Sabin Por: Sabin
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Quando falamos em saúde do cérebro, é importante considerar que algumas infecções virais podem desencadear respostas inflamatórias sistêmicas com impacto neurológico. É o caso da herpes-zóster, uma condição conhecida por causar dor e lesões cutâneas, mas que tem sido associada a efeitos indiretos sobre a saúde cerebral, especialmente em pessoas idosas. 

Estudos recentes investigam como a prevenção de suas reativações, por meio da vacinação, pode influenciar o risco de doenças neurodegenerativas, como a demência.

Nos últimos anos, pesquisas científicas vêm apontando que a vacina contra herpes-zóster pode ter um efeito protetor não só contra a doença em si, como também contra o risco de desenvolver demência. Essa descoberta abre um novo olhar sobre a importância da prevenção e como atitudes simples, como manter a vacinação em dia, podem contribuir para um envelhecimento mais saudável.

A seguir, vamos entender o que é essa infecção e por que ela merece atenção, além de descobrir como a imunização pode fazer parte do cuidado com a saúde cognitiva ao longo da vida. Continue a leitura para saber mais!

O que é herpes-zóster e por que ela merece atenção?

A herpes-zóster, também chamado popularmente de “cobreiro”, é causada pelo vírus varicela-zóster, o mesmo vírus da catapora. Após o episódio de catapora, geralmente na infância, esse vírus permanece “adormecido” no corpo, alojado no sistema nervoso. Com o passar dos anos, principalmente a partir dos 50 anos ou em pessoas com o sistema imunológico mais fragilizado, ele pode se reativar e causar sintomas característicos.

As manifestações mais comuns incluem dor, coceira e lesões vermelhas na pele, que aparecem em forma de faixa. Entretanto, o problema pode ir além da pele. Em alguns casos, a dor se prolonga por semanas ou até meses, mesmo depois do desaparecimento das lesões — a chamada neuralgia pós-herpética, uma complicação que pode ser bastante debilitante e difícil de tratar.

Embora o vírus afete os nervos periféricos, a associação entre herpes-zóster e doenças neurológicas parece estar ligada a mecanismos indiretos, como a inflamação crônica e a disfunção imune. Esses fatores vêm sendo estudados devido ao possível papel na fisiopatologia da demência, o que justifica o interesse crescente na relação entre a vacinação contra herpes-zóster e o risco de demência.

Existe alguma ligação entre herpes-zóster e demência?

Nos últimos anos, diferentes estudos internacionais observaram que pessoas vacinadas contra herpes-zóster tiveram menor risco de desenvolver demência no decorrer do tempo. Apesar de não se tratar de uma certeza absoluta, os dados indicam que existe uma possível relação entre proteger-se contra a doença e preservar a saúde do cérebro.

Uma das explicações levantadas pelos cientistas é que a vacina ajuda a impedir a reativação do vírus, o que poderia evitar processos inflamatórios associados a danos cerebrais, sobretudo em áreas relacionadas à memória e ao raciocínio.

É interessante destacar que esses estudos observaram benefícios tanto em pessoas que receberam a vacina de vírus atenuado (versão mais antiga), quanto em quem tomou a vacina recombinante (versão mais recente, não contém vírus vivo). A vacina recombinante Shingrix® demonstrou eficácia mais elevada, sendo a mais indicada atualmente para pessoas a partir dos 50 anos.

Ainda que sejam necessários mais estudos para comprovar definitivamente essa proteção adicional, os dados disponíveis reforçam a importância de incluir a vacinação como parte da rotina de cuidados com a saúde, particularmente no envelhecimento.

Como a vacina pode ajudar a cuidar do futuro?

Prevenir a herpes-zóster significa evitar complicações que vão além da dor ou do desconforto imediato. A vacinação é a principal forma de proteção, indicada primordialmente para quem tem 50 anos ou mais, mesmo que nunca tenha tido catapora.

O objetivo principal da vacina é reduzir a chance de ter herpes-zóster e suas consequências, como a neuralgia pós-herpética. No entanto, como vimos, pesquisas recentes indicam que a proteção pode ir além, contribuindo para manter o cérebro saudável e, possivelmente, reduzir o risco de demência.

A vacina recombinante contra herpes-zóster é aplicada em duas doses e tem demonstrado resultados positivos em grandes estudos, inclusive em pessoas imunocomprometidas. Falar sobre isso com o médico ou com a equipe de saúde é uma maneira de se prevenir, proteger sua qualidade de vida e cuidar do futuro com mais autonomia.

Informar-se é o primeiro passo para se cuidar

Estar consciente sobre os riscos da herpes-zóster e os possíveis benefícios da vacina torna mais fácil tomar decisões acertadas sobre a própria saúde. Por isso, converse com seu médico de confiança, especialmente se você tem mais de 50 anos ou alguma condição que afeta o sistema imunológico.

A prevenção vai além de evitar doenças pontuais, pois ela também envolve diminuir riscos que possam comprometer a saúde no futuro. Proteger o cérebro é cuidar da memória, do raciocínio e da independência

Quer entender melhor como a herpes-zóster se manifesta e como se prevenir? Acesse: Herpes-zóster: saiba mais sobre sua prevenção e tratamento. E se quiser conhecer como a imunização funciona e como adquirir a vacina Shingrix®, acesse a Loja Virtual do Sabin.

Sabin avisa:

Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames.

Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas. 

Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial.

Referências:

Tang, Emily et al. “Recombinant zoster vaccine and the risk of dementia.” Vaccine vol. 46 (2025): 126673. doi:10.1016/j.vaccine.2024.126673

Eyting, M., Xie, M., Michalik, F. et al. A natural experiment on the effect of herpes zoster vaccination on dementia. Nature 641, 438–446 (2025). https://doi.org/10.1038/s41586-025-08800-x

Taquet, Maxime et al. “The recombinant shingles vaccine is associated with lower risk of dementia.” Nature medicine vol. 30,10 (2024): 2777-2781. doi:10.1038/s41591-024-03201-5

Pomirchy M, Bommer C, Pradella F, Michalik F, Peters R, Geldsetzer P. Herpes Zoster Vaccination and Dementia Occurrence. JAMA. 2025;333(23):2083–2092. doi:10.1001/jama.2025.5013

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Vacina contra herpes-zóster e saúde do cérebro; Quando falamos em saúde do cérebro, é importante considerar que algumas infecções virais podem desencadear respostas inflamatórias sistêmicas com impacto neurológico. É o caso da herpes-zóster, uma condição conhecida por causar dor e lesões cutâneas, mas que tem sido associada a efeitos indiretos sobre a saúde cerebral, especialmente em pessoas idosas.  Estudos recentes investigam como a prevenção de suas reativações, por meio da vacinação, pode influenciar o risco de doenças neurodegenerativas, como a demência. Nos últimos anos, pesquisas científicas vêm apontando que a vacina contra herpes-zóster pode ter um efeito protetor não só contra a doença em si, como também contra o risco de desenvolver demência. Essa descoberta abre um novo olhar sobre a importância da prevenção e como atitudes simples, como manter a vacinação em dia, podem contribuir para um envelhecimento mais saudável. A seguir, vamos entender o que é essa infecção e por que ela merece atenção, além de descobrir como a imunização pode fazer parte do cuidado com a saúde cognitiva ao longo da vida. Continue a leitura para saber mais! O que é herpes-zóster e por que ela merece atenção? A herpes-zóster, também chamado popularmente de "cobreiro", é causada pelo vírus varicela-zóster, o mesmo vírus da catapora. Após o episódio de catapora, geralmente na infância, esse vírus permanece “adormecido” no corpo, alojado no sistema nervoso. Com o passar dos anos, principalmente a partir dos 50 anos ou em pessoas com o sistema imunológico mais fragilizado, ele pode se reativar e causar sintomas característicos. As manifestações mais comuns incluem dor, coceira e lesões vermelhas na pele, que aparecem em forma de faixa. Entretanto, o problema pode ir além da pele. Em alguns casos, a dor se prolonga por semanas ou até meses, mesmo depois do desaparecimento das lesões — a chamada neuralgia pós-herpética, uma complicação que pode ser bastante debilitante e difícil de tratar. Embora o vírus afete os nervos periféricos, a associação entre herpes-zóster e doenças neurológicas parece estar ligada a mecanismos indiretos, como a inflamação crônica e a disfunção imune. Esses fatores vêm sendo estudados devido ao possível papel na fisiopatologia da demência, o que justifica o interesse crescente na relação entre a vacinação contra herpes-zóster e o risco de demência. Existe alguma ligação entre herpes-zóster e demência? Nos últimos anos, diferentes estudos internacionais observaram que pessoas vacinadas contra herpes-zóster tiveram menor risco de desenvolver demência no decorrer do tempo. Apesar de não se tratar de uma certeza absoluta, os dados indicam que existe uma possível relação entre proteger-se contra a doença e preservar a saúde do cérebro. Uma das explicações levantadas pelos cientistas é que a vacina ajuda a impedir a reativação do vírus, o que poderia evitar processos inflamatórios associados a danos cerebrais, sobretudo em áreas relacionadas à memória e ao raciocínio. É interessante destacar que esses estudos observaram benefícios tanto em pessoas que receberam a vacina de vírus atenuado (versão mais antiga), quanto em quem tomou a vacina recombinante (versão mais recente, não contém vírus vivo). A vacina recombinante Shingrix® demonstrou eficácia mais elevada, sendo a mais indicada atualmente para pessoas a partir dos 50 anos. Ainda que sejam necessários mais estudos para comprovar definitivamente essa proteção adicional, os dados disponíveis reforçam a importância de incluir a vacinação como parte da rotina de cuidados com a saúde, particularmente no envelhecimento. Como a vacina pode ajudar a cuidar do futuro? Prevenir a herpes-zóster significa evitar complicações que vão além da dor ou do desconforto imediato. A vacinação é a principal forma de proteção, indicada primordialmente para quem tem 50 anos ou mais, mesmo que nunca tenha tido catapora. O objetivo principal da vacina é reduzir a chance de ter herpes-zóster e suas consequências, como a neuralgia pós-herpética. No entanto, como vimos, pesquisas recentes indicam que a proteção pode ir além, contribuindo para manter o cérebro saudável e, possivelmente, reduzir o risco de demência. A vacina recombinante contra herpes-zóster é aplicada em duas doses e tem demonstrado resultados positivos em grandes estudos, inclusive em pessoas imunocomprometidas. Falar sobre isso com o médico ou com a equipe de saúde é uma maneira de se prevenir, proteger sua qualidade de vida e cuidar do futuro com mais autonomia. Informar-se é o primeiro passo para se cuidar Estar consciente sobre os riscos da herpes-zóster e os possíveis benefícios da vacina torna mais fácil tomar decisões acertadas sobre a própria saúde. Por isso, converse com seu médico de confiança, especialmente se você tem mais de 50 anos ou alguma condição que afeta o sistema imunológico. A prevenção vai além de evitar doenças pontuais, pois ela também envolve diminuir riscos que possam comprometer a saúde no futuro. Proteger o cérebro é cuidar da memória, do raciocínio e da independência.  Quer entender melhor como a herpes-zóster se manifesta e como se prevenir? Acesse: Herpes-zóster: saiba mais sobre sua prevenção e tratamento. E se quiser conhecer como a imunização funciona e como adquirir a vacina Shingrix®, acesse a Loja Virtual do Sabin. Sabin avisa: Este conteúdo é meramente informativo e não pretende substituir consultas médicas, avaliações por profissionais de saúde ou fornecer qualquer tipo de diagnóstico ou recomendação de exames. Importante ressaltar que diagnósticos e tratamentos devem ser sempre indicados por uma avaliação médica individual. Em caso de dúvidas, converse com seu médico. Somente o profissional pode esclarecer todas as suas perguntas.  Lembre-se: qualquer decisão relacionada à sua saúde sem orientação profissional pode ser prejudicial. Referências: Tang, Emily et al. “Recombinant zoster vaccine and the risk of dementia.” Vaccine vol. 46 (2025): 126673. doi:10.1016/j.vaccine.2024.126673 Eyting, M., Xie, M., Michalik, F. et al. A natural experiment on the effect of herpes zoster vaccination on dementia. Nature 641, 438–446 (2025). https://doi.org/10.1038/s41586-025-08800-x Taquet, Maxime et al. “The recombinant shingles vaccine is associated with lower risk of dementia.” Nature medicine vol. 30,10 (2024): 2777-2781. doi:10.1038/s41591-024-03201-5 Pomirchy M, Bommer C, Pradella F, Michalik F, Peters R, Geldsetzer P. Herpes Zoster Vaccination and Dementia Occurrence. JAMA. 2025;333(23):2083–2092. doi:10.1001/jama.2025.5013