A doença inflamatória intestinal é uma denominação ampla que engloba doenças crônicas que afetam o trato gastrointestinal, especialmente o intestino, um órgão fundamental para o funcionamento do corpo.
Atualmente, o conhecimento científico expandiu a importância do intestino para muito além de funções digestivas, incluindo sua participação na regulação de processos complexos envolvidos no sistema imunológico e sistema nervoso central. Portanto, doenças que afetam esse órgão podem ter consequências sérias para a saúde geral do corpo.
Segundo estudos epidemiológicos, a incidência da doença inflamatória intestinal tem aumentado significativamente no Brasil e no mundo, principalmente em populações jovens. Estimativas apontam que aproximadamente 25% dos pacientes manifestam sintomas antes dos 20 anos.
Além de prejudicar a função intestinal, a doença inflamatória pode aumentar o risco de câncer colorretal e outras complicações graves de saúde. Neste conteúdo, traremos informações importantes para sanar suas dúvidas quanto aos principais sintomas, causas, diagnóstico e qual o tratamento para a doença.
O que é a doença inflamatória intestinal?
Como mencionado, a doença inflamatória intestinal é uma terminologia genérica para doenças de caráter inflamatório que afetam o trato gastrointestinal, sobretudo a mucosa do intestino. Sua principal característica envolve inflamação crônica do tecido intestinal, que pode desencadear uma ampla gama de sintomas no paciente.
Quais os tipos de doença inflamatória intestinal?
Existem dois tipos principais de doença inflamatória intestinal: a doença de Crohn e a colite ulcerativa, que serão descritas em maiores detalhes a seguir.
Doença de Crohn
É caracterizada pela inflamação nas camadas da parede gastrointestinal, com lesões difusas ao longo do trato digestivo. Um quadro típico da doença de Crohn é apresentar áreas de intestino saudável intercaladas por áreas inflamadas.
Apesar de poder afetar qualquer porção do tubo digestivo, a maioria dos casos ocorre no íleo, porção localizada no final do intestino delgado e antes do cólon (intestino grosso).
Colite ulcerativa
Ao contrário da doença de Crohn, a colite ulcerativa afeta somente o intestino grosso e o reto, não atingindo o intestino delgado ou porções superiores do trato digestivo. Geralmente, o reto é a porção mais afetada pela doença, sendo que a ausência de inflamação ou lesões nessa região pode ser interpretada como uma forte tendência a um diagnóstico negativo de colite ulcerativa.
Nessa doença, ocorre inflamação em camadas mais superficiais do tecido intestinal, levando à formação de edema, lesões contínuas e de múltiplas úlceras (ou feridas), em particular na porção final do cólon.
Quais os sintomas de doença inflamatória intestinal?
Os sintomas variam conforme a gravidade da doença, podendo ser intermitentes ou com surtos seguidos de períodos sem sintomas. É comum o surgimento dos primeiros sintomas após a exposição a alguma substância ou microrganismo que provoque uma reação irritante ou inflamatória no intestino, como um medicamento ou uma infecção gastrointestinal.
Os principais sintomas incluem:
- diarreia persistente;
- dor abdominal;
- sangramento retal;
- urgência para evacuar ou incontinência fecal;
- presença de sangue nas fezes;
- perda de peso;
- fadiga.
Perceba que os sinais e sintomas não são específicos para definir o diagnóstico da doença, e somente um médico especialista poderá avaliar com mais precisão o quadro clínico apresentado.
Se não for tratada adequadamente, pode evoluir e gerar complicações, como o já mencionado câncer colorretal, desidratação severa por conta das diarreias excessivas, obstruções intestinais, perfurações do trato digestivo e síndromes de má-absorção.
Embora a doença inflamatória intestinal envolva porções do intestino, ela também pode manifestar sintomas em outros órgãos e partes do corpo, como olhos, pele, articulações e vasos sanguíneos.
Quais as causas da doença inflamatória intestinal?
A doença inflamatória intestinal é desencadeada por uma reação autoimune do organismo, ou seja, o sistema de defesa passa a atacar as células do próprio corpo. No entanto, os gatilhos geradores dessa resposta imunológica ainda não são totalmente conhecidos.
Fatores genéticos e ambientais, como infecções virais e bacterianas do trato gastrointestinal, podem estimular o sistema imune a desenvolver uma resposta exacerbada. Existem evidências que indicam uma possível hereditariedade da condição, em que 20% das pessoas diagnosticadas possuem casos de parentes próximos (primeiro grau) com a mesma doença.
Acreditava-se também que a alimentação, o estresse e o uso de certos medicamentos poderiam constituir fatores causais. Hoje em dia, já se sabe que esses hábitos podem agravar o quadro, mas não provocá-lo.
A doença inflamatória intestinal costuma ser mais predominante em países do hemisfério norte e em populações de origem judaica, principalmente antes dos 30 anos, e não há diferenças de incidência entre homens e mulheres.
Como é realizado o diagnóstico?
O diagnóstico é feito por meio da avaliação clínica em conjunto com exames laboratoriais e exames de imagem. Inicialmente, o médico irá avaliar os sintomas apresentados e os históricos clínico e familiar do paciente. Exames adicionais são necessários para o diagnóstico final e incluem exames de fezes, pesquisa de sangue oculto, dosagem da calprotectina fecal, endoscopia ou colonoscopia e biópsias.
A calprotectina é uma proteína cujos níveis são proporcionais à presença de inflamação na mucosa intestinal. Sua mensuração nas fezes (calprotectina fecal) é útil para identificar e medir com precisão processos inflamatórios no intestino, transformando-a em um excelente biomarcador da doença para diagnóstico e acompanhamento durante o tratamento.
A confirmação da doença é feita por meio de endoscopia digestiva alta (doença de Crohn) ou colonoscopia (colite ulcerativa), exames que possibilitam uma avaliação visual das lesões intestinais. A depender do critério médico, podem ser coletadas amostras de biópsia durante a realização desses exames para uma avaliação histopatológica mais criteriosa.
Qual o tratamento para a doença inflamatória intestinal?
Por se tratar de uma doença de origem autoimune, não existe uma cura definitiva. Porém, as opções terapêuticas atuais garantem excelentes resultados e possibilitam uma melhor qualidade de vida para o paciente, especialmente se a condição for detectada precocemente.
O objetivo central do tratamento é alcançar a remissão histológica, ou seja, a cicatrização da mucosa intestinal, o que melhora o prognóstico do paciente e diminui as chances de intervenção cirúrgica e outras complicações.
São utilizados anti-inflamatórios, para diminuir a inflamação intestinal, e imunossupressores, agentes que suprimem o ataque do sistema imunológico contra o intestino. Outras opções medicamentosas podem ser usadas para reduzir sintomas específicos, como analgésicos para a dor e antibióticos para o tratamento de fístulas ou abscessos anais decorrentes da colite ulcerativa.
A intervenção cirúrgica só é recomendada quando o controle da inflamação não é alcançado com o uso de medicamentos. Em geral, a cirurgia é realizada para remover áreas do intestino danificadas por inflamação prolongada ou para reparo de bloqueios, fístulas ou abscessos que possam surgir.
É importante discutir com o médico mudanças na alimentação, visando propiciar menos desconfortos intestinais e o agravamento da doença. Mesmo não existindo uma correlação causal direta, alguns alimentos podem prejudicar o quadro clínico.
A pessoa diagnosticada deve ter a consciência de que a doença pode ser controlada se o tratamento for feito corretamente. É imprescindível também manter uma rotina de consultas regulares com o seu médico, assim como a realização periódica de exames para acompanhamento da evolução do tratamento e monitoramento da doença. Com o tratamento correto, é possível que o portador da doença inflamatória intestinal tenha uma boa qualidade de vida, sem desenvolver outras complicações de saúde.
Agora que você já sabe o que é a doença inflamatória intestinal, sugerimos a leitura do conteúdo sobre a importância do microbioma intestinal, para que você cuide ainda mais da saúde do seu intestino.
Referências:
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Excelente. Tenho uma irmã fazendo quimío cancer de estomago