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Alimentos ultraprocessados e diabetes tipo 2: entenda a relação

Alimentos ultraprocessados aumentam o risco de diabetes

O diabetes tipo 2 (DM2) é uma das doenças crônicas que mais crescem no mundo. No Brasil, o cenário não é diferente, e grande parte desse avanço está relacionado a fatores como sedentarismo, excesso de peso e, principalmente, má alimentação.

Entre os vilões da dieta moderna, os alimentos ultraprocessados (AUP) ocupam posição de destaque. Esses produtos estão cada vez mais presentes na rotina alimentar, especialmente entre crianças, adolescentes e adultos jovens. Práticos, acessíveis e com prazo de validade estendido, os ultraprocessados parecem ser soluções rápidas para a correria do dia a dia. No entanto, por trás da conveniência, existem riscos significativos para a saúde metabólica.

Neste conteúdo, trazemos atualizações sobre o que são esses alimentos, por que são prejudiciais e como o consumo excessivo se conecta ao risco de desenvolver diabetes tipo 2. Continue a leitura para saber mais!

O que são alimentos ultraprocessados?

Para entender os efeitos dos alimentos ultraprocessados na saúde, é fundamental compreender o que exatamente eles são. A definição mais aceita vem da classificação NOVA, desenvolvida por pesquisadores brasileiros, que organizam os alimentos com base no grau e no propósito de processamento industrial. 

Segundo o sistema, os alimentos são divididos em quatro grupos, listados a seguir.

1- Alimentos in natura ou minimamente processados: frutas, legumes, verduras, grãos integrais, carnes frescas, ovos, leite, entre outros.

2- Ingredientes culinários processados: substâncias usadas no preparo, como sal, açúcar, óleos e gorduras.

3- Alimentos processados: produtos com poucos ingredientes, feitos com alimentos do grupo 1 e adicionados de sal, açúcar ou gordura, como conservas, queijos e pães artesanais.

4- Alimentos ultraprocessados (AUP): são formulações industriais feitas com ingredientes refinados, aditivos químicos (corantes, aromatizantes, emulsificantes) e pouco ou nenhum alimento in natura.

Outros exemplos de AUP incluem refrigerantes, sucos de caixinha, bolachas recheadas, salgadinhos de pacote, macarrão instantâneo, embutidos, cereais matinais açucarados e produtos prontos para consumo ou aquecimento.

Como os alimentos ultraprocessados afetam o organismo?

Os AUP exercem diversos efeitos nocivos, sobretudo quando consumidos regularmente. Eles apresentam um perfil nutricional desfavorável, sendo ricos em calorias, gorduras saturadas, açúcares adicionados e sódio e pobres em fibras, vitaminas e minerais

Esse desequilíbrio favorece o aumento da gordura corporal e afeta a saúde metabólica. Abaixo, entenda os principais mecanismos de prejuízo.

Qual a relação entre alimentos ultraprocessados e diabetes tipo 2?

A conexão entre o consumo de ultraprocessados e o DM2 já está bem documentada na literatura científica. Uma meta-análise mostrou que indivíduos com consumo moderado de AUP têm 12% mais risco de desenvolver a doença. Já os que consomem AUP em altas quantidades apresentam 31% mais risco, reforçando uma clara relação dose-resposta.

No contexto brasileiro, o estudo ELSA-Brasil demonstrou que o alto consumo de AUP está associado ao aumento de casos de síndrome metabólica, condição que inclui resistência à insulina, aumento da circunferência abdominal, dislipidemias e hipertensão arterial.

Adicionalmente, pesquisas com crianças e adolescentes brasileiros identificaram que dietas ricas em AUP estão ligadas ao aumento de colesterol LDL, níveis mais altos de triglicerídeos e maior prevalência de sobrepeso e obesidade, que são fatores de risco relevantes para o desenvolvimento futuro de DM2.

Outros impactos negativos do consumo de alimentos ultraprocessados

O risco associado aos ultraprocessados também inclui:

Estudos epidemiológicos indicam que os ultraprocessados são responsáveis por milhares de mortes prematuras por doenças crônicas não transmissíveis no Brasil todos os anos.

Por que os alimentos ultraprocessados são tão consumidos?

Apesar dos riscos conhecidos, os ultraprocessados continuam sendo consumidos em larga escala. Isso ocorre porque eles são fáceis de encontrar, prontos para o consumo, baratos, altamente palatáveis e intensamente divulgados por campanhas publicitárias, além de serem soluções práticas para a falta de tempo e a rotina corrida.

Essa transição nutricional, que substituiu alimentos frescos por produtos industrializados, impulsionada por mudanças sociais e econômicas, teve como consequência uma piora na qualidade da dieta, com impacto direto sobre os índices de obesidade, doenças cardíacas e DM2.

Como reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados?

Fazer substituições conscientes e escolhas alimentares mais saudáveis no cotidiano pode auxiliar na manutenção da saúde. Veja algumas dicas práticas:

A importância do acompanhamento médico e da realização de exames regulares

A adoção de uma alimentação mais equilibrada é essencial, mas o cuidado com a saúde precisa vir acompanhado de monitoramento. Como o DM2 pode se desenvolver silenciosamente por muitos anos, a realização de exames de rotina — como a glicemia de jejum e a hemoglobina glicada — é determinante para o diagnóstico precoce.

É importante estar ciente de que o acompanhamento com nutricionistas, endocrinologistas e outros profissionais de saúde pode servir de orientação sobre o melhor plano alimentar, exames necessários e metas de prevenção individualizadas.

Ao repensar seus hábitos alimentares e fazer escolhas inteligentes, você pode cuidar melhor da sua saúde e da sua qualidade de vida. Leia o nosso conteúdo sobre alimentação saudável e saiba como adotar uma dieta balanceada em sua rotina!

Sabin avisa:

Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames.

Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas. 

Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial.

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