Sabin Por: Sabin
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O debate — muitas vezes acalorado — sobre a volta às aulas presenciais atravessou toda a pandemia da covid-19. De toda forma, o momento é, efetivamente, de retorno de alunos, professores e funcionários às aulas presenciais e não podemos esquecer que a pandemia, infelizmente, ainda não acabou.

Sendo assim, continua sendo necessário manter cuidados para evitar a transmissão do vírus. As famílias devem estar atentas se a escola está seguindo todos os protocolos recomendados e precisa fazer a parte dela na prevenção.

Como ainda existem muitas dúvidas sobre isso, preparamos este artigo para esclarecer as principais. Tivemos a contribuição da Dra. Andréa Jácomo, pediatra, presidente do Departamento de Pediatria Ambulatorial da Sociedade de Pediatria do Distrito Federal e membro da Diretoria da Sociedade de Pediatria do Distrito Federal.

Acompanhe este texto até o fim para conferir as instruções da especialista para o retorno às aulas presenciais.

Quais normas as escolas devem seguir e como avaliar o protocolo da escola?

Quando a pandemia começou, tudo era uma grande novidade. Agora, está mais claro como funciona a dinâmica da covid-19 e o que se caracteriza como um risco de contaminação. Com isso, foi observado que é possível a volta às aulas presenciais de forma segura. Um dos motivos é o menor potencial que as crianças têm de transmitir o coronavírus.

“Hoje em dia, a gente já sabe que as crianças transmitem menos quanto menores elas são. O risco de transmissão aumenta de acordo com a faixa etária, assim, existe uma maior transmissão entre adolescentes, que já vão transmitir como os adultos”, explica a especialista.

Além disso, a maioria das crianças que contrai covid-19, quando isso acontece desenvolve uma forma leve da doença. Ainda assim, não podemos ignorar que o risco existe. Portanto, na volta às aulas presenciais, todas as escolas precisam seguir normas para garantir a segurança de todos. 

Para ter certeza de que seu filho estará seguro, observe quais são os protocolos adotados pela escola. O Ministério da Educação lançou um Guia de Implementação de Protocolos de Retorno das Atividades Presenciais nas Escolas de Educação Básica. Nele, as medidas recomendadas não são muito diferentes daquelas já conhecidas:

  • uso obrigatório da máscara por todos;
  • distanciamento de no mínimo 1 m;
  • não compartilhar objetos de uso pessoal;
  • higienizar constantemente as mãos e os punhos.

Outras medidas importantes para um retorno seguro são:

  • aferição diária da temperatura;
  • orientação e suporte às crianças quando for necessário tirar a máscara;
  • nas escolas para crianças pequenas que ainda precisam de colo, a professora deve estar usando um avental descartável.

Em relação ao protocolo, cada escola deve elaborar seu plano de retorno seguindo as orientações da Secretaria de Educação à qual está vinculada. Além disso, é preciso que esse retorno respeite a estrutura e a capacidade de cada instituição.

Andréa reforça que, embora o mínimo exigido de distanciamento seja de um metro, o ideal é que seja mantido 1,5 a 2 m entre cada criança. As turmas devem estar adequadas para o cumprimento dessa norma.

“Cada escola vai ter o seu protocolo de divisão da turma em bolhas, em colmeia ou em revezamento, com uma parte da turma em casa, no online, e a outra no presencial, de acordo com sua demanda”, explica a especialista.

Então, vale buscar referências em órgãos competentes e verificar as exigências para a volta às aulas presenciais em cada região. Em seguida, fazer um comparativo com as medidas adotadas pela escola consultando o protocolo que ela adotou, a fim de identificar se está adequado.

Quais as regras para os alunos?

Para os alunos, a regra principal é seguir os protocolos da escola. Como a testagem para covid-19 não está acessível para todos, o ideal é, antes de aderir à volta às aulas presenciais,observar a ocorrência de sintomas.

Crianças e adolescentes sintomáticos ou que tiveram diagnóstico positivo devem permanecer afastados da escola por 14 dias. Aqueles que tiverem acesso ao teste precisam respeitar algumas regras antes de retornar às aulas, conforme explica a pediatra.

“A criança que contrai a covid-19 e deixa de apresentar sintomas, se o teste estiver negativo após o quinto dia sem sintomas, poderia voltar para a escola, a partir do décimo dia. Isso ajuda a diminuir o absenteísmo escolar, mas o mais seguro ainda são os 14 dias de espera”.

Quando há casos positivos na família, ainda que a criança esteja assintomática, não é recomendado que compareça às aulas presenciais. Conforme explicado, o ideal é manter o isolamento por pelo menos 14 dias.

O uso da máscara é indispensável para permanecer no ambiente escolar. No mais, cabe às famílias orientar sobre as medidas preventivas e a importância de respeitar aquilo que for estabelecido pela escola.

5 cuidados e orientações para os pais nessa volta às aulas presenciais

Muitos pais estão inseguros com a volta às aulas presenciais, mas esse retorno tem um impacto positivo no desenvolvimento das crianças e dos adolescentes, em especial no segundo caso, por causa do comportamento grupal.

Quanto aos menorzinhos, de até 3 anos de idade, a pediatra explica que ir à escola não é uma necessidade. Nessa fase, a interação se dá por meio de brincadeiras, pois elas estão em um momento de neurodesenvolvimento. Logo, recebendo os estímulos corretos dentro de casa, não haverá prejuízos para a sua formação.

Para os demais, é importante adotar cuidados e dar orientações para que a volta às aulas presenciais seja tranquila. Veja algumas sugestões importantes.

1. Colocar álcool em gel na mochila

O álcool em gel 70% deve fazer parte do dia a dia na escola. A instituição deve disponibilizá-lo, mas os pais também precisam garantir que seus filhos tenham o produto na mochila. É essencial ensinar o modo correto de usar e alertar sobre a importância de não brincar com o produto, pois o uso inadequado oferece risco para a segurança e para a saúde.

2. Falar sobre não trocar máscaras com os colegas

Andréa alerta sobre a importância de conversar com as crianças sobre o uso individual da máscara, para que elas se adaptem, usem da maneira correta e não exista o risco de fazerem trocas porque a do colega é mais bonita, por exemplo.

A especialista conta que muitas crianças conseguem se adaptar na faixa dos 2 aos 6 anos. Entre os 6 e os 10 fica mais fácil ensinar porque elas já entendem e seguem regras. Para os adolescentes, é ainda mais tranquilo, mas, ainda assim, é preciso reafirmar de forma constante a recomendação.

3. Explicar sobre não compartilhar lanche com amigos

O compartilhamento de lanches é bastante comum na escola, mas, neste momento de pandemia, é um hábito que não pode ser cultivado e é muito importante que os pais alertem os filhos para que não exista o risco de contribuírem com a circulação do vírus.

4. Ensinar boas práticas de higiene para o momento

Se os adultos já tinham dúvidas e dificuldades quanto às boas práticas de higiene, imagine crianças e adolescentes. Eles precisam de orientação sobre como fazer essa higiene e em quais momentos ela é necessária. Mais uma vez, é importante ensinar sobre o uso do álcool em gel, o manuseio de objetos e da máscara.

5. Adotar medidas de higiene ao chegar em casa

Para complementar os cuidados, algumas medidas de higiene devem ser adotadas assim que o estudante chegar em casa. As roupas devem ser trocadas todos os dias e é importante tomar banho antes de realizar qualquer outra atividade.

Como medida complementar, vale manter o calendário de vacinação em dia e, assim que estiver disponível a vacina contra covid-19, comparecer à unidade de saúde para a imunização. 

Também é interessante manter a imunidade em dia para a volta às aulas presenciais. A pediatra recomenda medidas básicas, como dormir bem, adotar uma alimentação saudável e abandonar o sedentarismo. Em caso de dúvidas ou se a criança tiver alguma condição especial, é fundamental consultar um médico antes de aderir ao retorno.

Como nesse momento observar os sintomas da covid-19 é fundamental, confira neste outro artigo quais são os mais comuns para ter atenção com a saúde dos seus filhos e a sua.

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Conheça os cuidados na volta às aulas presenciais; O debate — muitas vezes acalorado — sobre a volta às aulas presenciais atravessou toda a pandemia da covid-19. De toda forma, o momento é, efetivamente, de retorno de alunos, professores e funcionários às aulas presenciais e não podemos esquecer que a pandemia, infelizmente, ainda não acabou. Sendo assim, continua sendo necessário manter cuidados para evitar a transmissão do vírus. As famílias devem estar atentas se a escola está seguindo todos os protocolos recomendados e precisa fazer a parte dela na prevenção. Como ainda existem muitas dúvidas sobre isso, preparamos este artigo para esclarecer as principais. Tivemos a contribuição da Dra. Andréa Jácomo, pediatra, presidente do Departamento de Pediatria Ambulatorial da Sociedade de Pediatria do Distrito Federal e membro da Diretoria da Sociedade de Pediatria do Distrito Federal. Acompanhe este texto até o fim para conferir as instruções da especialista para o retorno às aulas presenciais. Quais normas as escolas devem seguir e como avaliar o protocolo da escola? Quando a pandemia começou, tudo era uma grande novidade. Agora, está mais claro como funciona a dinâmica da covid-19 e o que se caracteriza como um risco de contaminação. Com isso, foi observado que é possível a volta às aulas presenciais de forma segura. Um dos motivos é o menor potencial que as crianças têm de transmitir o coronavírus. “Hoje em dia, a gente já sabe que as crianças transmitem menos quanto menores elas são. O risco de transmissão aumenta de acordo com a faixa etária, assim, existe uma maior transmissão entre adolescentes, que já vão transmitir como os adultos”, explica a especialista. Além disso, a maioria das crianças que contrai covid-19, quando isso acontece desenvolve uma forma leve da doença. Ainda assim, não podemos ignorar que o risco existe. Portanto, na volta às aulas presenciais, todas as escolas precisam seguir normas para garantir a segurança de todos.  Para ter certeza de que seu filho estará seguro, observe quais são os protocolos adotados pela escola. O Ministério da Educação lançou um Guia de Implementação de Protocolos de Retorno das Atividades Presenciais nas Escolas de Educação Básica. Nele, as medidas recomendadas não são muito diferentes daquelas já conhecidas: uso obrigatório da máscara por todos; distanciamento de no mínimo 1 m; não compartilhar objetos de uso pessoal; higienizar constantemente as mãos e os punhos. Outras medidas importantes para um retorno seguro são: aferição diária da temperatura; orientação e suporte às crianças quando for necessário tirar a máscara; nas escolas para crianças pequenas que ainda precisam de colo, a professora deve estar usando um avental descartável. Em relação ao protocolo, cada escola deve elaborar seu plano de retorno seguindo as orientações da Secretaria de Educação à qual está vinculada. Além disso, é preciso que esse retorno respeite a estrutura e a capacidade de cada instituição. Andréa reforça que, embora o mínimo exigido de distanciamento seja de um metro, o ideal é que seja mantido 1,5 a 2 m entre cada criança. As turmas devem estar adequadas para o cumprimento dessa norma. “Cada escola vai ter o seu protocolo de divisão da turma em bolhas, em colmeia ou em revezamento, com uma parte da turma em casa, no online, e a outra no presencial, de acordo com sua demanda”, explica a especialista. Então, vale buscar referências em órgãos competentes e verificar as exigências para a volta às aulas presenciais em cada região. Em seguida, fazer um comparativo com as medidas adotadas pela escola consultando o protocolo que ela adotou, a fim de identificar se está adequado. Quais as regras para os alunos? Para os alunos, a regra principal é seguir os protocolos da escola. Como a testagem para covid-19 não está acessível para todos, o ideal é, antes de aderir à volta às aulas presenciais,observar a ocorrência de sintomas. Crianças e adolescentes sintomáticos ou que tiveram diagnóstico positivo devem permanecer afastados da escola por 14 dias. Aqueles que tiverem acesso ao teste precisam respeitar algumas regras antes de retornar às aulas, conforme explica a pediatra. “A criança que contrai a covid-19 e deixa de apresentar sintomas, se o teste estiver negativo após o quinto dia sem sintomas, poderia voltar para a escola, a partir do décimo dia. Isso ajuda a diminuir o absenteísmo escolar, mas o mais seguro ainda são os 14 dias de espera”. Quando há casos positivos na família, ainda que a criança esteja assintomática, não é recomendado que compareça às aulas presenciais. Conforme explicado, o ideal é manter o isolamento por pelo menos 14 dias. O uso da máscara é indispensável para permanecer no ambiente escolar. No mais, cabe às famílias orientar sobre as medidas preventivas e a importância de respeitar aquilo que for estabelecido pela escola. 5 cuidados e orientações para os pais nessa volta às aulas presenciais Muitos pais estão inseguros com a volta às aulas presenciais, mas esse retorno tem um impacto positivo no desenvolvimento das crianças e dos adolescentes, em especial no segundo caso, por causa do comportamento grupal. Quanto aos menorzinhos, de até 3 anos de idade, a pediatra explica que ir à escola não é uma necessidade. Nessa fase, a interação se dá por meio de brincadeiras, pois elas estão em um momento de neurodesenvolvimento. Logo, recebendo os estímulos corretos dentro de casa, não haverá prejuízos para a sua formação. Para os demais, é importante adotar cuidados e dar orientações para que a volta às aulas presenciais seja tranquila. Veja algumas sugestões importantes. 1. Colocar álcool em gel na mochila O álcool em gel 70% deve fazer parte do dia a dia na escola. A instituição deve disponibilizá-lo, mas os pais também precisam garantir que seus filhos tenham o produto na mochila. É essencial ensinar o modo correto de usar e alertar sobre a importância de não brincar com o produto, pois o uso inadequado oferece risco para a segurança e para a saúde. 2. Falar sobre não trocar máscaras com os colegas Andréa alerta sobre a importância de conversar com as crianças sobre o uso individual da máscara, para que elas se adaptem, usem da maneira correta e não exista o risco de fazerem trocas porque a do colega é mais bonita, por exemplo. A especialista conta que muitas crianças conseguem se adaptar na faixa dos 2 aos 6 anos. Entre os 6 e os 10 fica mais fácil ensinar porque elas já entendem e seguem regras. Para os adolescentes, é ainda mais tranquilo, mas, ainda assim, é preciso reafirmar de forma constante a recomendação. 3. Explicar sobre não compartilhar lanche com amigos O compartilhamento de lanches é bastante comum na escola, mas, neste momento de pandemia, é um hábito que não pode ser cultivado e é muito importante que os pais alertem os filhos para que não exista o risco de contribuírem com a circulação do vírus. 4. Ensinar boas práticas de higiene para o momento Se os adultos já tinham dúvidas e dificuldades quanto às boas práticas de higiene, imagine crianças e adolescentes. Eles precisam de orientação sobre como fazer essa higiene e em quais momentos ela é necessária. Mais uma vez, é importante ensinar sobre o uso do álcool em gel, o manuseio de objetos e da máscara. 5. Adotar medidas de higiene ao chegar em casa Para complementar os cuidados, algumas medidas de higiene devem ser adotadas assim que o estudante chegar em casa. As roupas devem ser trocadas todos os dias e é importante tomar banho antes de realizar qualquer outra atividade. Como medida complementar, vale manter o calendário de vacinação em dia e, assim que estiver disponível a vacina contra covid-19, comparecer à unidade de saúde para a imunização.  Também é interessante manter a imunidade em dia para a volta às aulas presenciais. A pediatra recomenda medidas básicas, como dormir bem, adotar uma alimentação saudável e abandonar o sedentarismo. Em caso de dúvidas ou se a criança tiver alguma condição especial, é fundamental consultar um médico antes de aderir ao retorno. Como nesse momento observar os sintomas da covid-19 é fundamental, confira neste outro artigo quais são os mais comuns para ter atenção com a saúde dos seus filhos e a sua.