Sabin Por: Sabin
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O câncer de pele é um problema de saúde global cuja incidência tem aumentado gradualmente, afetando milhões de pessoas todos os anos.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2020, foram registrados cerca de um milhão e meio de diagnósticos de câncer de pele, sendo 325 mil casos de melanoma, o tipo mais grave da doença. De fato, estudos indicam que a incidência de melanoma tem crescido mais rapidamente do que qualquer outro tipo de câncer nos últimos 30 anos.

No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) também aponta o câncer de pele como o mais frequente no país, correspondendo a aproximadamente 30% de todos os tumores malignos. O INCA estima uma média de 180 mil novos casos de câncer de pele não melanoma a cada ano no país, além de mais de oito mil casos de melanoma.

Esses dados demonstram a gravidade do câncer de pele para a saúde da população e destacam a necessidade de medidas preventivas e diagnóstico precoce. A conscientização sobre os fatores de risco e a importância da proteção à exposição solar são fundamentais para reduzir a incidência dessa grave doença.

Neste conteúdo, abordaremos informações fundamentais para você entender o que é o câncer de pele, quais os seus tipos, causas e sintomas, formas de diagnóstico e como se prevenir.

O que é o câncer de pele?

O câncer de pele é uma doença que surge a partir de mutações no DNA das células da pele, fazendo com que as mesmas cresçam e se multipliquem de forma desordenada e exagerada, culminando em perda de função e formação de um tumor maligno.

Quais os tipos de câncer de pele?

Existem dois tipos principais de câncer de pele: o câncer não melanoma e o câncer melanoma.

O câncer do tipo não melanoma é o tumor de pele mais frequente na população, possui menor gravidade e grande percentual de cura. Porém, se não tratado adequadamente, pode deixar sequelas significativas na região afetada. Ainda pode ser dividido em dois subtipos mais comuns: o carcinoma basocelular e o carcinoma espinocelular

O carcinoma basocelular é o mais comum entre todos os tipos de câncer de pele e surge em células que se encontram na camada mais profunda da epiderme. O carcinoma espinocelular é o segundo mais prevalente e possui origem em células escamosas constituintes das camadas superiores da pele. Ambos os subtipos geralmente manifestam-se em regiões do corpo expostas ao sol, como face, orelhas, pescoço, couro cabeludo, ombros e costas.

Já o câncer do tipo melanoma é o menos frequente entre todos, mas o que possui o pior prognóstico e o mais alto índice de mortalidade se diagnosticado tardiamente. É considerado o mais grave devido à sua alta capacidade de gerar metástases, ou seja, de se espalhar para outros órgãos e tecidos.

O melanoma possui origem nos melanócitos, as células que produzem a substância melanina que determina a cor da pele. Pode surgir em qualquer parte do corpo, sob a forma de manchas, pintas ou sinais. Embora o diagnóstico de melanoma possa assustar e trazer apreensão aos pacientes, é importante destacar que as chances de cura são grandes quando detectado precocemente.

Quais os sintomas de câncer de pele?

O principal sintoma do câncer de pele é o surgimento de manchas e pintas ou lesões que não cicatrizam, as quais podem se assemelhar a outras lesões benignas. Podem se apresentar com diferentes formatos e colorações, a depender do tipo de câncer, conforme apresentaremos a seguir.

Carcinoma basocelular

Em geral, surge como uma lesão elevada (pápula) de cor vermelha, brilhosa e com uma crosta central que pode sangrar com certa facilidade. Pode se apresentar também como uma lesão plana de cor vermelha ou marrom, semelhante a uma cicatriz.

Carcinoma espinocelular

Possui cor avermelhada e aparência semelhante a um machucado descamativo que não cicatriza e sangra, ou pode surgir com aspecto similar a uma verruga de cor vermelha (nódulo firme).

Melanoma

Tem aparência de uma pinta ou de um sinal na pele em tons acastanhados ou escuros, que, na maioria das vezes, pode mudar de cor, formato ou tamanho. Pode se apresentar como uma pequena lesão com uma borda irregular e porções que aparecem em diferentes cores (vermelho, rosa, branco, azul ou azul-escuro). São relatados também alguns casos de sensação dolorosa acompanhada de coceira ou queimação na região afetada. 

Essas lesões podem surgir em diferentes partes do corpo, na pele íntegra ou em uma verruga existente. Em homens, o melanoma surge com mais frequência no rosto e tronco, enquanto que em mulheres a parte inferior das pernas é a mais afetada. A exposição solar é um dos fatores determinantes, mas não exclusivo, visto que o melanoma pode surgir também em áreas da pele que não são normalmente expostas ao sol.

Lesões escuras nas palmas das mãos, plantas dos pés, pontas dos dedos ou mucosas que revestem a boca, nariz, vagina ou ânus também podem ser indicativas de melanoma.

Quais as principais causas do câncer de pele?

Um dos principais fatores que aumentam as chances de desenvolvimento do câncer de pele é a exposição solar excessiva. A luz do sol é composta de raios ultravioleta (UV) que podem ser danosos ao DNA das células da pele se a exposição for prolongada e sem proteção. Pessoas de pele clara, albinas, de olhos claros ou que se queimam com facilidade são mais propensas a desenvolver a doença, em especial o melanoma.

O câncer não melanoma é mais frequente em pessoas com mais de 40 anos e menos comum em crianças e pessoas de pele preta. No entanto, de acordo com estudos epidemiológicos, a exposição solar excessiva durante a infância e adolescência pode ajudar a aumentar a incidência de câncer de pele em pacientes cada vez mais jovens, o que destaca novamente a grande importância das medidas preventivas.

Os fatores genéticos e o histórico familiar também são elementos que podem ter uma grande influência no desenvolvimento da doença, principalmente do melanoma. Por isso, quem possuir familiares de primeiro grau diagnosticados com melanoma deve realizar exames preventivos regularmente. A presença de mutações genéticas também está relacionada ao desenvolvimento da doença, especialmente em genes como BRAF e NRAS.

Outro fator que vale mencionar é a exposição às câmaras de bronzeamento artificial. Há um vasto conjunto de evidências científicas que demonstram os potenciais prejuízos do uso desse tipo de equipamento para a pele. Atualmente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proíbe a utilização desses equipamentos no Brasil.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é feito pelo dermatologista, com base na avaliação clínica das manchas e lesões, assim como no histórico do paciente. Nesse tipo de exame, o médico irá avaliar uma série de características da lesão suspeita, de acordo com a Regra do ABCDE:

  • Assimetria: lesões ou manchas assimétricas podem indicar malignidade, enquanto as simétricas são benignas;
  • Bordas: a presença de bordas irregulares também pode indicar malignidade, enquanto as de bordas regulares são benignas;
  • Cor: manchas com mais de uma cor podem ser malignas. As de tons únicos são benignas;
  • Dimensão: lesões com tamanho superior a 6 milímetros indicam provável malignidade. As menores de 6 milímetros tendem a ser benignas;
  • Evolução: se a mancha ou lesão crescer e mudar de cor, há indício de malignidade.

A Regra do ABCDE é útil para realizar a triagem de manchas ou lesões suspeitas e pode ser feita em casa pelo próprio paciente (autoexame). Entretanto, é fundamental esclarecer que somente um profissional capacitado saberá identificar as lesões e classificá-las como potencial câncer ou não. Diante disso, se você notar o surgimento de manchas ou lesões características, procure auxílio médico para uma avaliação mais detalhada.

Exames complementares são necessários para chegar ao diagnóstico final. Usualmente, é recomendada a realização de biópsia para análise anatomopatológica. Somente assim será definido se a lesão ou mancha é câncer. 

Caso seja confirmado o diagnóstico e dependendo do tipo e estágio da doença, exames moleculares também podem ser realizados para detecção de mutações genéticas. A identificação de mutações em genes, como o BRAF, é importante no diagnóstico do melanoma, pois ajuda a nortear os especialistas quanto ao prognóstico do paciente e também quanto à escolha do tratamento mais eficaz.

O câncer de pele tem cura?

Sim, existe cura, principalmente se o diagnóstico for precoce. 

O câncer do tipo não melanoma, via de regra, tem tratamento simples e com bons resultados. O tipo de terapia a ser utilizada dependerá da extensão e gravidade do câncer, podendo ser utilizados procedimentos cirúrgicos para a retirada do tumor em casos dos carcinomas basocelular e espinocelular.

Para o melanoma, o tratamento varia conforme a extensão, agressividade (possibilidade de metástase) e localização do tumor, bem como a idade e o estado geral de saúde do paciente. Além da cirurgia para a retirada do tumor, pode ser necessária a utilização de radioterapia e quimioterapia.

Se houver a confirmação de metástase, existem medicamentos imunoterápicos que apresentam boas taxas de sucesso terapêutico. O principal objetivo, em casos avançados de melanoma, é frear a evolução da doença e aumentar a sobrevida do paciente.

Importância da detecção precoce

Assim como em qualquer outro tipo de câncer, a detecção precoce é primordial para obter bons resultados no tratamento do câncer de pele e evitar o agravamento do quadro. Quando não tratado corretamente, o câncer de pele não melanoma pode avançar e provocar lesões mutilantes ou desfigurantes em áreas expostas do corpo, causando sofrimento aos pacientes.

No caso do melanoma, a situação é ainda mais delicada devido à agressividade da doença. Se não for identificado e tratado de forma rápida, a doença pode evoluir e desencadear metástases em outros órgãos, dificultando o tratamento e piorando o prognóstico do paciente.

Recentemente, especialistas na área sugeriram aperfeiçoar os métodos de rastreio do melanoma a partir de abordagens estratificadas por risco. Segundo a proposta, é recomendado que pessoas de baixo risco para o câncer sejam rastreadas por um médico de atendimento primário ou por meio de exames regulares feitos em casa pela própria pessoa (autoexame baseado na Regra ABCDE).

Pessoas de risco moderado podem ser avaliadas previamente por um médico do atendimento primário ou por um dermatologista generalista. Já pessoas de risco alto para o melanoma devem ser rastreadas por um médico dermatologista generalista ou por um profissional especialista em lesões pigmentadas.

Ainda de acordo com os novos critérios, pessoas que apresentam grave comprometimento cutâneo causado pelo sol, ou imunodeprimidas, ou que possuam histórico de câncer de pele devem ser enquadradas como de alto risco.

Como se prevenir do câncer de pele?

A principal maneira de prevenção contra o câncer de pele é se proteger da exposição solar. A radiação ultravioleta é composta por dois diferentes tipos de raio: UVA e UVB. Os raios UVB atingem camadas mais superficiais da pele e são os responsáveis pelas queimaduras. Os raios UVA atingem camadas mais profundas e não queimam.

Os raios UVA são constantes ao longo do dia, enquanto os UVB aumentam sua intensidade no período das 10 às 16 horas. Como os raios UVA não queimam, acabam se tornando mais perigosos pelo seu potencial cancerígeno, além de acelerar o processo de envelhecimento da pele.

Portanto, para se proteger é essencial a utilização de filtros solares que ofereçam proteção para ambos os raios (UVA e UVB), com fator acima de 30, mesmo durante os dias nublados. Evite a exposição solar durante os horários de pico de intensidade e reaplique o protetor a cada 3 horas, conforme a atividade realizada. É recomendável também o uso de acessórios de proteção, como chapéus, óculos de sol e guarda-sóis.

Esteja atento aos sinais que seu corpo fornece. Ao detectar o surgimento de manchas suspeitas ou lesões que não cicatrizam, procure um dermatologista para uma avaliação mais criteriosa. Tomando esses cuidados, você garantirá a saúde e a beleza da sua pele.

Agora que você já sabe o que é o câncer de pele e quais os seus principais sintomas, sugerimos a leitura do conteúdo sobre os tipos mais comuns de câncer, para que você se mantenha sempre bem informado e atualizado.

Referências:

Davis LE, Shalin SC, Tackett AJ. Current state of melanoma diagnosis and treatment. Cancer Biol Ther. 2019;20(11):1366-1379. doi: 10.1080/15384047.2019.1640032

Mayo. Skin Cancer. Disponível em: https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/skin-cancer/symptoms-causes/syc-20377605 Acesso em: 27/04/2023

Medscape. Tema mais buscado: detecção precoce do melanoma. Disponível em: https://portugues.medscape.com/verartigo/6509342 Acesso em: 27/04/2023

Ministério da Saúde. Câncer de pele. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/c/cancer-de-pele Acesso em: 27/04/2023

Ossio, R., Roldán-Marín, R., Martínez-Said, H. et al. Melanoma: a global perspective. Nat Rev Cancer 17, 393–394 (2017). https://doi.org/10.1038/nrc.2017.43

SBD. Câncer de pele. Disponível em: https://www.sbd.org.br/doencas/cancer-da-pele/ Acesso em: 27/04/2023

Souto EB, da Ana R, Vieira V, Fangueiro JF, Dias-Ferreira J, Cano A, Zielińska A, Silva AM, Staszewski R, Karczewski J. Non-melanoma skin cancers: physio-pathology and role of lipid delivery systems in new chemotherapeutic treatments. Neoplasia. 2022 Aug;30:100810. doi: 10.1016/j.neo.2022.100810

One thought on “Câncer de pele: saiba mais sobre a doença e seus principais sintomas

  1. Excelente artigo! Ele oferece uma visão completa e informativa sobre o câncer de pele, abordando seus principais sintomas de maneira clara e acessível. É crucial disseminar esse tipo de conhecimento para promover a conscientização e a prevenção. Parabéns pela qualidade da informação compartilhada

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Câncer de pele: saiba mais sobre a doença e seus principais sintomas; O câncer de pele é um problema de saúde global cuja incidência tem aumentado gradualmente, afetando milhões de pessoas todos os anos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2020, foram registrados cerca de um milhão e meio de diagnósticos de câncer de pele, sendo 325 mil casos de melanoma, o tipo mais grave da doença. De fato, estudos indicam que a incidência de melanoma tem crescido mais rapidamente do que qualquer outro tipo de câncer nos últimos 30 anos. No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) também aponta o câncer de pele como o mais frequente no país, correspondendo a aproximadamente 30% de todos os tumores malignos. O INCA estima uma média de 180 mil novos casos de câncer de pele não melanoma a cada ano no país, além de mais de oito mil casos de melanoma. Esses dados demonstram a gravidade do câncer de pele para a saúde da população e destacam a necessidade de medidas preventivas e diagnóstico precoce. A conscientização sobre os fatores de risco e a importância da proteção à exposição solar são fundamentais para reduzir a incidência dessa grave doença. Neste conteúdo, abordaremos informações fundamentais para você entender o que é o câncer de pele, quais os seus tipos, causas e sintomas, formas de diagnóstico e como se prevenir. O que é o câncer de pele? O câncer de pele é uma doença que surge a partir de mutações no DNA das células da pele, fazendo com que as mesmas cresçam e se multipliquem de forma desordenada e exagerada, culminando em perda de função e formação de um tumor maligno. Quais os tipos de câncer de pele? Existem dois tipos principais de câncer de pele: o câncer não melanoma e o câncer melanoma. O câncer do tipo não melanoma é o tumor de pele mais frequente na população, possui menor gravidade e grande percentual de cura. Porém, se não tratado adequadamente, pode deixar sequelas significativas na região afetada. Ainda pode ser dividido em dois subtipos mais comuns: o carcinoma basocelular e o carcinoma espinocelular.  O carcinoma basocelular é o mais comum entre todos os tipos de câncer de pele e surge em células que se encontram na camada mais profunda da epiderme. O carcinoma espinocelular é o segundo mais prevalente e possui origem em células escamosas constituintes das camadas superiores da pele. Ambos os subtipos geralmente manifestam-se em regiões do corpo expostas ao sol, como face, orelhas, pescoço, couro cabeludo, ombros e costas. Já o câncer do tipo melanoma é o menos frequente entre todos, mas o que possui o pior prognóstico e o mais alto índice de mortalidade se diagnosticado tardiamente. É considerado o mais grave devido à sua alta capacidade de gerar metástases, ou seja, de se espalhar para outros órgãos e tecidos. O melanoma possui origem nos melanócitos, as células que produzem a substância melanina que determina a cor da pele. Pode surgir em qualquer parte do corpo, sob a forma de manchas, pintas ou sinais. Embora o diagnóstico de melanoma possa assustar e trazer apreensão aos pacientes, é importante destacar que as chances de cura são grandes quando detectado precocemente. Quais os sintomas de câncer de pele? O principal sintoma do câncer de pele é o surgimento de manchas e pintas ou lesões que não cicatrizam, as quais podem se assemelhar a outras lesões benignas. Podem se apresentar com diferentes formatos e colorações, a depender do tipo de câncer, conforme apresentaremos a seguir. Carcinoma basocelular Em geral, surge como uma lesão elevada (pápula) de cor vermelha, brilhosa e com uma crosta central que pode sangrar com certa facilidade. Pode se apresentar também como uma lesão plana de cor vermelha ou marrom, semelhante a uma cicatriz. Carcinoma espinocelular Possui cor avermelhada e aparência semelhante a um machucado descamativo que não cicatriza e sangra, ou pode surgir com aspecto similar a uma verruga de cor vermelha (nódulo firme). Melanoma Tem aparência de uma pinta ou de um sinal na pele em tons acastanhados ou escuros, que, na maioria das vezes, pode mudar de cor, formato ou tamanho. Pode se apresentar como uma pequena lesão com uma borda irregular e porções que aparecem em diferentes cores (vermelho, rosa, branco, azul ou azul-escuro). São relatados também alguns casos de sensação dolorosa acompanhada de coceira ou queimação na região afetada.  Essas lesões podem surgir em diferentes partes do corpo, na pele íntegra ou em uma verruga existente. Em homens, o melanoma surge com mais frequência no rosto e tronco, enquanto que em mulheres a parte inferior das pernas é a mais afetada. A exposição solar é um dos fatores determinantes, mas não exclusivo, visto que o melanoma pode surgir também em áreas da pele que não são normalmente expostas ao sol. Lesões escuras nas palmas das mãos, plantas dos pés, pontas dos dedos ou mucosas que revestem a boca, nariz, vagina ou ânus também podem ser indicativas de melanoma. Quais as principais causas do câncer de pele? Um dos principais fatores que aumentam as chances de desenvolvimento do câncer de pele é a exposição solar excessiva. A luz do sol é composta de raios ultravioleta (UV) que podem ser danosos ao DNA das células da pele se a exposição for prolongada e sem proteção. Pessoas de pele clara, albinas, de olhos claros ou que se queimam com facilidade são mais propensas a desenvolver a doença, em especial o melanoma. O câncer não melanoma é mais frequente em pessoas com mais de 40 anos e menos comum em crianças e pessoas de pele preta. No entanto, de acordo com estudos epidemiológicos, a exposição solar excessiva durante a infância e adolescência pode ajudar a aumentar a incidência de câncer de pele em pacientes cada vez mais jovens, o que destaca novamente a grande importância das medidas preventivas. Os fatores genéticos e o histórico familiar também são elementos que podem ter uma grande influência no desenvolvimento da doença, principalmente do melanoma. Por isso, quem possuir familiares de primeiro grau diagnosticados com melanoma deve realizar exames preventivos regularmente. A presença de mutações genéticas também está relacionada ao desenvolvimento da doença, especialmente em genes como BRAF e NRAS. Outro fator que vale mencionar é a exposição às câmaras de bronzeamento artificial. Há um vasto conjunto de evidências científicas que demonstram os potenciais prejuízos do uso desse tipo de equipamento para a pele. Atualmente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proíbe a utilização desses equipamentos no Brasil. Como é feito o diagnóstico? O diagnóstico é feito pelo dermatologista, com base na avaliação clínica das manchas e lesões, assim como no histórico do paciente. Nesse tipo de exame, o médico irá avaliar uma série de características da lesão suspeita, de acordo com a Regra do ABCDE: Assimetria: lesões ou manchas assimétricas podem indicar malignidade, enquanto as simétricas são benignas; Bordas: a presença de bordas irregulares também pode indicar malignidade, enquanto as de bordas regulares são benignas; Cor: manchas com mais de uma cor podem ser malignas. As de tons únicos são benignas; Dimensão: lesões com tamanho superior a 6 milímetros indicam provável malignidade. As menores de 6 milímetros tendem a ser benignas; Evolução: se a mancha ou lesão crescer e mudar de cor, há indício de malignidade. A Regra do ABCDE é útil para realizar a triagem de manchas ou lesões suspeitas e pode ser feita em casa pelo próprio paciente (autoexame). Entretanto, é fundamental esclarecer que somente um profissional capacitado saberá identificar as lesões e classificá-las como potencial câncer ou não. Diante disso, se você notar o surgimento de manchas ou lesões características, procure auxílio médico para uma avaliação mais detalhada. Exames complementares são necessários para chegar ao diagnóstico final. Usualmente, é recomendada a realização de biópsia para análise anatomopatológica. Somente assim será definido se a lesão ou mancha é câncer.  Caso seja confirmado o diagnóstico e dependendo do tipo e estágio da doença, exames moleculares também podem ser realizados para detecção de mutações genéticas. A identificação de mutações em genes, como o BRAF, é importante no diagnóstico do melanoma, pois ajuda a nortear os especialistas quanto ao prognóstico do paciente e também quanto à escolha do tratamento mais eficaz. O câncer de pele tem cura? Sim, existe cura, principalmente se o diagnóstico for precoce.  O câncer do tipo não melanoma, via de regra, tem tratamento simples e com bons resultados. O tipo de terapia a ser utilizada dependerá da extensão e gravidade do câncer, podendo ser utilizados procedimentos cirúrgicos para a retirada do tumor em casos dos carcinomas basocelular e espinocelular. Para o melanoma, o tratamento varia conforme a extensão, agressividade (possibilidade de metástase) e localização do tumor, bem como a idade e o estado geral de saúde do paciente. Além da cirurgia para a retirada do tumor, pode ser necessária a utilização de radioterapia e quimioterapia. Se houver a confirmação de metástase, existem medicamentos imunoterápicos que apresentam boas taxas de sucesso terapêutico. O principal objetivo, em casos avançados de melanoma, é frear a evolução da doença e aumentar a sobrevida do paciente. Importância da detecção precoce Assim como em qualquer outro tipo de câncer, a detecção precoce é primordial para obter bons resultados no tratamento do câncer de pele e evitar o agravamento do quadro. Quando não tratado corretamente, o câncer de pele não melanoma pode avançar e provocar lesões mutilantes ou desfigurantes em áreas expostas do corpo, causando sofrimento aos pacientes. No caso do melanoma, a situação é ainda mais delicada devido à agressividade da doença. Se não for identificado e tratado de forma rápida, a doença pode evoluir e desencadear metástases em outros órgãos, dificultando o tratamento e piorando o prognóstico do paciente. Recentemente, especialistas na área sugeriram aperfeiçoar os métodos de rastreio do melanoma a partir de abordagens estratificadas por risco. Segundo a proposta, é recomendado que pessoas de baixo risco para o câncer sejam rastreadas por um médico de atendimento primário ou por meio de exames regulares feitos em casa pela própria pessoa (autoexame baseado na Regra ABCDE). Pessoas de risco moderado podem ser avaliadas previamente por um médico do atendimento primário ou por um dermatologista generalista. Já pessoas de risco alto para o melanoma devem ser rastreadas por um médico dermatologista generalista ou por um profissional especialista em lesões pigmentadas. Ainda de acordo com os novos critérios, pessoas que apresentam grave comprometimento cutâneo causado pelo sol, ou imunodeprimidas, ou que possuam histórico de câncer de pele devem ser enquadradas como de alto risco. Como se prevenir do câncer de pele? A principal maneira de prevenção contra o câncer de pele é se proteger da exposição solar. A radiação ultravioleta é composta por dois diferentes tipos de raio: UVA e UVB. Os raios UVB atingem camadas mais superficiais da pele e são os responsáveis pelas queimaduras. Os raios UVA atingem camadas mais profundas e não queimam. Os raios UVA são constantes ao longo do dia, enquanto os UVB aumentam sua intensidade no período das 10 às 16 horas. Como os raios UVA não queimam, acabam se tornando mais perigosos pelo seu potencial cancerígeno, além de acelerar o processo de envelhecimento da pele. Portanto, para se proteger é essencial a utilização de filtros solares que ofereçam proteção para ambos os raios (UVA e UVB), com fator acima de 30, mesmo durante os dias nublados. Evite a exposição solar durante os horários de pico de intensidade e reaplique o protetor a cada 3 horas, conforme a atividade realizada. É recomendável também o uso de acessórios de proteção, como chapéus, óculos de sol e guarda-sóis. Esteja atento aos sinais que seu corpo fornece. Ao detectar o surgimento de manchas suspeitas ou lesões que não cicatrizam, procure um dermatologista para uma avaliação mais criteriosa. Tomando esses cuidados, você garantirá a saúde e a beleza da sua pele. Agora que você já sabe o que é o câncer de pele e quais os seus principais sintomas, sugerimos a leitura do conteúdo sobre os tipos mais comuns de câncer, para que você se mantenha sempre bem informado e atualizado. Referências: Davis LE, Shalin SC, Tackett AJ. Current state of melanoma diagnosis and treatment. Cancer Biol Ther. 2019;20(11):1366-1379. doi: 10.1080/15384047.2019.1640032 Mayo. Skin Cancer. Disponível em: https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/skin-cancer/symptoms-causes/syc-20377605 Acesso em: 27/04/2023 Medscape. Tema mais buscado: detecção precoce do melanoma. Disponível em: https://portugues.medscape.com/verartigo/6509342 Acesso em: 27/04/2023 Ministério da Saúde. Câncer de pele. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/c/cancer-de-pele Acesso em: 27/04/2023 Ossio, R., Roldán-Marín, R., Martínez-Said, H. et al. Melanoma: a global perspective. Nat Rev Cancer 17, 393–394 (2017). https://doi.org/10.1038/nrc.2017.43 SBD. Câncer de pele. Disponível em: https://www.sbd.org.br/doencas/cancer-da-pele/ Acesso em: 27/04/2023 Souto EB, da Ana R, Vieira V, Fangueiro JF, Dias-Ferreira J, Cano A, Zielińska A, Silva AM, Staszewski R, Karczewski J. Non-melanoma skin cancers: physio-pathology and role of lipid delivery systems in new chemotherapeutic treatments. Neoplasia. 2022 Aug;30:100810. doi: 10.1016/j.neo.2022.100810