Sabin Por: Sabin
Leitura
10min 10s
OUVIR 00:00
AAA

O glaucoma é uma doença que acomete o nervo óptico e é causada pelo aumento da pressão intraocular. Sem o tratamento adequado, essa condição pode levar à cegueira permanente.

É uma doença silenciosa, que não apresenta sintomas em estágios iniciais, comprometendo primeiramente a visão periférica e, em fases mais avançadas, levando à perda visual. Por isso, o diagnóstico e o tratamento logo no início da doença são essenciais para controlar as lesões no nervo óptico.

Estima-se que 64,3 milhões de pessoas entre 40 e 80 anos vivem com glaucoma no mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o glaucoma é a segunda maior causa de cegueira, ficando atrás apenas da catarata. No Brasil, a condição atinge mais de 900 mil pessoas. 

Não há uma cura disponível para o glaucoma, sendo o diagnóstico precoce a melhor forma de prevenção. Portanto, é essencial manter as consultas oftalmológicas de rotina em dia, para que o médico consiga identificar a doença em estágios iniciais e iniciar o tratamento rapidamente.

Neste conteúdo, você encontrará informações essenciais sobre o que é o glaucoma, quais suas causas e sintomas, como é feito o diagnóstico e os tratamentos disponíveis.

O que é o glaucoma?

O glaucoma é uma doença ocular causada pela elevação da pressão interna dos olhos, o que pode gerar lesões e o comprometimento do nervo óptico, estrutura responsável por levar as informações do que enxergamos para o cérebro.

Dentro do olho, existe uma cavidade preenchida com um líquido claro e viscoso, chamado humor aquoso, o qual exerce inúmeras funções relacionadas à proteção, manutenção da pressão, refração da luz e nutrição do globo ocular.

O humor aquoso é constantemente produzido e drenado, de modo que seu volume mantém-se constante, com a pressão normal variando entre 8 e 21 mmHg.

Se houver algum distúrbio nessa dinâmica (excesso de produção do humor aquoso ou deficiência na sua drenagem), pode ocorrer um aumento da pressão dentro do globo ocular. Quando está maior que 21 mmHg, começa a haver risco de lesão do nervo óptico.

Quais os tipos de glaucoma?

Existem três tipos principais de glaucoma: glaucoma de ângulo aberto, glaucoma de ângulo fechado e glaucoma congênito.

O glaucoma de ângulo aberto é a variação mais comum, manifestando-se geralmente após os 40 a 50 anos. Nesse tipo de glaucoma, as fibras do nervo óptico são lesionadas lenta e progressivamente, pois a capacidade de drenagem do humor aquoso pelos canais entre as câmaras oculares é baixa. 

No glaucoma de ângulo fechado, os canais de drenagem ficam completamente obstruídos, podendo ocorrer de forma crônica ou súbita. Quando ocorre de forma súbita, caracteriza-se como crise de glaucoma, com o aumento repentino da pressão intraocular e a possibilidade de culminar em cegueira irreversível em poucas horas.

Já o glaucoma congênito afeta bebês e crianças pequenas e é resultado de um erro na formação do sistema de drenagem do olho, causando o aumento da pressão intraocular logo após o nascimento ou nos primeiros meses de vida. Os sinais característicos são um olho grande e sem brilho, lacrimejamento e grande sensibilidade à luz, fazendo com que a criança feche os olhos em ambientes com maior luminosidade.

Quais as causas do glaucoma?

As causas exatas do glaucoma ainda não estão completamente esclarecidas, porém, a mais bem caracterizada é devido à obstrução dos canais de drenagem do humor aquoso. Quanto maior a pressão, maior o dano ao nervo óptico e ao campo visual.

Pessoas com pressão intraocular mais elevada apresentam risco aumentado para o desenvolvimento da doença, especialmente se o indivíduo for portador de certos componentes genéticos que conferem maior predisposição.

Qualquer pessoa pode ter glaucoma, inclusive crianças, mas existem grupos mais suscetíveis, como a etnia africana (para o glaucoma de ângulo aberto) ou asiática (para o glaucoma de ângulo fechado), usuários crônicos de corticoides, adultos acima de 40 anos, diabéticos, hipertensos, pessoas com doenças cardiovasculares, com histórico familiar de glaucoma e pessoas com alto grau de miopia.

Pacientes com histórico familiar de glaucoma devem sempre relatar em consultas médicas, para que o profissional leve em consideração na hora de prescrever certos medicamentos.

É extremamente importante também que toda pessoa pertencente ao grupo de risco realize o acompanhamento médico oftalmológico. Não há como prevenir o glaucoma, por isso, manter consultas periódicas com o oftalmologista é imprescindível para que o diagnóstico e o tratamento precoce sejam realizados.

Quais os sintomas do glaucoma?

Como já mencionado, o glaucoma é uma doença assintomática, silenciosa e de evolução lenta. Ao longo do tempo, alguns sintomas podem ser notados, como:

  • diminuição da percepção de contrastes;
  • dificuldade e lentidão para ler;
  • alteração na adaptação claro-escuro;
  • redução da visão periférica;
  • visão turva.

A cegueira causada pelo glaucoma costuma ocorrer de modo lento e de fora para dentro, ou seja, acomete primeiro o campo de visão periférico e progressivamente vai se tornando mais central. O glaucoma de ângulo aberto apresenta um quadro clínico insidioso, sem causar sintomas até fases avançadas da doença.

Em casos de aumento súbito da pressão intraocular (glaucoma de ângulo fechado, geralmente com pressão maior do que 40 mmHg), a pessoa pode sentir dor intensa nos olhos e ao redor, acompanhada de vermelhidão ocular, visão embaçada e com halos ao redor das luzes, dificuldade aumentada para enxergar no escuro, dilatação pupilar, náusea e vômitos.

Como é feito o diagnóstico do glaucoma?

O diagnóstico é realizado pelo oftalmologista por meio de uma série de exames. A pressão intraocular é medida pelo exame de tonometria de aplanação. A avaliação da amplitude do ângulo que a íris faz com a córnea é feita para diagnosticar se o glaucoma é de ângulo aberto ou fechado. O exame de fundo de olho também é realizado para analisar o nervo óptico e a retina, em busca de alguma lesão.  

O exame de campo visual é feito para quantificar a área espacial percebida pelos olhos do paciente. Com isso, é possível identificar, inclusive como método preventivo, quando um paciente começa a perder visão periférica em decorrência de um glaucoma.

Qual o tratamento indicado para o glaucoma?

O glaucoma é uma doença crônica e sem cura existente até o momento. A única forma de impedir sua progressão consiste em reduzir os níveis de pressão intraocular. Esse resultado pode ser obtido através da administração de colírios específicos, laserterapia e cirurgias.

Os colírios utilizados contêm medicações específicas que auxiliam no controle da pressão intraocular. Eles devem ser aplicados de maneira correta, todos os dias, ao longo da vida do paciente.

O tratamento com laser, em especial a trabeculoplastia seletiva a laser, é um procedimento que pode reduzir a pressão intraocular por algum tempo e com raras complicações.

A cirurgia é sempre a última escolha como tratamento, uma vez que há riscos envolvidos. É indicada quando a visão já está bastante prejudicada, sendo necessário intervir nas células danificadas ou desobstruir os canais de drenagem do humor aquoso. As técnicas tradicionais e mais bem conhecidas são a trabeculectomia e o implante de tubo de drenagem. 

É importante ressaltar que o paciente com glaucoma necessita manter acompanhamento periódico para avaliar a estabilidade da pressão ocular e progressão do quadro clínico. A melhor forma de prevenção é manter as visitas ao oftalmologista atualizadas, para que a doença seja detectada nos estágios iniciais e não haja progressão para lesões mais graves.

Agora que você já sabe o que é o glaucoma, indicamos a leitura do conteúdo sobre como envelhecer com saúde, para que continue cuidando do seu bem-estar físico e mental.

Referências:

Mayo Clinic. Glaucoma. Disponível em: https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/glaucoma/symptoms-causes/syc-20372839

NIH. Glaucoma. Disponível em: https://www.nei.nih.gov/learn-about-eye-health/eye-conditions-and-diseases/glaucoma Acesso em: 08/06/2023

Schuster AK, Erb C, Hoffmann EM, Dietlein T, Pfeiffer N. The Diagnosis and Treatment of Glaucoma. Dtsch Arztebl Int. 2020 Mar 27;117(13):225-234. doi: 10.3238/arztebl.2020.0225

Weinreb RN, Aung T, Medeiros FA. The pathophysiology and treatment of glaucoma: a review. JAMA. 2014 May 14;311(18):1901-11. doi: 10.1001/jama.2014.3192Weinreb, R., Leung, C., Crowston, J. et al. Primary open-angle glaucoma. Nat Rev Dis Primers 2, 16067 (2016). https://doi.org/10.1038/nrdp.2016.67

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Glaucoma: conheça as suas causas e como é o tratamento; O glaucoma é uma doença que acomete o nervo óptico e é causada pelo aumento da pressão intraocular. Sem o tratamento adequado, essa condição pode levar à cegueira permanente. É uma doença silenciosa, que não apresenta sintomas em estágios iniciais, comprometendo primeiramente a visão periférica e, em fases mais avançadas, levando à perda visual. Por isso, o diagnóstico e o tratamento logo no início da doença são essenciais para controlar as lesões no nervo óptico. Estima-se que 64,3 milhões de pessoas entre 40 e 80 anos vivem com glaucoma no mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o glaucoma é a segunda maior causa de cegueira, ficando atrás apenas da catarata. No Brasil, a condição atinge mais de 900 mil pessoas.  Não há uma cura disponível para o glaucoma, sendo o diagnóstico precoce a melhor forma de prevenção. Portanto, é essencial manter as consultas oftalmológicas de rotina em dia, para que o médico consiga identificar a doença em estágios iniciais e iniciar o tratamento rapidamente. Neste conteúdo, você encontrará informações essenciais sobre o que é o glaucoma, quais suas causas e sintomas, como é feito o diagnóstico e os tratamentos disponíveis. O que é o glaucoma? O glaucoma é uma doença ocular causada pela elevação da pressão interna dos olhos, o que pode gerar lesões e o comprometimento do nervo óptico, estrutura responsável por levar as informações do que enxergamos para o cérebro. Dentro do olho, existe uma cavidade preenchida com um líquido claro e viscoso, chamado humor aquoso, o qual exerce inúmeras funções relacionadas à proteção, manutenção da pressão, refração da luz e nutrição do globo ocular. O humor aquoso é constantemente produzido e drenado, de modo que seu volume mantém-se constante, com a pressão normal variando entre 8 e 21 mmHg. Se houver algum distúrbio nessa dinâmica (excesso de produção do humor aquoso ou deficiência na sua drenagem), pode ocorrer um aumento da pressão dentro do globo ocular. Quando está maior que 21 mmHg, começa a haver risco de lesão do nervo óptico. Quais os tipos de glaucoma? Existem três tipos principais de glaucoma: glaucoma de ângulo aberto, glaucoma de ângulo fechado e glaucoma congênito. O glaucoma de ângulo aberto é a variação mais comum, manifestando-se geralmente após os 40 a 50 anos. Nesse tipo de glaucoma, as fibras do nervo óptico são lesionadas lenta e progressivamente, pois a capacidade de drenagem do humor aquoso pelos canais entre as câmaras oculares é baixa.  No glaucoma de ângulo fechado, os canais de drenagem ficam completamente obstruídos, podendo ocorrer de forma crônica ou súbita. Quando ocorre de forma súbita, caracteriza-se como crise de glaucoma, com o aumento repentino da pressão intraocular e a possibilidade de culminar em cegueira irreversível em poucas horas. Já o glaucoma congênito afeta bebês e crianças pequenas e é resultado de um erro na formação do sistema de drenagem do olho, causando o aumento da pressão intraocular logo após o nascimento ou nos primeiros meses de vida. Os sinais característicos são um olho grande e sem brilho, lacrimejamento e grande sensibilidade à luz, fazendo com que a criança feche os olhos em ambientes com maior luminosidade. Quais as causas do glaucoma? As causas exatas do glaucoma ainda não estão completamente esclarecidas, porém, a mais bem caracterizada é devido à obstrução dos canais de drenagem do humor aquoso. Quanto maior a pressão, maior o dano ao nervo óptico e ao campo visual. Pessoas com pressão intraocular mais elevada apresentam risco aumentado para o desenvolvimento da doença, especialmente se o indivíduo for portador de certos componentes genéticos que conferem maior predisposição. Qualquer pessoa pode ter glaucoma, inclusive crianças, mas existem grupos mais suscetíveis, como a etnia africana (para o glaucoma de ângulo aberto) ou asiática (para o glaucoma de ângulo fechado), usuários crônicos de corticoides, adultos acima de 40 anos, diabéticos, hipertensos, pessoas com doenças cardiovasculares, com histórico familiar de glaucoma e pessoas com alto grau de miopia. Pacientes com histórico familiar de glaucoma devem sempre relatar em consultas médicas, para que o profissional leve em consideração na hora de prescrever certos medicamentos. É extremamente importante também que toda pessoa pertencente ao grupo de risco realize o acompanhamento médico oftalmológico. Não há como prevenir o glaucoma, por isso, manter consultas periódicas com o oftalmologista é imprescindível para que o diagnóstico e o tratamento precoce sejam realizados. Quais os sintomas do glaucoma? Como já mencionado, o glaucoma é uma doença assintomática, silenciosa e de evolução lenta. Ao longo do tempo, alguns sintomas podem ser notados, como: diminuição da percepção de contrastes; dificuldade e lentidão para ler; alteração na adaptação claro-escuro; redução da visão periférica; visão turva. A cegueira causada pelo glaucoma costuma ocorrer de modo lento e de fora para dentro, ou seja, acomete primeiro o campo de visão periférico e progressivamente vai se tornando mais central. O glaucoma de ângulo aberto apresenta um quadro clínico insidioso, sem causar sintomas até fases avançadas da doença. Em casos de aumento súbito da pressão intraocular (glaucoma de ângulo fechado, geralmente com pressão maior do que 40 mmHg), a pessoa pode sentir dor intensa nos olhos e ao redor, acompanhada de vermelhidão ocular, visão embaçada e com halos ao redor das luzes, dificuldade aumentada para enxergar no escuro, dilatação pupilar, náusea e vômitos. Como é feito o diagnóstico do glaucoma? O diagnóstico é realizado pelo oftalmologista por meio de uma série de exames. A pressão intraocular é medida pelo exame de tonometria de aplanação. A avaliação da amplitude do ângulo que a íris faz com a córnea é feita para diagnosticar se o glaucoma é de ângulo aberto ou fechado. O exame de fundo de olho também é realizado para analisar o nervo óptico e a retina, em busca de alguma lesão.   O exame de campo visual é feito para quantificar a área espacial percebida pelos olhos do paciente. Com isso, é possível identificar, inclusive como método preventivo, quando um paciente começa a perder visão periférica em decorrência de um glaucoma. Qual o tratamento indicado para o glaucoma? O glaucoma é uma doença crônica e sem cura existente até o momento. A única forma de impedir sua progressão consiste em reduzir os níveis de pressão intraocular. Esse resultado pode ser obtido através da administração de colírios específicos, laserterapia e cirurgias. Os colírios utilizados contêm medicações específicas que auxiliam no controle da pressão intraocular. Eles devem ser aplicados de maneira correta, todos os dias, ao longo da vida do paciente. O tratamento com laser, em especial a trabeculoplastia seletiva a laser, é um procedimento que pode reduzir a pressão intraocular por algum tempo e com raras complicações. A cirurgia é sempre a última escolha como tratamento, uma vez que há riscos envolvidos. É indicada quando a visão já está bastante prejudicada, sendo necessário intervir nas células danificadas ou desobstruir os canais de drenagem do humor aquoso. As técnicas tradicionais e mais bem conhecidas são a trabeculectomia e o implante de tubo de drenagem.  É importante ressaltar que o paciente com glaucoma necessita manter acompanhamento periódico para avaliar a estabilidade da pressão ocular e progressão do quadro clínico. A melhor forma de prevenção é manter as visitas ao oftalmologista atualizadas, para que a doença seja detectada nos estágios iniciais e não haja progressão para lesões mais graves. Agora que você já sabe o que é o glaucoma, indicamos a leitura do conteúdo sobre como envelhecer com saúde, para que continue cuidando do seu bem-estar físico e mental. Referências: Mayo Clinic. Glaucoma. Disponível em: https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/glaucoma/symptoms-causes/syc-20372839 NIH. Glaucoma. Disponível em: https://www.nei.nih.gov/learn-about-eye-health/eye-conditions-and-diseases/glaucoma Acesso em: 08/06/2023 Schuster AK, Erb C, Hoffmann EM, Dietlein T, Pfeiffer N. The Diagnosis and Treatment of Glaucoma. Dtsch Arztebl Int. 2020 Mar 27;117(13):225-234. doi: 10.3238/arztebl.2020.0225 Weinreb RN, Aung T, Medeiros FA. The pathophysiology and treatment of glaucoma: a review. JAMA. 2014 May 14;311(18):1901-11. doi: 10.1001/jama.2014.3192Weinreb, R., Leung, C., Crowston, J. et al. Primary open-angle glaucoma. Nat Rev Dis Primers 2, 16067 (2016). https://doi.org/10.1038/nrdp.2016.67