundo, na mulher, e anal, em ambos os sexos. 

O HPV é a mais frequente Infecção Sexualmente Transmissível (IST) na mulher e no homem. Além do câncer de colo uterino, o HPV pode causar câncer de vulva, vagina, ânus, orofaringe e de pênis, além de verrugas anogenitais e papilomatose de laringe nos dois sexos. A maioria das pessoas no mundo será, provavelmente, infectada por, pelo menos, um dos diversos tipos de HPV ao longo da vida. Já outros tipos, como o 6 e o 11, estão relacionados às doenças benignas, como as verrugas anogenitais. 

Como o papilomavírus se instala na pele e na região genital humana, a transmissão ocorre pelo contato com as lesões — especialmente em mucosas e feridas. Mesmo sendo comum em crianças, a probabilidade de contato com o vírus aumenta com o início da atividade sexual. Isso ocorre porque a infecção é uma doença transmitida principalmente pela via sexual. De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), cerca de 80% das pessoas que tiveram atividades sexuais poderão se contaminar durante a vida. 

Quais os sintomas do HPV?

Como já mencionamos, a pessoa infectada pode desenvolver verrugas e lesões genitais, precursoras para o desenvolvimento de câncer. No entanto, a infecção pelo papilomavírus geralmente não causa sintomas nos estágios iniciais. Dessa forma, é fundamental a realização de exames ginecológicos periodicamente para diagnosticar a doença logo no início. Os exames e a vacinação são fortes aliados na prevenção.

Mesmo em pacientes sem verrugas genitais visíveis, a consulta médica é necessária: a avaliação ginecológica pode evidenciar lesões invisíveis a olho nu, bem como rastrear padrões que sugerem a infecção pelo HPV.

Se forem infecções mais graves, as células contaminadas podem se multiplicar desordenadamente, formando tumores malignos e dando origem aos cânceres anogenitais. Identificar o tipo do HPV é uma informação de grande valia, uma vez que sabemos, hoje, que alguns deles apresentam risco oncológico maior do que outros.

A multiplicação do HPV pode ser desencadeada pela diminuição na resistência do organismo humano. Por esse motivo, pacientes com o sistema imunológico comprometido, como soropositivos ou transplantados, estão em maior risco de desenvolver tumores pelo HPV. O risco aumenta em mulheres vivendo com HIV, com seis vezes mais chances de desenvolver câncer de colo de útero, em comparação com mulheres sem HIV.

Nessa população, o cuidado deve ser redobrado com os exames periódicos, o uso de contraceptivos de barreira (camisinhas) e as visitas regulares ao médico.

Quais os tratamentos e se existe cura para o HPV

O tratamento contra a doença visa eliminar as lesões e verrugas causadas pelo contágio viral. A intervenção pode ser clínica, por meio de medicamentos, ou cirúrgica, com eletrocauterização, cauterização química ou tratamento específico para o tipo de câncer diagnosticado.

Em alguns casos, o papilomavírus é eliminado do organismo de forma espontânea, sem que a pessoa sequer saiba que foi infectada. Ainda não existe um medicamento que consiga erradicar o vírus do organismo, podendo a pessoa permanecer infectada por toda a vida. Nesse caso, a doença pode se manifestar de tempos em tempos, levando à necessidade de repetir o tratamento periodicamente.

Quais os meios de prevenção contra o HPV?

Existem várias maneiras de se proteger contra a doença, e a medicina apresenta avanços constantes na redução da infecção. Confira, a seguir, as principais formas de prevenção.

Exames

O exame ginecológico mais usado para identificar o câncer de colo de útero é o Papanicolau. Ele é capaz de detectar células com alterações no revestimento do colo uterino, que podem ser tratadas logo no início do contágio. Assim, o exame pode evitar que a infecção evolua para doenças mais graves, principalmente o câncer de colo de útero.

O Papanicolau é um exame rápido e prático que pode ser realizado no próprio consultório do ginecologista. Atualmente, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) recomenda a realização do exame a cada três anos, após dois resultados consecutivos negativos. Em pacientes portadores do HIV, esse controle deve ser ainda mais estreito. Importante frisar que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a vacinação contra o HPV não substitui o rastreamento do câncer de colo de útero.

Preservativos

O uso de preservativos é fundamental na prevenção não só do HPV, mas de todas as ISTs. Entretanto, vale lembrar que a medida não evita completamente a transmissão: lesões genitais nas regiões próximas ao pênis e à vulva, por exemplo, ficam desprotegidas do alcance do preservativo e também podem ser contagiosas.

Vacinas

A vacinação é uma estratégia usada no enfrentamento da infecção pelo HPV. A infecção ou doença natural não deixa imunidade, nem protege contra as reinfecções, sendo necessária a imunidade pela vacina. Contudo, é importante salientar que a vacina é uma prevenção e não um tratamento: ela é eficaz para prevenir a infecção, mas não trata lesões já existentes.

Existem duas vacinas para combater o HPV, a quadrivalente e a nonavalente, que contemplam categorias específicas: os tipos 6 e 11, contra as verrugas e condilomas; os tipos 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58, responsáveis por lesões oncogênicas (pré-cancerosas e câncer). Sua função é estimular a produção de anticorpos específicos para cada um deles. 

A vacina quadrivalente oferece proteção aos tipos 6, 11, 16 e 18. Já a nonavalente previne contra os nove tipos mais perigosos (6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58).

No Sistema Único de Saúde (SUS), a quadrivalente está disponível para meninas e meninos entre 9 e 14 anos e imunossuprimidos (pessoas com HIV, transplantados de órgãos sólidos ou medula óssea e pacientes oncológicos) de ambos os sexos, entre 9 e 45 anos. Importante ressaltar que as vacinas funcionam melhor se administradas antes do início da vida sexual e, portanto, antes da exposição ao HPV.

A aplicação da vacina quadrivalente é realizada por meio de três doses, sendo a segunda aplicada dois meses após a primeira, e a terceira após seis meses. Na faixa etária dos 9 aos 14 anos, a vacina pode ser administrada em esquema alternativo de duas doses, com aplicação da segunda no período de seis a doze meses após a primeira dose. 

Nova vacina do HPV chega ao Brasil

Apesar de a vacina quadrivalente ser uma excelente ferramenta preventiva contra quatro dos tipos mais graves do vírus HPV — cerca de 70% de proteção —, uma nova vacina foi desenvolvida e chegou recentemente ao Brasil. Estamos falando da Gardasil® nonavalente, que amplia o espectro de proteção contra nove tipos diferentes do vírus. Além dos tipos 6, 11, 16 e 18, inclui proteção adicional contra outros cinco (31, 33, 45, 52, 58), chegando a 90% de proteção.

Além da cobertura ampliada, a nonavalente é recomendada para uso pediátrico e adulto, dos 9 aos 45 anos, em mulheres e homens. O esquema vacinal consiste na aplicação da segunda dose após dois meses da aplicação da primeira, e a terceira dose após 6 meses da primeira aplicação. Para o público infanto-juvenil (9 a 14 anos), a vacina pode ser administrada em um esquema alternativo: duas doses após 12 meses da segunda dose de HPV quadrivalente; duas doses de HPV nonavalente, com intervalo de 6 meses.

A vacina nonavalente está disponível apenas na rede privada. Aproveitamos para informar que o Sabin oferece a vacina HPV nonavalente, assim como a HPV quadrivalente, conforme indicação médica. A aquisição pode ser feita pela loja virtual.

Dúvidas frequentes sobre a nova vacina

Como toda novidade, a chegada da Gardasil 9® gerou dúvidas na população quanto a sua utilização. Uma das perguntas mais frequentes é se quem já completou o esquema vacinal com a quadrivalente pode fazer também a nova vacina para adquirir proteção extra. A resposta é sim! Todavia, deve-se respeitar o intervalo de um ano após a última dose da quadrivalente e realizar o esquema completo da Gardasil 9®.

Pessoas que estão com HPV ou que já tiveram a doença em algum momento também devem se vacinar. Se a pessoa tiver iniciado o esquema vacinal, mas não o completou, não é recomendado reiniciá-lo, sendo necessário apenas tomar as doses restantes em até, no máximo, um ano.

Embora seja segura e apresente boa tolerância a efeitos adversos, não é recomendada a aplicação da Gardasil 9® em gestantes ou em pessoas que apresentam alergia a algum componente da vacina.

Caso a mulher engravide durante o esquema vacinal, o mesmo deverá ser interrompido e reiniciado após a gestação. A aplicação da vacina em pessoas acima dos 45 anos só poderá ser feita sob recomendação médica.

Cenário da vacinação do HPV no Brasil

No Brasil, até 2017, a imunização contra HPV era feita somente em meninas. A gerente médica de imunização do Grupo Sabin, Dra. Ana Rosa Santos, explica que isso se devia à incidência da infecção ser maior em mulheres, e que a vacina tinha o objetivo de proteger contra um dos principais cânceres, o de colo de útero.

O câncer de colo de útero é um sério problema de saúde pública, com mais de 500 mil novos casos diagnosticados no mundo, a cada ano. Conforme a OMS, cerca de 311 mil mulheres morrem da doença. No Brasil, é o segundo tipo de câncer mais comum entre as mulheres, superado apenas pelo câncer de mama. 

Em contrapartida, estudos mostraram que homens também podiam se infectar pelo HPV e, além disso, observaram maior frequência de câncer de pênis, oral e anal, doenças diretamente relacionadas ao papilomavírus. Anualmente, são diagnosticados quase 30 mil casos de câncer anal em homens e mulheres e 18 mil casos de câncer peniano. “É certo o custo-benefício que os meninos ficam protegidos indiretamente com a vacinação de meninas, e vice-versa”, ressalta Dra. Ana Rosa.

A vacinação é considerada um grande avanço na prevenção e controle do HPV, considerando que a infecção natural parece não oferecer imunidade suficiente para impedir a ocorrência de novas infecções pelo mesmo tipo viral, diferentemente da resposta imune induzida pelas vacinas contra HPV. É fundamental que seja ampliada a divulgação de informações para uma adesão mais efetiva da população. Conheça os principais mitos sobre a vacinação e fique por dentro! 

“A informação precisa ser transparente, clara e concisa, como também é necessário adotar estratégias mais atrativas e com melhor acolhimento”, diz a médica. Além da poderosa arma de combate ao HPV, que é a vacinação, também podemos contar com outros meios eficientes para prevenção, tais como: consultas periódicas ao médico para rastreamento, que permitem identificar alterações que não conseguimos ver; e teste de infecção por HPV para detectar pré-câncer e câncer, seguido de tratamento apropriado. 

Em caso de dúvidas, sempre procure um médico, pois será ele quem indicará o melhor diagnóstico, o tratamento adequado e a vacinação. Agora que você já sabe a importância da prevenção do HPV, sugerimos a leitura do conteúdo sobre saúde sexual para saber mais sobre ISTs e gravidez precoce.

Referências:

Bula Gardasil 9 Disponível em: https://saude.msd.com.br/wp-content/uploads/sites/91/2023/01/gardasi_9_bula_pro.pdf

Luria L, Cardoza-Favarato G. Human Papillomavirus. [Updated 2022 Jan 24]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2022 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK448132/

Roteli-Martins, C. M., Magno, V., Santos, A. L. F., Teixeira, J. C., Neves, N. A., & Fialho, S. C. A. V. (2022). Vacinação contra o HPV na mulher adulta. Femina, 355-359. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1380717

Velicer C, Zhu X, Vuocolo S et al. Prevalence and incidence of HPV genital infection in women. Sex Transm Dis. 2009;36(11):696-70.

WHO. Cervical Cancer. Disponível em: https://www.who.int/health-topics/cervical-cancer#tab=tab_1, acesso fevereiro 2023.

Wiley DJ, Masongsong EV, Lu S et al. Behavioral and sociodemographic risk factors for serological and DNA evidence of HPV6, 11, 16, 18 infections. Cancer Epidemiol. 2012;36(3):e183-9.

SBN. Doença Renal Crônica: diagnóstico e prevenção. Disponível em: https://www.sbn.org.br/noticias/single/news/doenca-renal-cronica-diagnostico-e-prevencao/ Acesso em: 22/02/2023

https://www.febrasgo.org.br/pt/noticias/item/120-hpv#:~:text=Os%20HPV%20s%C3%A3o%20divididos%20em,%2C%2068%2C%2073%2C%2082.
Calendário de Vacinação Sociedade Brasileira de Imunizações/SBIm 2022/2023 https://sbim.org.br/images/calendarios/calend-sbim-adolescente.pdf. Esquema alternativo da vacinas HPV quadrivalente e HPV nonavalente , modificado e divulgado pela equipe Imunização Sabin.

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O que você precisa saber sobre HPV: sintomas, tratamento e prevenção; No cuidado com a nossa saúde, é importante estar sempre alerta aos sinais que o corpo apresenta. Nesse sentido, os sintomas do HPV são um exemplo de cuidado que devemos ter constantemente. Embora eles possam se manifestar com algumas doenças, em muitos casos, a infecção é assintomática e pode passar despercebida. Conseguir identificar a infecção por HPV precocemente, mesmo antes de apresentar sintomas, pode ser um grande diferencial para o tratamento, além de evitar complicações. Por isso, são estimuladas, cada vez mais, as práticas de prevenção e detecção precoce do vírus, a fim de encontrá-lo antes que cause problemas mais graves. Neste artigo, explicaremos o que é o HPV, quais os principais sintomas e os tratamentos mais indicados em caso de infecção. Você também saberá quais os meios para evitar a transmissão e se existe cura para a doença. Vamos lá? O que é o HPV? O Papilomavírus Humano (HPV) é composto por mais de 200 tipos. Desses, cerca de 40 tipos podem infectar o trato anogenital, que infectam mucosas e pele, tanto em mulheres quanto em homens. Essas infecções podem causar desde verrugas simples até casos mais sérios, como o câncer de colo uterino ou o câncer anal. Os papilomavírus são divididos em dois grupos e classificados pelo potencial oncogênico de alto risco (tipos 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59, 68, 73, 82) e baixo risco (tipos 6, 11, 40, 42, 43, 54, 61, 70, 72, 81), com o desenvolvimento de verrugas, neoplasias de baixo, médio e alto graus, carcinoma in situ e carcinoma invasivo, atingindo outros tecidos e órgãos. A identificação dos tipos é feita por números, sendo os tipos 16 e 18 os mais prevalentes, seguidos dos tipos 31, 33, 45 e 58. Esses são os principais responsáveis por aproximadamente 90% dos casos de câncer de colo de útero em todo o mundo, na mulher, e anal, em ambos os sexos.  O HPV é a mais frequente Infecção Sexualmente Transmissível (IST) na mulher e no homem. Além do câncer de colo uterino, o HPV pode causar câncer de vulva, vagina, ânus, orofaringe e de pênis, além de verrugas anogenitais e papilomatose de laringe nos dois sexos. A maioria das pessoas no mundo será, provavelmente, infectada por, pelo menos, um dos diversos tipos de HPV ao longo da vida. Já outros tipos, como o 6 e o 11, estão relacionados às doenças benignas, como as verrugas anogenitais.  Como o papilomavírus se instala na pele e na região genital humana, a transmissão ocorre pelo contato com as lesões — especialmente em mucosas e feridas. Mesmo sendo comum em crianças, a probabilidade de contato com o vírus aumenta com o início da atividade sexual. Isso ocorre porque a infecção é uma doença transmitida principalmente pela via sexual. De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), cerca de 80% das pessoas que tiveram atividades sexuais poderão se contaminar durante a vida.  Quais os sintomas do HPV? Como já mencionamos, a pessoa infectada pode desenvolver verrugas e lesões genitais, precursoras para o desenvolvimento de câncer. No entanto, a infecção pelo papilomavírus geralmente não causa sintomas nos estágios iniciais. Dessa forma, é fundamental a realização de exames ginecológicos periodicamente para diagnosticar a doença logo no início. Os exames e a vacinação são fortes aliados na prevenção. Mesmo em pacientes sem verrugas genitais visíveis, a consulta médica é necessária: a avaliação ginecológica pode evidenciar lesões invisíveis a olho nu, bem como rastrear padrões que sugerem a infecção pelo HPV. Se forem infecções mais graves, as células contaminadas podem se multiplicar desordenadamente, formando tumores malignos e dando origem aos cânceres anogenitais. Identificar o tipo do HPV é uma informação de grande valia, uma vez que sabemos, hoje, que alguns deles apresentam risco oncológico maior do que outros. A multiplicação do HPV pode ser desencadeada pela diminuição na resistência do organismo humano. Por esse motivo, pacientes com o sistema imunológico comprometido, como soropositivos ou transplantados, estão em maior risco de desenvolver tumores pelo HPV. O risco aumenta em mulheres vivendo com HIV, com seis vezes mais chances de desenvolver câncer de colo de útero, em comparação com mulheres sem HIV. Nessa população, o cuidado deve ser redobrado com os exames periódicos, o uso de contraceptivos de barreira (camisinhas) e as visitas regulares ao médico. Quais os tratamentos e se existe cura para o HPV O tratamento contra a doença visa eliminar as lesões e verrugas causadas pelo contágio viral. A intervenção pode ser clínica, por meio de medicamentos, ou cirúrgica, com eletrocauterização, cauterização química ou tratamento específico para o tipo de câncer diagnosticado. Em alguns casos, o papilomavírus é eliminado do organismo de forma espontânea, sem que a pessoa sequer saiba que foi infectada. Ainda não existe um medicamento que consiga erradicar o vírus do organismo, podendo a pessoa permanecer infectada por toda a vida. Nesse caso, a doença pode se manifestar de tempos em tempos, levando à necessidade de repetir o tratamento periodicamente. Quais os meios de prevenção contra o HPV? Existem várias maneiras de se proteger contra a doença, e a medicina apresenta avanços constantes na redução da infecção. Confira, a seguir, as principais formas de prevenção. Exames O exame ginecológico mais usado para identificar o câncer de colo de útero é o Papanicolau. Ele é capaz de detectar células com alterações no revestimento do colo uterino, que podem ser tratadas logo no início do contágio. Assim, o exame pode evitar que a infecção evolua para doenças mais graves, principalmente o câncer de colo de útero. O Papanicolau é um exame rápido e prático que pode ser realizado no próprio consultório do ginecologista. Atualmente, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) recomenda a realização do exame a cada três anos, após dois resultados consecutivos negativos. Em pacientes portadores do HIV, esse controle deve ser ainda mais estreito. Importante frisar que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a vacinação contra o HPV não substitui o rastreamento do câncer de colo de útero. Preservativos O uso de preservativos é fundamental na prevenção não só do HPV, mas de todas as ISTs. Entretanto, vale lembrar que a medida não evita completamente a transmissão: lesões genitais nas regiões próximas ao pênis e à vulva, por exemplo, ficam desprotegidas do alcance do preservativo e também podem ser contagiosas. Vacinas A vacinação é uma estratégia usada no enfrentamento da infecção pelo HPV. A infecção ou doença natural não deixa imunidade, nem protege contra as reinfecções, sendo necessária a imunidade pela vacina. Contudo, é importante salientar que a vacina é uma prevenção e não um tratamento: ela é eficaz para prevenir a infecção, mas não trata lesões já existentes. Existem duas vacinas para combater o HPV, a quadrivalente e a nonavalente, que contemplam categorias específicas: os tipos 6 e 11, contra as verrugas e condilomas; os tipos 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58, responsáveis por lesões oncogênicas (pré-cancerosas e câncer). Sua função é estimular a produção de anticorpos específicos para cada um deles.  A vacina quadrivalente oferece proteção aos tipos 6, 11, 16 e 18. Já a nonavalente previne contra os nove tipos mais perigosos (6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58). No Sistema Único de Saúde (SUS), a quadrivalente está disponível para meninas e meninos entre 9 e 14 anos e imunossuprimidos (pessoas com HIV, transplantados de órgãos sólidos ou medula óssea e pacientes oncológicos) de ambos os sexos, entre 9 e 45 anos. Importante ressaltar que as vacinas funcionam melhor se administradas antes do início da vida sexual e, portanto, antes da exposição ao HPV. A aplicação da vacina quadrivalente é realizada por meio de três doses, sendo a segunda aplicada dois meses após a primeira, e a terceira após seis meses. Na faixa etária dos 9 aos 14 anos, a vacina pode ser administrada em esquema alternativo de duas doses, com aplicação da segunda no período de seis a doze meses após a primeira dose.  Nova vacina do HPV chega ao Brasil Apesar de a vacina quadrivalente ser uma excelente ferramenta preventiva contra quatro dos tipos mais graves do vírus HPV — cerca de 70% de proteção —, uma nova vacina foi desenvolvida e chegou recentemente ao Brasil. Estamos falando da Gardasil® nonavalente, que amplia o espectro de proteção contra nove tipos diferentes do vírus. Além dos tipos 6, 11, 16 e 18, inclui proteção adicional contra outros cinco (31, 33, 45, 52, 58), chegando a 90% de proteção. Além da cobertura ampliada, a nonavalente é recomendada para uso pediátrico e adulto, dos 9 aos 45 anos, em mulheres e homens. O esquema vacinal consiste na aplicação da segunda dose após dois meses da aplicação da primeira, e a terceira dose após 6 meses da primeira aplicação. Para o público infanto-juvenil (9 a 14 anos), a vacina pode ser administrada em um esquema alternativo: duas doses após 12 meses da segunda dose de HPV quadrivalente; duas doses de HPV nonavalente, com intervalo de 6 meses. A vacina nonavalente está disponível apenas na rede privada. Aproveitamos para informar que o Sabin oferece a vacina HPV nonavalente, assim como a HPV quadrivalente, conforme indicação médica. A aquisição pode ser feita pela loja virtual. Dúvidas frequentes sobre a nova vacina Como toda novidade, a chegada da Gardasil 9® gerou dúvidas na população quanto a sua utilização. Uma das perguntas mais frequentes é se quem já completou o esquema vacinal com a quadrivalente pode fazer também a nova vacina para adquirir proteção extra. A resposta é sim! Todavia, deve-se respeitar o intervalo de um ano após a última dose da quadrivalente e realizar o esquema completo da Gardasil 9®. Pessoas que estão com HPV ou que já tiveram a doença em algum momento também devem se vacinar. Se a pessoa tiver iniciado o esquema vacinal, mas não o completou, não é recomendado reiniciá-lo, sendo necessário apenas tomar as doses restantes em até, no máximo, um ano. Embora seja segura e apresente boa tolerância a efeitos adversos, não é recomendada a aplicação da Gardasil 9® em gestantes ou em pessoas que apresentam alergia a algum componente da vacina. Caso a mulher engravide durante o esquema vacinal, o mesmo deverá ser interrompido e reiniciado após a gestação. A aplicação da vacina em pessoas acima dos 45 anos só poderá ser feita sob recomendação médica. Cenário da vacinação do HPV no Brasil No Brasil, até 2017, a imunização contra HPV era feita somente em meninas. A gerente médica de imunização do Grupo Sabin, Dra. Ana Rosa Santos, explica que isso se devia à incidência da infecção ser maior em mulheres, e que a vacina tinha o objetivo de proteger contra um dos principais cânceres, o de colo de útero. O câncer de colo de útero é um sério problema de saúde pública, com mais de 500 mil novos casos diagnosticados no mundo, a cada ano. Conforme a OMS, cerca de 311 mil mulheres morrem da doença. No Brasil, é o segundo tipo de câncer mais comum entre as mulheres, superado apenas pelo câncer de mama.  Em contrapartida, estudos mostraram que homens também podiam se infectar pelo HPV e, além disso, observaram maior frequência de câncer de pênis, oral e anal, doenças diretamente relacionadas ao papilomavírus. Anualmente, são diagnosticados quase 30 mil casos de câncer anal em homens e mulheres e 18 mil casos de câncer peniano. “É certo o custo-benefício que os meninos ficam protegidos indiretamente com a vacinação de meninas, e vice-versa”, ressalta Dra. Ana Rosa. A vacinação é considerada um grande avanço na prevenção e controle do HPV, considerando que a infecção natural parece não oferecer imunidade suficiente para impedir a ocorrência de novas infecções pelo mesmo tipo viral, diferentemente da resposta imune induzida pelas vacinas contra HPV. É fundamental que seja ampliada a divulgação de informações para uma adesão mais efetiva da população. Conheça os principais mitos sobre a vacinação e fique por dentro!  “A informação precisa ser transparente, clara e concisa, como também é necessário adotar estratégias mais atrativas e com melhor acolhimento”, diz a médica. Além da poderosa arma de combate ao HPV, que é a vacinação, também podemos contar com outros meios eficientes para prevenção, tais como: consultas periódicas ao médico para rastreamento, que permitem identificar alterações que não conseguimos ver; e teste de infecção por HPV para detectar pré-câncer e câncer, seguido de tratamento apropriado.  Em caso de dúvidas, sempre procure um médico, pois será ele quem indicará o melhor diagnóstico, o tratamento adequado e a vacinação. Agora que você já sabe a importância da prevenção do HPV, sugerimos a leitura do conteúdo sobre saúde sexual para saber mais sobre ISTs e gravidez precoce. Referências: Bula Gardasil 9Ⓡ Disponível em: https://saude.msd.com.br/wp-content/uploads/sites/91/2023/01/gardasi_9_bula_pro.pdf Luria L, Cardoza-Favarato G. Human Papillomavirus. [Updated 2022 Jan 24]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2022 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK448132/ Roteli-Martins, C. M., Magno, V., Santos, A. L. F., Teixeira, J. C., Neves, N. A., & Fialho, S. C. A. V. (2022). Vacinação contra o HPV na mulher adulta. Femina, 355-359. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-1380717 Velicer C, Zhu X, Vuocolo S et al. Prevalence and incidence of HPV genital infection in women. Sex Transm Dis. 2009;36(11):696-70. WHO. Cervical Cancer. Disponível em: https://www.who.int/health-topics/cervical-cancer#tab=tab_1, acesso fevereiro 2023. Wiley DJ, Masongsong EV, Lu S et al. Behavioral and sociodemographic risk factors for serological and DNA evidence of HPV6, 11, 16, 18 infections. Cancer Epidemiol. 2012;36(3):e183-9. SBN. Doença Renal Crônica: diagnóstico e prevenção. Disponível em: https://www.sbn.org.br/noticias/single/news/doenca-renal-cronica-diagnostico-e-prevencao/ Acesso em: 22/02/2023 https://www.febrasgo.org.br/pt/noticias/item/120-hpv#:~:text=Os%20HPV%20s%C3%A3o%20divididos%20em,%2C%2068%2C%2073%2C%2082.Calendário de Vacinação Sociedade Brasileira de Imunizações/SBIm 2022/2023 https://sbim.org.br/images/calendarios/calend-sbim-adolescente.pdf. Esquema alternativo da vacinas HPV quadrivalente e HPV nonavalente , modificado e divulgado pela equipe Imunização Sabin.