Sabin Por: Sabin
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O curso “Medicina Diagnóstica: Interação Clínico-Laboratorial”, realizado pelo Grupo Sabin com o objetivo de orientar estudantes dos últimos períodos de medicina e médicos residentes quanto à solicitação adequada de exames, abordou sobre o tema “Avaliação laboratorial da hemostasia na prática médica”.

O hematologista Dr. Felipe Furtado retrata os exames mais solicitados, no dia a dia clínico, para avaliar a hemostasia, e orienta como fazer a interpretação adequada para a melhor escolha do tratamento dispensado ao paciente.

Acompanhe, aqui, os pontos-chave da apresentação, mas não deixe de assistir à aula completa!

Um review sobre o que é hemostasia

Para dar início à apresentação, Dr. Felipe convida o aluno a revisitar os fundamentos da hemostasia. Por definição, a hemostasia é o processo de coagulação sanguínea, e é dividida em primária e secundária.

A hemostasia primária caracteriza-se pela ação das plaquetas no estancamento do sangue. Já a secundária, pela formação do coágulo de fibrina. Fazer essa separação é importante na hora da avaliação laboratorial, uma vez que os fatores de coagulação são ativados de maneiras diferentes, nos ensaios in vivo e in vitro.

Distúrbios relacionados à hemostasia

Na hemostasia primária, a alteração da agregação plaquetária pode ser encontrada em pacientes que apresentam sangramento cutâneo-mucoso. Costuma acontecer em portadores da doença de von Willebrand, em pacientes com doença hereditária de função plaquetária ou naqueles em uso de medicamentos antiagregantes.

A alteração das vias de coagulação, na hemostasia secundária, ocorre geralmente em pacientes com quadro de sangramento compartimental. Exemplos: hemofílicos e aqueles em uso de anticoagulantes.

Quando solicitar os exames laboratoriais de hemostasia?

Na prática médica, os exames para a avaliação da hemostasia devem ser solicitados nas seguintes situações clínicas:

  • pacientes com quadro de sangramento considerado anormal;
  • pacientes com risco maior de sangramento, em decorrência de alguma condição prévia;
  • pacientes com risco de trombose;
  • pacientes em tratamento com medicamentos coagulantes.

Entretanto, é preciso cautela na hora de solicitar os exames. Dr. Felipe explica o porquê: “É importante que os exames sejam utilizados de forma racional, evitando, assim, interpretação e conduta erradas”. 

Ele destaca, ainda, que os testes não são imediatamente recomendados para pacientes sem histórico de sangramento ou em fase pré-operatória.

Como a hemostasia é avaliada laboratorialmente?

A avaliação da hemostasia primária é realizada através da análise das plaquetas, considerando aspectos como contagem, morfologia, volume, curva de agregação e avaliação genética. 

Para conduzir a investigação diagnóstica da hemostasia secundária, é necessário avaliar a cascata de coagulação e a degradação da fibrina. Neste ponto da aula, o hematologista aproveita para relembrar a fisiologia da cascata de coagulação. Confira a explicação no vídeo!

Vale a pena ressaltar que, para a coleta do exame de hemostasia, alguns cuidados são recomendados para evitar qualquer equívoco na interpretação final. É importante checar sempre se os dados de identificação do paciente estão corretos, para que não haja troca de amostra. Os cuidados relacionados à forma como a punção venosa é realizada ou a amostra é manipulada também fazem toda a diferença na hora de coletar o material. Para isso, deve ser observado o uso correto das agulhas e dos tubos, sem contar que é preciso atentar-se às condições de deslocamento da amostra, que deve ser transportada na posição vertical, em temperatura adequada e sem agitação.

Quais os tipos de exame para hemostasia?

Entre os principais exames laboratoriais utilizados para avaliar a hemostasia, destacam-se: TAP (Tempo de Atividade da Protombina); TTPa (Tempo de Atividade Parcial da Tromboplastina); TT (Tempo de Trombina); D-dímero. Além dos testes de triagem e de segunda linha para hemostasia primária.

TAP 

A metodologia usada para a realização do TAP (Tempo de Atividade da Protombina) baseia-se nos fatores de reação das enzimas plasmáticas. O teste é feito com a adição dos reagentes responsáveis por ativar a coagulação, que será potencializada pela atuação dos fosfolípides e cálcio. Formado o coágulo, o tempo de atividade da protrombina é mensurado, podendo variar de reagente para reagente.

Fatores que podem interferir no resultado do TAP: presença de insuficiência hepática ou deficiência de vitamina K; produção de anticorpos específicos e inespecíficos; anticoagulantes em uso do paciente. 

TTPa

O exame do Tempo de Atividade Parcial da Tromboplastina (TTPa) é semelhante ao TAP, a diferença está no reagente utilizado. No TAP, o cofator é o fator tecidual. No TTPa, são os ativadores de contato, que podem ser artificiais ou fisiológicos.

Fatores que podem interferir no resultado do TTPa: alterações na cascata de coagulação; produção de anticorpos específicos e inespecíficos; anticoagulantes em uso do paciente.

TT

No exame de TT (Tempo de Trombina), a medição do tempo de formação do coágulo é feita a partir da adição de trombina ao plasma do paciente. Clinicamente, é usado para avaliar disfunções do fibrinogênio, bem como identificar o uso de drogas inibidoras de trombina pelo paciente.

D-dímero

Este exame avalia a degradação da fibrina. É executado através da quantificação dos fragmentos D, um dos polímeros formadores da fibrina.

Fatores que podem interferir no resultado do D-dímero: presença de fibrina na coleta; condições inadequadas da amostra; pacientes em processo inflamatório; pacientes idosos; gestantes; falta de padronização dos valores de referência; entre outros.

Testes de triagem

Não podemos deixar de citar os principais testes de triagem da hemostasia primária, a seguir especificados.

  • hemograma;
  • avaliação do tempo de sangramento; 
  • PFA (Platelet Function Analyzer).

Testes de segunda linha

Para finalizar, a avaliação da hemostasia primária também pode ser feita pelo que conhecemos como testes de segunda linha. 

Trata-se de testes mais específicos, que desempenham funções como medir a curva de agregação plaquetária, investigar a doença de von Willebrand, determinar a imunofenotipagem, avaliar o sistema hemostático, além ser capaz de estudar a microscopia eletrônica e fatores genéticos.

Veja, no vídeo acima, como proceder quando ocorrer alteração nos exames!

Com a aula de hoje, foi possível absorver a importância dos testes para o diagnóstico de doenças hemorrágicas. Pudemos ver que essas doenças abrangem diversas condições clínicas e avaliá-las corretamente pode garantir o sucesso da abordagem terapêutica.

É possível fazer o controle da coagulação sanguínea mediante acompanhamento médico adequado e uma boa avaliação laboratorial.

Gostou do conteúdo? Compartilhe com seus colegas médicos. E não deixe de acompanhar as outras aulas do curso de Medicina Diagnóstica do Sabin! Confira os temas:

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Avaliação laboratorial da hemostasia na prática médica; O curso “Medicina Diagnóstica: Interação Clínico-Laboratorial”, realizado pelo Grupo Sabin com o objetivo de orientar estudantes dos últimos períodos de medicina e médicos residentes quanto à solicitação adequada de exames, abordou sobre o tema “Avaliação laboratorial da hemostasia na prática médica”. O hematologista Dr. Felipe Furtado retrata os exames mais solicitados, no dia a dia clínico, para avaliar a hemostasia, e orienta como fazer a interpretação adequada para a melhor escolha do tratamento dispensado ao paciente. Acompanhe, aqui, os pontos-chave da apresentação, mas não deixe de assistir à aula completa! Um review sobre o que é hemostasia Para dar início à apresentação, Dr. Felipe convida o aluno a revisitar os fundamentos da hemostasia. Por definição, a hemostasia é o processo de coagulação sanguínea, e é dividida em primária e secundária. A hemostasia primária caracteriza-se pela ação das plaquetas no estancamento do sangue. Já a secundária, pela formação do coágulo de fibrina. Fazer essa separação é importante na hora da avaliação laboratorial, uma vez que os fatores de coagulação são ativados de maneiras diferentes, nos ensaios in vivo e in vitro. Distúrbios relacionados à hemostasia Na hemostasia primária, a alteração da agregação plaquetária pode ser encontrada em pacientes que apresentam sangramento cutâneo-mucoso. Costuma acontecer em portadores da doença de von Willebrand, em pacientes com doença hereditária de função plaquetária ou naqueles em uso de medicamentos antiagregantes. A alteração das vias de coagulação, na hemostasia secundária, ocorre geralmente em pacientes com quadro de sangramento compartimental. Exemplos: hemofílicos e aqueles em uso de anticoagulantes. Quando solicitar os exames laboratoriais de hemostasia? Na prática médica, os exames para a avaliação da hemostasia devem ser solicitados nas seguintes situações clínicas: pacientes com quadro de sangramento considerado anormal; pacientes com risco maior de sangramento, em decorrência de alguma condição prévia; pacientes com risco de trombose; pacientes em tratamento com medicamentos coagulantes. Entretanto, é preciso cautela na hora de solicitar os exames. Dr. Felipe explica o porquê: “É importante que os exames sejam utilizados de forma racional, evitando, assim, interpretação e conduta erradas”.  Ele destaca, ainda, que os testes não são imediatamente recomendados para pacientes sem histórico de sangramento ou em fase pré-operatória. Como a hemostasia é avaliada laboratorialmente? A avaliação da hemostasia primária é realizada através da análise das plaquetas, considerando aspectos como contagem, morfologia, volume, curva de agregação e avaliação genética.  Para conduzir a investigação diagnóstica da hemostasia secundária, é necessário avaliar a cascata de coagulação e a degradação da fibrina. Neste ponto da aula, o hematologista aproveita para relembrar a fisiologia da cascata de coagulação. Confira a explicação no vídeo! https://youtu.be/MXAFG3B_RVI Vale a pena ressaltar que, para a coleta do exame de hemostasia, alguns cuidados são recomendados para evitar qualquer equívoco na interpretação final. É importante checar sempre se os dados de identificação do paciente estão corretos, para que não haja troca de amostra. Os cuidados relacionados à forma como a punção venosa é realizada ou a amostra é manipulada também fazem toda a diferença na hora de coletar o material. Para isso, deve ser observado o uso correto das agulhas e dos tubos, sem contar que é preciso atentar-se às condições de deslocamento da amostra, que deve ser transportada na posição vertical, em temperatura adequada e sem agitação. Quais os tipos de exame para hemostasia? Entre os principais exames laboratoriais utilizados para avaliar a hemostasia, destacam-se: TAP (Tempo de Atividade da Protombina); TTPa (Tempo de Atividade Parcial da Tromboplastina); TT (Tempo de Trombina); D-dímero. Além dos testes de triagem e de segunda linha para hemostasia primária. TAP  A metodologia usada para a realização do TAP (Tempo de Atividade da Protombina) baseia-se nos fatores de reação das enzimas plasmáticas. O teste é feito com a adição dos reagentes responsáveis por ativar a coagulação, que será potencializada pela atuação dos fosfolípides e cálcio. Formado o coágulo, o tempo de atividade da protrombina é mensurado, podendo variar de reagente para reagente. Fatores que podem interferir no resultado do TAP: presença de insuficiência hepática ou deficiência de vitamina K; produção de anticorpos específicos e inespecíficos; anticoagulantes em uso do paciente.  TTPa O exame do Tempo de Atividade Parcial da Tromboplastina (TTPa) é semelhante ao TAP, a diferença está no reagente utilizado. No TAP, o cofator é o fator tecidual. No TTPa, são os ativadores de contato, que podem ser artificiais ou fisiológicos. Fatores que podem interferir no resultado do TTPa: alterações na cascata de coagulação; produção de anticorpos específicos e inespecíficos; anticoagulantes em uso do paciente. TT No exame de TT (Tempo de Trombina), a medição do tempo de formação do coágulo é feita a partir da adição de trombina ao plasma do paciente. Clinicamente, é usado para avaliar disfunções do fibrinogênio, bem como identificar o uso de drogas inibidoras de trombina pelo paciente. D-dímero Este exame avalia a degradação da fibrina. É executado através da quantificação dos fragmentos D, um dos polímeros formadores da fibrina. Fatores que podem interferir no resultado do D-dímero: presença de fibrina na coleta; condições inadequadas da amostra; pacientes em processo inflamatório; pacientes idosos; gestantes; falta de padronização dos valores de referência; entre outros. Testes de triagem Não podemos deixar de citar os principais testes de triagem da hemostasia primária, a seguir especificados. hemograma; avaliação do tempo de sangramento;  PFA (Platelet Function Analyzer). Testes de segunda linha Para finalizar, a avaliação da hemostasia primária também pode ser feita pelo que conhecemos como testes de segunda linha.  Trata-se de testes mais específicos, que desempenham funções como medir a curva de agregação plaquetária, investigar a doença de von Willebrand, determinar a imunofenotipagem, avaliar o sistema hemostático, além ser capaz de estudar a microscopia eletrônica e fatores genéticos. Veja, no vídeo acima, como proceder quando ocorrer alteração nos exames! Com a aula de hoje, foi possível absorver a importância dos testes para o diagnóstico de doenças hemorrágicas. Pudemos ver que essas doenças abrangem diversas condições clínicas e avaliá-las corretamente pode garantir o sucesso da abordagem terapêutica. É possível fazer o controle da coagulação sanguínea mediante acompanhamento médico adequado e uma boa avaliação laboratorial. Gostou do conteúdo? Compartilhe com seus colegas médicos. E não deixe de acompanhar as outras aulas do curso de Medicina Diagnóstica do Sabin! Confira os temas: Tirando o máximo proveito das sorologiasDra. Luciana Campos Investigação das linfonodomegaliasDra. Maura Colturato Investigação laboratorial de anemiaDra. Maria do Carmo Favarin O laboratório de imuno-hematologia na prática clínicaDra. Ana Teresa Neri Marcadores tumorais. O screening deve ser solicitado?Dr. Alex Galoro Endocrinopatias após Covid-19. 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