A febre tifoide é uma infecção bacteriana transmitida principalmente pela ingestão de água ou alimentos contaminados. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019, cerca de nove milhões de pessoas em todo o mundo contraíram a doença.
Além dos sintomas desconfortáveis, como febre alta, dor abdominal e mal-estar geral, a febre tifoide pode evoluir para complicações graves caso não seja devidamente tratada. A OMS destaca que, todos os anos, são notificados mais de 100 mil casos que evoluem para desfechos fatais.
Portanto, a conscientização sobre os riscos e formas de transmissão é crucial para prevenir a disseminação da doença. Neste conteúdo, você encontrará informações importantes sobre o que é a doença, sua transmissão, sintomas, diagnóstico, tratamento e formas de prevenção.
O que é a febre tifoide?
A febre tifoide é uma doença sistêmica causada por infecção pela Salmonella enterica, especificamente do sorotipo Typhi, uma bactéria bastante comum em diversas partes do mundo.
A fisiopatologia da doença está diretamente relacionada a contextos socioeconômicos desfavoráveis (falta de saneamento básico), sobretudo em áreas onde as condições sanitárias, de higiene pessoal e ambientais são precárias. Nas áreas endêmicas, a faixa etária afetada é ampla, em indivíduos de 15 a 45 anos, com tendência à diminuição da taxa de incidência com o avanço da idade.
Embora produza sintomas desconfortáveis, a febre tifoide é perfeitamente tratável. Por outro lado, se não houver intervenção adequada, a doença pode se agravar e gerar complicações graves de saúde.
Como ocorre a transmissão?
Os seres humanos são os únicos hospedeiros e reservatórios naturais da bactéria causadora da doença. A propagação da bactéria Salmonella Typhi no ambiente ocorre pelas fezes de portadores assintomáticos ou nas fezes ou urina daqueles com doença ativa. Já a transmissão para seres humanos se dá por meio da ingestão de alimentos ou água contaminada.
A higiene inadequada após a defecação pode disseminar S. Typhi para alimentos ou suprimento de água na comunidade. Em áreas endêmicas, onde medidas sanitárias geralmente são precárias, a bactéria é transmitida mais frequentemente por água do que por alimentos. Nas regiões onde as medidas sanitárias são apropriadas, a transmissão pode ocorrer via consumo de alimentos contaminados durante o seu preparo.
O consumo de alimentos crus, como frango e ovos, facilita ainda mais a transmissão da febre tifoide, sendo altamente recomendado o cozimento adequado para evitar o contágio com a bactéria Salmonella.
É importante destacar também que, mesmo quando assintomáticos, os indivíduos infectados eliminam a bactéria nas fezes e na urina por um período de uma a três semanas, podendo se estender até três meses. Entre 2 e 5% dos pacientes com febre tifoide torna-se portador crônico, podendo transmitir a doença por um período ainda mais longo.
Quais os sintomas da febre tifoide?
O período de incubação da febre tifoide, ou seja, o tempo entre o contágio e o surgimento dos sintomas, varia de oito a 14 dias. Inicialmente, os sintomas se manifestam de forma sutil, ganhando intensidade ao longo das três primeiras semanas após a exposição ao agente causador, e só começam a diminuir após a quarta semana. Os sintomas característicos da doença se apresentam como:
- febre prolongada;
- alterações intestinais, podendo variar desde constipação até diarreia, com ou sem a presença de sangue;
- dores de cabeça frequentes;
- falta de apetite;
- sensação de desconforto (mal-estar) e fraqueza;
- aumento do fígado e baço;
- dores abdominais;
- náuseas e/ou vômitos;
- em alguns casos, aparecem manchas rosadas no tórax e abdômen (roséola tífica).
Não havendo tratamento correto, os sintomas podem se agravar, levando a complicações sérias, como hemorragias abdominais, perfuração intestinal, infecção generalizada e, em casos extremos, resultar em óbito.
Diagnóstico da febre tifoide
O diagnóstico da febre tifoide envolve a avaliação clínica do paciente, sintomas, investigação do histórico de locais visitados e alimentos consumidos, análise dos hábitos de higiene e consideração do ambiente em que a pessoa reside, especialmente se em regiões com precário saneamento básico.
Dada a semelhança dos sintomas tradicionais com outras doenças ou condições que apresentam febre prolongada (como pneumonia, tuberculose, meningite, doença de Chagas, malária, entre outras), o médico poderá solicitar exames adicionais para confirmar o diagnóstico e identificar o agente causador, como hemograma (exame de sangue), hemocultura, coprocultura, mielocultura e reação sorológica de Widal.
Qual o tratamento para a febre tifoide?
Ao detectar os sintomas da febre tifoide, é fundamental buscar ajuda médica rapidamente. O tratamento, em geral, envolve o uso de antibióticos, repouso adequado e uma boa hidratação. O ciclo de tratamento costuma durar em torno de 14 dias. Em casos mais severos, a internação pode ser necessária para monitoramento mais próximo e administração intravenosa de medicamentos.
Mesmo após o desaparecimento dos sintomas, as pessoas ainda podem carregar a bactéria da febre tifoide, o que significa que podem transmiti-la a outras pessoas, através da eliminação de bactérias nas fezes. Portanto, seguir fielmente as orientações do médico e finalizar o tratamento corretamente é o caminho mais seguro para uma recuperação plena e eficaz.
Como prevenir a febre tifoide?
A prevenção baseia-se em práticas de saneamento básico, manipulação adequada dos alimentos e cuidados com a higiene pessoal. É recomendado ter uma alimentação saudável, de preferência com a escolha de alimentos frescos e com boa aparência, além de realizar a higienização correta de frutas, legumes e verduras. Beba apenas água tratada e leites e derivados pasteurizados. Não consuma alimentos crus ou após a data de vencimento.
Mantenha uma rotina regular de higiene das mãos, principalmente antes, durante e após o preparo dos alimentos. Lavar e desinfectar regularmente superfícies e utensílios utilizados na preparação das refeições também é um hábito essencial para a prevenção.
Atualmente, existe uma vacina disponível contra a febre tifoide, mas que não exibe uma forte capacidade imunológica e sua eficácia é de curta duração, sendo indicada apenas em circunstâncias específicas, como pessoas expostas a situações excepcionais (trabalhadores em contato com esgotos e pessoas que vivem em regiões de alto risco). O Regulamento Sanitário Internacional da OMS não sugere a vacinação contra a febre tifoide para viajantes internacionais que se desloquem para países onde casos da doença estejam ocorrendo.
Adotando tais medidas, você previne a transmissão da febre tifoide e garante sua saúde e seu bem-estar. Gostou do conteúdo? Então, compartilhe essas informações com seus amigos e familiares para que mais pessoas tenham acesso a esse conhecimento. Para continuar cuidando da sua saúde, sugerimos a leitura do conteúdo O que são gastroenterites? Saiba como se proteger.
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Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames.
Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas.
Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial.
Referências:
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