A saúde é um bem precioso e cuidar dela começa com medidas preventivas, como a vacinação. Manter o calendário vacinal atualizado é uma excelente maneira de proteger a si e as pessoas ao redor contra doenças infecciosas, sobretudo bebês, pessoas idosas e indivíduos imunocomprometidos.
Ao receber uma vacina, o corpo é estimulado a criar uma defesa imunológica em relação a um patógeno específico (vírus ou bactéria). Assim, caso a pessoa seja exposta a esses agentes infecciosos no futuro, o sistema imune está preparado para combatê-los.
Uma parcela da população particularmente importante para a vacinação são as gestantes. Durante a gravidez, o corpo da mulher passa por muitas mudanças, o que pode afetar seu sistema imunológico. A vacinação, nesse período, tem um papel importante na imunidade ativa da mãe e da criança, devido à transferência, pela placenta, de anticorpos maternos ao nascer, evitando doenças infecciosas.
As gestantes, frequentemente, são mais vulneráveis a infecções virais como gripe, hepatites, herpes simples, entre outras. Além disso, apresentam alterações físicas e emocionais, o que as tornam mais sensíveis e exigem todo o cuidado necessário para sustentar o desenvolvimento do bebê.
Entre as diversas vacinas existentes, a dTpa é especialmente relevante para gestantes. A vacina dTpa protege contra doenças evitáveis por vacinas, não apenas para a mãe, mas também para o bebê. Neste conteúdo, explicaremos em maiores detalhes o que representa a importância das vacinas durante a gestação.
O que é a vacina dTpa?
A vacina dTpa, também conhecida como vacina tríplice bacteriana acelular, é um imunizante combinado que protege contra três doenças: difteria, tétano e coqueluche. Cada uma dessas doenças é causada por bactérias diferentes, com suas próprias características e riscos associados, conforme descrevemos a seguir.
- Difteria: é causada pela bactéria Corynebacterium diphtheriae e afeta principalmente as vias respiratórias, podendo dificultar a respiração e causar complicações cardíacas e neurológicas graves;
- Tétano: é causado pela bactéria Clostridium tetani, que produz toxinas causadoras de espasmos musculares intensos, incluindo os músculos responsáveis pela respiração, o que pode levar à asfixia e, em casos graves, à morte;
- Coqueluche: é causada pela bactéria Bordetella pertussis, a qual afeta o sistema respiratório e causa episódios de tosse intensa, muitas vezes acompanhados por um som de “guincho” ao respirar. Em bebês, a coqueluche pode ser bastante séria, levando a problemas respiratórios graves.
Quais os tipos existentes da vacina?
A vacina dTpa acelular é um imunizante constantemente utilizado como dose de reforço para o público adulto, estando disponível na rede pública apenas para gestantes. Mas é importante esclarecer que existem outras variações da vacina, que possuem diferenças quanto à composição e ao público-alvo a que se destinam, como a vacina dTpw de células inteiras.
A vacina dTpa acelular é desenvolvida com fragmentos das bactérias que causam difteria, tétano e coqueluche. Isso significa que a vacina não contém as bactérias inteiras, o que reduz significativamente o risco de reações adversas, sendo indicada, como mencionado, para doses de reforço em adolescentes, adultos e gestantes.
Já a vacina dTpw é uma versão que contém os derivados das toxinas produzidas pelas bactérias do tétano e da difteria, bem como a bactéria inteira inativada da coqueluche. Essa vacina é comumente utilizada como parte do calendário vacinal infantil, visando conferir proteção ainda nos primeiros anos de vida da criança.
A vacinação de crianças pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é feita por meio da vacina dTpw em uma apresentação diferenciada, a vacina pentavalente, um imunizante que combina proteção contra as três doenças citadas anteriormente, com proteção adicional contra a bactéria Haemophilus influenzae B e a hepatite B.
Nesse público, o esquema vacinal consiste em três doses da vacina penta, administradas aos dois, quatro e seis meses. Após, segundo o Calendário Nacional de Vacinação, a criança deverá receber mais duas doses de reforço, aos 15 meses e aos quatro anos de idade.
No entanto, é importante ressaltar que a imunidade não é vitalícia, tendo em vista que a imunidade natural pode diminuir ao longo do tempo. Adolescentes e adultos também precisam receber reforço a cada 10 anos, para manter sua proteção contra essas doenças por meio da aplicação da vacina dTpa acelular.
Vacina dTpa para gestantes
A vacina dTpa oferece proteção à mãe e ao bebê durante a gestação. Em primeiro lugar, a gestante recebe uma dose de reforço contra difteria, tétano e coqueluche, garantindo imunidade contra essas doenças.
Adicionalmente, a vacina dTpa também proporciona proteção para o bebê em desenvolvimento. Quando a gestante é vacinada, seu sistema imunológico produz anticorpos contra as doenças englobadas pela vacina. Esses anticorpos são transferidos para o bebê através da placenta, proporcionando proteção extra nos primeiros meses de vida, quando o sistema imunológico da criança continua em formação.
A vacinação com dTpa não é apenas uma opção, mas sim uma recomendação essencial para todas as gestantes, conforme preconizam o Calendário Nacional de Vacinação do Ministério da Saúde (MS) e a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
A coqueluche, por exemplo, é uma infecção altamente contagiosa e pode ser fatal em crianças menores de um ano de idade. O tétano neonatal também possui alta taxa de letalidade, em virtude da contaminação do cordão umbilical durante o parto, e a difteria pode causar obstrução respiratória, tendo alta taxa de mortalidade entre os recém-nascidos. Portanto, a imunização da mãe durante a gravidez ajuda a evitar a transmissão dessas doenças para o recém-nascido, protegendo-o de forma eficaz.
Quando aplicar a vacina dTpa em gestantes?
Segundo as recomendações oficiais, a vacina dTpa deve ser administrada a partir da vigésima semana de gestação. Essa janela de tempo é estrategicamente escolhida para garantir que a mãe desenvolva sua imunidade e que os anticorpos gerados sejam transferidos para o bebê antes do parto.
A vacina dTpa é administrada no músculo do braço. A aplicação intramuscular permite uma absorção eficiente do imunizante pelo corpo, promovendo uma resposta imunológica adequada.
Em geral, uma única dose da vacina dTpa é administrada durante a gestação. Caso a gestante não apresente registro vacinal ou não tenha sido vacinada anteriormente, recomenda-se a aplicação de duas doses da vacina dT (difteria e tétano) e uma dose da vacina dTpa após a vigésima semana de gestação. As doses adicionais de dT devem ser aplicadas antes da dTpa, sempre respeitando um intervalo mínimo de um mês entre as aplicações.
Caso a gestante não tenha se vacinado durante a gravidez, a aplicação da vacina deverá ser realizada após o nascimento do bebê, o mais precocemente possível. A vacinação com a dose de reforço de dTpa deve ser feita sempre a cada nova gestação.
A vacina dTpa é segura para gestantes?
Sim, principalmente pelas características da vacina (imunizante inativado). Mesmo que a vacina seja totalmente segura para as gestantes e para os bebês, alguns efeitos adversos podem surgir, embora leves e de curta duração, tais como:
- dor de cabeça;
- reações no local da injeção (dor, vermelhidão e inchaço);
- fadiga;
- mal-estar.
Cabe ressaltar que cada gestação é única, sendo fundamental que a administração da vacina dTpa seja discutida com um profissional de saúde. Além de considerar o histórico médico da paciente e o estágio da gestação, um especialista poderá fornecer orientações específicas sobre como a vacinação se alinha com o seu plano de cuidados pré-natais.
O período após o nascimento é crítico para os recém-nascidos, pois, conforme já explicado, o sistema imunológico dos bebês ainda está se desenvolvendo. Assim, além da gestante, familiares próximos ao recém-nascido e cuidadores devem ser vacinados com a dose de reforço da dTpa. A vacinação dessas pessoas aumenta o nível de proteção e evita a transmissão de doenças infecciosas para o bebê.
Nessa fase, é fundamental também que os pais estejam atentos e vacinem seus filhos adequadamente, conforme recomenda o calendário de vacinação, principalmente bebês prematuros. Para essas crianças, há orientações especiais quanto à vacinação, as quais você pode obter lendo o conteúdo sobre como deve acontecer a vacinação de prematuros.
Sabin avisa:
Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames.
Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas.
Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial.
Referências:
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Ministério da Saúde. Saiba quais vacinas devem ser administradas durante a gestação. Disponível em: https://www.gov.br/pt-br/noticias/saude-e-vigilancia-sanitaria/2022/11/saiba-quais-vacinas-devem-ser-administradas-durante-a-gestacao Acesso em: 30/08/2023
SBIM. Calendário de vacinação. Disponível em: https://sbim.org.br/calendarios-de-vacinacao Acesso em: 30/08/2023
SBIM. Vacina tríplice bacteriana acelular do tipo adulto – dTpa. Disponível em: https://familia.sbim.org.br/vacinas/vacinas-disponiveis/vacina-triplice-bacteriana-acelular-do-tipo-adulto-dtpa Acesso em: 30/08/2023SBIM. Vacina tríplice bacteriana de células inteiras – DTPw. Disponível em: https://familia.sbim.org.br/vacinas/vacinas-disponiveis/vacina-triplice-bacteriana-de-celulas-inteiras-dtpw Acesso em: 30/08/2023