Sabin Por: Sabin
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A vacina da poliomielite é a grande responsável pela doença estar erradicada no Brasil desde 1994 — com o último caso registrado em 1989 — e os tipos 2 e 3 da doença estarem erradicados em todo o mundo.

Não há dúvidas da importância da vacinação da poliomielite como forma de erradicar essa doença tão grave, também conhecida por paralisia infantil. Ela é provocada pelo poliovírus, que se instaura no intestino, podendo infectar crianças e adultos por meio do contato direto com fezes e demais secreções, o que gera o risco de paralisias musculares.

Mas será que a doença está mesmo erradicada no Brasil? Quais são os maiores desafios encontrados e a importância da vacina nesse processo? Dra. Ana Rosa, gerente médica de imunização do Grupo Sabin, nos ajuda com algumas explicações. Confira!

A poliomielite está mesmo erradicada no Brasil?

É importante ressaltar que, no Brasil, o último caso de poliovírus selvagem surgiu em 1989, na Paraíba. Por isso, o país recebeu em 1994, pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), o certificado de área livre de circulação do poliovírus selvagem. Desde então, vem se esforçando para alcançar a meta dos indicadores estabelecidos pelo Ministério da Saúde e se manter livre do contágio do vírus.

Uma doença erradicada ainda merece atenção?

Sim, afinal, a cobertura da vacina contra a poliomielite é não homogênea, o que pode provocar a formação de indivíduos não vacinados, isso aumenta o risco da reinserção do poliovírus.

O monitoramento das paralisias flácidas agudas continua sendo a estratégia principal para identificar um possível evento ou surto da doença. As finalidades disso são manter o Brasil longe da circulação do poliovírus selvagem e fortalecer as práticas de erradicação. Sobre essa questão, a Dra. Ana Rosa explica:

“Existe o risco de reintrodução da poliomielite, mesmo estando erradicada. Isso porque, quando a doença é extinta, não significa que a população tem que deixar de se vacinar. Pelo contrário, é preciso continuar a imunização para evitar que o vírus volte a circular no país”.

Outro ponto que afeta a erradicação é a existência do poliovírus selvagem em dois países: Afeganistão e Paquistão. Assim, uma simples viagem é capaz de importar a doença e, sem a vacinação adequada, viabilizar a reintrodução do vírus.

Por que a poliomielite é tão perigosa?

A ausência de saneamento básico, má higiene pessoal e condições habitacionais precárias, cenários frequentemente encontrados no país, são aspectos que favorecem a transmissão do poliovírus. Além disso, as consequências da poliomielite estão ligadas à infecção do cérebro e medula, ocasionando sequelas motoras sem cura, por exemplo:

  • crescimento diferente das pernas, fazendo com que o indivíduo manque e fique mais inclinado para um lado, isso provoca a escoliose;
  • problemas e dores nas articulações;
  • atrofia muscular;
  • paralisia dos músculos da fala e da deglutição;
  • paralisia de uma das pernas;
  • pé torto, o que impede a pessoa de andar, pois seu calcanhar não encosta no chão.

Um dos maiores perigos da doença é o pensamento errado de que ela não existe mais, e por isso, não há a necessidade de vacinar as crianças.

Isso tem gerado uma redução grande da cobertura vacinal, fazendo com que o índice fique abaixo do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a manutenção da erradicação e controle da doença.

Quais as diferenças entre a vacina injetável e a oral?

Existem dois tipos de vacinas:

  • Vacina Inativada Poliomielite (VIP), nomeada Salk em homenagem ao seu inventor, trivalente e injetável;
  • Vacina Oral Poliomielite (VOP), nomeada Sabin em homenagem ao seu inventor, que é a oral atenuada bivalente, constituída pelo vírus da pólio tipos 1 e 3, vivos e enfraquecidos.

Vacina Inativada Poliomielite: Salk

A vacina injetável Salk é administrada por meio de injeção, é composta pelo vírus completamente inativado, o que impede o desenvolvimento da doença.

Nas clínicas da rede privada, o vírus inativado da poliomielite está inserido nas vacinas combinadas, na pentavalente e hexavalente, assim como na rede pública a VIP é aplicada no esquema básico de vacinação da criança nos 2, 4 e 6 meses de vida. Vide Calendário Nacional de Vacinação.

Vacina Oral Poliomielite: Sabin

A vacina poliomielite oral Sabin é administrada via oral, e é composta por vírus vivos atenuados. Não provoca a doença, mas uma criança que recebeu a vacina oral elimina o vírus pelas fezes e demais secreções, e isso pode fazer com que esse micro-organismo circule no ambiente, sofra mutações e provoque mais doenças, principalmente em países com proteção insuficiente contra a poliomielite. A respeito da vacina oral, Dra. Ana Rosa aponta:

“Hoje já existem mais de 60 países que não usam a vacina oral contra o poliovírus para evitar a contaminação da vacina no meio ambiente e o surgimento de “paralisia flácida”, tanto em adultos quanto em crianças, provocada pelo vírus da vacina”.

No Brasil, apesar de avanços, ainda não é possível fazer o mesmo, já que o país não coberturas de vacinação homogênea nos municípios e, por isso, a recomendação é que a vacinação seja combinada: oral + inativada, que também apresenta resultados satisfatórios.

Com isso, o esquema vacinal do Calendário Nacional de Vacinação passa a ser o de três doses da vacina inativada (VIP), ao dois, quatro e seis meses de idade, e dois reforços realizados com a vacina oral (VOP).

“Apesar da vacina inativada estar presente no calendário de vacinação, é preciso que a campanha da poliomielite seja realizada todos os anos e, assim, alcançar um nível de cobertura vacinal alto o suficiente. Essa estratégia de campanha tem o objetivo de evitar a circulação do vírus selvagem.”, diz a Dra. Ana Rosa”.

Essa mudança no calendário de vacinação busca se adequar à orientação da OMS como parte do processo de erradicação mundial da pólio.

Qual a importância da vacinação?

Vacinar a população-alvo é uma ação imprescindível para a minimização do risco de reintrodução do poliovírus selvagem, garantindo um país livre da doença. Isso se deve ao fato de que a vacinação é o único meio de prevenção. Sendo assim, todas as crianças abaixo de cinco anos de idade precisam ser vacinadas de acordo com o esquema de vacinação e campanha nacional todo o ano.

A poliomielite é uma doença erradicada no Brasil e nas Américas, por meio da vacinação e de outras ações de vigilância do vírus. Acontece, quando uma doença é erradicada, deve-se continuar a vacinação para prevenir e evitar a reintrodução. Dessa forma, é indispensável estar atento ao esquema vacinal e às campanhas nacionais, bem como esclarecer todos os mitos e verdades que possam gerar dúvidas quanto à eficácia de manter as crianças vacinadas.

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Entenda a importância da vacina da poliomielite para manter o país livre da doença; A vacina da poliomielite é a grande responsável pela doença estar erradicada no Brasil desde 1994 — com o último caso registrado em 1989 — e os tipos 2 e 3 da doença estarem erradicados em todo o mundo. Não há dúvidas da importância da vacinação da poliomielite como forma de erradicar essa doença tão grave, também conhecida por paralisia infantil. Ela é provocada pelo poliovírus, que se instaura no intestino, podendo infectar crianças e adultos por meio do contato direto com fezes e demais secreções, o que gera o risco de paralisias musculares. Mas será que a doença está mesmo erradicada no Brasil? Quais são os maiores desafios encontrados e a importância da vacina nesse processo? Dra. Ana Rosa, gerente médica de imunização do Grupo Sabin, nos ajuda com algumas explicações. Confira! A poliomielite está mesmo erradicada no Brasil? É importante ressaltar que, no Brasil, o último caso de poliovírus selvagem surgiu em 1989, na Paraíba. Por isso, o país recebeu em 1994, pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), o certificado de área livre de circulação do poliovírus selvagem. Desde então, vem se esforçando para alcançar a meta dos indicadores estabelecidos pelo Ministério da Saúde e se manter livre do contágio do vírus. Uma doença erradicada ainda merece atenção? Sim, afinal, a cobertura da vacina contra a poliomielite é não homogênea, o que pode provocar a formação de indivíduos não vacinados, isso aumenta o risco da reinserção do poliovírus. O monitoramento das paralisias flácidas agudas continua sendo a estratégia principal para identificar um possível evento ou surto da doença. As finalidades disso são manter o Brasil longe da circulação do poliovírus selvagem e fortalecer as práticas de erradicação. Sobre essa questão, a Dra. Ana Rosa explica: “Existe o risco de reintrodução da poliomielite, mesmo estando erradicada. Isso porque, quando a doença é extinta, não significa que a população tem que deixar de se vacinar. Pelo contrário, é preciso continuar a imunização para evitar que o vírus volte a circular no país”. Outro ponto que afeta a erradicação é a existência do poliovírus selvagem em dois países: Afeganistão e Paquistão. Assim, uma simples viagem é capaz de importar a doença e, sem a vacinação adequada, viabilizar a reintrodução do vírus. Por que a poliomielite é tão perigosa? A ausência de saneamento básico, má higiene pessoal e condições habitacionais precárias, cenários frequentemente encontrados no país, são aspectos que favorecem a transmissão do poliovírus. Além disso, as consequências da poliomielite estão ligadas à infecção do cérebro e medula, ocasionando sequelas motoras sem cura, por exemplo: crescimento diferente das pernas, fazendo com que o indivíduo manque e fique mais inclinado para um lado, isso provoca a escoliose;problemas e dores nas articulações;atrofia muscular;paralisia dos músculos da fala e da deglutição;paralisia de uma das pernas;pé torto, o que impede a pessoa de andar, pois seu calcanhar não encosta no chão. Um dos maiores perigos da doença é o pensamento errado de que ela não existe mais, e por isso, não há a necessidade de vacinar as crianças. Isso tem gerado uma redução grande da cobertura vacinal, fazendo com que o índice fique abaixo do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a manutenção da erradicação e controle da doença. Quais as diferenças entre a vacina injetável e a oral? Existem dois tipos de vacinas: Vacina Inativada Poliomielite (VIP), nomeada Salk em homenagem ao seu inventor, trivalente e injetável;Vacina Oral Poliomielite (VOP), nomeada Sabin em homenagem ao seu inventor, que é a oral atenuada bivalente, constituída pelo vírus da pólio tipos 1 e 3, vivos e enfraquecidos. Vacina Inativada Poliomielite: Salk A vacina injetável Salk é administrada por meio de injeção, é composta pelo vírus completamente inativado, o que impede o desenvolvimento da doença. Nas clínicas da rede privada, o vírus inativado da poliomielite está inserido nas vacinas combinadas, na pentavalente e hexavalente, assim como na rede pública a VIP é aplicada no esquema básico de vacinação da criança nos 2, 4 e 6 meses de vida. Vide Calendário Nacional de Vacinação. Vacina Oral Poliomielite: Sabin A vacina poliomielite oral Sabin é administrada via oral, e é composta por vírus vivos atenuados. Não provoca a doença, mas uma criança que recebeu a vacina oral elimina o vírus pelas fezes e demais secreções, e isso pode fazer com que esse micro-organismo circule no ambiente, sofra mutações e provoque mais doenças, principalmente em países com proteção insuficiente contra a poliomielite. A respeito da vacina oral, Dra. Ana Rosa aponta: “Hoje já existem mais de 60 países que não usam a vacina oral contra o poliovírus para evitar a contaminação da vacina no meio ambiente e o surgimento de "paralisia flácida", tanto em adultos quanto em crianças, provocada pelo vírus da vacina". No Brasil, apesar de avanços, ainda não é possível fazer o mesmo, já que o país não coberturas de vacinação homogênea nos municípios e, por isso, a recomendação é que a vacinação seja combinada: oral + inativada, que também apresenta resultados satisfatórios. Com isso, o esquema vacinal do Calendário Nacional de Vacinação passa a ser o de três doses da vacina inativada (VIP), ao dois, quatro e seis meses de idade, e dois reforços realizados com a vacina oral (VOP). “Apesar da vacina inativada estar presente no calendário de vacinação, é preciso que a campanha da poliomielite seja realizada todos os anos e, assim, alcançar um nível de cobertura vacinal alto o suficiente. Essa estratégia de campanha tem o objetivo de evitar a circulação do vírus selvagem.”, diz a Dra. Ana Rosa". Essa mudança no calendário de vacinação busca se adequar à orientação da OMS como parte do processo de erradicação mundial da pólio. Qual a importância da vacinação? Vacinar a população-alvo é uma ação imprescindível para a minimização do risco de reintrodução do poliovírus selvagem, garantindo um país livre da doença. Isso se deve ao fato de que a vacinação é o único meio de prevenção. Sendo assim, todas as crianças abaixo de cinco anos de idade precisam ser vacinadas de acordo com o esquema de vacinação e campanha nacional todo o ano. A poliomielite é uma doença erradicada no Brasil e nas Américas, por meio da vacinação e de outras ações de vigilância do vírus. Acontece, quando uma doença é erradicada, deve-se continuar a vacinação para prevenir e evitar a reintrodução. Dessa forma, é indispensável estar atento ao esquema vacinal e às campanhas nacionais, bem como esclarecer todos os mitos e verdades que possam gerar dúvidas quanto à eficácia de manter as crianças vacinadas. Conseguiu esclarecer suas dúvidas com este artigo? Então, aproveite para assinar nossa newsletter e receber novidades sobre outros assuntos em seu e-mail!