Sabin Por: Sabin
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O vírus sincicial respiratório (VSR) é um dos principais causadores de infecções agudas do trato respiratório, principalmente durante o outono e inverno, período em que há registro de maior número de casos e internações. 

O VSR pode acometer pessoas de todas as idades. Em adultos e crianças maiores de cinco anos, saudáveis, os sintomas costumam ser leves, com quadro clínico semelhante a um resfriado comum, mas pode causar complicações respiratórias graves em crianças menores de dois anos ou nascidas prematuras.

Segundo informações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o VSR é responsável por cerca de 75% das bronquiolites agudas e 40% das pneumonias, em crianças menores de dois anos ou em bebês prematuros com cardiopatias congênitas e doença pulmonar crônica da prematuridade.

Portanto, é fundamental que os pais estejam atentos e efetuem ações preventivas contra o vírus sincicial respiratório. Neste conteúdo, você encontrará informações sobre os principais sintomas, formas de contágio, diagnóstico, tratamento e como prevenir a doença.

O que é o vírus sincicial respiratório?

O vírus sincicial respiratório é um patógeno que causa infecções do trato respiratório superior e inferior, principalmente em crianças menores de dois anos. A baixa maturidade do sistema imunológico, a reduzida transferência de anticorpos maternos (por desmame precoce) e o menor calibre das vias aéreas tornam essas crianças suscetíveis à infecção. Por ser altamente contagioso, o vírus pode causar reinfecções frequentes, inclusive na mesma estação do ano.

Após ser transmitido, o vírus se espalha rapidamente pelo trato respiratório e atinge as células ciliadas do epitélio respiratório, onde inicia seu ciclo de replicação. A infecção, em conjunto com a resposta imunológica, causa a morte dessas células, ocasionando obstrução das pequenas vias aéreas por muco e detritos celulares. 

As infecções mais graves acometem o trato respiratório inferior (traqueia, brônquios e pulmões), causando inflamação e obstrução dos alvéolos, com disfunção das células ciliadas que não conseguem remover a camada de muco, caracterizando um quadro de bronquiolite.

Além de bebês, a infecção pelo VSR também representa perigo para pessoas idosas, imunocomprometidas, transplantados e pacientes com doenças pulmonares ou cardíacas crônicas.

Como o vírus é transmitido?

O vírus é transmitido pelo contato direto com gotículas respiratórias eliminadas pela pessoa infectada ao tossir, espirrar ou falar. Também pode ser transmitido de forma indireta, através do contato com superfícies e objetos contaminados, nos quais o vírus pode sobreviver por até seis horas.

A circulação do VSR relaciona-se às estações do ano (sazonal) e o Brasil, devido às suas dimensões continentais, apresenta variações conforme a região. Na região Sul, o pico da circulação do vírus ocorre nos meses de abril a agosto, enquanto no Norte, ele circula no primeiro semestre, coincidindo com o período de chuvas intensas da região. Nas regiões Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste, predomina a circulação de março a julho.

Alguns fatores podem facilitar a disseminação do vírus, como ambientes pouco ventilados e com aglomerações, falta de higienização das mãos, superfícies e objetos potencialmente contaminados, bem como a não utilização de máscaras de proteção por indivíduos diagnosticados ou que estejam apresentando sintomas respiratórios.

Quais os sintomas da infecção pelo vírus sincicial respiratório?

Os sintomas são muito similares aos da gripe ou de um resfriado e, geralmente, surgem dentro de quatro a seis dias após o contato com o vírus. Em muitos casos, a infecção é assintomática e a pessoa não apresenta nenhum sinal da doença. Os principais sintomas relatados são:

  • tosse;
  • congestão nasal;
  • dor de ouvido (otite);
  • dor de garganta (faringite);
  • febre;
  • dores no corpo;
  • espirros;
  • dor de cabeça;
  • perda de apetite;
  • cansaço;
  • irritabilidade. 

Em quadros mais graves de bronquiolite, pneumonia ou insuficiência respiratória em bebês, os sintomas tendem a ser mais intensos e se manifestam na forma de febre alta, chiados e dificuldades na respiração, dedos e lábios azulados. 

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico da infecção é realizado com base na avaliação clínica feita pelo médico, em que são analisados os sintomas apresentados e o histórico do paciente. Em alguns casos, o diagnóstico laboratorial específico para o vírus sincicial respiratório pode ser solicitado, sendo necessária a coleta de amostra de secreção nasal. Esse teste se baseia na identificação de fragmentos do vírus na amostra analisada, é de fácil realização e permite o início rápido do tratamento.

O painel molecular para vírus respiratórios também é uma excelente opção, uma vez que permite o diagnóstico diferencial entre infecções que apresentam quadro clínico semelhante. Por meio de técnicas da biologia molecular, esse teste detecta com alta sensibilidade até quatro patógenos causadores de doenças respiratórias: os vírus influenza A e B, o VSR e o vírus da covid-19.

Existe tratamento para o vírus sincicial respiratório?

Não há tratamento específico, apenas medidas para amenizar os sintomas e de suporte. A hospitalização pode ser necessária em casos de bronquiolite e pneumonia, para oferecer intervenções como oxigênio, hidratação e nutrição.

O único agente disponível para prevenir infecções graves pelo vírus sincicial respiratório é o palivizumabe, um tipo de anticorpo que induz imunização passiva, específica contra o vírus sincicial respiratório. Está indicado no calendário de vacinação da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) para os recém-nascidos pré-termo com menos de 29 semanas de idade gestacional, no primeiro ano de vida; para os nascidos entre 29 e 32 semanas, até o sexto mês; e para os portadores de doenças cardíacas e pulmonares, nos dois primeiros anos de vida, independentemente da idade gestacional.

Como se prevenir da infecção pelo vírus sincicial respiratório?

Ainda não existe uma vacina para o vírus sincicial respiratório. Por isso, realizar medidas de prevenção é a melhor forma de proteger crianças, idosos e pessoas incluídas nos grupos de risco.

Ações como lavar frequentemente as mãos, uso de máscara em caso de diagnóstico positivo ou presença de sintomas respiratórios, uso de álcool em gel e o aleitamento materno são medidas importantes que auxiliam na prevenção. Mantenha sempre ambientes bem ventilados e evite aglomerações, sobretudo nas épocas do ano de maior circulação do vírus.

Como os lactentes (especialmente aqueles com menos de 6 meses) compõem o grupo mais suscetível a desenvolver complicações e quadros graves da infecção, retardar a entrada em creches durante as épocas do ano mais críticas é uma medida que pode ser considerada.

As creches e escolas também devem ter políticas para evitar a transmissão de infecções, conscientizando e incentivando crianças e funcionários sobre a  importância da higienização das mãos, além de ações para a desinfecção de brinquedos e todos os outros materiais que podem servir como fontes de contaminação.

O isolamento de crianças e adultos que estejam com quadros respiratórios é essencial para impedir a propagação da infecção e proteger os bebês e as populações mais vulneráveis.

Adotando medidas como essas, é possível diminuir as chances de contaminação e disseminação do vírus sincicial respiratório. Agora que você já sabe o que esse vírus pode causar no organismo das crianças, sugerimos a leitura do conteúdo sobre quais são as doenças mais comuns na infância

Referências:

Azzari, C., Baraldi, E., Bonanni, P. et al. Epidemiology and prevention of respiratory syncytial virus infections in children in Italy. Ital J Pediatr 47, 198 (2021). https://doi.org/10.1186/s13052-021-01148-8

Battles, M.B., McLellan, J.S. Respiratory syncytial virus entry and how to block it. Nat Rev Microbiol 17, 233–245 (2019). https://doi.org/10.1038/s41579-019-0149-x

Jain H, Schweitzer JW, Justice NA. Respiratory Syncytial Virus Infection. [Updated 2022 Nov 8]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2023 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK459215/

Gatt D, Martin I, AlFouzan R, Moraes TJ. Prevention and Treatment Strategies for Respiratory Syncytial Virus (RSV). Pathogens. 2023 Jan 17;12(2):154. doi: 10.3390/pathogens12020154

Mayo. Respiratory syncytial virus (RSV). Disponível em: https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/respiratory-syncytial-virus/symptoms-causes/syc-20353098 Acesso em: 11/05/2023

NIH. Respiratory syncytial virus (RSV). Disponível em: https://www.niaid.nih.gov/diseases-conditions/respiratory-syncytial-virus-rsv Acesso em: 11/05/2023.

Pimentel, A. M., de Carvalho, A. P., Kiertsman, B., Riedi, C. A., da Cunha Ibiapina, C., Santos, C. C. L., … & Petraglia, T. C. D. M. B. (2017). DIRETRIZES PARA O MANEJO DA INFECÇÃO CAUSADA PELO VÍRUS SINCICIAL RESPIRATÓRIO (VSR)-2017. Sociedade Brasileira de Pediatria.

SBP. Você conhece o VSR (Vírus Sincicial Respiratório)? Disponível em: https://www.sbp.com.br/especiais/vsr/ Acesso em: 11/05/2023

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Vírus sincicial respiratório: saiba os riscos da infecção em crianças; O vírus sincicial respiratório (VSR) é um dos principais causadores de infecções agudas do trato respiratório, principalmente durante o outono e inverno, período em que há registro de maior número de casos e internações.  O VSR pode acometer pessoas de todas as idades. Em adultos e crianças maiores de cinco anos, saudáveis, os sintomas costumam ser leves, com quadro clínico semelhante a um resfriado comum, mas pode causar complicações respiratórias graves em crianças menores de dois anos ou nascidas prematuras. Segundo informações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o VSR é responsável por cerca de 75% das bronquiolites agudas e 40% das pneumonias, em crianças menores de dois anos ou em bebês prematuros com cardiopatias congênitas e doença pulmonar crônica da prematuridade. Portanto, é fundamental que os pais estejam atentos e efetuem ações preventivas contra o vírus sincicial respiratório. Neste conteúdo, você encontrará informações sobre os principais sintomas, formas de contágio, diagnóstico, tratamento e como prevenir a doença. O que é o vírus sincicial respiratório? O vírus sincicial respiratório é um patógeno que causa infecções do trato respiratório superior e inferior, principalmente em crianças menores de dois anos. A baixa maturidade do sistema imunológico, a reduzida transferência de anticorpos maternos (por desmame precoce) e o menor calibre das vias aéreas tornam essas crianças suscetíveis à infecção. Por ser altamente contagioso, o vírus pode causar reinfecções frequentes, inclusive na mesma estação do ano. Após ser transmitido, o vírus se espalha rapidamente pelo trato respiratório e atinge as células ciliadas do epitélio respiratório, onde inicia seu ciclo de replicação. A infecção, em conjunto com a resposta imunológica, causa a morte dessas células, ocasionando obstrução das pequenas vias aéreas por muco e detritos celulares.  As infecções mais graves acometem o trato respiratório inferior (traqueia, brônquios e pulmões), causando inflamação e obstrução dos alvéolos, com disfunção das células ciliadas que não conseguem remover a camada de muco, caracterizando um quadro de bronquiolite. Além de bebês, a infecção pelo VSR também representa perigo para pessoas idosas, imunocomprometidas, transplantados e pacientes com doenças pulmonares ou cardíacas crônicas. Como o vírus é transmitido? O vírus é transmitido pelo contato direto com gotículas respiratórias eliminadas pela pessoa infectada ao tossir, espirrar ou falar. Também pode ser transmitido de forma indireta, através do contato com superfícies e objetos contaminados, nos quais o vírus pode sobreviver por até seis horas. A circulação do VSR relaciona-se às estações do ano (sazonal) e o Brasil, devido às suas dimensões continentais, apresenta variações conforme a região. Na região Sul, o pico da circulação do vírus ocorre nos meses de abril a agosto, enquanto no Norte, ele circula no primeiro semestre, coincidindo com o período de chuvas intensas da região. Nas regiões Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste, predomina a circulação de março a julho. Alguns fatores podem facilitar a disseminação do vírus, como ambientes pouco ventilados e com aglomerações, falta de higienização das mãos, superfícies e objetos potencialmente contaminados, bem como a não utilização de máscaras de proteção por indivíduos diagnosticados ou que estejam apresentando sintomas respiratórios. Quais os sintomas da infecção pelo vírus sincicial respiratório? Os sintomas são muito similares aos da gripe ou de um resfriado e, geralmente, surgem dentro de quatro a seis dias após o contato com o vírus. Em muitos casos, a infecção é assintomática e a pessoa não apresenta nenhum sinal da doença. Os principais sintomas relatados são: tosse; congestão nasal; dor de ouvido (otite); dor de garganta (faringite); febre; dores no corpo; espirros; dor de cabeça; perda de apetite; cansaço; irritabilidade.  Em quadros mais graves de bronquiolite, pneumonia ou insuficiência respiratória em bebês, os sintomas tendem a ser mais intensos e se manifestam na forma de febre alta, chiados e dificuldades na respiração, dedos e lábios azulados.  Como é feito o diagnóstico? O diagnóstico da infecção é realizado com base na avaliação clínica feita pelo médico, em que são analisados os sintomas apresentados e o histórico do paciente. Em alguns casos, o diagnóstico laboratorial específico para o vírus sincicial respiratório pode ser solicitado, sendo necessária a coleta de amostra de secreção nasal. Esse teste se baseia na identificação de fragmentos do vírus na amostra analisada, é de fácil realização e permite o início rápido do tratamento. O painel molecular para vírus respiratórios também é uma excelente opção, uma vez que permite o diagnóstico diferencial entre infecções que apresentam quadro clínico semelhante. Por meio de técnicas da biologia molecular, esse teste detecta com alta sensibilidade até quatro patógenos causadores de doenças respiratórias: os vírus influenza A e B, o VSR e o vírus da covid-19. Existe tratamento para o vírus sincicial respiratório? Não há tratamento específico, apenas medidas para amenizar os sintomas e de suporte. A hospitalização pode ser necessária em casos de bronquiolite e pneumonia, para oferecer intervenções como oxigênio, hidratação e nutrição. O único agente disponível para prevenir infecções graves pelo vírus sincicial respiratório é o palivizumabe, um tipo de anticorpo que induz imunização passiva, específica contra o vírus sincicial respiratório. Está indicado no calendário de vacinação da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) para os recém-nascidos pré-termo com menos de 29 semanas de idade gestacional, no primeiro ano de vida; para os nascidos entre 29 e 32 semanas, até o sexto mês; e para os portadores de doenças cardíacas e pulmonares, nos dois primeiros anos de vida, independentemente da idade gestacional. Como se prevenir da infecção pelo vírus sincicial respiratório? Ainda não existe uma vacina para o vírus sincicial respiratório. Por isso, realizar medidas de prevenção é a melhor forma de proteger crianças, idosos e pessoas incluídas nos grupos de risco. Ações como lavar frequentemente as mãos, uso de máscara em caso de diagnóstico positivo ou presença de sintomas respiratórios, uso de álcool em gel e o aleitamento materno são medidas importantes que auxiliam na prevenção. Mantenha sempre ambientes bem ventilados e evite aglomerações, sobretudo nas épocas do ano de maior circulação do vírus. Como os lactentes (especialmente aqueles com menos de 6 meses) compõem o grupo mais suscetível a desenvolver complicações e quadros graves da infecção, retardar a entrada em creches durante as épocas do ano mais críticas é uma medida que pode ser considerada. As creches e escolas também devem ter políticas para evitar a transmissão de infecções, conscientizando e incentivando crianças e funcionários sobre a  importância da higienização das mãos, além de ações para a desinfecção de brinquedos e todos os outros materiais que podem servir como fontes de contaminação. O isolamento de crianças e adultos que estejam com quadros respiratórios é essencial para impedir a propagação da infecção e proteger os bebês e as populações mais vulneráveis. Adotando medidas como essas, é possível diminuir as chances de contaminação e disseminação do vírus sincicial respiratório. Agora que você já sabe o que esse vírus pode causar no organismo das crianças, sugerimos a leitura do conteúdo sobre quais são as doenças mais comuns na infância.  Referências: Azzari, C., Baraldi, E., Bonanni, P. et al. Epidemiology and prevention of respiratory syncytial virus infections in children in Italy. Ital J Pediatr 47, 198 (2021). https://doi.org/10.1186/s13052-021-01148-8 Battles, M.B., McLellan, J.S. Respiratory syncytial virus entry and how to block it. Nat Rev Microbiol 17, 233–245 (2019). https://doi.org/10.1038/s41579-019-0149-x Jain H, Schweitzer JW, Justice NA. Respiratory Syncytial Virus Infection. [Updated 2022 Nov 8]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2023 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK459215/ Gatt D, Martin I, AlFouzan R, Moraes TJ. Prevention and Treatment Strategies for Respiratory Syncytial Virus (RSV). Pathogens. 2023 Jan 17;12(2):154. doi: 10.3390/pathogens12020154 Mayo. Respiratory syncytial virus (RSV). Disponível em: https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/respiratory-syncytial-virus/symptoms-causes/syc-20353098 Acesso em: 11/05/2023 NIH. Respiratory syncytial virus (RSV). Disponível em: https://www.niaid.nih.gov/diseases-conditions/respiratory-syncytial-virus-rsv Acesso em: 11/05/2023. Pimentel, A. M., de Carvalho, A. P., Kiertsman, B., Riedi, C. A., da Cunha Ibiapina, C., Santos, C. C. L., ... & Petraglia, T. C. D. M. B. (2017). DIRETRIZES PARA O MANEJO DA INFECÇÃO CAUSADA PELO VÍRUS SINCICIAL RESPIRATÓRIO (VSR)-2017. Sociedade Brasileira de Pediatria. SBP. Você conhece o VSR (Vírus Sincicial Respiratório)? Disponível em: https://www.sbp.com.br/especiais/vsr/ Acesso em: 11/05/2023