Sabin Por: Sabin
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É natural que, a cada surgimento de uma nova variante do coronavírus, voltem também algumas dúvidas. Pensando nisso, vamos esclarecer o que significa a mutação de um vírus, quais os possíveis impactos para a sua vida e como se proteger diante disso.

O que é a mutação de um vírus?

As mutações dos vírus são um evento natural e até esperado dentro da evolução desses microrganismos. É assim, por exemplo, que, a cada ano, devemos tomar uma nova dose de vacina contra a gripe, uma vez que os vírus se transformam e podem ficar mais ou menos resistentes.

Na prática, a mutação de um vírus é comum principalmente naqueles que contêm ácido ribonucleico (RNA) como material genético — inclusive, esse é o caso do SARS-CoV-2. 

Vírus são parasitas intracelulares obrigatórios, ou seja, necessitam do “maquinário” de outras células para poderem se replicar. Para a mutação acontecer, o vírus precisa estar dentro de um hospedeiro, como o homem ou outros animais, que comprovadamente já hospedaram o coronavírus — entre eles, porcos, gatos e morcegos. A partir de então, o material genético desse vírus começa a ser replicado, mas nem sempre a sequência genética é copiada perfeitamente, e é natural que aconteçam erros durante o processo. 

Grande parte das mutações não causa nenhuma modificação expressiva nos vírus. Entretanto, o acúmulo de mutações faz com que ele se diferencie do original. Quanto mais mutações ocorrerem, maiores são as chances disso acontecer, tratando-se de uma questão de probabilidade.

Dependendo de onde essa falha no genoma é processada, o vírus perde a capacidade de sobreviver, enfraquecendo bastante, ou ganha mais força para seguir se replicando e propagando doenças.

O maior perigo é quando essas mutações geram proteínas de superfície no vírus, que neutralizam ou enganam nosso sistema imunológico, o que demanda mais atenção.

Para fazer o acompanhamento evolutivo do vírus, a Organização Mundial da Saúde (OMS) os classifica como variantes de preocupação, variantes de interesse ou variantes sob monitoramento.

É importante destacar que é absolutamente normal que um vírus sofra mutações, e isso, por si só, não deve ser motivo para pânico. A seguir, vamos explicar detalhadamente como ocorrem as mutações do vírus SARS-CoV-2.

Como foram descobertas as mutações do coronavírus?

O SARS-CoV-2 apresenta uma estrutura muito simples, cujo material genético está localizado no interior do vírus. Logo nos primeiros meses da pandemia, os cientistas já tinham decifrado todo o genoma do novo coronavírus.

Funciona assim: o material genético é envolto por um escudo de diversos tipos de proteínas, em que uma delas — a proteína Spike (S) — liga-se aos receptores de algumas células humanas e consegue invadi-las. Por isso, ela também é o principal alvo das vacinas contra o vírus, que estimulam a produção de anticorpos antiproteína S.

Externamente, o vírus também é protegido por uma cápsula de lipídios, que melhora tanto sua capacidade de sobreviver no meio quanto de invadir as nossas células. As variantes são vírus com uma ou mais mutações, quando comparados ao material genético dos primeiros coronavírus identificados.

Pela importância da proteína S, os pesquisadores e as agências de saúde de todo o mundo vigiam o surgimento de mutações que alteram sua estrutura. Por exemplo, a mudança de alguns aminoácidos, na proteína S, pode fazer com que o coronavírus se ligue melhor aos receptores das nossas células. Assim, teremos motivos para ligar um alerta.

Apesar de a maioria das variantes não alterar as características dos vírus ou da doença causada por eles, sempre que uma nova variante do coronavírus é identificada, também são investigados alguns aspectos considerados importantes para a relação do vírus com o hospedeiro. São eles:

  • Transmissibilidade — velocidade e capacidade de transmissão. Seu aumento pode ser provocado por mutações que melhoram a capacidade de sobrevivência do vírus no ambiente externo, aumentando o poder de ligação com os receptores celulares, a quantidade de vírus nas secreções respiratórias ou o período no qual uma pessoa o transmite para outras;
  • Antigenicidade — interação do nosso sistema imunológico com o vírus. Uma variante pode levar a uma produção mais fraca de anticorpos, podendo resistir aos anticorpos naturais ou ser estimulada pelas vacinas;
  • Patogenicidade — capacidade de causar danos ao organismo. As mutações podem aumentar a capacidade do vírus de provocar um quadro clínico mais grave; 
  • Virulência — intensidade dos danos provocados. Uma mutação pode fazer com que o corpo reaja mais fortemente, ou que o vírus se multiplique com muito mais eficácia, podendo levar a uma maior destruição e a uma doença mais grave.

A vigilância epidemiológica das mutações do SARS-CoV-2

Para identificar as variantes, os cientistas coletam material respiratório de doentes, de pessoas saudáveis e de outros animais. Se o vírus for encontrado nessas amostras, ele terá seu genoma codificado em laboratório.

A partir da identificação de uma nova variante, inicia-se a investigação do impacto que ela tem sobre o adoecimento de uma população. Para tanto, são analisados os seguintes fatores:

  • Redução da antigenicidade — maiores taxas de reinfecção ou de covid-19 em pessoas já vacinadas;
  • Aumento da transmissibilidade — maiores taxas de transmissão ou de reprodução do vírus;
  • Aumento da patogenicidade — maior frequência de pessoas com sintomas de covid-19 ou surgimento de novos sintomas;
  • Aumento da virulência — maiores taxas de óbitos por covid-19, de internação ou de evolução para a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).

Onde e quais mutações foram identificadas?

Como existem, continuamente, muitos estudos sobre as mutações do SARS-CoV-2, dezenas de variantes já foram identificadas. Vamos falar sobre as que são citadas com mais frequência.

Variante ômicron

No final de 2021, uma variante surgiu com força nos noticiários e entre os membros do mundo científico: a ômicron. A primeira identificação foi feita na África do Sul, mas sua origem é incerta.

A variante ômicron tem um sequenciamento genético um pouco diferente do que é observado em outras variantes. Por essa razão, é difícil determinar de onde ela surgiu e quais foram suas variantes “maternas”. Alguns estudiosos afirmam que ela pode, até mesmo, ter se desenvolvido dentro de outras espécies e, depois, migrado para os seres humanos.

Atualmente, a ômicron é considerada a variante dominante no mundo. Devido à transmissão sustentada, os vírus que fazem parte do complexo ômicron começaram a evoluir, levando ao surgimento de subvariantes, que apresentam diferentes mutações genéticas e dominaram o mundo em pouco tempo.

A ômicron continua sendo estudada e monitorada por cientistas. O que se sabe, até agora, é que essa variante é mais transmissível quando comparada às outras formas de covid-19. Apesar disso, estudos mostram que é provável que a ômicron seja menos perigosa para os pulmões, e é possível que ela cause menos casos graves do que outras subdivisões do vírus. Por outro lado, os sintomas gerados são ainda mais semelhantes aos da gripe, o que dificulta e atrasa o diagnóstico.

Abaixo, explicamos melhor as características das subvariantes da ômicron e suas linhas descendentes.

Subvariantes JN.1 e JN.3

Detectadas, pela primeira vez, no Brasil, no final de 2023, as subvariantes JN.1 e JN.3 foram as responsáveis pelo aumento no número de casos de covid-19, especialmente no estado do Ceará. Contudo, não há registro de sintomas diferentes dos já observados anteriormente, tampouco essas subvariantes representam alguma ameaça à saúde pública, até o momento.

Subvariante EG.5

Relatada pela primeira vez em fevereiro de 2023, a EG.5 foi classificada como variante sob monitoramento no mês de julho, passando ao status de variante de interesse em agosto, devido à avaliação de risco apresentada.

Entretanto, o risco oferecido para a saúde pública global ainda é considerado baixo, apesar da maior prevalência de casos. Até o momento, não há evidências de maior gravidade dessa variante.

Subvariante XBB.1.16

Em janeiro de 2023, surgiu, na Índia, a subvariante XBB.1.16, também conhecida como “Arcturus”. No Brasil, o primeiro caso foi registrado no mês de maio, em São Paulo.

Inicialmente considerada uma variante sob monitoramento, passou a ser classificada como uma variante de interesse a partir de abril, e é recombinante de duas versões da BA.2. 

Uma das manifestações clínicas mais comuns observada na XBB.1.16 está relacionada à ocorrência de conjuntivite, principalmente em crianças. Além dos sintomas já conhecidos, como tosse seca, febre, dor de cabeça, entre outros.

Subvariante XBB.1.5

Uma das mais de 300 linhagens da ômicron, a subvariante XBB.1.5 é recombinante de duas sublinhagens BA.2. e evoluiu da XBB.

Identificada no Brasil no início de 2023, a XBB.1.5 tem como principal característica maior escape imunológico em relação às linhagens anteriores. Contudo, apesar da maior facilidade de se espalhar, não há evidência de que ela seja mais grave do que as demais.

Subvariante BE.9

No Brasil, a subvariante BE.9 foi identificada em novembro de 2022, no Amazonas, por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Derivada da subvariante BE.5, acredita-se que a BE.9 seja capaz de gerar reinfecção de forma semelhante à BQ.1. 

Subvariante BQ.1

A subvariante BQ.1 é uma linhagem da ômicron derivada da subvariante BA.5. Ela foi identificada, em território brasileiro, em outubro de 2022, também no Amazonas.

Com relação à gravidade e aos sintomas, não há grandes diferenças quando comparada à variante ômicron original. Os principais sintomas incluem dor de cabeça, tosse, febre, dor de garganta, cansaço, perda de olfato e paladar.

As mutações presentes na BQ.1 estão relacionadas à proteína S, que permite que o vírus infecte as nossas células. Uma dessas mutações (especificamente, a mutação R346T) parece ser a responsável pela capacidade do vírus de “driblar” o sistema imunológico. 

Variante delta

Conhecida também por B.1.617.2 e descoberta na Índia, no fim de 2020, a variante delta tem a alta transmissibilidade como um dos principais sinais clínicos. Tanto que o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA) chegou a considerá-la quase tão transmissível quanto a catapora.

Na ocasião de sua propagação, a delta provocou grande alerta na população, fazendo os governos reforçarem as medidas de segurança e diminuírem as flexibilizações que já aconteciam. Fato necessário, afinal, um estudo escocês mostrou que essa variante fez crescer casos que demandaram internação no país.

A variante delta foi a responsável por uma grande parcela dos casos de covid-19 no ano de 2021, mas sua importância no cenário atual diminuiu devido à predominância da ômicron e suas sublinhagens. 

Outras variantes ao redor do mundo

Dezenas de outras variantes foram encontradas aqui no Brasil e em outros países. Entre elas, podemos citar:

As variantes podem interagir entre si e realizar trocas de parte do material genético, originando uma nova versão híbrida. É possível acompanhar melhor a evolução das linhagens do SARS-CoV-2, acessando a Rede Genômica da Fiocruz.

Como se proteger?

Embora a OMS tenha decretado, em maio de 2023, o fim da emergência global de saúde causada pela covid-19, o status de pandemia permanece exigindo cuidados para evitar o surgimento de novas mutações e frear a disseminação do vírus.

Não custa reforçar a manutenção das recomendações já conhecidas pela população, tais como: os cuidados com a higienização de mãos; o uso de máscaras, em caso de sintomas respiratórios; e o distanciamento físico, se apresentar sinais sugestivos de covid-19.

Além das medidas de prevenção acima, a principal delas merece destaque: a vacinação, que representa o caminho para o controle efetivo da pandemia. Mais pessoas imunizadas fazem com que o vírus encontre dificuldades para se multiplicar e se espalhar para outros organismos.

Vacina bivalente

É importante ressaltar que a vacina bivalente permanece sendo a principal forma de prevenção contra as formas graves da covid-19 e sua cobertura abrange todas as subvariantes da ômicron em circulação.

O Brasil vem, desde fevereiro de 2023, intensificando a campanha de imunização, com o objetivo de aumentar a cobertura vacinal da população. O Movimento Nacional pela Vacinação oferece a vacina bivalente a todas as pessoas a partir de 18 anos. Entretanto, deve-se frisar que, para receber o reforço da bivalente, é necessário ter completado o esquema vacinal com os imunizantes monovalentes, respeitando o intervalo de quatro meses da última dose.

Não deixe de tomar as doses de reforço! Elas são fundamentais, uma vez que, com o passar do tempo, a resposta imunológica tende a diminuir e a nova imunização serve para aumentar a efetividade da prevenção. Fique atento ao calendário vacinal e impeça a manifestação das formas graves da doença.

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Entenda as mutações do coronavírus e saiba se proteger; É natural que, a cada surgimento de uma nova variante do coronavírus, voltem também algumas dúvidas. Pensando nisso, vamos esclarecer o que significa a mutação de um vírus, quais os possíveis impactos para a sua vida e como se proteger diante disso. O que é a mutação de um vírus? As mutações dos vírus são um evento natural e até esperado dentro da evolução desses microrganismos. É assim, por exemplo, que, a cada ano, devemos tomar uma nova dose de vacina contra a gripe, uma vez que os vírus se transformam e podem ficar mais ou menos resistentes. Na prática, a mutação de um vírus é comum principalmente naqueles que contêm ácido ribonucleico (RNA) como material genético — inclusive, esse é o caso do SARS-CoV-2.  Vírus são parasitas intracelulares obrigatórios, ou seja, necessitam do “maquinário” de outras células para poderem se replicar. Para a mutação acontecer, o vírus precisa estar dentro de um hospedeiro, como o homem ou outros animais, que comprovadamente já hospedaram o coronavírus — entre eles, porcos, gatos e morcegos. A partir de então, o material genético desse vírus começa a ser replicado, mas nem sempre a sequência genética é copiada perfeitamente, e é natural que aconteçam erros durante o processo.  Grande parte das mutações não causa nenhuma modificação expressiva nos vírus. Entretanto, o acúmulo de mutações faz com que ele se diferencie do original. Quanto mais mutações ocorrerem, maiores são as chances disso acontecer, tratando-se de uma questão de probabilidade. Dependendo de onde essa falha no genoma é processada, o vírus perde a capacidade de sobreviver, enfraquecendo bastante, ou ganha mais força para seguir se replicando e propagando doenças. O maior perigo é quando essas mutações geram proteínas de superfície no vírus, que neutralizam ou enganam nosso sistema imunológico, o que demanda mais atenção. Para fazer o acompanhamento evolutivo do vírus, a Organização Mundial da Saúde (OMS) os classifica como variantes de preocupação, variantes de interesse ou variantes sob monitoramento. É importante destacar que é absolutamente normal que um vírus sofra mutações, e isso, por si só, não deve ser motivo para pânico. A seguir, vamos explicar detalhadamente como ocorrem as mutações do vírus SARS-CoV-2. Como foram descobertas as mutações do coronavírus? O SARS-CoV-2 apresenta uma estrutura muito simples, cujo material genético está localizado no interior do vírus. Logo nos primeiros meses da pandemia, os cientistas já tinham decifrado todo o genoma do novo coronavírus. Funciona assim: o material genético é envolto por um escudo de diversos tipos de proteínas, em que uma delas — a proteína Spike (S) — liga-se aos receptores de algumas células humanas e consegue invadi-las. Por isso, ela também é o principal alvo das vacinas contra o vírus, que estimulam a produção de anticorpos antiproteína S. Externamente, o vírus também é protegido por uma cápsula de lipídios, que melhora tanto sua capacidade de sobreviver no meio quanto de invadir as nossas células. As variantes são vírus com uma ou mais mutações, quando comparados ao material genético dos primeiros coronavírus identificados. Pela importância da proteína S, os pesquisadores e as agências de saúde de todo o mundo vigiam o surgimento de mutações que alteram sua estrutura. Por exemplo, a mudança de alguns aminoácidos, na proteína S, pode fazer com que o coronavírus se ligue melhor aos receptores das nossas células. Assim, teremos motivos para ligar um alerta. Apesar de a maioria das variantes não alterar as características dos vírus ou da doença causada por eles, sempre que uma nova variante do coronavírus é identificada, também são investigados alguns aspectos considerados importantes para a relação do vírus com o hospedeiro. São eles: Transmissibilidade — velocidade e capacidade de transmissão. Seu aumento pode ser provocado por mutações que melhoram a capacidade de sobrevivência do vírus no ambiente externo, aumentando o poder de ligação com os receptores celulares, a quantidade de vírus nas secreções respiratórias ou o período no qual uma pessoa o transmite para outras; Antigenicidade — interação do nosso sistema imunológico com o vírus. Uma variante pode levar a uma produção mais fraca de anticorpos, podendo resistir aos anticorpos naturais ou ser estimulada pelas vacinas; Patogenicidade — capacidade de causar danos ao organismo. As mutações podem aumentar a capacidade do vírus de provocar um quadro clínico mais grave;  Virulência — intensidade dos danos provocados. Uma mutação pode fazer com que o corpo reaja mais fortemente, ou que o vírus se multiplique com muito mais eficácia, podendo levar a uma maior destruição e a uma doença mais grave. A vigilância epidemiológica das mutações do SARS-CoV-2 Para identificar as variantes, os cientistas coletam material respiratório de doentes, de pessoas saudáveis e de outros animais. Se o vírus for encontrado nessas amostras, ele terá seu genoma codificado em laboratório. A partir da identificação de uma nova variante, inicia-se a investigação do impacto que ela tem sobre o adoecimento de uma população. Para tanto, são analisados os seguintes fatores: Redução da antigenicidade — maiores taxas de reinfecção ou de covid-19 em pessoas já vacinadas; Aumento da transmissibilidade — maiores taxas de transmissão ou de reprodução do vírus; Aumento da patogenicidade — maior frequência de pessoas com sintomas de covid-19 ou surgimento de novos sintomas; Aumento da virulência — maiores taxas de óbitos por covid-19, de internação ou de evolução para a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Onde e quais mutações foram identificadas? Como existem, continuamente, muitos estudos sobre as mutações do SARS-CoV-2, dezenas de variantes já foram identificadas. Vamos falar sobre as que são citadas com mais frequência. Variante ômicron No final de 2021, uma variante surgiu com força nos noticiários e entre os membros do mundo científico: a ômicron. A primeira identificação foi feita na África do Sul, mas sua origem é incerta. A variante ômicron tem um sequenciamento genético um pouco diferente do que é observado em outras variantes. Por essa razão, é difícil determinar de onde ela surgiu e quais foram suas variantes “maternas”. Alguns estudiosos afirmam que ela pode, até mesmo, ter se desenvolvido dentro de outras espécies e, depois, migrado para os seres humanos. Atualmente, a ômicron é considerada a variante dominante no mundo. Devido à transmissão sustentada, os vírus que fazem parte do complexo ômicron começaram a evoluir, levando ao surgimento de subvariantes, que apresentam diferentes mutações genéticas e dominaram o mundo em pouco tempo. A ômicron continua sendo estudada e monitorada por cientistas. O que se sabe, até agora, é que essa variante é mais transmissível quando comparada às outras formas de covid-19. Apesar disso, estudos mostram que é provável que a ômicron seja menos perigosa para os pulmões, e é possível que ela cause menos casos graves do que outras subdivisões do vírus. Por outro lado, os sintomas gerados são ainda mais semelhantes aos da gripe, o que dificulta e atrasa o diagnóstico. Abaixo, explicamos melhor as características das subvariantes da ômicron e suas linhas descendentes. Subvariantes JN.1 e JN.3 Detectadas, pela primeira vez, no Brasil, no final de 2023, as subvariantes JN.1 e JN.3 foram as responsáveis pelo aumento no número de casos de covid-19, especialmente no estado do Ceará. Contudo, não há registro de sintomas diferentes dos já observados anteriormente, tampouco essas subvariantes representam alguma ameaça à saúde pública, até o momento. Subvariante EG.5 Relatada pela primeira vez em fevereiro de 2023, a EG.5 foi classificada como variante sob monitoramento no mês de julho, passando ao status de variante de interesse em agosto, devido à avaliação de risco apresentada. Entretanto, o risco oferecido para a saúde pública global ainda é considerado baixo, apesar da maior prevalência de casos. Até o momento, não há evidências de maior gravidade dessa variante. Subvariante XBB.1.16 Em janeiro de 2023, surgiu, na Índia, a subvariante XBB.1.16, também conhecida como “Arcturus”. No Brasil, o primeiro caso foi registrado no mês de maio, em São Paulo. Inicialmente considerada uma variante sob monitoramento, passou a ser classificada como uma variante de interesse a partir de abril, e é recombinante de duas versões da BA.2.  Uma das manifestações clínicas mais comuns observada na XBB.1.16 está relacionada à ocorrência de conjuntivite, principalmente em crianças. Além dos sintomas já conhecidos, como tosse seca, febre, dor de cabeça, entre outros. Subvariante XBB.1.5 Uma das mais de 300 linhagens da ômicron, a subvariante XBB.1.5 é recombinante de duas sublinhagens BA.2. e evoluiu da XBB. Identificada no Brasil no início de 2023, a XBB.1.5 tem como principal característica maior escape imunológico em relação às linhagens anteriores. Contudo, apesar da maior facilidade de se espalhar, não há evidência de que ela seja mais grave do que as demais. Subvariante BE.9 No Brasil, a subvariante BE.9 foi identificada em novembro de 2022, no Amazonas, por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Derivada da subvariante BE.5, acredita-se que a BE.9 seja capaz de gerar reinfecção de forma semelhante à BQ.1.  Subvariante BQ.1 A subvariante BQ.1 é uma linhagem da ômicron derivada da subvariante BA.5. Ela foi identificada, em território brasileiro, em outubro de 2022, também no Amazonas. Com relação à gravidade e aos sintomas, não há grandes diferenças quando comparada à variante ômicron original. Os principais sintomas incluem dor de cabeça, tosse, febre, dor de garganta, cansaço, perda de olfato e paladar. As mutações presentes na BQ.1 estão relacionadas à proteína S, que permite que o vírus infecte as nossas células. Uma dessas mutações (especificamente, a mutação R346T) parece ser a responsável pela capacidade do vírus de “driblar” o sistema imunológico.  Variante delta Conhecida também por B.1.617.2 e descoberta na Índia, no fim de 2020, a variante delta tem a alta transmissibilidade como um dos principais sinais clínicos. Tanto que o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA) chegou a considerá-la quase tão transmissível quanto a catapora. Na ocasião de sua propagação, a delta provocou grande alerta na população, fazendo os governos reforçarem as medidas de segurança e diminuírem as flexibilizações que já aconteciam. Fato necessário, afinal, um estudo escocês mostrou que essa variante fez crescer casos que demandaram internação no país. A variante delta foi a responsável por uma grande parcela dos casos de covid-19 no ano de 2021, mas sua importância no cenário atual diminuiu devido à predominância da ômicron e suas sublinhagens.  Outras variantes ao redor do mundo Dezenas de outras variantes foram encontradas aqui no Brasil e em outros países. Entre elas, podemos citar: Variante B.1.427/B.1.429, descoberta na Califórnia (EUA); Variante B.1.526, identificada na cidade de Nova Iorque; Variantes N440 K e E484Q, na Índia; Linhagem P.1, com origem no Brasil, descoberta no Japão; Variante 501Y.V2, na África do Sul. As variantes podem interagir entre si e realizar trocas de parte do material genético, originando uma nova versão híbrida. É possível acompanhar melhor a evolução das linhagens do SARS-CoV-2, acessando a Rede Genômica da Fiocruz. Como se proteger? Embora a OMS tenha decretado, em maio de 2023, o fim da emergência global de saúde causada pela covid-19, o status de pandemia permanece exigindo cuidados para evitar o surgimento de novas mutações e frear a disseminação do vírus. Não custa reforçar a manutenção das recomendações já conhecidas pela população, tais como: os cuidados com a higienização de mãos; o uso de máscaras, em caso de sintomas respiratórios; e o distanciamento físico, se apresentar sinais sugestivos de covid-19. Além das medidas de prevenção acima, a principal delas merece destaque: a vacinação, que representa o caminho para o controle efetivo da pandemia. Mais pessoas imunizadas fazem com que o vírus encontre dificuldades para se multiplicar e se espalhar para outros organismos. Vacina bivalente É importante ressaltar que a vacina bivalente permanece sendo a principal forma de prevenção contra as formas graves da covid-19 e sua cobertura abrange todas as subvariantes da ômicron em circulação. O Brasil vem, desde fevereiro de 2023, intensificando a campanha de imunização, com o objetivo de aumentar a cobertura vacinal da população. O Movimento Nacional pela Vacinação oferece a vacina bivalente a todas as pessoas a partir de 18 anos. Entretanto, deve-se frisar que, para receber o reforço da bivalente, é necessário ter completado o esquema vacinal com os imunizantes monovalentes, respeitando o intervalo de quatro meses da última dose. Não deixe de tomar as doses de reforço! Elas são fundamentais, uma vez que, com o passar do tempo, a resposta imunológica tende a diminuir e a nova imunização serve para aumentar a efetividade da prevenção. Fique atento ao calendário vacinal e impeça a manifestação das formas graves da doença.