A gastrite é uma inflamação do revestimento interno do estômago que pode se manifestar de forma aguda ou crônica. É uma condição que pode ser desencadeada por diversos fatores que comprometem a mucosa estomacal, como infecções, uso de medicamentos, consumo excessivo de álcool e estresse.
Segundo a Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG), cerca de 20% da população mundial sofre de algum problema gastrointestinal, sendo que 90% dessas pessoas não procuram nenhuma orientação médica.
Assim, é fundamental orientar a população sobre os riscos relacionados à gastrite. Neste conteúdo, abordaremos causas, sintomas, diagnóstico, tratamento e medidas de prevenção, utilizando as melhores práticas para manter a sua saúde estomacal. Boa leitura!
Entendendo a digestão
O estômago é um órgão essencial para a digestão dos alimentos, funcionando como uma bolsa muscular com dois orifícios controlados por músculos, que se abrem e fecham para permitir a passagem dos alimentos. Essas contrações ajudam a misturar e a pré-digerir o alimento antes de enviá-lo para o intestino, onde será absorvido. Os hábitos alimentares impactam diretamente a saúde do estômago.
Para compreender melhor a gastrite, é importante entender primeiramente o processo digestivo. Quando ingerimos alimentos, eles são mastigados e engolidos, passando pelo esôfago até o estômago, onde são expostos ao suco gástrico, composto por ácido clorídrico e pepsina. Esse ambiente ácido é necessário para a absorção de nutrientes e para proteger o organismo de bactérias nocivas.
Alterações na produção do ácido podem comprometer a digestão, causando sintomas como azia e refluxo. A mucosa estomacal, que reveste o estômago, tem a função de proteger as células contra esses ácidos. A gastrite ocorre quando essa mucosa é inflamada, resultando em uma resposta do corpo que pode ser aguda ou crônica, levando ao surgimento de sintomas específicos e diferentes formas de gastrite.
O que é a gastrite?
A gastrite é uma inflamação do revestimento do estômago, que pode se apresentar de forma aguda, com sintomas intensos e de curta duração, ou crônica, com sintomas mais leves, mas persistentes. A gastrite aguda surge de maneira repentina, geralmente associada a fatores como uso de medicamentos, infecções ou estresse. Alimentação inadequada, especialmente dietas ricas em alimentos gordurosos e industrializados, também pode ocasionar a condição.
Além da alimentação, hábitos de vida pouco saudáveis desempenham um papel significativo no desenvolvimento da gastrite. O uso prolongado de medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), como aspirina e ibuprofeno, pode irritar o revestimento do estômago, causando inflamação. O consumo excessivo de álcool e o tabagismo também são fatores críticos, pois ambos podem danificar a mucosa estomacal, agravando a condição.
A gastrite crônica é um processo inflamatório contínuo, com sintomas que podem se prolongar por anos ou até mesmo durante toda a vida, se não for tratada. A principal causa da gastrite crônica é a infecção pela bactéria Helicobacter pylori, transmitida por alimentos ou água contaminados. Uma vez instalada no estômago, essa bactéria pode causar uma inflamação crônica que, se não for devidamente tratada, pode evoluir para úlceras ou até mesmo câncer de estômago.
Gastrite nervosa existe?
A gastrite nervosa pode ser conhecida como dispepsia funcional. Essa condição pode causar sintomas similares aos da gastrite, porém sem qualquer alteração visível na mucosa do estômago.
Diferentemente de outros tipos de gastrite, a gastrite nervosa é abordada principalmente sob uma perspectiva psicológica. Ela é desencadeada por estresse emocional, que interfere na movimentação do estômago. Ansiedade e frustração também podem contribuir para o desenvolvimento da gastrite nervosa, caso não sejam gerenciadas adequadamente.
Quais são os sintomas da gastrite?
Os sintomas da gastrite podem variar conforme a gravidade e a causa da inflamação. Abaixo, estão os sintomas mais comuns.
- Dor ou desconforto abdominal: comumente localizada na parte superior do abdômen, essa dor pode ser descrita como uma sensação de queimação ou ardência.
- Náuseas e vômitos: sensação de enjoo e, em alguns casos, episódios de vômito.
- Perda de apetite: diminuição do desejo de comer, muitas vezes, acompanhada de sensação de saciedade precoce.
- Indigestão: desconforto digestivo após as refeições, como sensação de estômago cheio ou distendido.
- Inchaço abdominal: sensação de inchaço ou distensão abdominal.
Sintomas mais graves, como vômitos com sangue ou fezes escuras, podem indicar uma condição mais séria e requerem atenção médica imediata. Além disso, a perda de peso inexplicável e a fadiga constante também são sinais de alerta.
Como é feito o diagnóstico da gastrite?
O diagnóstico da gastrite é realizado por meio de uma combinação de histórico clínico, exames físicos e testes específicos. Conheça os métodos mais utilizados.
- Endoscopia: procedimento que permite ao médico visualizar diretamente o revestimento do estômago e coletar amostras para biópsia, se necessário.
- Teste respiratório com ureia e de fezes para detecção da Helicobacter pylori: esses exames detectam a presença da bactéria frequentemente responsável por gastrites.
- Exames de sangue: podem ser realizados para verificar sinais de anemia, que pode ser uma consequência da gastrite crônica e de complicações da gastrite.
A identificação precoce da gastrite é crucial para evitar consequências graves, como úlceras.
Como tratar a gastrite?
O tratamento da gastrite depende da causa subjacente. A seguir, estão as principais alternativas de tratamento.
- Antibióticos: prescritos para erradicar a infecção por Helicobacter pylori.
- Antiácidos e bloqueadores de ácido: medicamentos que ajudam a neutralizar ou reduzir a produção de ácido estomacal, proporcionando alívio dos sintomas e promovendo a cicatrização da mucosa.
- Mudanças na dieta e no estilo de vida: evitar alimentos que irritam o estômago, como alimentos picantes, ácidos, gordurosos, bem como diminuir o consumo de álcool e cafeína. Adicionalmente, práticas como comer em horários regulares, evitar refeições pesadas antes de dormir e mastigar bem os alimentos podem ajudar a reduzir os sintomas.
Manter o acompanhamento médico é imprescindível para monitorar a evolução do tratamento e ajustar as terapias, conforme necessário.
Há como prevenir a gastrite?
A prevenção da gastrite envolve a adoção de hábitos saudáveis que protegem o revestimento do estômago. Saiba quais!
- Evitar o uso excessivo de AINEs: utilizar esses medicamentos apenas sob orientação médica e por períodos curtos.
- Moderar o consumo de álcool e parar de fumar: ambos os hábitos podem danificar a mucosa estomacal e devem ser evitados.
- Adotar uma dieta equilibrada: preferir alimentos que não irritam o estômago, como frutas menos ácidas, verduras e carnes magras. Evitar analgésicos, café, chá-mate, chocolate, refrigerantes, enlatados, embutidos, pimenta-do-reino, leite e derivados, frituras e gorduras em excesso.
- Praticar boas práticas de higiene: lavar as mãos regularmente para prevenir infecções, como a de Helicobacter pylori.
Pequenas refeições no decorrer do dia e evitar longos períodos de jejum também são recomendados para manter a saúde do estômago.
A gastrite é uma condição comum, mas que pode ser controlada com diagnóstico e tratamento adequados. A adoção de hábitos de vida saudáveis e o acompanhamento médico são determinantes para prevenir complicações e garantir o bem-estar estomacal. Se você suspeita que possa ter gastrite, consulte um profissional de saúde para uma avaliação completa.
Como mencionado, a infecção pela bactéria Helicobacter pylori é uma das principais causas da gastrite crônica. Para saber mais sobre esse tipo de infecção e como ela se relaciona com a gastrite, leia o conteúdo completo sobre infecção pela H. pylori: sintomas, diagnóstico e tratamento.
Sabin avisa:
Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames.
Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas.
Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial.
Referências:
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