O rotavírus é um dos principais agentes infecciosos responsáveis por desencadear doenças diarreicas agudas (DDA), apresentando uma elevada taxa de transmissão, sobretudo em crianças com menos de dois anos e adultos imunossuprimidos. Essa parcela da população pode enfrentar maior risco no desenvolvimento de complicações decorrentes da doença, necessitando de tratamento hospitalar em situações mais graves.
Segundo estatísticas, o rotavírus representa globalmente uma importante causa de diarreia intensa e desidratação em crianças menores de cinco anos, com estimativa de mais de 25 milhões de consultas ambulatoriais e mais de dois milhões de hospitalizações atribuídas à infecção a cada ano.
Em nações em desenvolvimento, cerca de três quartos das crianças experimentam seu primeiro episódio de diarreia causada por rotavírus antes de completarem 12 meses, enquanto em países desenvolvidos, o primeiro caso é frequentemente adiado até a faixa etária de dois a cinco anos.
Considerando esses dados, é relevante compreender que a infecção por rotavírus, quando não tratada adequadamente, pode evoluir para complicações e quadros graves, além de levar a situações de risco de óbito. Neste artigo, vamos explorar o que é o rotavírus, sintomas, formas de diagnóstico, tratamento e a importância da vacinação.
O que é o rotavírus?
O rotavírus é um retrovírus pertencente à família Reoviridae (gênero Rotavírus) e, conforme mencionado, é um dos principais agentes virais causadores das DDA. O vírus se propaga pela via fecal-oral, envolvendo contato pessoa a pessoa, ingestão de água e alimentos contaminados, manipulação de objetos contaminados e disseminação por aerossóis no ar.
Os rotavírus são excretados em concentrações elevadas nas fezes e no vômito de indivíduos infectados. O período de incubação é, em média, de dois a três dias. Quanto à sua capacidade de transmissão, a excreção viral atinge seu pico no terceiro e quarto dias após o início dos primeiros sintomas. Apesar disso, é possível detectar a presença do rotavírus nas fezes dos pacientes mesmo após o fim da diarreia. É importante destacar que a manipulação de material contaminado, como fraldas, pode aumentar o risco de transmissão.
A infecção por rotavírus tem um impacto significativo na ocorrência de diarreia grave em crianças com menos de cinco anos em todo o mundo, principalmente em nações em desenvolvimento. Vale destacar que, embora a gastroenterite seja mais prevalente entre os menores de cinco anos, o rotavírus pode afetar pessoas de todas as faixas etárias.
Quais são os sintomas da rotavirose?
Os sintomas da infecção por rotavírus (rotavirose) incluem vômitos, diarreia de consistência aquosa, febre baixa e dores abdominais. Eles costumam surgir cerca de dois dias após o contato com o vírus.
Em bebês recém-nascidos, os sintomas geralmente são mais brandos, devido à amamentação e à transferência de anticorpos maternos. Em adultos saudáveis, a infecção pode resultar apenas em sinais leves ou até mesmo ser assintomática.
Quando buscar ajuda médica
Para as crianças, é importante procurar ajuda médica quando:
- a diarreia durar mais de 24 horas;
- apresentar vômitos frequentes;
- apresentar fezes escuras ou contendo sangue ou pus;
- tiver quadros febris com temperatura acima dos 38,9 °C;
- mostrar sinais de cansaço, irritação ou dor;
- demonstrar sinais de desidratação, como boca seca, micção reduzida ou ausente, sonolência incomum ou falta de responsividade;
- houver dificuldade de hidratação pela boca (ingesta hídrica inadequada).
No caso dos adultos, é recomendado procurar um profissional quando:
- não conseguir reter líquidos por 24 horas;
- tiver diarreia por mais de dois dias;
- observar sangue no vômito ou nas fezes;
- apresentar febre acima do 38,9 °C;
- demonstrar sinais de desidratação, como sede excessiva, boca seca, micção reduzida ou ausente, fraqueza intensa, tontura ao ficar em pé ou vertigens.
Como são feitos diagnóstico e tratamento?
O diagnóstico começa pela avaliação clínica feita pelo médico, em que serão analisados os sintomas apresentados e o histórico médico da pessoa. Exames complementares poderão ser solicitados, como a coleta de amostras fecais para identificação do agente causador da infecção.
Diante da suspeita de rotavírus, é muito importante realizar um diagnóstico diferencial, considerando todos os microrganismos capazes de provocar DDA.
A viabilidade do diagnóstico diferencial foi facilitada pelo avanço no desenvolvimento de testes de imunoensaios, testes de látex, detecção molecular e eletroforese. Essas abordagens destacam-se por sua rapidez, sensibilidade, especificidade e custo acessível.
Como a infecção por rotavírus, normalmente, é autolimitada (resolve-se naturalmente), o tratamento deve focar na reposição de líquidos, minerais e manejo nutricional adequado, para prevenir ou corrigir complicações de desidratação causadas pelos sintomas de diarreia e/ou vômito persistentes. Outros medicamentos podem ser utilizados para manejo de sintomas relacionados a dores abdominais ou febre, conforme indicação médica.
Como se prevenir do rotavírus?
Medidas de prevenção contra a infecção por rotavírus são fundamentais, especialmente considerando seu potencial impacto grave para a saúde em populações suscetíveis, como crianças pequenas e pessoas imunocomprometidas.
Lavar as mãos frequentemente (principalmente após usar o banheiro, trocar a fralda do seu filho ou ajudá-lo a usar o banheiro), desinfectar superfícies e utensílios, proteger alimentos contra insetos e animais, armazenar água tratada corretamente e manter a higiene são práticas indispensáveis. A amamentação também é uma medida eficaz para aumentar a resistência imunológica das crianças contra as DDA.
Vacina contra o rotavírus
Atualmente, existem duas vacinas disponíveis para a proteção contra a infecção por rotavírus. Estudos demonstram que essas vacinas são seguras e eficazes, sendo administradas pela via oral em duas ou três doses, dependendo da vacina usada, aos dois, quatro e seis meses de idade. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que todos os países forneçam a vacina contra o rotavírus a bebês.
Embora sejam imunizantes comprovadamente seguros, em casos raros, podem causar a invaginação intestinal, uma condição em que parte do intestino se dobra sobre si mesma, resultando em uma obstrução de parte do intestino. Por isso, é importante que pais estejam atentos a sintomas como dor de estômago, vômito, diarreia, sangue nas fezes ou alterações nos movimentos intestinais após a vacina, e, em caso de presença dos mesmos, procurar auxílio médico.
Sem dúvidas, a vacinação associada aos cuidados de higiene são as melhores formas de prevenir a infecção pelo rotavírus. Para entender mais sobre doenças gastrointestinais, sugerimos a leitura do conteúdo sobre o que são gastroenterites. Assim, você fica bem informado para continuar cuidando da sua saúde e de quem você mais ama!
Sabin avisa:
Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames.
Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas.
Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial.
Referências:
Ministério da Saúde. Rotavírus. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/r/rotavirus#:~:text=O%20Rotav%C3%ADrus%20. Acesso em: 29/01/2024
Mayo Clinic. Rotavirus. Disponível em: https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/rotavirus/symptoms-causes/syc-20351300. Acesso em: 29/01/2024
PAHO. Rotavirus. Disponível em: https://www.paho.org/en/topics/rotavirus Acesso em: 30/01/2024
WHO. Rotavirus. Disponível em: https://www.who.int/teams/health-product-policy-and-standards/standards-and-specifications/vaccines-quality/rotavirus Acesso em: 30/01/2024