Sabin Por: Sabin
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A doença de Chagas é uma infecção potencialmente grave, causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, e transmitida principalmente por um inseto conhecido popularmente como barbeiro. Embora seja uma condição antiga e amplamente associada a áreas rurais, ela continua sendo uma importante preocupação de saúde pública no Brasil e em diversos países da América Latina.

Nos últimos anos, o tema voltou a ganhar relevância devido ao aumento da transmissão vertical, ou seja, de mãe para filho durante a gestação e pela ocorrência de surtos por transmissão oral, especialmente nas regiões Norte e Nordeste. Além disso, o combate à doença ainda enfrenta desafios relacionados a fatores como desigualdade social, diagnóstico tardio e falta de acesso ao tratamento.

Avanços em políticas públicas e estratégias diagnósticas têm contribuído para o controle da doença em algumas regiões, mas a continuidade desses esforços é essencial para evitar retrocessos e proteger as populações mais vulneráveis. 

Neste conteúdo, você vai entender como ocorre a infecção, quais são os sintomas, quem está mais exposto e o que fazer para prevenir e tratar a doença. Continue a leitura e informe-se!

O que é a doença de Chagas?

A doença de Chagas pode afetar principalmente o coração e o sistema digestivo, trazendo consequências graves quando não tratada adequadamente. Essa doença foi identificada no início do século XX, pelo médico brasileiro Carlos Chagas, e permanece como um problema de saúde pública em países da América Latina, como Brasil, Argentina, Bolívia e Colômbia.

Apesar de ser considerada uma doença negligenciada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que mais de 6 milhões de pessoas estejam infectadas atualmente — a maioria vivendo em condições de vulnerabilidade social. A doença pode evoluir de forma silenciosa durante anos, o que dificulta o diagnóstico precoce e favorece a progressão para formas graves.

Como a doença de Chagas é transmitida?

A principal forma de transmissão ocorre por meio das fezes do barbeiro, um inseto que, após picar a pele da pessoa, defeca próximo ao local da picada. Ao coçar a área, a pessoa facilita a entrada do parasita no organismo. No entanto, essa não é a única via de infecção.

A doença também pode ser transmitida de forma congênita, isto é, de mãe para filho durante a gravidez. Transfusões de sangue e transplantes de órgãos com material contaminado também representam risco, embora existam hoje protocolos rigorosos para triagem desses procedimentos. Outra forma de transmissão é a oral, que ocorre pela ingestão de alimentos contaminados com o parasita, como sucos ou frutas mal higienizados. Nesse sentido, o açaí, por exemplo, já esteve no centro de surtos relacionados.

Nos últimos anos, o Brasil tem observado um aumento da transmissão oral, sobretudo na região Norte, onde o preparo inadequado de alimentos tem sido um desafio. Diante desse cenário, o diagnóstico precoce, particularmente em gestantes, é crucial para evitar novas infecções e garantir tratamento eficaz desde os primeiros dias de vida do bebê.

Quais os sintomas da doença de Chagas?

A doença apresenta três fases distintas: aguda, indeterminada e crônica

Na fase aguda, que pode durar de semanas a meses, muitos pacientes não apresentam sintomas. Quando surgem, os sinais mais comuns incluem febre persistente, mal-estar, inchaço nos olhos (sinal de Romaña), inflamação nos gânglios linfáticos e aumento do fígado ou baço. Em casos mais graves, pode ocorrer inflamação no músculo cardíaco (miocardite).

Com o tempo, o organismo entra na fase indeterminada, caracterizada pela ausência de sintomas, porém com o parasita ainda presente no corpo. Nessa etapa, o risco de transmissão por transfusão ou de mãe para filho permanece. A fase pode durar anos ou décadas, e a pessoa infectada pode não suspeitar da doença.

A fase crônica atinge cerca de 30% dos pacientes e pode comprometer o coração, levando a arritmias, insuficiência cardíaca e risco de morte súbita. Também pode afetar o sistema digestivo, provocando alterações graves como megacólon e megaesôfago, que dificultam a evacuação e a deglutição, respectivamente. 

Quem tem maior risco de contrair a doença?

A doença acomete, principalmente, pessoas que vivem em áreas rurais e moradias precárias, onde o barbeiro encontra abrigo com mais facilidade. Além disso, populações do Norte e Nordeste do Brasil enfrentam risco aumentado por conta da transmissão oral, que tem crescido nos últimos anos.

Outros grupos em situação de maior vulnerabilidade incluem gestantes não testadas durante o pré-natal, idosos, pessoas com baixa escolaridade, trabalhadores rurais e populações que frequentemente têm menor acesso a serviços de saúde. Tais fatores evidenciam como os determinantes sociais da saúde — como pobreza, exclusão e desigualdade — contribuem para a persistência da doença em determinadas regiões do país.

Como é feito o diagnóstico da doença de Chagas?

O diagnóstico varia conforme a fase da infecção. Na fase aguda, o parasita pode ser visualizado diretamente no sangue por meio da microscopia. Já na fase crônica, o diagnóstico é feito por meio de testes sorológicos, como ELISA e imunofluorescência indireta, que detectam a presença de anticorpos contra o Trypanosoma cruzi. A recomendação é que o diagnóstico seja confirmado por dois testes distintos, já que nenhum deles, isoladamente, é totalmente preciso.

Apesar dos avanços, ainda existem desafios, como a falta de acesso a exames em regiões remotas ou a limitação de recursos em centros de saúde. Assim, iniciativas recentes têm buscado implementar testes rápidos, especialmente em gestantes, para garantir o diagnóstico precoce e oportuno.

Qual é o tratamento para a doença de Chagas?

Atualmente, dois medicamentos estão disponíveis para o tratamento: benznidazol e nifurtimox. Ambos são mais eficazes quando utilizados nas fases iniciais da doença ou em crianças, mas também podem trazer benefícios na fase crônica, ao evitar a progressão e reduzir o risco de complicações.

O tratamento pode causar efeitos colaterais, como reações na pele, dores musculares e desconfortos gastrointestinais, o que exige acompanhamento médico rigoroso durante todo o processo. Embora não exista uma cura definitiva, os medicamentos ajudam a controlar a infecção e reduzir o impacto da doença a longo prazo.

Em pacientes que desenvolvem complicações cardíacas ou digestivas, oriundas da doença, devem seguir acompanhamento especializado, com uso de medicamentos específicos e, em alguns casos, cirurgias ou dispositivos cardíacos.

A transmissão vertical pode ser evitada?

Sim. A triagem de gestantes durante o pré-natal e a testagem dos recém-nascidos são medidas indispensáveis para evitar a transmissão vertical. Quando diagnosticado precocemente, o tratamento em bebês pode ter eficácia de até 100%, impedindo que a doença avance.

Contudo, ainda existem obstáculos, como a exigência de dois exames para a confirmação e a falta de estrutura laboratorial em muitas áreas. Para enfrentar esse desafio, iniciativas como a estratégia ETMI Plus, da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), têm reforçado a testagem de gestantes e o tratamento precoce de recém-nascidos, com foco em eliminar a transmissão de doenças como Chagas, HIV, hepatite B e sífilis.

Como prevenir a doença de Chagas?

A prevenção da doença de Chagas envolve uma série de medidas. O controle do inseto vetor é uma das mais importantes, o que inclui ações como dedetização, melhorias nas condições de moradia e instalação de telas protetoras em portas e janelas. 

Outra frente significativa de prevenção é a segurança alimentar. Alimentos como o açaí, quando processados sem os devidos cuidados, podem se tornar veículos de transmissão do parasita. Por isso, é indicado consumir produtos de origem segura, com boas práticas de higiene.

Mais um ponto relevante diz respeito à triagem em bancos de sangue e órgãos, que já é realizada como parte dos protocolos de segurança, mas a inclusão de testes para gestantes em áreas endêmicas precisa ser reforçada. 

Vale ressaltar que a informação correta e o combate ao estigma são formas de prevenção, pois incentivam o diagnóstico e o tratamento precoce.

Qual a relação entre a doença de Chagas e o açaí?

É preciso esclarecer que o açaí em si não transmite a doença de Chagas. O problema está na possibilidade de contaminação durante o preparo do fruto, com destaque para os locais onde há presença do barbeiro. 

O que acontece nesses casos é que, se o inseto infectado entra em contato com o alimento e suas fezes contaminam a polpa, o consumo pode levar à infecção. Essa é a chamada transmissão oral. Dessa forma, recomenda-se sempre consumir açaí industrializado, pasteurizado e com certificação sanitária, garantindo a segurança alimentar da população.

O papel das políticas públicas e da informação

O controle da doença de Chagas depende diretamente da continuidade de políticas públicas consistentes. Investimentos em vigilância epidemiológica, capacitação de profissionais de saúde e ampliação da testagem em gestantes são ações imprescindíveis. 

A estratégia ETMI Plus, por exemplo, busca eliminar a transmissão vertical não apenas da doença de Chagas, como também do HIV e da hepatite B. O acesso à informação de qualidade permite que as pessoas conheçam seus direitos, superem o medo do diagnóstico e busquem tratamento com segurança. 

Quer entender mais sobre outras doenças transmitidas por vetores? Acesse nosso conteúdo sobre as diferenças de dengue, zika e chikungunya

Sabin avisa:

Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames.

Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas. 

Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial.

Referências:

de Sousa, A. S., Vermeij, D., Ramos, A. N., Jr, & Luquetti, A. O. (2024). Chagas disease. Lancet (London, England), 403(10422), 203–218. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(23)01787-7

J Michael Miller, Matthew J Binnicker, Sheldon Campbell, et al., Guide to Utilization of the Microbiology Laboratory for Diagnosis of Infectious Diseases: 2024 Update by the Infectious Diseases Society of America (IDSA) and the American Society for Microbiology (ASM) , Clinical Infectious Diseases, 2024;, ciae104, https://doi.org/10.1093/cid/ciae104

da Silva, M. R. O. B., Nascimento, B. E. G. D., Santos, C. G. S., de Magalhães, J. J. F., Costa, R. M. P. B., da Silva, S. F. F., de Lorena, V. M. B., & Viana Marques, D. A. (2025). Scenario of Acute Chagas Disease in Brazil: A spatio-temporal analysis. Diagnostic microbiology and infectious disease, 113(3), 116998. https://doi.org/10.1016/j.diagmicrobio.2025.116998

Martins-Melo, F. R., Castro, M. C., Ribeiro, A. L. P., Heukelbach, J., & Werneck, G. L. (2022). Deaths Related to Chagas Disease and COVID-19 Co-Infection, Brazil, March-December 2020. Emerging infectious diseases, 28(11), 2285–2289. https://doi.org/10.3201/eid2811.212158

García, G. S. M., da Cunha Leite, A. H. M., de Souza, E. A., et al., (2025). High burden of hospital morbidity and mortality due to Chagas disease in Bahia state, Northeast Brazil, 2000-2022. Tropical medicine & international health : TM & IH, 30(5), 368–381. https://doi.org/10.1111/tmi.14085

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Doença de Chagas e cuidados com a saúde; A doença de Chagas é uma infecção potencialmente grave, causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, e transmitida principalmente por um inseto conhecido popularmente como barbeiro. Embora seja uma condição antiga e amplamente associada a áreas rurais, ela continua sendo uma importante preocupação de saúde pública no Brasil e em diversos países da América Latina. Nos últimos anos, o tema voltou a ganhar relevância devido ao aumento da transmissão vertical, ou seja, de mãe para filho durante a gestação e pela ocorrência de surtos por transmissão oral, especialmente nas regiões Norte e Nordeste. Além disso, o combate à doença ainda enfrenta desafios relacionados a fatores como desigualdade social, diagnóstico tardio e falta de acesso ao tratamento. Avanços em políticas públicas e estratégias diagnósticas têm contribuído para o controle da doença em algumas regiões, mas a continuidade desses esforços é essencial para evitar retrocessos e proteger as populações mais vulneráveis.  Neste conteúdo, você vai entender como ocorre a infecção, quais são os sintomas, quem está mais exposto e o que fazer para prevenir e tratar a doença. Continue a leitura e informe-se! O que é a doença de Chagas? A doença de Chagas pode afetar principalmente o coração e o sistema digestivo, trazendo consequências graves quando não tratada adequadamente. Essa doença foi identificada no início do século XX, pelo médico brasileiro Carlos Chagas, e permanece como um problema de saúde pública em países da América Latina, como Brasil, Argentina, Bolívia e Colômbia. Apesar de ser considerada uma doença negligenciada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que mais de 6 milhões de pessoas estejam infectadas atualmente — a maioria vivendo em condições de vulnerabilidade social. A doença pode evoluir de forma silenciosa durante anos, o que dificulta o diagnóstico precoce e favorece a progressão para formas graves. Como a doença de Chagas é transmitida? A principal forma de transmissão ocorre por meio das fezes do barbeiro, um inseto que, após picar a pele da pessoa, defeca próximo ao local da picada. Ao coçar a área, a pessoa facilita a entrada do parasita no organismo. No entanto, essa não é a única via de infecção. A doença também pode ser transmitida de forma congênita, isto é, de mãe para filho durante a gravidez. Transfusões de sangue e transplantes de órgãos com material contaminado também representam risco, embora existam hoje protocolos rigorosos para triagem desses procedimentos. Outra forma de transmissão é a oral, que ocorre pela ingestão de alimentos contaminados com o parasita, como sucos ou frutas mal higienizados. Nesse sentido, o açaí, por exemplo, já esteve no centro de surtos relacionados. Nos últimos anos, o Brasil tem observado um aumento da transmissão oral, sobretudo na região Norte, onde o preparo inadequado de alimentos tem sido um desafio. Diante desse cenário, o diagnóstico precoce, particularmente em gestantes, é crucial para evitar novas infecções e garantir tratamento eficaz desde os primeiros dias de vida do bebê. Quais os sintomas da doença de Chagas? A doença apresenta três fases distintas: aguda, indeterminada e crônica.  Na fase aguda, que pode durar de semanas a meses, muitos pacientes não apresentam sintomas. Quando surgem, os sinais mais comuns incluem febre persistente, mal-estar, inchaço nos olhos (sinal de Romaña), inflamação nos gânglios linfáticos e aumento do fígado ou baço. Em casos mais graves, pode ocorrer inflamação no músculo cardíaco (miocardite). Com o tempo, o organismo entra na fase indeterminada, caracterizada pela ausência de sintomas, porém com o parasita ainda presente no corpo. Nessa etapa, o risco de transmissão por transfusão ou de mãe para filho permanece. A fase pode durar anos ou décadas, e a pessoa infectada pode não suspeitar da doença. A fase crônica atinge cerca de 30% dos pacientes e pode comprometer o coração, levando a arritmias, insuficiência cardíaca e risco de morte súbita. Também pode afetar o sistema digestivo, provocando alterações graves como megacólon e megaesôfago, que dificultam a evacuação e a deglutição, respectivamente.  Quem tem maior risco de contrair a doença? A doença acomete, principalmente, pessoas que vivem em áreas rurais e moradias precárias, onde o barbeiro encontra abrigo com mais facilidade. Além disso, populações do Norte e Nordeste do Brasil enfrentam risco aumentado por conta da transmissão oral, que tem crescido nos últimos anos. Outros grupos em situação de maior vulnerabilidade incluem gestantes não testadas durante o pré-natal, idosos, pessoas com baixa escolaridade, trabalhadores rurais e populações que frequentemente têm menor acesso a serviços de saúde. Tais fatores evidenciam como os determinantes sociais da saúde — como pobreza, exclusão e desigualdade — contribuem para a persistência da doença em determinadas regiões do país. Como é feito o diagnóstico da doença de Chagas? O diagnóstico varia conforme a fase da infecção. Na fase aguda, o parasita pode ser visualizado diretamente no sangue por meio da microscopia. Já na fase crônica, o diagnóstico é feito por meio de testes sorológicos, como ELISA e imunofluorescência indireta, que detectam a presença de anticorpos contra o Trypanosoma cruzi. A recomendação é que o diagnóstico seja confirmado por dois testes distintos, já que nenhum deles, isoladamente, é totalmente preciso. Apesar dos avanços, ainda existem desafios, como a falta de acesso a exames em regiões remotas ou a limitação de recursos em centros de saúde. Assim, iniciativas recentes têm buscado implementar testes rápidos, especialmente em gestantes, para garantir o diagnóstico precoce e oportuno. Qual é o tratamento para a doença de Chagas? Atualmente, dois medicamentos estão disponíveis para o tratamento: benznidazol e nifurtimox. Ambos são mais eficazes quando utilizados nas fases iniciais da doença ou em crianças, mas também podem trazer benefícios na fase crônica, ao evitar a progressão e reduzir o risco de complicações. O tratamento pode causar efeitos colaterais, como reações na pele, dores musculares e desconfortos gastrointestinais, o que exige acompanhamento médico rigoroso durante todo o processo. Embora não exista uma cura definitiva, os medicamentos ajudam a controlar a infecção e reduzir o impacto da doença a longo prazo. Em pacientes que desenvolvem complicações cardíacas ou digestivas, oriundas da doença, devem seguir acompanhamento especializado, com uso de medicamentos específicos e, em alguns casos, cirurgias ou dispositivos cardíacos. A transmissão vertical pode ser evitada? Sim. A triagem de gestantes durante o pré-natal e a testagem dos recém-nascidos são medidas indispensáveis para evitar a transmissão vertical. Quando diagnosticado precocemente, o tratamento em bebês pode ter eficácia de até 100%, impedindo que a doença avance. Contudo, ainda existem obstáculos, como a exigência de dois exames para a confirmação e a falta de estrutura laboratorial em muitas áreas. Para enfrentar esse desafio, iniciativas como a estratégia ETMI Plus, da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), têm reforçado a testagem de gestantes e o tratamento precoce de recém-nascidos, com foco em eliminar a transmissão de doenças como Chagas, HIV, hepatite B e sífilis. Como prevenir a doença de Chagas? A prevenção da doença de Chagas envolve uma série de medidas. O controle do inseto vetor é uma das mais importantes, o que inclui ações como dedetização, melhorias nas condições de moradia e instalação de telas protetoras em portas e janelas.  Outra frente significativa de prevenção é a segurança alimentar. Alimentos como o açaí, quando processados sem os devidos cuidados, podem se tornar veículos de transmissão do parasita. Por isso, é indicado consumir produtos de origem segura, com boas práticas de higiene. Mais um ponto relevante diz respeito à triagem em bancos de sangue e órgãos, que já é realizada como parte dos protocolos de segurança, mas a inclusão de testes para gestantes em áreas endêmicas precisa ser reforçada.  Vale ressaltar que a informação correta e o combate ao estigma são formas de prevenção, pois incentivam o diagnóstico e o tratamento precoce. Qual a relação entre a doença de Chagas e o açaí? É preciso esclarecer que o açaí em si não transmite a doença de Chagas. O problema está na possibilidade de contaminação durante o preparo do fruto, com destaque para os locais onde há presença do barbeiro.  O que acontece nesses casos é que, se o inseto infectado entra em contato com o alimento e suas fezes contaminam a polpa, o consumo pode levar à infecção. Essa é a chamada transmissão oral. Dessa forma, recomenda-se sempre consumir açaí industrializado, pasteurizado e com certificação sanitária, garantindo a segurança alimentar da população. O papel das políticas públicas e da informação O controle da doença de Chagas depende diretamente da continuidade de políticas públicas consistentes. Investimentos em vigilância epidemiológica, capacitação de profissionais de saúde e ampliação da testagem em gestantes são ações imprescindíveis.  A estratégia ETMI Plus, por exemplo, busca eliminar a transmissão vertical não apenas da doença de Chagas, como também do HIV e da hepatite B. O acesso à informação de qualidade permite que as pessoas conheçam seus direitos, superem o medo do diagnóstico e busquem tratamento com segurança.  Quer entender mais sobre outras doenças transmitidas por vetores? Acesse nosso conteúdo sobre as diferenças de dengue, zika e chikungunya.  Sabin avisa: Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames. Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas.  Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial. Referências: de Sousa, A. S., Vermeij, D., Ramos, A. N., Jr, & Luquetti, A. O. (2024). Chagas disease. Lancet (London, England), 403(10422), 203–218. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(23)01787-7 J Michael Miller, Matthew J Binnicker, Sheldon Campbell, et al., Guide to Utilization of the Microbiology Laboratory for Diagnosis of Infectious Diseases: 2024 Update by the Infectious Diseases Society of America (IDSA) and the American Society for Microbiology (ASM) , Clinical Infectious Diseases, 2024;, ciae104, https://doi.org/10.1093/cid/ciae104 da Silva, M. R. O. B., Nascimento, B. E. G. D., Santos, C. G. S., de Magalhães, J. J. F., Costa, R. M. P. B., da Silva, S. F. F., de Lorena, V. M. B., & Viana Marques, D. A. (2025). Scenario of Acute Chagas Disease in Brazil: A spatio-temporal analysis. Diagnostic microbiology and infectious disease, 113(3), 116998. https://doi.org/10.1016/j.diagmicrobio.2025.116998 Martins-Melo, F. R., Castro, M. C., Ribeiro, A. L. P., Heukelbach, J., & Werneck, G. L. (2022). Deaths Related to Chagas Disease and COVID-19 Co-Infection, Brazil, March-December 2020. Emerging infectious diseases, 28(11), 2285–2289. https://doi.org/10.3201/eid2811.212158 García, G. S. M., da Cunha Leite, A. H. M., de Souza, E. A., et al., (2025). High burden of hospital morbidity and mortality due to Chagas disease in Bahia state, Northeast Brazil, 2000-2022. Tropical medicine & international health : TM & IH, 30(5), 368–381. https://doi.org/10.1111/tmi.14085