Sabin Por: Sabin
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Em 2022, de acordo com os dados do INCA, 11 mil novos casos de leucemia foram diagnosticados no Brasil. Tipo de câncer mais comum em crianças, a identificação tardia do problema pode dificultar seu enfrentamento. Assim, é fundamental conhecer os sintomas de leucemia e as formas de diagnóstico e tratamento da doença. Esses e outros pontos essenciais são abordados nos tópicos abaixo, que contam com a valiosa colaboração de especialistas do grupo Sabin.

Quais são as possíveis causas da leucemia?

De forma resumida, a leucemia é um tipo de câncer que acomete a medula óssea, órgão que ocupa o interior dos ossos e tem como função produzir as células do sangue, os glóbulos brancos e vermelhos e as plaquetas.

As células anormais, denominadas blastos, ocupam a medula óssea, prejudicando a produção de novas células e substituindo progressivamente as células saudáveis.

Não é possível apontar uma causa específica para a leucemia, conforme as informações disponíveis atualmente. Como informa a Dra. Ana Teresa Neri, médica formada pela Universidade de Brasília (UnB), hematologista e hemoterapeuta do grupo Sabin, todas as leucemias são provenientes de mutações genéticas:

“De onde as mutações vêm que a gente ainda não entende, em boa parte dos casos. Parte está relacionada a fatores ambientais (exposição ao benzeno e outros derivados do petróleo, pesticidas e radiações ionizantes). Uma pequena parte dos casos herda essas mutações dos pais. E, na maior parte dos casos, não sabemos de onde veio a mutação”.

Com o envelhecimento do organismo, erros durante a multiplicação das células podem ocorrer, aumentando a chance de uma mutação indesejada. Isso faz com que alguns tipos de leucemia atinjam idosos com mais frequência. Por outro lado, as mutações que levam à leucemia em jovens permanecem sem maiores explicações.

Quais as principais faixas etárias atingidas?

Ao todo, os casos de leucemia podem ser divididos em quatro grupos. Cada um deles ocorre com maior incidência em determinadas faixas etárias:

  • Leucemia mieloide aguda (LMA): atinge mais idosos, mas também afeta crianças e adultos. Está geralmente relacionada ao envelhecimento e pode ter, como fator de risco, a exposição prévia à quimioterapia;
  • Leucemia mieloide crônica (LMC): acomete mais adultos. Nesse tipo de leucemia, a célula “defeituosa” apresenta-se mais madura (ou diferenciada), o que faz com que muitos pacientes sejam assintomáticos e só notem a doença em hemogramas de rotina, que apresentam alta contagem de leucócitos;
  • Leucemia linfoide aguda (LLA): tipo de leucemia aguda mais comum em crianças, ainda que possa acontecer em adultos;
  • Leucemia linfoide crônica (LLC): acontece sobretudo em pessoas com mais de 55 anos. Isso faz dela a leucemia mais comum em pessoas idosas.

Quais são os sintomas da leucemia?

O início de um quadro de leucemia aguda é marcado pelo surgimento de uma sucessão de mutações, que fazem com que a medula óssea produza uma célula que perde a capacidade de se diferenciar normalmente.

Isso acontece até que ela se torne a linhagem dominante, desencadeando os sintomas clínicos da doença. Nesse estágio, acontece a chamada falência medular e “podem ocorrer sangramentos, anemia, problemas de imunidade, febre e infecções”, indica a Dra. Ana Teresa.

Esses sintomas são característicos principalmente dos casos agudos. É o que acontece em um subtipo da leucemia mieloide aguda, por exemplo. Como reforça a hematologista do Sabin:

“Na leucemia promielocítica aguda, os sinais de sangramentos são muito clássicos, com manchas roxas no corpo e pontos vermelhos pela pele”.

Por fim, quando a contagem de leucócitos está muito alta, ainda pode haver trombose, aumento de viscosidade do sangue e complicações, como confusão mental e falta de ar.

No sentido oposto, os quadros crônicos são mais silenciosos. Isso acontece pelo fato de as células leucêmicas atingirem um grau maior de maturação, como já mencionado. Ainda assim, é preciso observar sinais como alta contagem de leucócitos, baixo número de plaquetas, algum grau de anemia e a ocorrência de sangramentos ou tromboses. De maneira geral, as manifestações clínicas levam mais tempo para ocorrer.

Como é feito o diagnóstico?

O médico hematologista é o especialista indicado para o acompanhamento de casos suspeitos de leucemia. Normalmente, o primeiro contato com esse profissional se dá após um médico de confiança notar alterações significativas em hemogramas de rotina, ou quando a pessoa apresenta sintomas que podem indicar o problema.

De acordo com a Dra. Ana Teresa, “o hematologista precisa solicitar coleta de amostra do sangue direto da medula óssea, chamada de punção aspirativa”. A partir disso, via de regra, são solicitados exames como o mielograma, a imunofenotipagem e algum tipo de exame para avaliação das mutações genéticas. 

A Dra. Silvana Fahel, hematologista pediátrica do grupo Sabin, reforça que a realização de todos os exames é fundamental para confirmar o diagnóstico e apontar qual o tipo de leucemia presente no paciente. Desse modo, há mais chances de iniciar um tratamento mais adequado e obter a cura.

Como é realizado o tratamento?

A medicina avançou muito nas últimas décadas, principalmente nas opções de tratamento para leucemias crônicas, conforme esclarece a Dra. Ana Teresa. “Os tratamentos são mais alvo-específicos e atuam diretamente sobre os efeitos das mutações genéticas. Há tratamentos em que basta a pessoa ingerir um comprimido por dia”.

No caso das leucemias agudas, é necessário associar terapias alvo-específicas e a quimioterapia. Quando há necessidade de transplante de medula óssea, procura-se um parente mais próximo para verificar a compatibilidade. Em alguns casos de leucemias crônicas, também pode haver necessidade de transplante de medula óssea.

Além disso, é possível recorrer ao Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME). Ele funciona em um banco de dados que reúne pessoas dispostas a doar para quem não tem uma pessoa compatível na família.

Qual a importância do Junho Laranja?

Como parte dos esforços para disseminar informações sobre doenças causadas nas células sanguíneas, foi criado o Junho Laranja. O mês foi escolhido por abrigar o Dia Mundial do Doador de Sangue, comemorado em 14 de junho. Dra. Ana Teresa considera essas iniciativas valiosas: “Essas campanhas ajudam a população a saber o que são linfomas e leucemias, e ajudam as pessoas a irem se informando, buscando mais conhecimento”.

Já a Dra. Silvana acredita que houve uma mudança no perfil do profissional de saúde. Se antes ele detinha as informações para si, agora parece haver uma modificação na postura.

“Muitas pessoas, que não teriam acesso ao médico, estão lendo e procurando informações. Por isso, essas campanhas estão contribuindo para a população ter mais informação.”

Eventuais sintomas de leucemia são indicativos importantes para que você procure seu médico de confiança. Somente ele poderá fazer uma avaliação precisa, fornecer as orientações necessárias e conduzir todo o caso da melhor forma possível. Seja como for, saber mais sobre a própria saúde certamente contribui para uma vida mais saudável.

Agora, que tal compartilhar este conteúdo nas suas redes sociais para que ele possa ajudar mais pessoas?

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Saiba quais são os sintomas de leucemia e conheça os principais cuidados; Em 2022, de acordo com os dados do INCA, 11 mil novos casos de leucemia foram diagnosticados no Brasil. Tipo de câncer mais comum em crianças, a identificação tardia do problema pode dificultar seu enfrentamento. Assim, é fundamental conhecer os sintomas de leucemia e as formas de diagnóstico e tratamento da doença. Esses e outros pontos essenciais são abordados nos tópicos abaixo, que contam com a valiosa colaboração de especialistas do grupo Sabin. Quais são as possíveis causas da leucemia? De forma resumida, a leucemia é um tipo de câncer que acomete a medula óssea, órgão que ocupa o interior dos ossos e tem como função produzir as células do sangue, os glóbulos brancos e vermelhos e as plaquetas. As células anormais, denominadas blastos, ocupam a medula óssea, prejudicando a produção de novas células e substituindo progressivamente as células saudáveis. Não é possível apontar uma causa específica para a leucemia, conforme as informações disponíveis atualmente. Como informa a Dra. Ana Teresa Neri, médica formada pela Universidade de Brasília (UnB), hematologista e hemoterapeuta do grupo Sabin, todas as leucemias são provenientes de mutações genéticas: "De onde as mutações vêm que a gente ainda não entende, em boa parte dos casos. Parte está relacionada a fatores ambientais (exposição ao benzeno e outros derivados do petróleo, pesticidas e radiações ionizantes). Uma pequena parte dos casos herda essas mutações dos pais. E, na maior parte dos casos, não sabemos de onde veio a mutação". Com o envelhecimento do organismo, erros durante a multiplicação das células podem ocorrer, aumentando a chance de uma mutação indesejada. Isso faz com que alguns tipos de leucemia atinjam idosos com mais frequência. Por outro lado, as mutações que levam à leucemia em jovens permanecem sem maiores explicações. Quais as principais faixas etárias atingidas? Ao todo, os casos de leucemia podem ser divididos em quatro grupos. Cada um deles ocorre com maior incidência em determinadas faixas etárias: Leucemia mieloide aguda (LMA): atinge mais idosos, mas também afeta crianças e adultos. Está geralmente relacionada ao envelhecimento e pode ter, como fator de risco, a exposição prévia à quimioterapia;Leucemia mieloide crônica (LMC): acomete mais adultos. Nesse tipo de leucemia, a célula "defeituosa" apresenta-se mais madura (ou diferenciada), o que faz com que muitos pacientes sejam assintomáticos e só notem a doença em hemogramas de rotina, que apresentam alta contagem de leucócitos;Leucemia linfoide aguda (LLA): tipo de leucemia aguda mais comum em crianças, ainda que possa acontecer em adultos;Leucemia linfoide crônica (LLC): acontece sobretudo em pessoas com mais de 55 anos. Isso faz dela a leucemia mais comum em pessoas idosas. Quais são os sintomas da leucemia? O início de um quadro de leucemia aguda é marcado pelo surgimento de uma sucessão de mutações, que fazem com que a medula óssea produza uma célula que perde a capacidade de se diferenciar normalmente. Isso acontece até que ela se torne a linhagem dominante, desencadeando os sintomas clínicos da doença. Nesse estágio, acontece a chamada falência medular e "podem ocorrer sangramentos, anemia, problemas de imunidade, febre e infecções", indica a Dra. Ana Teresa. Esses sintomas são característicos principalmente dos casos agudos. É o que acontece em um subtipo da leucemia mieloide aguda, por exemplo. Como reforça a hematologista do Sabin: "Na leucemia promielocítica aguda, os sinais de sangramentos são muito clássicos, com manchas roxas no corpo e pontos vermelhos pela pele". Por fim, quando a contagem de leucócitos está muito alta, ainda pode haver trombose, aumento de viscosidade do sangue e complicações, como confusão mental e falta de ar. No sentido oposto, os quadros crônicos são mais silenciosos. Isso acontece pelo fato de as células leucêmicas atingirem um grau maior de maturação, como já mencionado. Ainda assim, é preciso observar sinais como alta contagem de leucócitos, baixo número de plaquetas, algum grau de anemia e a ocorrência de sangramentos ou tromboses. De maneira geral, as manifestações clínicas levam mais tempo para ocorrer. Como é feito o diagnóstico? O médico hematologista é o especialista indicado para o acompanhamento de casos suspeitos de leucemia. Normalmente, o primeiro contato com esse profissional se dá após um médico de confiança notar alterações significativas em hemogramas de rotina, ou quando a pessoa apresenta sintomas que podem indicar o problema. De acordo com a Dra. Ana Teresa, "o hematologista precisa solicitar coleta de amostra do sangue direto da medula óssea, chamada de punção aspirativa”. A partir disso, via de regra, são solicitados exames como o mielograma, a imunofenotipagem e algum tipo de exame para avaliação das mutações genéticas.  A Dra. Silvana Fahel, hematologista pediátrica do grupo Sabin, reforça que a realização de todos os exames é fundamental para confirmar o diagnóstico e apontar qual o tipo de leucemia presente no paciente. Desse modo, há mais chances de iniciar um tratamento mais adequado e obter a cura. Como é realizado o tratamento? A medicina avançou muito nas últimas décadas, principalmente nas opções de tratamento para leucemias crônicas, conforme esclarece a Dra. Ana Teresa. "Os tratamentos são mais alvo-específicos e atuam diretamente sobre os efeitos das mutações genéticas. Há tratamentos em que basta a pessoa ingerir um comprimido por dia". No caso das leucemias agudas, é necessário associar terapias alvo-específicas e a quimioterapia. Quando há necessidade de transplante de medula óssea, procura-se um parente mais próximo para verificar a compatibilidade. Em alguns casos de leucemias crônicas, também pode haver necessidade de transplante de medula óssea. Além disso, é possível recorrer ao Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME). Ele funciona em um banco de dados que reúne pessoas dispostas a doar para quem não tem uma pessoa compatível na família. Qual a importância do Junho Laranja? Como parte dos esforços para disseminar informações sobre doenças causadas nas células sanguíneas, foi criado o Junho Laranja. O mês foi escolhido por abrigar o Dia Mundial do Doador de Sangue, comemorado em 14 de junho. Dra. Ana Teresa considera essas iniciativas valiosas: "Essas campanhas ajudam a população a saber o que são linfomas e leucemias, e ajudam as pessoas a irem se informando, buscando mais conhecimento". Já a Dra. Silvana acredita que houve uma mudança no perfil do profissional de saúde. Se antes ele detinha as informações para si, agora parece haver uma modificação na postura. "Muitas pessoas, que não teriam acesso ao médico, estão lendo e procurando informações. Por isso, essas campanhas estão contribuindo para a população ter mais informação." Eventuais sintomas de leucemia são indicativos importantes para que você procure seu médico de confiança. Somente ele poderá fazer uma avaliação precisa, fornecer as orientações necessárias e conduzir todo o caso da melhor forma possível. Seja como for, saber mais sobre a própria saúde certamente contribui para uma vida mais saudável. Agora, que tal compartilhar este conteúdo nas suas redes sociais para que ele possa ajudar mais pessoas?