Sabin Por: Sabin
Leitura
10min 39s
OUVIR 00:00
AAA

Entre os meses de agosto e setembro de 2022, o Grupo Sabin promoveu o curso on-line “Medicina Diagnóstica: Interação Clínico-Laboratorial”, com o objetivo de orientar estudantes dos últimos períodos de medicina e médicos residentes quanto à solicitação adequada de exames.

Uma das aulas apresentadas, intitulada “Diagnóstico Laboratorial do Infarto Agudo do Miocárdio” e ministrada pelo cardiologista Dr. Anderson Rodrigues, aborda sobre a utilização prática de biomarcadores laboratoriais para o diagnóstico do IAM.

Quer saber o que foi discutido? Leia atentamente as próximas linhas, mas não deixe de acompanhar a gravação da aula completa!

Dados epidemiológicos de doenças cardiovasculares

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a aterotrombose é a principal causa atual de mortalidade ao redor do mundo, e o aumento progressivo na incidência é considerado preocupante. 

Estudos que comparam a evolução da mortalidade por doenças cardíacas (anos 2000-2040) estimam para o Brasil:

  • Crescimento expressivo de 250% em relação a outros países;
  • Em 2040, o Brasil estará no 1º lugar mundial em incidência de mortes de origem cardiovascular. 

Entre as manifestações clínicas da doença, está o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e os “derrames” (AVE – Acidente Vascular Encefálico ou mais conhecido como AVC – Acidente Vascular Cerebral).

Fatores de risco para doenças cardiovasculares

Dr. Anderson faz referência a alguns fatores de risco para as doenças cardiovasculares, aproveitando para evidenciar que, em nosso país, o tabagismo vem diminuindo ao longo das décadas, o que reflete positivamente na redução de mortes por IAM.

Entretanto, pondera que, apesar da queda do tabagismo, presenciamos outro cenário alarmante: a presença, cada vez maior, de Síndromes Coronarianas Agudas (SCA) em jovens. Isso se deve a fatores como o aumento do uso de cigarros eletrônicos, da obesidade — elevando o número de casos de hipertensão arterial e diabetes —, além do consumo de drogas ilícitas. Para melhor ilustrar essa informação, o cardiologista traz um relevante estudo publicado pelo Journal of the American College of Cardiology (JACC).

Importante ressaltar que as doenças cardiovasculares são multifatoriais, ou seja, todos os fatores de risco devem ser levados em consideração de maneira simultânea. É preciso investigar o paciente criteriosamente, desde a anamnese, identificando o histórico familiar, e qualquer informação que indique o aumento da doença naquele indivíduo. Assim, é possível estimar o risco individual e, na sequência, direcionar a exames complementares necessários, bem como o tratamento mais ideal.

Conheça melhor sobre os fatores de risco mais relevantes para as doenças cardiovasculares, assistindo ao vídeo da aula.

Como ocorre a aterosclerose?

Mostrando a evolução da aterosclerose, Dr. Anderson explica, em detalhes, o que ocorre dentro das artérias e lembra que o processo aterogênico se inicia pela inflamação da parede (endotélio) das artérias, processo conhecido como disfunção do endotélio. 

Ao longo do tempo, essa disfunção cresce gradativamente, formando células espumosas e estrias gordurosas, até chegar à formação do ateroma, que, por sua vez, forma uma placa fibrosa. A ruptura dessa placa pode causar, então, a SCA.

A partir deste ponto da aula, o cardiologista evidencia a correlação epidemiológica quantitativa existente entre os fenômenos aterotrombóticos e os vários territórios arteriais, o que pode contribuir preventivamente na investigação diagnóstica. Confira!

Desafios diagnósticos laboratoriais e terapêuticos

Mais frequentes em serviços de emergência e Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), pacientes que chegam com queixas de origem cardiovascular devem ser avaliados com muito cuidado, para evitar interpretação inadequada das hipóteses diagnósticas.

Devido às características multifatoriais, o grande desafio diagnóstico está em diferenciar os sintomas para direcionar a abordagem terapêutica mais eficaz. “Hoje, de 3 a 11% dos doentes com SCA são liberados de forma equivocada do pronto-socorro, sem a definição diagnóstica de IAM. Isso vai gerar um pior prognóstico, mortalidade maior e risco legal para quem dá alta”, alerta Dr. Anderson.

Ele aproveita para trazer um estudo que corrobora o diagnóstico diferencial de dor torácica abordado na aula, baseado nas diretrizes de instituições oficiais como a Sociedade Brasileira de Cardiologia, Sociedade de Cardiologia Europeia e Sociedade Americana de Ecocardiografia.

Classificação da dor torácica

A dor torácica pode ser classificada em quatro tipos: 

  • Tipo A – dor anginosa;
  • Tipo B – dor provavelmente anginosa;
  • Tipo C – dor provavelmente não anginosa;
  • Tipo D – dor não anginosa.

Essa classificação permite direcionar o médico na avaliação diagnóstica do paciente, identificando se a dor é causada por uma SCA ou apresenta outra origem.

Tipo A – dor anginosa

Característica evidente de angina que leva ao diagnóstico de doença arterial coronariana (angina do peito ou infarto do miocárdio).

Tipo B – dor provavelmente anginosa

Embora não apresente todas as características de uma angina típica, tem como principal suspeita diagnóstica a doença coronariana.

Tipo C – dor provavelmente não anginosa

Dor atípica, porém não está descartada a hipótese de doença arterial, sendo necessária a realização de exames complementares.

Tipo D – dor não anginosa

Características de origem não coronariana.

Quais os marcadores mais utilizados para o diagnóstico do Infarto Agudo do Miocárdio?

O diagnóstico laboratorial do Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) pode ser realizado através de biomarcadores como mioglobina, CK-MB e troponina. Dr. Anderson apresenta dados gráficos referentes à curva de ascensão de cada marcador, bem como respectivos valores basais e a duração dos níveis de dosagem.

Para exemplificar, o médico traz um caso clínico, no qual o aluno tem a chance de acompanhar todas as etapas diagnósticas de IAM através da troponina — um dos melhores biomarcadores — e os possíveis desdobramentos terapêuticos.

Principais tipos de Infarto Agudo do Miocárdio

De acordo com a última definição universal de infarto, publicada pela Sociedade Europeia de Cardiologia, o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) está distribuído em cinco categorias. Conheça, a seguir, os tipos e suas principais características. A explicação detalhada para cada tipo de IAM, você confere no vídeo da apresentação.

  • Tipo 1: instabilidade de placa;
  • Tipo 2: desbalanço entre oferta e demanda;
  • Tipo 3: morte súbita;
  • Tipo 4: relacionado à angioplastia;
  • Tipo 5: relacionado à cirurgia de revascularização cirúrgica do miocárdio.

Esperamos que esta aula venha a engrandecer ainda mais sua prática médica. “É importante que sempre lembremos da importância que temos na vida de outras pessoas — como médicos e seres humanos — e que nosso comprometimento com a informação correta e a melhor prática da medicina [da cardiologia] possam ajudar com que vidas sejam salvas e pessoas vivam com melhor qualidade de vida”, conclui Dr. Anderson.

O diagnóstico diferencial de SCA reflete diretamente no tratamento inicial rápido e efetivo dos pacientes, resultando em prognósticos mais eficazes e, até mesmo, evitando sequelas ou o agravamento do quadro clínico.

Gostou do conteúdo? Compartilhe com seus colegas médicos. E não deixe de acompanhar as outras aulas do curso de Medicina Diagnóstica do Sabin! Confira os temas:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Diagnóstico Laboratorial do Infarto Agudo do Miocárdio; Entre os meses de agosto e setembro de 2022, o Grupo Sabin promoveu o curso on-line “Medicina Diagnóstica: Interação Clínico-Laboratorial”, com o objetivo de orientar estudantes dos últimos períodos de medicina e médicos residentes quanto à solicitação adequada de exames. Uma das aulas apresentadas, intitulada “Diagnóstico Laboratorial do Infarto Agudo do Miocárdio” e ministrada pelo cardiologista Dr. Anderson Rodrigues, aborda sobre a utilização prática de biomarcadores laboratoriais para o diagnóstico do IAM. Quer saber o que foi discutido? Leia atentamente as próximas linhas, mas não deixe de acompanhar a gravação da aula completa! Dados epidemiológicos de doenças cardiovasculares Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a aterotrombose é a principal causa atual de mortalidade ao redor do mundo, e o aumento progressivo na incidência é considerado preocupante.  Estudos que comparam a evolução da mortalidade por doenças cardíacas (anos 2000-2040) estimam para o Brasil: Crescimento expressivo de 250% em relação a outros países; Em 2040, o Brasil estará no 1º lugar mundial em incidência de mortes de origem cardiovascular.  Entre as manifestações clínicas da doença, está o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e os “derrames” (AVE - Acidente Vascular Encefálico ou mais conhecido como AVC - Acidente Vascular Cerebral). Fatores de risco para doenças cardiovasculares Dr. Anderson faz referência a alguns fatores de risco para as doenças cardiovasculares, aproveitando para evidenciar que, em nosso país, o tabagismo vem diminuindo ao longo das décadas, o que reflete positivamente na redução de mortes por IAM. Entretanto, pondera que, apesar da queda do tabagismo, presenciamos outro cenário alarmante: a presença, cada vez maior, de Síndromes Coronarianas Agudas (SCA) em jovens. Isso se deve a fatores como o aumento do uso de cigarros eletrônicos, da obesidade — elevando o número de casos de hipertensão arterial e diabetes —, além do consumo de drogas ilícitas. Para melhor ilustrar essa informação, o cardiologista traz um relevante estudo publicado pelo Journal of the American College of Cardiology (JACC). Importante ressaltar que as doenças cardiovasculares são multifatoriais, ou seja, todos os fatores de risco devem ser levados em consideração de maneira simultânea. É preciso investigar o paciente criteriosamente, desde a anamnese, identificando o histórico familiar, e qualquer informação que indique o aumento da doença naquele indivíduo. Assim, é possível estimar o risco individual e, na sequência, direcionar a exames complementares necessários, bem como o tratamento mais ideal. Conheça melhor sobre os fatores de risco mais relevantes para as doenças cardiovasculares, assistindo ao vídeo da aula. https://youtu.be/0UNv5YOiPFI Como ocorre a aterosclerose? Mostrando a evolução da aterosclerose, Dr. Anderson explica, em detalhes, o que ocorre dentro das artérias e lembra que o processo aterogênico se inicia pela inflamação da parede (endotélio) das artérias, processo conhecido como disfunção do endotélio.  Ao longo do tempo, essa disfunção cresce gradativamente, formando células espumosas e estrias gordurosas, até chegar à formação do ateroma, que, por sua vez, forma uma placa fibrosa. A ruptura dessa placa pode causar, então, a SCA. A partir deste ponto da aula, o cardiologista evidencia a correlação epidemiológica quantitativa existente entre os fenômenos aterotrombóticos e os vários territórios arteriais, o que pode contribuir preventivamente na investigação diagnóstica. Confira! Desafios diagnósticos laboratoriais e terapêuticos Mais frequentes em serviços de emergência e Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), pacientes que chegam com queixas de origem cardiovascular devem ser avaliados com muito cuidado, para evitar interpretação inadequada das hipóteses diagnósticas. Devido às características multifatoriais, o grande desafio diagnóstico está em diferenciar os sintomas para direcionar a abordagem terapêutica mais eficaz. “Hoje, de 3 a 11% dos doentes com SCA são liberados de forma equivocada do pronto-socorro, sem a definição diagnóstica de IAM. Isso vai gerar um pior prognóstico, mortalidade maior e risco legal para quem dá alta”, alerta Dr. Anderson. Ele aproveita para trazer um estudo que corrobora o diagnóstico diferencial de dor torácica abordado na aula, baseado nas diretrizes de instituições oficiais como a Sociedade Brasileira de Cardiologia, Sociedade de Cardiologia Europeia e Sociedade Americana de Ecocardiografia. Classificação da dor torácica A dor torácica pode ser classificada em quatro tipos:  Tipo A - dor anginosa; Tipo B - dor provavelmente anginosa; Tipo C - dor provavelmente não anginosa; Tipo D - dor não anginosa. Essa classificação permite direcionar o médico na avaliação diagnóstica do paciente, identificando se a dor é causada por uma SCA ou apresenta outra origem. Tipo A - dor anginosa Característica evidente de angina que leva ao diagnóstico de doença arterial coronariana (angina do peito ou infarto do miocárdio). Tipo B - dor provavelmente anginosa Embora não apresente todas as características de uma angina típica, tem como principal suspeita diagnóstica a doença coronariana. Tipo C - dor provavelmente não anginosa Dor atípica, porém não está descartada a hipótese de doença arterial, sendo necessária a realização de exames complementares. Tipo D - dor não anginosa Características de origem não coronariana. Quais os marcadores mais utilizados para o diagnóstico do Infarto Agudo do Miocárdio? O diagnóstico laboratorial do Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) pode ser realizado através de biomarcadores como mioglobina, CK-MB e troponina. Dr. Anderson apresenta dados gráficos referentes à curva de ascensão de cada marcador, bem como respectivos valores basais e a duração dos níveis de dosagem. Para exemplificar, o médico traz um caso clínico, no qual o aluno tem a chance de acompanhar todas as etapas diagnósticas de IAM através da troponina — um dos melhores biomarcadores — e os possíveis desdobramentos terapêuticos. Principais tipos de Infarto Agudo do Miocárdio De acordo com a última definição universal de infarto, publicada pela Sociedade Europeia de Cardiologia, o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) está distribuído em cinco categorias. Conheça, a seguir, os tipos e suas principais características. A explicação detalhada para cada tipo de IAM, você confere no vídeo da apresentação. Tipo 1: instabilidade de placa; Tipo 2: desbalanço entre oferta e demanda; Tipo 3: morte súbita; Tipo 4: relacionado à angioplastia; Tipo 5: relacionado à cirurgia de revascularização cirúrgica do miocárdio. Esperamos que esta aula venha a engrandecer ainda mais sua prática médica. “É importante que sempre lembremos da importância que temos na vida de outras pessoas — como médicos e seres humanos — e que nosso comprometimento com a informação correta e a melhor prática da medicina [da cardiologia] possam ajudar com que vidas sejam salvas e pessoas vivam com melhor qualidade de vida”, conclui Dr. Anderson. O diagnóstico diferencial de SCA reflete diretamente no tratamento inicial rápido e efetivo dos pacientes, resultando em prognósticos mais eficazes e, até mesmo, evitando sequelas ou o agravamento do quadro clínico. Gostou do conteúdo? Compartilhe com seus colegas médicos. E não deixe de acompanhar as outras aulas do curso de Medicina Diagnóstica do Sabin! Confira os temas: Tirando o máximo proveito das sorologiasDra. Luciana Campos Investigação das linfonodomegaliasDra. Maura Colturato Investigação laboratorial de anemiaDra. Maria do Carmo Favarin O laboratório de imuno-hematologia na prática clínicaDra. Ana Teresa Neri Marcadores tumorais. O screening deve ser solicitado?Dr. Alex Galoro Endocrinopatias após Covid-19. Quando suspeitar e como investigar?Dra. Luciana Naves Diabetes: avaliação laboratorial diagnóstica e seguimentoDra. Cristina Schreiber Interpretação do hemograma na prática médicaDra. Anna Carolina Castro Avaliação laboratorial da hipertensão arterial de origem endócrinaDr. Juliano Zakir Erros Inatos da Imunidade. Diagnóstico das deficiências predominantemente de anticorposDra. Karina Mescouto Exames de citogenética - cariótipo, array e MLPA. Como usá-los na prática médicaDra. Beatriz Versiani Gasometria ArterialDr. Silvio Pessoa Armadilhas laboratoriaisDra. Silvana Fahel Era pós-genômica. Compreendendo o Sequenciamento de Nova Geração (NGS)Dra. Rosenelle Benício Distúrbios metabólicos após a cirurgia bariátricaDra. Thaisa Trujilho Quando pensar e como investigar doenças reumáticas autoimunesDr. Wilton Santos Avaliação laboratorial dos transtornos de puberdadeDra. Talita Cordeschi Corrêa O laboratório de microbiologia. Como utilizá-lo na prática médicaDr. Alexandre Cunha Testes funcionais em endocrinologia. Quando solicitar e como interpretar?Dra. Luciana Naves Avaliação laboratorial da hemostasia na prática médicaDr. Felipe Furtado Avaliação clínico-laboratorial das doenças renaisDr. Fabrício Cazorla