“Doença da infância?”. Conhecida por ser uma das infecções mais comuns entre bebês e crianças, a doença (ou síndrome) mão-pé-boca é altamente contagiosa e, mesmo ocorrendo o ano todo, chama a atenção em épocas específicas pela alta prevalência.
Engana-se quem pensa que a mão-pé-boca atinge somente essas regiões do corpo. A associação parece inevitável, mas saiba que ela também se manifesta em outros locais! Quer descobrir quais? Confira essa informação e outros detalhes da doença.
O que causa a doença mão-pé-boca e como ela se manifesta?
A doença mão-pé-boca é causada pelo enterovírus Coxsackie e acomete especialmente crianças de até cinco anos. Adultos também são afetados, porém, com menor incidência.
Trata-se de uma infecção que costuma apresentar cura espontânea e desaparecer no período de sete a dez dias. Já o período de incubação do vírus (antes do aparecimento dos sintomas) pode variar de um a sete dias.
A doença não é nova, foi descoberta em um surto ocorrido no verão canadense de 1957, mais especificamente em Toronto. Geralmente, localidades com clima temperado têm maior frequência da doença no verão e no outono.
Sinais e sintomas
Como o próprio nome diz, a infecção é caracterizada pela formação de vesículas (bolhas contendo líquidos) em maior concentração na região da boca, nas palmas das mãos e nas plantas dos pés. Entretanto, como já mencionado, as lesões podem se manifestar, em menor quantidade, em outras partes do corpo, como nádegas, genitais, cotovelos e tornozelos.
Por ser um enterovírus, ataca principalmente o trato digestivo. Assim, manchas avermelhadas podem se desenvolver na boca, amígdalas e faringe, evoluindo para úlceras semelhantes a aftas. Além das lesões de pele, a sintomatologia inclui febre alta, com duração média de dois a três dias, e quadros de mal-estar, falta de apetite, vômitos e diarreia.
Em alguns casos, é possível ocorrer a descamação de mãos e pés e, ainda, o descolamento de unhas, entre três e oito semanas após a infecção. Posteriormente, há a regeneração da pele afetada.
Formas de transmissão
A principal via de transmissão se dá por meio do contato com os fluidos de uma pessoa infectada, como o líquido presente nas vesículas, secreção respiratória (tosse, espirro ou saliva) e fezes.
A primeira semana a partir do início dos sintomas é considerada a fase de maior contágio. Cabe destacar que o vírus ainda pode ser transmitido pelas fezes durante cerca de quatro semanas depois que os sintomas desaparecem.
Importante: ser infectado pela doença não significa que o paciente se torne imune, tendo em vista a possibilidade de reinfecção.
Principais complicações
A principal complicação da doença mão-pé-boca está relacionada às crises de febre alta, que podem ocasionar convulsões em crianças menores e desidratação, levando à necessidade de internação hospitalar para o acompanhamento da evolução do quadro.
Em casos raros, o agravamento da doença pode atingir o sistema nervoso central, provocando alterações no sistema cardiovascular, e até mesmo ser fatal.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico é baseado na avaliação clínica do paciente. Testes laboratoriais complementares (sorológicos e moleculares) podem ser necessários para o diagnóstico diferencial com outras viroses.
Como, muitas vezes, a doença mão-pé-boca chega a ser confundida com outras infecções virais, como a catapora, por conta das bolhas e manchas avermelhadas características, é imprescindível procurar atendimento médico ao primeiro sinal, para que sejam feitos diagnóstico e tratamento corretos.
O diagnóstico precoce não apenas evita o risco de contágio, mas também pode impedir que a doença evolua para casos mais graves. Na presença de sintomas, procure orientação do pediatra.
Qual o tratamento adequado?
Considerada uma doença benigna e autolimitada, o objetivo do tratamento é o alívio dos sintomas, envolvendo o uso de analgésicos e antitérmicos, bem como a terapia de suporte, com uma alimentação adequada e boa hidratação.
Devido à dor causada pelas úlceras geradas na boca, amígdalas e faringe, a deglutição fica dificultada. Para isso, o ideal é oferecer à criança comida pastosa e fria, evitando alimentos ácidos ou condimentados.
Outra recomendação é evitar dar banhos quentes na criança, tendo em vista as erupções formadas na pele. Para não correr o risco de desidratação, podem ser oferecidas opções de bebidas geladas, como água, sucos ou chás. Se estiver amamentando, a frequência pode ser aumentada.
Existe alguma forma de prevenção?
Como ainda não existe uma vacina para prevenir a doença mão-pé-boca, é preciso reduzir as chances de contaminação, sendo recomendado evitar o contato próximo com pessoas que já estejam com a doença ou com objetos possivelmente infectados, lavando sempre as mãos com água e sabão. Em caso de confirmação da doença, indica-se o uso de máscara para evitar a transmissão respiratória.
Na maioria das vezes, a mão-pé-boca se manifesta, epidemiologicamente, em surtos e em locais frequentados por muitas crianças, como escolas ou creches. Dessa forma, é preciso redobrar a atenção com a higienização de superfícies e durante a troca de fraldas. As crianças menores têm a tendência de colocar a mão na boca com frequência e de compartilhar brinquedos, o que oferece condições ideais para a disseminação do vírus. Daí a importância da limpeza constante como forma de precaução.
Quando infectada, a criança deve permanecer em casa enquanto durarem os sintomas e até que as bolhas desapareçam. Contudo, quando ela retornar ao ambiente escolar, os cuidados não devem parar por aí! Uma medida essencial é ensinar às crianças o hábito de sempre lavar as mãos após ir ao banheiro, antes de se alimentar e depois de tossir ou assoar o nariz, por exemplo. Esse hábito de higiene deve ser incentivado e pode ajudar a evitar várias doenças.
Sobretudo em relação a crianças menores, é sempre importante ficar atento a qualquer indício de que algo não vai bem. Por isso, em caso de suspeita, busque cuidados médicos. Como a mão-pé-boca pode ser facilmente confundida com outras doenças, devido aos sintomas, só um médico é capaz de fazer o diagnóstico preciso e orientar adequadamente.A primeira infância é uma fase que exige vigilância contínua com a saúde dos pequenos. Para complementar as informações e fortalecer os cuidados necessários, sugerimos a leitura do artigo “Doenças comuns na infância e a importância das vacinas”. A saúde do seu filho é prioridade!