Sabin Por: Sabin
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As infecções causadas por herpesvírus e enterovírus representam um desafio significativo para a saúde pública global, já que esses vírus são responsáveis por uma multiplicidade de doenças altamente contagiosas.

Os herpesvírus constituem uma família de vírus que inclui patógenos conhecidos, tais como o herpes simplex virus, o vírus varicela-zóster, o citomegalovírus e o vírus Epstein-Barr. Os enterovírus, por sua vez, englobam um grupo que inclui o poliovírus, o coxsackievírus, o echovírus e o enterovírus 70. Essas infecções podem variar em gravidade, além de serem potencialmente fatais em indivíduos imunocomprometidos.

O painel molecular para herpesvírus e enterovírus é uma ferramenta que aprimora a prática clínica, oferecendo diagnósticos rápidos e precisos. A utilização dessa tecnologia representa um avanço importante na detecção e no manejo dessas infecções, contribuindo para melhores desfechos clínicos e um atendimento mais eficiente aos pacientes.

Para aprofundar seu conhecimento sobre como é realizado o exame, suas indicações clínicas e seus benefícios diagnósticos, continue a leitura deste conteúdo. 

Herpesvírus e enterovírus

Os herpesvírus e enterovírus são grupos de vírus clinicamente relevantes, responsáveis por uma variedade de infecções, afetando diferentes faixas etárias e sistemas orgânicos. A compreensão de características, patogenia e métodos diagnósticos desses vírus é fundamental para diagnóstico e manejo clínico assertivos.

O herpesvírus pertence à família Herpesviridae, que contém importantes patógenos humanos, como o herpes simplex vírus tipo 1 (HSV-1) e tipo 2 (HSV-2), o citomegalovírus (CMV), o vírus varicela-zóster (VZV) e o vírus Epstein-Barr (EBV). Esses vírus são caracterizados por sua capacidade de estabelecer infecções latentes e recorrentes. O HSV-1 é transmitido principalmente pelo contato oral-oral, causando herpes labial, enquanto o HSV-2 é transmitido sexualmente, resultando em herpes genital. Contudo, o HSV-1 também pode causar infecções genitais através do sexo oral.

Os herpesvírus humanos tipos 6, 7 e 8 (HH6-6, HHV-7 E HHV-8) costumam estar associados à síndrome da imunodeficiência adquirida e às doenças linfoproliferativas. Isso significa que, em indivíduos imunocomprometidos, as infecções por herpesvírus podem ser graves e prolongadas, destacando a necessidade de um diagnóstico precoce para a efetividade do manejo clínico.

Os enterovírus possuem um genoma de RNA de fita simples e replicam-se no citoplasma das células hospedeiras. Eles pertencem à família Picornaviridae e dependem de processos celulares do hospedeiro para a replicação viral. A transmissão é fecal-oral e por gotículas secretoras da nasofaringe. Essa variedade de vírus pode ser encontrada em todos os tipos de águas poluídas. A infecção e a doença variam conforme a geografia, a estação, a idade do hospedeiro e o status de anticorpos.

Esses vírus compreendem diversos sorotipos, cada um associado a diferentes doenças. O poliovírus é conhecido por causar poliomielite, enquanto o coxsackievírus está associado à meningite, doença febril não especificada, doença mão-pé-boca e conjuntivite. Outro tipo de enterovírus, denominado como echovírus, provoca meningite asséptica, miocardite, paralisia flácida aguda e doenças respiratórias. E, por fim, o enterovírus 70 é relacionado à conjuntivite hemorrágica.

Infecções endêmicas e surtos epidêmicos

Tanto os vírus da família herpesvírus quanto os enterovírus, por serem altamente contagiosos, têm o potencial de desencadear surtos epidêmicos e endemias

A infecção por algum tipo de herpesvírus atinge entre 60% e 95% da população adulta, caracterizando a transmissão como uma endemia, uma vez que a doença torna-se recorrente com o aumento do número de casos, mas a população consegue conviver com ela. 

No caso dos enterovírus, eles têm o potencial de desenvolver surtos epidêmicos e infectar um número considerável de pessoas de uma região, estado ou país. 

Sendo assim, é necessário compreender a distribuição geográfica e variabilidade viral, pois esses fatores influenciam a patogenicidade e a resposta ao tratamento.

Painel molecular para herpesvírus e enterovírus

A evolução dos métodos diagnósticos tem sido um marco importante para enfrentar os desafios impostos por essas infecções virais. Tradicionalmente, o diagnóstico dependia de métodos sorológicos e culturais, que, apesar de eficazes, apresentavam limitações em termos de tempo e sensibilidade. O advento dos painéis moleculares, no entanto, trouxe uma nova era de precisão e rapidez no diagnóstico.

Os painéis moleculares são conjuntos de testes que utilizam técnicas de biologia molecular, como a reação em cadeia da polimerase (PCR), para detectar e quantificar ácidos nucleicos virais diretamente a partir de amostras clínicas. Esses painéis oferecem diversas vantagens, conforme veremos a seguir.

  • Rapidez e eficiência: o tempo de obtenção dos resultados é significativamente reduzido, permitindo um diagnóstico mais rápido e início precoce do tratamento;
  • Alta sensibilidade e especificidade: a capacidade de detectar baixas cargas virais e identificar simultaneamente múltiplos patógenos aumenta a precisão do diagnóstico;
  • Detecção de coinfecções: muitos pacientes podem estar infectados com mais de um tipo de vírus, e os painéis moleculares permitem a identificação dessas coinfecções de forma eficaz;
  • Redução do uso de antibióticos: diagnósticos mais precisos ajudam a evitar o uso desnecessário de antibióticos, contribuindo para a redução da resistência antimicrobiana.

O painel molecular CLART Enterpex® abrange a detecção de uma variedade de vírus por RT-PCR, incluindo herpesvírus (HSV-1, HSV-2, VZV, CMV, EBV, HHV-6, HHV-7 e HHV-8) e enterovírus (poliovírus, echovírus e coxsackievírus). O exame é realizado por meio de coleta de amostras de sangue ou de líquor. O líquor precisa ser conservado em temperatura ambiente até duas horas após a coleta ou em até 10 horas à temperatura de 2 a 8 °C. O resultado é disponibilizado em dois dias úteis.

Indicações clínicas

Como o painel possibilita a identificação de diversos agentes virais ao mesmo tempo, acaba atendendo às necessidades diagnósticas de múltiplas infecções, eliminando, assim, a necessidade de múltiplos testes separados. Dessa forma, reduz o tempo de espera e facilita o diagnóstico diferencial e, consequentemente, o início do tratamento adequado.

Por outro lado, ao optar por exames isolados, pode ser necessário realizar testes complementares para confirmar a presença de outros patógenos, o que aumenta o tempo e os custos envolvidos no diagnóstico. Portanto, a utilização do painel molecular simplifica o processo diagnóstico e melhora a precisão e a eficiência no manejo das infecções virais.

Cabe ressaltar que a realização do exame deve sempre estar atrelada ao contexto clínico. Ou seja, ao solicitar o painel, o médico deverá considerar o histórico clínico do paciente e os sintomas apresentados.

Para aprimorar seu repertório sobre como os painéis moleculares estão transformando o diagnóstico e a gestão clínica de infecções virais, separamos o conteúdo de investigação de infecções sexualmente transmissíveis para acrescentar na sua abordagem clínica. Boa leitura!

Referências:

do Socorro Fôro Ramos E, Rosa UA, de Oliveira Ribeiro G, Villanova F, de Pádua Milagres FA, Brustulin R, Dos Santos Morais V, Bertanhe M, Marcatti R, Araújo ELL, Witkin SS, Delwart E, Luchs A, da Costa AC, Leal É. High Heterogeneity of Echoviruses in Brazilian Children with Acute Gastroenteritis. Viruses. 2021 Mar 31;13(4):595. doi: 10.3390/v13040595.

Ho HY. Special Issue “Enteroviruses 2021”. Viruses. 2022 Feb 2;14(2):306. doi: 10.3390/v14020306. 

Looker KJ, Magaret AS, May MT, Turner KM, Vickerman P, Gottlieb SL, Newman LM. Global and Regional Estimates of Prevalent and Incident Herpes Simplex Virus Type 1 Infections in 2012. PLoS One. 2015 Oct 28;10(10):e0140765. doi: 10.1371/journal.pone.0140765. 

SANTOS, Manuelly Pereira de Morais et al. Herpesvírus humano: tipos, manifestações orais e tratamento. Odontol. Clín.-Cient. (Online) [online]. 2012, vol.11, n.3, pp. 191-196. 

Singh N, Tscharke DC. Herpes Simplex Virus Latency Is Noisier the Closer We Look. J Virol. 2020 Jan 31;94(4):e01701-19. doi: 10.1128/JVI.01701-19. 

Tavakolian S, Goudarzi H, Eslami G, Darazam IA, Dehghan G, Faghihloo E. Detection of Enterovirus, Herpes Simplex, Varicella Zoster, Epstein-Barr and Cytomegalovirus in cerebrospinal fluid in meningitis patients in Iran. J Clin Lab Anal. 2021 Jul;35(7):e23836. doi: 10.1002/jcla.23836.

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Conheça o painel molecular para herpesvírus e enterovírus; As infecções causadas por herpesvírus e enterovírus representam um desafio significativo para a saúde pública global, já que esses vírus são responsáveis por uma multiplicidade de doenças altamente contagiosas. Os herpesvírus constituem uma família de vírus que inclui patógenos conhecidos, tais como o herpes simplex virus, o vírus varicela-zóster, o citomegalovírus e o vírus Epstein-Barr. Os enterovírus, por sua vez, englobam um grupo que inclui o poliovírus, o coxsackievírus, o echovírus e o enterovírus 70. Essas infecções podem variar em gravidade, além de serem potencialmente fatais em indivíduos imunocomprometidos. O painel molecular para herpesvírus e enterovírus é uma ferramenta que aprimora a prática clínica, oferecendo diagnósticos rápidos e precisos. A utilização dessa tecnologia representa um avanço importante na detecção e no manejo dessas infecções, contribuindo para melhores desfechos clínicos e um atendimento mais eficiente aos pacientes. Para aprofundar seu conhecimento sobre como é realizado o exame, suas indicações clínicas e seus benefícios diagnósticos, continue a leitura deste conteúdo.  Herpesvírus e enterovírus Os herpesvírus e enterovírus são grupos de vírus clinicamente relevantes, responsáveis por uma variedade de infecções, afetando diferentes faixas etárias e sistemas orgânicos. A compreensão de características, patogenia e métodos diagnósticos desses vírus é fundamental para diagnóstico e manejo clínico assertivos. O herpesvírus pertence à família Herpesviridae, que contém importantes patógenos humanos, como o herpes simplex vírus tipo 1 (HSV-1) e tipo 2 (HSV-2), o citomegalovírus (CMV), o vírus varicela-zóster (VZV) e o vírus Epstein-Barr (EBV). Esses vírus são caracterizados por sua capacidade de estabelecer infecções latentes e recorrentes. O HSV-1 é transmitido principalmente pelo contato oral-oral, causando herpes labial, enquanto o HSV-2 é transmitido sexualmente, resultando em herpes genital. Contudo, o HSV-1 também pode causar infecções genitais através do sexo oral. Os herpesvírus humanos tipos 6, 7 e 8 (HH6-6, HHV-7 E HHV-8) costumam estar associados à síndrome da imunodeficiência adquirida e às doenças linfoproliferativas. Isso significa que, em indivíduos imunocomprometidos, as infecções por herpesvírus podem ser graves e prolongadas, destacando a necessidade de um diagnóstico precoce para a efetividade do manejo clínico. Os enterovírus possuem um genoma de RNA de fita simples e replicam-se no citoplasma das células hospedeiras. Eles pertencem à família Picornaviridae e dependem de processos celulares do hospedeiro para a replicação viral. A transmissão é fecal-oral e por gotículas secretoras da nasofaringe. Essa variedade de vírus pode ser encontrada em todos os tipos de águas poluídas. A infecção e a doença variam conforme a geografia, a estação, a idade do hospedeiro e o status de anticorpos. Esses vírus compreendem diversos sorotipos, cada um associado a diferentes doenças. O poliovírus é conhecido por causar poliomielite, enquanto o coxsackievírus está associado à meningite, doença febril não especificada, doença mão-pé-boca e conjuntivite. Outro tipo de enterovírus, denominado como echovírus, provoca meningite asséptica, miocardite, paralisia flácida aguda e doenças respiratórias. E, por fim, o enterovírus 70 é relacionado à conjuntivite hemorrágica. Infecções endêmicas e surtos epidêmicos Tanto os vírus da família herpesvírus quanto os enterovírus, por serem altamente contagiosos, têm o potencial de desencadear surtos epidêmicos e endemias.  A infecção por algum tipo de herpesvírus atinge entre 60% e 95% da população adulta, caracterizando a transmissão como uma endemia, uma vez que a doença torna-se recorrente com o aumento do número de casos, mas a população consegue conviver com ela.  No caso dos enterovírus, eles têm o potencial de desenvolver surtos epidêmicos e infectar um número considerável de pessoas de uma região, estado ou país.  Sendo assim, é necessário compreender a distribuição geográfica e variabilidade viral, pois esses fatores influenciam a patogenicidade e a resposta ao tratamento. Painel molecular para herpesvírus e enterovírus A evolução dos métodos diagnósticos tem sido um marco importante para enfrentar os desafios impostos por essas infecções virais. Tradicionalmente, o diagnóstico dependia de métodos sorológicos e culturais, que, apesar de eficazes, apresentavam limitações em termos de tempo e sensibilidade. O advento dos painéis moleculares, no entanto, trouxe uma nova era de precisão e rapidez no diagnóstico. Os painéis moleculares são conjuntos de testes que utilizam técnicas de biologia molecular, como a reação em cadeia da polimerase (PCR), para detectar e quantificar ácidos nucleicos virais diretamente a partir de amostras clínicas. Esses painéis oferecem diversas vantagens, conforme veremos a seguir. Rapidez e eficiência: o tempo de obtenção dos resultados é significativamente reduzido, permitindo um diagnóstico mais rápido e início precoce do tratamento; Alta sensibilidade e especificidade: a capacidade de detectar baixas cargas virais e identificar simultaneamente múltiplos patógenos aumenta a precisão do diagnóstico; Detecção de coinfecções: muitos pacientes podem estar infectados com mais de um tipo de vírus, e os painéis moleculares permitem a identificação dessas coinfecções de forma eficaz; Redução do uso de antibióticos: diagnósticos mais precisos ajudam a evitar o uso desnecessário de antibióticos, contribuindo para a redução da resistência antimicrobiana. O painel molecular CLART Enterpex® abrange a detecção de uma variedade de vírus por RT-PCR, incluindo herpesvírus (HSV-1, HSV-2, VZV, CMV, EBV, HHV-6, HHV-7 e HHV-8) e enterovírus (poliovírus, echovírus e coxsackievírus). O exame é realizado por meio de coleta de amostras de sangue ou de líquor. O líquor precisa ser conservado em temperatura ambiente até duas horas após a coleta ou em até 10 horas à temperatura de 2 a 8 °C. O resultado é disponibilizado em dois dias úteis. Indicações clínicas Como o painel possibilita a identificação de diversos agentes virais ao mesmo tempo, acaba atendendo às necessidades diagnósticas de múltiplas infecções, eliminando, assim, a necessidade de múltiplos testes separados. Dessa forma, reduz o tempo de espera e facilita o diagnóstico diferencial e, consequentemente, o início do tratamento adequado. Por outro lado, ao optar por exames isolados, pode ser necessário realizar testes complementares para confirmar a presença de outros patógenos, o que aumenta o tempo e os custos envolvidos no diagnóstico. Portanto, a utilização do painel molecular simplifica o processo diagnóstico e melhora a precisão e a eficiência no manejo das infecções virais. Cabe ressaltar que a realização do exame deve sempre estar atrelada ao contexto clínico. Ou seja, ao solicitar o painel, o médico deverá considerar o histórico clínico do paciente e os sintomas apresentados. Para aprimorar seu repertório sobre como os painéis moleculares estão transformando o diagnóstico e a gestão clínica de infecções virais, separamos o conteúdo de investigação de infecções sexualmente transmissíveis para acrescentar na sua abordagem clínica. Boa leitura! Referências: do Socorro Fôro Ramos E, Rosa UA, de Oliveira Ribeiro G, Villanova F, de Pádua Milagres FA, Brustulin R, Dos Santos Morais V, Bertanhe M, Marcatti R, Araújo ELL, Witkin SS, Delwart E, Luchs A, da Costa AC, Leal É. High Heterogeneity of Echoviruses in Brazilian Children with Acute Gastroenteritis. Viruses. 2021 Mar 31;13(4):595. doi: 10.3390/v13040595. Ho HY. Special Issue "Enteroviruses 2021". Viruses. 2022 Feb 2;14(2):306. doi: 10.3390/v14020306.  Looker KJ, Magaret AS, May MT, Turner KM, Vickerman P, Gottlieb SL, Newman LM. Global and Regional Estimates of Prevalent and Incident Herpes Simplex Virus Type 1 Infections in 2012. PLoS One. 2015 Oct 28;10(10):e0140765. doi: 10.1371/journal.pone.0140765.  SANTOS, Manuelly Pereira de Morais et al. Herpesvírus humano: tipos, manifestações orais e tratamento. Odontol. Clín.-Cient. (Online) [online]. 2012, vol.11, n.3, pp. 191-196.  Singh N, Tscharke DC. Herpes Simplex Virus Latency Is Noisier the Closer We Look. J Virol. 2020 Jan 31;94(4):e01701-19. doi: 10.1128/JVI.01701-19.  Tavakolian S, Goudarzi H, Eslami G, Darazam IA, Dehghan G, Faghihloo E. Detection of Enterovirus, Herpes Simplex, Varicella Zoster, Epstein-Barr and Cytomegalovirus in cerebrospinal fluid in meningitis patients in Iran. J Clin Lab Anal. 2021 Jul;35(7):e23836. doi: 10.1002/jcla.23836.