Já parou para pensar que, diariamente, nossas vias aéreas são expostas a diversos microrganismos imperceptíveis a olho nu? E que eles são potenciais agentes causadores de doenças respiratórias?
Esses agentes estão por toda a parte, circulando entre a população durante o ano todo, podendo afetar qualquer pessoa. No entanto, existem aquelas que possuem maior predisposição a desenvolver desordens respiratórias. Estilo de vida, fatores genéticos, histórico clínico de outras doenças, tabagismo e, até mesmo, a má qualidade do ar podem ser fatores influenciadores.
Entenda o que são e como as doenças respiratórias se manifestam, quais os tipos mais comuns e como fazer para tratá-las ou se prevenir adequadamente. Acompanhe!
O que são doenças respiratórias e como se classificam?
Por definição, são doenças que podem afetar estruturas ou órgãos do sistema respiratório, como nariz, laringe, faringe, traqueia e pulmão.
As doenças respiratórias acometem tanto as vias aéreas superiores quanto as inferiores, classificando-se em dois grandes grupos: agudas e crônicas. O que as diferencia é justamente o período de duração de cada uma e quanto tempo é necessário para realizar o tratamento.
Em geral, as doenças respiratórias agudas possuem características de início rápido, durando, no máximo, três meses, tratamento curto e algumas podem ser contagiosas. Por outro lado, as doenças respiratórias crônicas têm início e evolução gradativa, duram mais de três meses e o tratamento pode envolver a utilização de medicamentos por longos períodos. Uma doença aguda pode evoluir para uma complicação crônica, a depender do estado clínico do paciente, mas isso não é uma regra.
Existem doenças respiratórias crônicas hereditárias, causadas por mutações em genes específicos herdados pelo histórico familiar. Nesse caso, as mutações podem aumentar as chances de desenvolvimento de determinada doença ou, ainda, serem as causas principais da patologia. É o caso da fibrose cística, doença genética rara, hereditária e congênita — que se manifesta antes ou durante o nascimento.
Além das condições genéticas preestabelecidas, as doenças respiratórias podem ser desencadeadas por diversos patógenos e microrganismos. É importante saber que existem diferenciações quanto ao agente causador e que isso influencia diretamente no tratamento da doença.
Infecções respiratórias podem ser causadas por vírus, como na gripe e na covid-19. Bactérias também representam potencial nocivo para as vias respiratórias, como no caso da tuberculose, causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis (bacilo de Koch). Outras doenças, como faringite e sinusite, também podem ser causadas por bactérias, mas também podem ter origem viral ou fúngica.
Por fim, fungos e outros microrganismos, como ácaros, também são agentes causadores de doenças respiratórias, especialmente as de origem alérgica, como as rinites.
Principais doenças respiratórias agudas
Entre as doenças respiratórias agudas mais comuns, estão:
Resfriado
Na maioria das vezes, é causado pelo rinovírus, e os sintomas incluem nariz congestionado, corrimento nasal e espirros. Além disso, a sintomatologia apresenta uma duração de poucos dias e com uma boa evolução clínica.
Gripe
Causada pelo vírus influenza, a gripe apresenta sintomas mais intensos que um resfriado comum e que podem surgir repentinamente, tais como febre, dor de cabeça, calafrios, tosse seca, dor de garganta, dores no corpo ou nos músculos e cansaço. Também pode causar nariz entupido, corrimento nasal, espirros e olhos lacrimejantes. A duração dos sintomas varia de três a seis dias, podendo evoluir para complicações como otites, sinusites e, menos frequentemente, broncopneumonias.
A faringite pode ocorrer em decorrência de uma infecção viral ou bacteriana. É a famosa dor de garganta, que pode causar também febre, sensação de garganta arranhada e dor ao engolir.
Bronquite aguda
A bronquite aguda se caracteriza pela inflamação dos brônquios, estruturas presentes nos pulmões. É comumente causada por vírus, que podem ser os mesmos responsáveis pela gripe e pelo resfriado. Inclusive, os sintomas são parecidos, como tosse, coriza e febre, mas também podem manifestar-se com chiado no peito e falta de ar.
Pneumonia
A pneumonia é uma doença que afeta o funcionamento do pulmão, especialmente as estruturas chamadas alvéolos pulmonares, responsáveis pelas trocas gasosas. Pode ser provocada por fungos, vírus e bactérias, que geram uma infecção pulmonar. Os sintomas podem variar, porém, os mais comuns são falta de ar, febre alta, calafrios, tosse com catarro e dor ao respirar.
Doenças como a gripe, quando não tratadas corretamente, podem evoluir para quadros de pneumonia. Outras condições que comprometem o sistema imunológico, como o tabagismo ou mudanças bruscas na temperatura, podem contribuir para o seu desenvolvimento. É uma doença com maior prevalência em bebês, crianças e idosos.
Rinite
A rinite é uma doença de origem quase sempre alérgica, em que há uma inflamação da mucosa nasal que provoca coriza, entupimento do nariz, espirros constantes e coceira no nariz e nos olhos. A grande maioria dos casos é provocada por reação alérgica a ácaros e fungos presentes no ambiente, entretanto, outros alérgenos, como pelos de animais, também podem provocar a reação. Costuma durar poucos dias.
Covid-19
Causada pelo vírus do tipo coronavírus, especificamente o SARS-CoV-2, a covid-19 é, sem dúvida, a doença respiratória mais conhecida dos últimos anos.
Apesar de a covid-19 não ter um padrão bem definido de sintomatologia, chegando a incluir pacientes assintomáticos, os sintomas mais frequentes são similares aos encontrados na gripe, principalmente em relação à febre alta, dor de cabeça, mal-estar e tosse seca. Já alguns pacientes podem ter complicações graves, necessitando de cuidados médicos especiais.
Principais doenças respiratórias crônicas
As doenças respiratórias crônicas representam uma grande preocupação para a saúde pública mundial, devido à complexidade das enfermidades. Conheça as principais:
Asma
A asma é caracterizada pela inflamação e inchaço das vias aéreas, sobretudo os brônquios, causando o estreitamento dessas estruturas e produção exacerbada de muco, o que dificulta a respiração. Suas causas envolvem fatores genéticos de origem familiar e ambientais (fumo, alergia, entre outros), e o tratamento é realizado com medicamentos broncodilatadores e fármacos para diminuir a inflamação.
Rinite crônica
A rinite crônica é uma forma grave da doença, desencadeando sintomatologia semelhante à aguda, mas que persiste por mais de três meses. O tratamento consiste no controle dos sintomas por meio da utilização de medicamentos antialérgicos.
Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)
A DPOC, na verdade, é um grupo de doenças que possuem características que dificultam o fluxo de ar nos pulmões. É o caso da bronquite crônica, que leva ao estreitamento das vias aéreas, e do enfisema pulmonar, que gera uma diminuição da elasticidade do tecido pulmonar. Uma das principais causas está relacionada à exposição a substâncias nocivas ao organismo, como a fumaça do cigarro. Os sintomas incluem falta de ar e tosse persistente com catarro.
Tuberculose
Como já mencionado, a tuberculose é causada pela infecção através da bactéria Mycobacterium tuberculosis, que afeta, principalmente, o pulmão. Entre os sintomas, destacam-se a tosse (em alguns casos com sangue), febre, falta de ar, dor para respirar e perda de peso. Embora seja uma doença contagiosa, pode ser curada por meio de tratamento medicamentoso, com duração de aproximadamente seis meses. É importante destacar que os sintomas tendem a diminuir logo após a primeira semana de terapia, mas deve-se dar continuidade ao tratamento para alcançar a cura.
Além dessas doenças, existem outras de caráter crônico e hereditário, mais raras. É o caso da já citada fibrose cística, doença que afeta as células que produzem muco no interior das vias aéreas. Nessa doença, o muco é mais viscoso e pegajoso, aderindo no interior das vias e dificultando a respiração. O muco pode, ainda, levar ao acúmulo de bactérias e outros microrganismos, ocasionando infecções e desenvolvimento de outras doenças, como a bronquite e a pneumonia. O tratamento é realizado para aliviar os sintomas e reduzir as complicações.
Quais os vírus respiratórios com maior incidência no Brasil?
As doenças respiratórias têm sido motivo de preocupação para os especialistas em saúde, em razão da crescente taxa de agravamentos, internações hospitalares e mortalidade na população. Entre os principais vírus respiratórios com maior circulação no Brasil, estão o vírus sincicial respiratório (VSR), SARS-CoV-2 e influenza.
Embora afetem qualquer faixa etária, crianças da primeira infância, idosos e pessoas com o sistema imunológico comprometido são as que mais sofrem com as síndromes respiratórias, sendo consideradas grupos de risco.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 13 milhões de crianças menores de cinco anos morrem anualmente por desordens respiratórias, ao redor do mundo. No Brasil, cerca de 10% dos óbitos em crianças de até um ano é resultado de problemas respiratórios, além de ser a primeira causa entre crianças de um a quatro anos. São números alarmantes!
As doenças respiratórias, particularmente as pneumonias e gripes, representam uma das principais causas de internação e óbito entre os idosos. Quadros respiratórios associados ao VSR têm apresentado um aumento expressivo, nos últimos anos, entre os grupos da primeira infância e idosos.
Como se prevenir das doenças respiratórias?
A vacinação é uma ferramenta muito importante não somente para garantir a proteção contra doenças circulantes, mas também para prevenir que doenças antigas retornem à circulação na população. Por isso, mantenha seu esquema vacinal sempre em dia, de acordo com o calendário de vacinação.
Não esqueça que as pessoas devem ser vacinadas em todas as fases da vida, principalmente as pessoas mais vulneráveis (crianças, idosos e imunossuprimidos). Verifique sempre sua caderneta de vacinação e faça as doses de reforço. Importante ressaltar que doenças respiratórias, como a gripe, sofrem mutações virais todos os anos, portanto, é fundamental manter os reforços atualizados para garantir a proteção completa.
Algumas ações também podem ajudar a prevenir o surgimento dessas doenças. Cultivar hábitos de vida saudáveis, como ter uma boa alimentação e praticar exercícios físicos, ajudam a contribuir para o fortalecimento do sistema imunológico. Assim, seu corpo estará mais preparado para combater eventuais microrganismos.
Evite ambientes muito secos e não fume. O cigarro é um dos principais causadores de doenças respiratórias, inclusive no fumo passivo (ficar próximo de pessoas fumantes). Dê preferência a ambientes abertos, ventilados e, caso seja necessário, utilize aparelhos umidificadores de ar.
Como é feito o diagnóstico?
Antes de tudo, é preciso deixar claro que o apoio médico é fundamental. Na presença de sintomas respiratórios persistentes, o ideal é procurar ajuda médica para avaliação clínica e, se necessário, realizar exames complementares.
Inicialmente, é feita uma avaliação clínica, em que o médico pesquisa os históricos familiares do paciente, os hábitos de vida, antecedentes médicos, históricos vacinais e epidemiológicos (viagens, contato, etc.), além da sintomatologia e da realização do exame físico.
Quais exames detectam as doenças respiratórias?
Há uma gama de exames específicos que podem ser realizados, a depender da suspeita diagnóstica do médico, como o raio-X do tórax, o exame microbiológico de secreções, testes de alergia, teste de função pulmonar e tomografia de tórax. Outros exames inespecíficos também podem ser solicitados, como o hemograma e os níveis de proteína C reativa.
Existem também exames moleculares, como a reação em cadeia da polimerase (PCR), para diagnóstico de infecções respiratórias (covid-19, gripe, tuberculose, por exemplo), nos quais o objetivo é identificar, nas amostras, por meio da pesquisa do material genético, a presença do agente causador da doença. Saiba mais sobre os testes diagnósticos para covid-19.
Com relação a doenças genéticas raras, como a fibrose cística, é possível realizar a triagem neonatal (Teste do Pezinho) para sua detecção nos primeiros dias de vida. Esse tipo de exame é fundamental para a detecção precoce, evitando agravamentos e complicações que possam surgir. Mas lembre-se: a realização de exames deve sempre seguir orientação médica e de profissionais da saúde.
O Sabin conta com um exame completo que detecta os vírus respiratórios mais frequentes. Trata-se de um painel molecular que consegue identificar, ao mesmo tempo, por meio de uma única coleta (swab nasal), quatro tipos de vírus (SARS-CoV-2, influenzas A e B e VSR). Saiba como fazer, clicando aqui.
Como foi dito no início deste post, as doenças respiratórias estão presentes em nossas vidas durante todo o ano. Contudo, alguns períodos oferecem condições que facilitam a proliferação de vírus, bactérias e outros agentes que podem acometer o sistema respiratório. É fato que há um aumento na incidência de doenças respiratórias em épocas de baixas temperaturas, por exemplo. Quer saber por que isso acontece? Descubra qual a explicação para esse fenômeno em “O frio está chegando! Como manter a saúde em dia?”.
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