Sabin Por: Sabin
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Muito confundida com a dengue por apresentar sintomas parecidos, a febre do Oropouche é também uma arbovirose, entretanto, até o momento, tudo indica não ser transmitida pelo mesmo mosquito. Em geral, a transmissão do vírus Oropouche se dá através da picada do mosquito popularmente conhecido como “maruim” (Culicoides paraensis).

No início de 2024, a doença chama atenção devido ao rápido crescimento do número de casos na Região Norte, especialmente no Amazonas. Segundo a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), foram detectados 1.674 casos de Oropouche no estado, entre 1º de janeiro e 29 de fevereiro de 2024, ficando em segundo lugar na prevalência de arboviroses naquela localidade, atrás somente da dengue. Isso fez com que o órgão emitisse um alerta epidemiológico.

Embora os surtos da doença tenham sido registrados principalmente na região amazônica, nos últimos 10 anos, conforme dados da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), existe um potencial risco de disseminação para outras localidades, haja visto que o vetor pode circular em todo o território brasileiro.

Entenda melhor sobre a febre do Oropouche e conheça as medidas de prevenção e tratamento.

O que é a febre do Oropouche e como surgiu?

Como informado inicialmente, a doença que ficou conhecida como febre do Oropouche é uma arbovirose, ou seja, doença transmitida por artrópodes, como mosquitos ou carrapatos.

É causada pela picada do mosquito Culicoides paraensis, principal agente transmissor do vírus Oropouche (OROV), pertencente ao gênero Orthobunyavirus e à família Peribunyaviridae.

O vírus recebeu o nome do local onde foi identificado pela primeira vez, em 1955, na comunidade de Vega de Oropouche, em Trinidad e Tobago, América Central. A infecção viral surgiu no Brasil na década de 60.

Assim como o já conhecido Aedes aegypti, o Culicoides paraensis também se reproduz em águas paradas. Por essa razão, os casos tendem a aumentar nos períodos chuvosos e com altas temperaturas.

Quais os sintomas da infecção?

A sintomatologia da febre do Oropouche costuma durar até uma semana, mas apresenta uma recuperação lenta que pode levar várias semanas. Felizmente, não há registros de possíveis sequelas.

Após a picada do mosquito infectado, o período de incubação pode variar entre quatro e oito dias (chegando a 12 dias em alguns casos). Além da febre aguda que caracteriza a doença, as pessoas podem apresentar outros sintomas:

  • calafrios; 
  • mialgia;
  • náusea;
  • dores de cabeça e nas articulações;
  • erupções cutâneas (raramente).

Em casos extremos e sobretudo em pessoas imunocomprometidas, a infecção pode afetar o sistema nervoso central, com relatos de evolução do quadro para meningite. Até o momento, óbitos associados à infecção não foram notificados.

Diferenças entre a febre do Oropouche e a dengue

Para facilitar a compreensão, preparamos um quadro comparativo com as principais diferenças e semelhanças entre a febre do Oropouche e a dengue. Confira:

DengueOropouche
Mosquito vetorAedes aegyptiCulicoides paraensis
Principais sintomasFebre alta, dores no corpo e nas articulações, falta de apetite, dor de cabeça e atrás dos olhos, manchas pelo corpo.Febre intensa e persistente, calafrios, náuseas, tontura, dores de cabeça e nas articulações, fotofobia.
Risco de morteSimNão
VacinaSimNão

Como é feito o diagnóstico?

Quando na fase inicial da doença, o exame PCR é o mais indicado para a obtenção do diagnóstico. Já na fase aguda dos sintomas, deve ser realizada a sorologia IgG e IgM para a detecção do vírus Oropouche.

Importante salientar que, em razão das manifestações clínicas semelhantes a outras arboviroses, o diagnóstico diferencial representa um grande desafio. A falta de uma avaliação diagnóstica mais precisa dessa patologia leva, na maioria das vezes, à subnotificação, o que dificulta demasiadamente o seguimento terapêutico, além de inviabilizar a estimativa de frequência da doença na população.

Ainda há poucos estudos sobre a febre do Oropouche, tornando-se fundamental entender a dinâmica de transmissão para proporcionar uma investigação diagnóstica mais efetiva.

Em 2023, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) desenvolveu um protocolo de detecção do vírus Oropouche, com previsão de implantação em todos os estados a partir de 2024, destinado ao monitoramento dos casos no país.

Formas de tratamento e prevenção

Até o momento, não existem vacinas específicas para combater o vírus Oropouche. O tratamento é sintomático, feito de acordo com os sintomas apresentados, geralmente à base de medicamentos analgésicos e antitérmicos para aliviar o quadro clínico. Adicionalmente, cuidados como repouso e hidratação.

Assim como as demais arboviroses, as medidas de prevenção envolvem diretamente o combate ao mosquito transmissor. Por isso, não custa reforçar a importância de eliminar possíveis focos de proliferação do vetor, mantendo vigilância intensa nos locais que possam acumular água. Medidas simples que podem fazer toda a diferença:

  • virar garrafas de cabeça para baixo;
  • descartar pneus velhos ou armazená-los em locais cobertos;
  • retirar a água dos pratinhos de vasos de plantas ou utilizar areia para a devida absorção;
  • higienizar vasilhas de água de animais de estimação;
  • limpar calhas;
  • tampar ralos e pias. 

Outra dica essencial é evitar o acúmulo de lixos em terrenos e promover a limpeza eventual de caixas d’água, lajes, cisternas e piscinas, principalmente aquelas sem uso ou em manutenção.

Em relação às medidas individuais para pessoas que residem em locais endêmicos ou com grande concentração de mosquitos, recomenda-se utilizar vestimentas que cubram a maior parte do corpo, como camisas de manga comprida e calças, além de fazer uso constante de repelentes. Se possível, instalar telas de proteção nas residências.

Independentemente do tipo de arbovirose, busque ajuda médica imediatamente após o surgimento dos primeiros sintomas. A detecção precoce possibilita o tratamento adequado e pode salvar vidas!

A febre do Oropouche é mais uma arbovirose no cenário epidemiológico brasileiro. Para entender mais sobre o tema, sugerimos a leitura do artigo Dengue, zika e chikungunya: entenda as diferenças e como se prevenir.

Sabin avisa:

Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames.

Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas. 

Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial.

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Afinal, o que é a febre do Oropouche?; Muito confundida com a dengue por apresentar sintomas parecidos, a febre do Oropouche é também uma arbovirose, entretanto, até o momento, tudo indica não ser transmitida pelo mesmo mosquito. Em geral, a transmissão do vírus Oropouche se dá através da picada do mosquito popularmente conhecido como “maruim” (Culicoides paraensis). No início de 2024, a doença chama atenção devido ao rápido crescimento do número de casos na Região Norte, especialmente no Amazonas. Segundo a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), foram detectados 1.674 casos de Oropouche no estado, entre 1º de janeiro e 29 de fevereiro de 2024, ficando em segundo lugar na prevalência de arboviroses naquela localidade, atrás somente da dengue. Isso fez com que o órgão emitisse um alerta epidemiológico. Embora os surtos da doença tenham sido registrados principalmente na região amazônica, nos últimos 10 anos, conforme dados da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), existe um potencial risco de disseminação para outras localidades, haja visto que o vetor pode circular em todo o território brasileiro. Entenda melhor sobre a febre do Oropouche e conheça as medidas de prevenção e tratamento. O que é a febre do Oropouche e como surgiu? Como informado inicialmente, a doença que ficou conhecida como febre do Oropouche é uma arbovirose, ou seja, doença transmitida por artrópodes, como mosquitos ou carrapatos. É causada pela picada do mosquito Culicoides paraensis, principal agente transmissor do vírus Oropouche (OROV), pertencente ao gênero Orthobunyavirus e à família Peribunyaviridae. O vírus recebeu o nome do local onde foi identificado pela primeira vez, em 1955, na comunidade de Vega de Oropouche, em Trinidad e Tobago, América Central. A infecção viral surgiu no Brasil na década de 60. Assim como o já conhecido Aedes aegypti, o Culicoides paraensis também se reproduz em águas paradas. Por essa razão, os casos tendem a aumentar nos períodos chuvosos e com altas temperaturas. Quais os sintomas da infecção? A sintomatologia da febre do Oropouche costuma durar até uma semana, mas apresenta uma recuperação lenta que pode levar várias semanas. Felizmente, não há registros de possíveis sequelas. Após a picada do mosquito infectado, o período de incubação pode variar entre quatro e oito dias (chegando a 12 dias em alguns casos). Além da febre aguda que caracteriza a doença, as pessoas podem apresentar outros sintomas: calafrios;  mialgia; náusea; dores de cabeça e nas articulações; erupções cutâneas (raramente). Em casos extremos e sobretudo em pessoas imunocomprometidas, a infecção pode afetar o sistema nervoso central, com relatos de evolução do quadro para meningite. Até o momento, óbitos associados à infecção não foram notificados. Diferenças entre a febre do Oropouche e a dengue Para facilitar a compreensão, preparamos um quadro comparativo com as principais diferenças e semelhanças entre a febre do Oropouche e a dengue. Confira: DengueOropoucheMosquito vetorAedes aegyptiCulicoides paraensisPrincipais sintomasFebre alta, dores no corpo e nas articulações, falta de apetite, dor de cabeça e atrás dos olhos, manchas pelo corpo.Febre intensa e persistente, calafrios, náuseas, tontura, dores de cabeça e nas articulações, fotofobia.Risco de morteSimNãoVacinaSimNão Como é feito o diagnóstico? Quando na fase inicial da doença, o exame PCR é o mais indicado para a obtenção do diagnóstico. Já na fase aguda dos sintomas, deve ser realizada a sorologia IgG e IgM para a detecção do vírus Oropouche. Importante salientar que, em razão das manifestações clínicas semelhantes a outras arboviroses, o diagnóstico diferencial representa um grande desafio. A falta de uma avaliação diagnóstica mais precisa dessa patologia leva, na maioria das vezes, à subnotificação, o que dificulta demasiadamente o seguimento terapêutico, além de inviabilizar a estimativa de frequência da doença na população. Ainda há poucos estudos sobre a febre do Oropouche, tornando-se fundamental entender a dinâmica de transmissão para proporcionar uma investigação diagnóstica mais efetiva. Em 2023, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) desenvolveu um protocolo de detecção do vírus Oropouche, com previsão de implantação em todos os estados a partir de 2024, destinado ao monitoramento dos casos no país. Formas de tratamento e prevenção Até o momento, não existem vacinas específicas para combater o vírus Oropouche. O tratamento é sintomático, feito de acordo com os sintomas apresentados, geralmente à base de medicamentos analgésicos e antitérmicos para aliviar o quadro clínico. Adicionalmente, cuidados como repouso e hidratação. Assim como as demais arboviroses, as medidas de prevenção envolvem diretamente o combate ao mosquito transmissor. Por isso, não custa reforçar a importância de eliminar possíveis focos de proliferação do vetor, mantendo vigilância intensa nos locais que possam acumular água. Medidas simples que podem fazer toda a diferença: virar garrafas de cabeça para baixo; descartar pneus velhos ou armazená-los em locais cobertos; retirar a água dos pratinhos de vasos de plantas ou utilizar areia para a devida absorção; higienizar vasilhas de água de animais de estimação; limpar calhas; tampar ralos e pias.  Outra dica essencial é evitar o acúmulo de lixos em terrenos e promover a limpeza eventual de caixas d’água, lajes, cisternas e piscinas, principalmente aquelas sem uso ou em manutenção. Em relação às medidas individuais para pessoas que residem em locais endêmicos ou com grande concentração de mosquitos, recomenda-se utilizar vestimentas que cubram a maior parte do corpo, como camisas de manga comprida e calças, além de fazer uso constante de repelentes. Se possível, instalar telas de proteção nas residências. Independentemente do tipo de arbovirose, busque ajuda médica imediatamente após o surgimento dos primeiros sintomas. A detecção precoce possibilita o tratamento adequado e pode salvar vidas! A febre do Oropouche é mais uma arbovirose no cenário epidemiológico brasileiro. Para entender mais sobre o tema, sugerimos a leitura do artigo Dengue, zika e chikungunya: entenda as diferenças e como se prevenir. Sabin avisa: Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames. Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas.  Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial.