Sabin Por: Sabin
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Pães, bolos, macarrão, tortas, pizzas… o que todos esses alimentos têm em comum? Há muitas respostas para essa pergunta, mas uma delas envolve a presença de uma proteína específica: o glúten. Você já ouviu falar sobre ela?

O glúten tem protagonizado, cada vez mais, pautas em notícias, rodas de conversas e publicações científicas. Há os que vilanizem a sua existência, mas, ao longo do nosso bate-papo, mostraremos de que forma o glúten pode se tornar uma ameaça.

Trata-se da doença celíaca, uma alteração que faz com que os pacientes afetados sofram desde desconfortos até consequências importantes, caso consumam algum alimento com glúten. Vamos saber mais sobre essa questão?

Continue a leitura para conferir o que é doença celíaca e veja as dicas e informações passadas pela Dra. Silvana Fahel, médica do Grupo Sabin. Acompanhe!

O que é doença celíaca?

A doença celíaca é um problema crônico e autoimune (caracterizado pelo “ataque” do organismo a si mesmo). Ela ocorre quando o paciente ingere algum alimento que contém glúten, uma proteína presente em ingredientes como o trigo, a cevada, a aveia e o centeio.

A partir da ingestão, o corpo identifica a substância como algo nocivo e se autoataca, em uma tentativa malsucedida de se proteger.

Alguns sintomas da doença celíaca são:

  • dor abdominal;
  • inchaço na barriga;
  • perda de peso;
  • fraqueza;
  • coceiras pelo corpo;
  • diarreia ou constipação;
  • refluxo;
  • vômitos;
  • entre outros.

Como é feito o diagnóstico? 

O diagnóstico da doença é feito a partir de três possíveis frentes: testes sorológicos (anticorpos antitransglutaminase, antiendomísio, antigliadina), teste HLA DQ2 e DQ8 e biópsia. Os primeiros buscam detectar a presença de anticorpos no organismo do paciente, a fim de identificar a reação imune do corpo contra o glúten. O segundo pesquisa, na população, alguns alelos fortemente associados à doença. A biópsia intestinal demonstra e confirma as alterações (atrofia vilositária e hipertrofia das criptas) presentes durante a dieta com o glúten, e a sua resolução após a retirada.

Vale a pena ressaltar que, caso você esteja suspeitando ter algum problema com o glúten, é fundamental não parar de consumi-lo antes de fazer esses testes. Você precisa estar em contato com a proteína para que qualquer alteração seja identificada nos exames.

Quais são os principais grupos de risco para a doença? 

Em linhas gerais, de acordo com a Dra. Silvana, não há uma predisposição clara por sexo ou idade. A doença pode ser diagnosticada tardiamente ou ativada em qualquer faixa etária, inclusive na fase adulta. 

No entanto, alguns grupos de maior risco para o desenvolvimento da doença celíaca são:

  • pessoas com parentes que tenham a doença;
  • pessoas que apresentam os alelos HLA DQ2 e DQ8;  
  • pacientes com outras doenças autoimunes, como a diabetes tipo 1, tireoidite de Hashimoto;
  • pacientes com síndromes e alterações genéticas, como a síndrome de Down.

Quais fatores podem desencadear a doença celíaca? 

Como vimos, há uma predisposição genética para o surgimento dessa doença, mas é necessária uma interação de fatores ambientais, genéticos e imunológicos para a doença celíaca se manifestar. De qualquer forma, ela pode ficar inativa por muitos anos. Mas quais são os fatores que podem levar à sua ativação?

Algumas respostas são:

  • idade de desmame;
  • época de introdução do glúten na dieta;
  • uso de determinados medicamentos;
  • realização de cirurgias;
  • infecções no intestino e parasitoses.

Estima-se que o maior “gatilho” para a doença seja a exposição frequente ao glúten. Por isso, pessoas que consomem grandes quantidades da proteína têm maiores chances de desenvolver o problema.

Quais são as principais restrições alimentares?

A restrição alimentar se dá por meio da eliminação do glúten da dieta. Sendo assim, o paciente precisa parar de consumir qualquer ingrediente que contenha trigo, centeio e cevada.

O que é contaminação cruzada e como evitá-la? 

Além dos ingredientes mencionados acima, os celíacos devem atentar para a contaminação cruzada. Ela acontece quando, durante a fase de industrialização ou manuseio de um alimento naturalmente sem glúten, ele passa por um maquinário ou utensílio previamente utilizado por outro que continha a proteína.

Por exemplo: o polvilho de mandioca é um ingrediente naturalmente sem glúten, mas que é constantemente ensacado em empresas que também lidam com trigo e centeio. Assim, as máquinas ficam “contaminadas” com o glúten, que é passado para a aveia e a torna imprópria para o consumo dos celíacos.

Panelas, utensílios, talheres e outros itens também podem carregar a contaminação cruzada, o que faz com que a atenção não fique restrita às embalagens (que são obrigadas a trazer o alerta de “contém glúten” ou “podem conter glúten” em seu verso), mas também a restaurantes e casas em que o paciente se alimenta.

Como ter qualidade de vida após o diagnóstico? 

Os pacientes que lidam com o glúten sofrem algumas consequências, caso a doença não seja diagnosticada ou o consumo da proteína não seja suspenso. A principal delas é a má absorção causada pela destruição da mucosa intestinal e a consequente diminuição do potencial de “digestão” dos nutrientes.

Com isso, a pessoa pode apresentar carências vitamínicas mesmo ao se alimentar bem, com sintomas como unhas fracas, queda de cabelo, fraqueza, falta de energia, entre outros.

Além disso, outros problemas que podem ser gerados pela doença celíaca são:

  • osteomalácia e osteoporose;
  • alterações menstruais;
  • aftas de repetição;
  • hipoplasia do esmalte dentário;
  • infertilidade;
  • anemias;
  • convulsões;
  • alterações neurológicas;
  • câncer gastrointestinal.

Ter o diagnóstico de doença celíaca não significa que as complicações acima acontecerão. Os sintomas, de acordo com a Dra. Silvana, são facilmente controlados com a remoção completa do glúten da alimentação. Assim, um bom acompanhamento médico e multidisciplinar é essencial.

Para mais informações, a médica sugere que o site da ACELBRA (Associação de Celíacos do Brasil) seja consultado.

Quais profissionais podem contribuir com o acompanhamento?

A abordagem inicial do paciente com doença celíaca pode ser feita pelo clínico geral. Com a descrição dos sintomas, ele encaminhará você a outros profissionais, que poderão ajudá-lo com a continuidade da busca por um diagnóstico.

Alguns dos especialistas que lidam com a doença celíaca são o gastroenterologista e o alergologista. Além disso, o acompanhamento com nutrólogos e nutricionistas pode ser muito importante para o período de transição entre uma dieta e outra.

Quem não tem doença celíaca precisa parar de comer glúten?

Não necessariamente, mas precisamos nos atentar para alguns casos em que a restrição pode ser recomendada. É que, além da doença celíaca, há um outro tipo de problema de saúde envolvendo o consumo de glúten: a sensibilidade não celíaca ao glúten. Os sintomas são bem parecidos, mas a grande diferença está na gravidade da situação, uma vez que o indivíduo com sensibilidade não apresenta quadro de degeneração da mucosa intestinal.

Há, ainda, a alergia ao trigo, que também causa sintomas semelhantes, mas está relacionada apenas ao consumo de trigo. 

Portanto, pessoas que não têm esses problemas não precisam restringir o consumo de glúten. Essa não é uma proteína nociva para toda a população, desde que consumida em equilíbrio, em uma rotina com alimentação saudável e prática frequente de exercícios físicos.

Agora que você viu o que é doença celíaca, sabe que é um problema sério e que pode trazer consequências graves para a saúde. No entanto, pode ser controlada e os pacientes podem ter muita qualidade de vida. Não descuide da sua saúde e passe as informações obtidas adiante!

Antes de ir, aproveite para curtir a página do Sabin no Facebook. Assim, você recebe as notificações e novidades diretamente em seu feed de notícias, sem precisar ficar desinformado sobre recomendações envolvendo a sua saúde. Nos vemos por lá!

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Entenda o que é doença celíaca e seus principais sintomas; Pães, bolos, macarrão, tortas, pizzas… o que todos esses alimentos têm em comum? Há muitas respostas para essa pergunta, mas uma delas envolve a presença de uma proteína específica: o glúten. Você já ouviu falar sobre ela? O glúten tem protagonizado, cada vez mais, pautas em notícias, rodas de conversas e publicações científicas. Há os que vilanizem a sua existência, mas, ao longo do nosso bate-papo, mostraremos de que forma o glúten pode se tornar uma ameaça. Trata-se da doença celíaca, uma alteração que faz com que os pacientes afetados sofram desde desconfortos até consequências importantes, caso consumam algum alimento com glúten. Vamos saber mais sobre essa questão? Continue a leitura para conferir o que é doença celíaca e veja as dicas e informações passadas pela Dra. Silvana Fahel, médica do Grupo Sabin. Acompanhe! O que é doença celíaca? A doença celíaca é um problema crônico e autoimune (caracterizado pelo “ataque” do organismo a si mesmo). Ela ocorre quando o paciente ingere algum alimento que contém glúten, uma proteína presente em ingredientes como o trigo, a cevada, a aveia e o centeio. A partir da ingestão, o corpo identifica a substância como algo nocivo e se autoataca, em uma tentativa malsucedida de se proteger. Alguns sintomas da doença celíaca são: dor abdominal;inchaço na barriga;perda de peso;fraqueza;coceiras pelo corpo;diarreia ou constipação;refluxo;vômitos;entre outros. Como é feito o diagnóstico?  O diagnóstico da doença é feito a partir de três possíveis frentes: testes sorológicos (anticorpos antitransglutaminase, antiendomísio, antigliadina), teste HLA DQ2 e DQ8 e biópsia. Os primeiros buscam detectar a presença de anticorpos no organismo do paciente, a fim de identificar a reação imune do corpo contra o glúten. O segundo pesquisa, na população, alguns alelos fortemente associados à doença. A biópsia intestinal demonstra e confirma as alterações (atrofia vilositária e hipertrofia das criptas) presentes durante a dieta com o glúten, e a sua resolução após a retirada. Vale a pena ressaltar que, caso você esteja suspeitando ter algum problema com o glúten, é fundamental não parar de consumi-lo antes de fazer esses testes. Você precisa estar em contato com a proteína para que qualquer alteração seja identificada nos exames. Quais são os principais grupos de risco para a doença?  Em linhas gerais, de acordo com a Dra. Silvana, não há uma predisposição clara por sexo ou idade. A doença pode ser diagnosticada tardiamente ou ativada em qualquer faixa etária, inclusive na fase adulta.  No entanto, alguns grupos de maior risco para o desenvolvimento da doença celíaca são: pessoas com parentes que tenham a doença;pessoas que apresentam os alelos HLA DQ2 e DQ8;  pacientes com outras doenças autoimunes, como a diabetes tipo 1, tireoidite de Hashimoto;pacientes com síndromes e alterações genéticas, como a síndrome de Down. Quais fatores podem desencadear a doença celíaca?  Como vimos, há uma predisposição genética para o surgimento dessa doença, mas é necessária uma interação de fatores ambientais, genéticos e imunológicos para a doença celíaca se manifestar. De qualquer forma, ela pode ficar inativa por muitos anos. Mas quais são os fatores que podem levar à sua ativação? Algumas respostas são: idade de desmame;época de introdução do glúten na dieta;uso de determinados medicamentos;realização de cirurgias;infecções no intestino e parasitoses. Estima-se que o maior “gatilho” para a doença seja a exposição frequente ao glúten. Por isso, pessoas que consomem grandes quantidades da proteína têm maiores chances de desenvolver o problema. Quais são as principais restrições alimentares? A restrição alimentar se dá por meio da eliminação do glúten da dieta. Sendo assim, o paciente precisa parar de consumir qualquer ingrediente que contenha trigo, centeio e cevada. O que é contaminação cruzada e como evitá-la?  Além dos ingredientes mencionados acima, os celíacos devem atentar para a contaminação cruzada. Ela acontece quando, durante a fase de industrialização ou manuseio de um alimento naturalmente sem glúten, ele passa por um maquinário ou utensílio previamente utilizado por outro que continha a proteína. Por exemplo: o polvilho de mandioca é um ingrediente naturalmente sem glúten, mas que é constantemente ensacado em empresas que também lidam com trigo e centeio. Assim, as máquinas ficam “contaminadas” com o glúten, que é passado para a aveia e a torna imprópria para o consumo dos celíacos. Panelas, utensílios, talheres e outros itens também podem carregar a contaminação cruzada, o que faz com que a atenção não fique restrita às embalagens (que são obrigadas a trazer o alerta de “contém glúten” ou “podem conter glúten” em seu verso), mas também a restaurantes e casas em que o paciente se alimenta. Como ter qualidade de vida após o diagnóstico?  Os pacientes que lidam com o glúten sofrem algumas consequências, caso a doença não seja diagnosticada ou o consumo da proteína não seja suspenso. A principal delas é a má absorção causada pela destruição da mucosa intestinal e a consequente diminuição do potencial de “digestão” dos nutrientes. Com isso, a pessoa pode apresentar carências vitamínicas mesmo ao se alimentar bem, com sintomas como unhas fracas, queda de cabelo, fraqueza, falta de energia, entre outros. Além disso, outros problemas que podem ser gerados pela doença celíaca são: osteomalácia e osteoporose;alterações menstruais;aftas de repetição;hipoplasia do esmalte dentário;infertilidade;anemias;convulsões;alterações neurológicas;câncer gastrointestinal. Ter o diagnóstico de doença celíaca não significa que as complicações acima acontecerão. Os sintomas, de acordo com a Dra. Silvana, são facilmente controlados com a remoção completa do glúten da alimentação. Assim, um bom acompanhamento médico e multidisciplinar é essencial. Para mais informações, a médica sugere que o site da ACELBRA (Associação de Celíacos do Brasil) seja consultado. Quais profissionais podem contribuir com o acompanhamento? A abordagem inicial do paciente com doença celíaca pode ser feita pelo clínico geral. Com a descrição dos sintomas, ele encaminhará você a outros profissionais, que poderão ajudá-lo com a continuidade da busca por um diagnóstico. Alguns dos especialistas que lidam com a doença celíaca são o gastroenterologista e o alergologista. Além disso, o acompanhamento com nutrólogos e nutricionistas pode ser muito importante para o período de transição entre uma dieta e outra. Quem não tem doença celíaca precisa parar de comer glúten? Não necessariamente, mas precisamos nos atentar para alguns casos em que a restrição pode ser recomendada. É que, além da doença celíaca, há um outro tipo de problema de saúde envolvendo o consumo de glúten: a sensibilidade não celíaca ao glúten. Os sintomas são bem parecidos, mas a grande diferença está na gravidade da situação, uma vez que o indivíduo com sensibilidade não apresenta quadro de degeneração da mucosa intestinal. Há, ainda, a alergia ao trigo, que também causa sintomas semelhantes, mas está relacionada apenas ao consumo de trigo.  Portanto, pessoas que não têm esses problemas não precisam restringir o consumo de glúten. Essa não é uma proteína nociva para toda a população, desde que consumida em equilíbrio, em uma rotina com alimentação saudável e prática frequente de exercícios físicos. Agora que você viu o que é doença celíaca, sabe que é um problema sério e que pode trazer consequências graves para a saúde. No entanto, pode ser controlada e os pacientes podem ter muita qualidade de vida. Não descuide da sua saúde e passe as informações obtidas adiante! Antes de ir, aproveite para curtir a página do Sabin no Facebook. Assim, você recebe as notificações e novidades diretamente em seu feed de notícias, sem precisar ficar desinformado sobre recomendações envolvendo a sua saúde. Nos vemos por lá!