Sabin Por: Sabin
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A febre amarela é uma doença infecciosa grave, causada por um vírus transmitido pela picada de mosquitos infectados. A enfermidade é endêmica em diversas regiões tropicais da América do Sul e da África, e continua sendo motivo de preocupação no Brasil, especialmente devido ao aumento recente de casos em áreas silvestres. Embora a doença seja prevenida por meio da vacinação, muitos ainda desconhecem os riscos e as formas de proteção.

Além disso, o controle da febre amarela é relevante não apenas para a saúde individual, mas também para evitar a reintrodução do ciclo urbano do vírus, o que poderia causar surtos de grandes proporções. Acompanhe nosso conteúdo para saber mais!

O que é a febre amarela?

É uma arbovirose causada pelo vírus da febre amarela (YFV), pertencente à família Flaviviridae. A infecção pode variar de assintomática a formas graves, caracterizadas por febre súbita, dores no corpo, icterícia (coloração amarelada da pele e olhos) e, em casos mais severos, sangramentos e falência de órgãos. O nome “amarela” deriva justamente da icterícia observada em alguns pacientes.

Existem dois ciclos distintos de transmissão do vírus. O ciclo silvestre ocorre em áreas rurais e de mata, onde o vírus circula entre primatas não humanos (como os macacos) e mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes. Já o ciclo urbano, erradicado no Brasil desde 1942, envolve o mosquito Aedes aegypti como vetor principal, o mesmo responsável por transmitir a dengue.

Como ocorre a transmissão da febre amarela?

A transmissão da febre amarela ocorre exclusivamente por meio da picada de mosquitos infectados. No ciclo silvestre, os mosquitos picam um primata infectado e, em seguida, ao picar um ser humano, transmitem o vírus. O ser humano, nesse caso, é considerado um hospedeiro acidental, ou seja, não faz parte do ciclo natural de manutenção do vírus.

Nos contextos em que o vírus se dissemina para regiões urbanas, o risco de reintrodução do ciclo urbano se torna real, principalmente quando o mosquito Aedes aegypti entra em contato com uma pessoa infectada vinda de área silvestre. A partir daí, pode ocorrer uma cadeia de transmissão em ambiente urbano. 

Quais são os sintomas da febre amarela?

Os sintomas da febre amarela se manifestam entre três e seis dias após a picada do mosquito infectado. Na maioria dos casos, a doença apresenta um curso bifásico. Na fase inicial, os sinais incluem febre alta, dor de cabeça intensa, dores musculares, náuseas, vômitos e cansaço extremo. Alguns pacientes podem se recuperar totalmente após essa fase.

Contudo, em alguns casos, a doença evolui para uma fase mais danosa, chamada de fase tóxica. Nessa etapa, surgem complicações como icterícia, hemorragias, insuficiências renal e hepática e comprometimento de múltiplos órgãos, sendo que a taxa de mortalidade pode ultrapassar 50% em pacientes não tratados.

Por isso, a febre amarela é considerada uma urgência médica. Ao suspeitar dos sintomas, é fundamental procurar atendimento médico imediato, sobretudo se houver histórico de viagem recente para áreas de risco.

Quem está mais vulnerável à febre amarela?

O risco de infecção é maior entre pessoas não vacinadas que vivem ou transitam por áreas endêmicas, como zonas rurais, florestas e regiões de transição entre o campo e a cidade. Trabalhadores rurais, agricultores, extrativistas e viajantes são grupos frequentemente expostos.

Crianças pequenas, idosos e pessoas com o sistema imunológico comprometido também apresentam grande risco de desenvolver as formas graves da doença. Em locais com baixa cobertura vacinal, a probabilidade de surtos aumenta significativamente. A vigilância epidemiológica e a intensificação da imunização são medidas importantes para proteger esses grupos.

Diagnóstico e tratamento da febre amarela

O diagnóstico da febre amarela é feito com base na avaliação clínica, no histórico de exposição e em exames laboratoriais. Os testes mais utilizados são a sorologia para detecção de anticorpos específicos e o RT-PCR para febre amarela, que identifica o material genético do vírus no sangue, particularmente nos primeiros dias de sintomas.

Existe tratamento para febre amarela?

Não existe um tratamento específico contra o vírus da febre amarela. O manejo é sintomático e de suporte, com o objetivo de aliviar os sintomas e prevenir complicações. Isso inclui hidratação intensiva, controle da febre, monitoramento das funções hepática e renal e, em casos graves, suporte em unidade de terapia intensiva.

Medicações como anti-inflamatórios e ácido acetilsalicílico devem ser evitadas, pois aumentam o risco de sangramentos. A prevenção, portanto, continua sendo a principal estratégia contra a doença.

Como se proteger da febre amarela?

A forma mais eficiente de prevenção é a vacina contra a febre amarela. No entanto, outras medidas também devem ser adotadas para evitar a exposição ao mosquito transmissor. 

Usar roupas de manga longa e calças compridas, aplicar repelentes nas áreas expostas da pele, instalar telas em portas e janelas e dormir sob mosquiteiros são atitudes que reduzem substancialmente o risco de picadas.

Vacinação contra febre amarela

A vacina contra a febre amarela é segura, eficaz e amplamente disponível no Brasil. Uma única dose oferece proteção ao longo da vida. Recomenda-se que a vacinação ocorra a partir dos nove meses de idade para pessoas que vivem ou vão viajar às áreas consideradas de risco.

Grupos como gestantes, lactantes, pessoas com imunodeficiência ou alergias graves a componentes da vacina devem passar por avaliação médica antes da imunização. 

Febre amarela e viagens internacionais

Muitos países exigem, como requisito de entrada, o Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia (CIVP), documento que comprova a vacinação de febre amarela, emitido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). 

O CIVP deve ser solicitado com antecedência, especificamente se a viagem for para regiões da África ou da América do Sul, nas quais a febre amarela é endêmica. É preciso lembrar que a vacina deve ser aplicada pelo menos 10 dias antes da viagem, para que a proteção esteja ativa e o certificado seja válido. 

Diante do aumento de casos em algumas localidades do Brasil e da América Latina, estar atento à imunização e aos cuidados básicos é crucial. Por isso, com a informação correta, calendário de vacinação em dia e medidas de proteção, é possível diminuir drasticamente os riscos de infecção. 

O Sabin oferece a vacina contra a febre amarela em sua rede de atendimento, e o agendamento pode ser feito de forma prática pela loja on-line. Para saber mais sobre outras doenças transmitidas por mosquitos, leia nosso conteúdo sobre dengue, zika e chikungunya.

Sabin avisa:

Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames.

Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas. 

Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial.

Referências:

Kersul MG, Abreu FVS, Pinter A, et al. Exploring environmental and climate features associated with yellow fever across space and time in the Brazilian Atlantic Forest biome. PLoS One. 2024;19(10):e0308560. Published 2024 Oct 7. doi:10.1371/journal.pone.0308560

Giovanetti M, Pinotti F, Zanluca C, et al. Genomic epidemiology unveils the dynamics and spatial corridor behind the Yellow Fever virus outbreak in Southern Brazil. Sci Adv. 2023;9(35):eadg9204. doi:10.1126/sciadv.adg9204

Abreu FVS, Delatorre E, Dos Santos AAC, et al. Combination of surveillance tools reveals that Yellow Fever virus can remain in the same Atlantic Forest area at least for three transmission seasons. Mem Inst Oswaldo Cruz. 2019;114:e190076. doi:10.1590/0074-02760190076

Ministério da Saúde. Nota Técnica Conjunta nº 27/2025 – DEDT/DPNI/SVSA: Atualização sobre a situação epidemiológica da febre amarela no Brasil e recomendações para prevenção. Brasília: Ministério da Saúde, 2025.

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Febre amarela: sintomas, transmissão e vacinação; A febre amarela é uma doença infecciosa grave, causada por um vírus transmitido pela picada de mosquitos infectados. A enfermidade é endêmica em diversas regiões tropicais da América do Sul e da África, e continua sendo motivo de preocupação no Brasil, especialmente devido ao aumento recente de casos em áreas silvestres. Embora a doença seja prevenida por meio da vacinação, muitos ainda desconhecem os riscos e as formas de proteção. Além disso, o controle da febre amarela é relevante não apenas para a saúde individual, mas também para evitar a reintrodução do ciclo urbano do vírus, o que poderia causar surtos de grandes proporções. Acompanhe nosso conteúdo para saber mais! O que é a febre amarela? É uma arbovirose causada pelo vírus da febre amarela (YFV), pertencente à família Flaviviridae. A infecção pode variar de assintomática a formas graves, caracterizadas por febre súbita, dores no corpo, icterícia (coloração amarelada da pele e olhos) e, em casos mais severos, sangramentos e falência de órgãos. O nome “amarela” deriva justamente da icterícia observada em alguns pacientes. Existem dois ciclos distintos de transmissão do vírus. O ciclo silvestre ocorre em áreas rurais e de mata, onde o vírus circula entre primatas não humanos (como os macacos) e mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes. Já o ciclo urbano, erradicado no Brasil desde 1942, envolve o mosquito Aedes aegypti como vetor principal, o mesmo responsável por transmitir a dengue. Como ocorre a transmissão da febre amarela? A transmissão da febre amarela ocorre exclusivamente por meio da picada de mosquitos infectados. No ciclo silvestre, os mosquitos picam um primata infectado e, em seguida, ao picar um ser humano, transmitem o vírus. O ser humano, nesse caso, é considerado um hospedeiro acidental, ou seja, não faz parte do ciclo natural de manutenção do vírus. Nos contextos em que o vírus se dissemina para regiões urbanas, o risco de reintrodução do ciclo urbano se torna real, principalmente quando o mosquito Aedes aegypti entra em contato com uma pessoa infectada vinda de área silvestre. A partir daí, pode ocorrer uma cadeia de transmissão em ambiente urbano.  Quais são os sintomas da febre amarela? Os sintomas da febre amarela se manifestam entre três e seis dias após a picada do mosquito infectado. Na maioria dos casos, a doença apresenta um curso bifásico. Na fase inicial, os sinais incluem febre alta, dor de cabeça intensa, dores musculares, náuseas, vômitos e cansaço extremo. Alguns pacientes podem se recuperar totalmente após essa fase. Contudo, em alguns casos, a doença evolui para uma fase mais danosa, chamada de fase tóxica. Nessa etapa, surgem complicações como icterícia, hemorragias, insuficiências renal e hepática e comprometimento de múltiplos órgãos, sendo que a taxa de mortalidade pode ultrapassar 50% em pacientes não tratados. Por isso, a febre amarela é considerada uma urgência médica. Ao suspeitar dos sintomas, é fundamental procurar atendimento médico imediato, sobretudo se houver histórico de viagem recente para áreas de risco. Quem está mais vulnerável à febre amarela? O risco de infecção é maior entre pessoas não vacinadas que vivem ou transitam por áreas endêmicas, como zonas rurais, florestas e regiões de transição entre o campo e a cidade. Trabalhadores rurais, agricultores, extrativistas e viajantes são grupos frequentemente expostos. Crianças pequenas, idosos e pessoas com o sistema imunológico comprometido também apresentam grande risco de desenvolver as formas graves da doença. Em locais com baixa cobertura vacinal, a probabilidade de surtos aumenta significativamente. A vigilância epidemiológica e a intensificação da imunização são medidas importantes para proteger esses grupos. Diagnóstico e tratamento da febre amarela O diagnóstico da febre amarela é feito com base na avaliação clínica, no histórico de exposição e em exames laboratoriais. Os testes mais utilizados são a sorologia para detecção de anticorpos específicos e o RT-PCR para febre amarela, que identifica o material genético do vírus no sangue, particularmente nos primeiros dias de sintomas. Existe tratamento para febre amarela? Não existe um tratamento específico contra o vírus da febre amarela. O manejo é sintomático e de suporte, com o objetivo de aliviar os sintomas e prevenir complicações. Isso inclui hidratação intensiva, controle da febre, monitoramento das funções hepática e renal e, em casos graves, suporte em unidade de terapia intensiva. Medicações como anti-inflamatórios e ácido acetilsalicílico devem ser evitadas, pois aumentam o risco de sangramentos. A prevenção, portanto, continua sendo a principal estratégia contra a doença. Como se proteger da febre amarela? A forma mais eficiente de prevenção é a vacina contra a febre amarela. No entanto, outras medidas também devem ser adotadas para evitar a exposição ao mosquito transmissor.  Usar roupas de manga longa e calças compridas, aplicar repelentes nas áreas expostas da pele, instalar telas em portas e janelas e dormir sob mosquiteiros são atitudes que reduzem substancialmente o risco de picadas. Vacinação contra febre amarela A vacina contra a febre amarela é segura, eficaz e amplamente disponível no Brasil. Uma única dose oferece proteção ao longo da vida. Recomenda-se que a vacinação ocorra a partir dos nove meses de idade para pessoas que vivem ou vão viajar às áreas consideradas de risco. Grupos como gestantes, lactantes, pessoas com imunodeficiência ou alergias graves a componentes da vacina devem passar por avaliação médica antes da imunização.  Febre amarela e viagens internacionais Muitos países exigem, como requisito de entrada, o Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia (CIVP), documento que comprova a vacinação de febre amarela, emitido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).  O CIVP deve ser solicitado com antecedência, especificamente se a viagem for para regiões da África ou da América do Sul, nas quais a febre amarela é endêmica. É preciso lembrar que a vacina deve ser aplicada pelo menos 10 dias antes da viagem, para que a proteção esteja ativa e o certificado seja válido.  Diante do aumento de casos em algumas localidades do Brasil e da América Latina, estar atento à imunização e aos cuidados básicos é crucial. Por isso, com a informação correta, calendário de vacinação em dia e medidas de proteção, é possível diminuir drasticamente os riscos de infecção.  O Sabin oferece a vacina contra a febre amarela em sua rede de atendimento, e o agendamento pode ser feito de forma prática pela loja on-line. Para saber mais sobre outras doenças transmitidas por mosquitos, leia nosso conteúdo sobre dengue, zika e chikungunya. Sabin avisa: Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames. Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas.  Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial. Referências: Kersul MG, Abreu FVS, Pinter A, et al. Exploring environmental and climate features associated with yellow fever across space and time in the Brazilian Atlantic Forest biome. PLoS One. 2024;19(10):e0308560. Published 2024 Oct 7. doi:10.1371/journal.pone.0308560 Giovanetti M, Pinotti F, Zanluca C, et al. Genomic epidemiology unveils the dynamics and spatial corridor behind the Yellow Fever virus outbreak in Southern Brazil. Sci Adv. 2023;9(35):eadg9204. doi:10.1126/sciadv.adg9204 Abreu FVS, Delatorre E, Dos Santos AAC, et al. Combination of surveillance tools reveals that Yellow Fever virus can remain in the same Atlantic Forest area at least for three transmission seasons. Mem Inst Oswaldo Cruz. 2019;114:e190076. doi:10.1590/0074-02760190076 Ministério da Saúde. Nota Técnica Conjunta nº 27/2025 – DEDT/DPNI/SVSA: Atualização sobre a situação epidemiológica da febre amarela no Brasil e recomendações para prevenção. Brasília: Ministério da Saúde, 2025.