A obesidade é um grave problema de saúde mundial e constitui fator de risco para o desenvolvimento de diversas outras comorbidades, como doenças cardiovasculares, diabetes e câncer.
Todas essas doenças podem ser consideradas as principais causas de morte no mundo, transformando a obesidade em um fator associado à diminuição da expectativa de vida da população, a depender da gravidade do quadro e das comorbidades apresentadas.
Estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que, até 2025, mais de 2 bilhões de adultos estarão acima do peso, sendo 700 milhões considerados obesos. No Brasil, os dados também não são animadores e mostram que essa doença crônica aumentou nos últimos anos, atingindo 20,3% da população adulta em 2019.
Dessa forma, estratégias de conscientização e prevenção da obesidade tornam-se fundamentais para tentar diminuir o impacto na saúde da população. A obesidade é uma doença evitável e mudanças no estilo de vida, ter uma alimentação saudável, praticar exercícios físicos e cuidar da saúde mental são ações muito importantes que ajudam na sua prevenção.
O que é a obesidade?
A obesidade é uma doença crônica, definida pela OMS como o acúmulo excessivo de gordura que pode prejudicar a saúde. A caracterização da obesidade depende de um parâmetro muito importante: o Índice de Massa Corporal (IMC).
O IMC é um índice simples que considera o peso e a altura da pessoa, e é comumente utilizado para classificar sobrepeso e obesidade. Basicamente, o IMC é calculado a partir do peso em quilogramas, dividido pelo quadrado da altura em metros. Considera-se um IMC dentro dos parâmetros adequados aquele com valores entre 18,5 e 24,9.
É necessário ressaltar que apenas o IMC não define o estado de saúde da pessoa. Isso porque esse índice não considera a composição corporal do indivíduo, como a proporção de massa muscular e gordura. Um atleta, por exemplo, pode ter um IMC alto, mas com uma proporção muito maior de massa muscular quando comparada à gordura.
Dessa forma, outros exames e análises devem ser feitas em conjunto com o cálculo do IMC para chegar a um diagnóstico definitivo. Podem ser realizadas medidas da circunferência do quadril, pescoço e abdômen, além da mensuração de pregas cutâneas e exames de densitometria para avaliação do percentual de gordura corporal.
A seguir, apresentamos os diferentes graus de obesidade e suas características.
Quais os graus de obesidade?
Os graus de obesidade variam de acordo com o IMC e podem ser divididos em três estágios: grau 1, grau 2 e grau 3.
A obesidade de grau 1 é caracterizada por IMC entre 30 e 34,9. Nesse estágio, é indicado que o paciente realize mudanças alimentares com acompanhamento de um nutricionista e estabeleça uma rotina de exercícios físicos. Não são recomendadas intervenções extremas, como cirurgias bariátricas, entretanto, cada caso deve ser avaliado individualmente.
Na obesidade de grau 2 (ou obesidade moderada), o IMC é de 35 a 39,9. Nesse estágio, os riscos para a saúde aumentam consideravelmente e é recomendado fazer um acompanhamento médico rigoroso, especialmente com um endocrinologista. Assim como no grau 1, é imprescindível que haja uma transformação nos hábitos de vida da pessoa.
Por fim, o grau 3 representa o estágio mais agressivo da obesidade, com IMC igual ou superior a 40. Nesse estágio, também conhecido como obesidade mórbida ou grave, é bastante provável que outras comorbidades já estejam associadas ao excesso de peso corporal. Em geral, pessoas com obesidade de grau 3 apresentam dificuldade de movimentação para realizar tarefas do cotidiano.
Os tratamentos podem incluir cirurgia bariátrica e o envolvimento de uma equipe multidisciplinar composta por médicos especialistas, nutricionistas e psicólogos. Além disso, as outras doenças associadas também devem ser tratadas para proporcionar melhor qualidade de vida ao paciente.
Tratamentos medicamentosos para redução do apetite, em casos de compulsão alimentar, também podem ser considerados, sempre levando em conta as características de cada paciente e a indicação médica.
Qual a diferença entre obesidade e sobrepeso?
Ambas as condições são caracterizadas por excesso de gordura corporal. O sobrepeso é definido por um IMC com valores entre 25 e 29,9, não sendo considerado obesidade.
O sobrepeso também é conhecido como pré-obesidade e constitui um sinal de alerta importante, que pode ou não evoluir para um quadro mais grave com potenciais danos à saúde.
Quais as causas da obesidade?
A obesidade é uma doença que pode ser influenciada por múltiplos fatores, como a alimentação, hábitos de vida (tabagismo e consumo de álcool, por exemplo), sedentarismo, fatores psicológicos e sociais. Dessa forma, a obesidade é considerada uma doença multifatorial.
A causa fundamental da obesidade é um desbalanço energético entre as calorias consumidas e as calorias gastas. Ou seja, a pessoa ingere mais calorias do que seu corpo consegue gastar. Com o passar do tempo, o corpo vai armazenando toda essa caloria na forma de gordura, aumentando o peso corporal.
A partir desse conceito, fica fácil entender como outros fatores influenciam para o desenvolvimento da obesidade. Durante o processo, os principais fatores influenciadores são o sedentarismo (falta de atividade física) aliado ao consumo excessivo de alimentos calóricos e com excesso de gordura. Assim, o desenvolvimento da obesidade está diretamente ligado a questões comportamentais e de estilo de vida.
No entanto, fatores genéticos que facilitem o acúmulo de gorduras também podem influenciar no desenvolvimento da obesidade. Afinal, nem toda pessoa sedentária e com uma má alimentação torna-se obesa.
Fatores psicológicos e ambientais também exercem influência, especialmente episódios de estresse, ansiedade e depressão, que podem desencadear uma compulsão alimentar, por exemplo, prejudicando a manutenção do peso corporal.
Por fim, a utilização de alguns medicamentos pode levar ao aumento do consumo alimentar como efeito colateral. Geralmente, antidepressivos e antipsicóticos são medicamentos que podem desencadear maior apetite na pessoa.
Quais as consequências da obesidade?
A obesidade é uma doença crônica associada a diversas outras desordens, principalmente doenças cardiovasculares. Além disso, a obesidade pode levar à redução da qualidade de vida, desemprego, menor produtividade e desvantagens sociais.
Estudos científicos apontam que a obesidade aumenta substancialmente o risco de diabetes do tipo 2, hipertensão, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, doença de Alzheimer, depressão e alguns tipos de câncer.
Outro exemplo bastante atual é a maior gravidade da covid-19 em pacientes obesos. Todas essas consequências, quando combinadas, podem reduzir drasticamente a expectativa de vida de qualquer pessoa.
Obesidade infantil
A obesidade não é um problema exclusivo de adultos. Crianças também podem desenvolver a doença de forma bastante precoce (até os 12 anos), devido a fatores relacionados com a genética, hormonais, padrões alimentares e níveis de atividade física e sono.
Crianças filhas de pais obesos têm maior chance de desenvolver obesidade. O estresse também pode aumentar o risco de obesidade na criança, pois ela pode acabar “descontando” na alimentação para lidar com problemas emocionais.
Outro ponto é que, como a criança está em fase de crescimento, a obesidade infantil pode ter um impacto negativo no seu desenvolvimento. Crianças com sobrepeso ou obesas possuem maior risco de desenvolver outros problemas de saúde, como asma, apneia do sono, problemas ósseos e articulares, diabetes e doenças cardiovasculares.
A obesidade na infância também possui um forte impacto emocional, podendo levar ao surgimento de transtornos mentais e de relacionamento, como ansiedade, depressão, bullying, isolamento social e baixa autoestima.
Como realizar a prevenção?
Apresentamos uma lista de ações que podem ajudar você a ter uma vida mais saudável e controlar seu peso corporal e de seus familiares.
Alimentação saudável
Embora o cotidiano agitado, muitas vezes, impeça uma alimentação altamente equilibrada e saudável, é importante evitar o consumo frequente de alimentos ricos em açúcar e gorduras, como fast-foods. Invista em frutas, verduras e alimentos integrais e evite alimentos ultraprocessados.
O consumo de bebidas adoçadas e industrializadas, como sucos de caixinha e refrigerantes, também são vilões para a manutenção do peso corporal. Prefira sucos naturais e beba bastante água.
Procure fazer um acompanhamento nutricional que adeque suas necessidades energéticas à sua rotina. Ter horários fixos para comer é uma forma de evitar aqueles lanches fora de hora.
Lembre-se que a sua rotina alimentar pode influenciar a família toda, especialmente as crianças. O bom exemplo pode partir de você, incentivando os seus filhos a terem uma alimentação equilibrada e saudável.
Prática de atividade física
Pode parecer clichê, mas aliar uma boa alimentação com a prática regular de exercícios físicos é essencial para manter o peso corporal e prevenir a obesidade. O exercício físico regular traz inúmeros benefícios à sua saúde, prevenindo doenças cardiovasculares e controlando o peso corporal em longo prazo.
Cada vez mais, a vida moderna induz ao sedentarismo, onde pessoas substituem atividades físicas ao ar livre pelo celular ou televisão. Dedique, pelo menos, três vezes na semana para cuidar do seu corpo, mesmo que seja uma caminhada no parque.
De acordo com a OMS, é recomendado que se pratique 150 minutos semanais de atividades físicas leves ou moderadas ou, no mínimo, 75 minutos de exercícios de grande intensidade. O mesmo incentivo se aplica às crianças. Estimule atividades e esportes que tirem os seus filhos da frente do videogame ou internet.
Mantenha suas consultas de rotina em dia
Se você já está acima do peso, procurar auxílio profissional pode ser a melhor opção. Assim, o médico irá avaliar seu caso e indicará os melhores direcionamentos.
Outra dica é sempre manter os seus exames em dia, especialmente os níveis de colesterol, triglicerídeos e glicemia. A obesidade caminha lado a lado com doenças cardiovasculares e diabetes, por isso, estar atento a esses parâmetros é fundamental para identificar possíveis problemas de saúde precocemente.
Agora que você compreendeu o que é a obesidade e quais as suas causas e consequências para a saúde, que tal começar a modificar seus hábitos para garantir uma rotina de vida saudável? Lembre-se: a prevenção é sempre a melhor estratégia, e isso vale para qualquer doença! Para saber mais sobre como adotar um estilo de vida equilibrado, leia nosso conteúdo sobre 8 dicas práticas para ter uma rotina saudável
Referências:
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